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30/09/2014

Deus, que te criou sem ti, não te salvará sem ti

 Para que não o imites, copio de uma carta este exemplo de covardia: "Antes de mais, agradeço-lhe muito que se lembre de mim, porque necessito de muitas orações. Mas também lhe agradeço que, ao suplicar ao Senhor que me faça “apóstolo”, não se esforce em pedir-Lhe que me exija a entrega da liberdade". (Sulco, 11)

Precisamente por isso, percebo muito bem aquelas palavras do Bispo de Hipona (Santo Agostinho), que soam como um cântico maravilhoso à liberdade: Deus, que te criou sem ti, não te salvará sem ti, porque cada um de nós, tu, eu, temos sempre a possibilidade – a triste desventura – de nos levantarmos contra Deus, de rejeitá-lo –talvez só com a nossa conduta – ou de exclamar: não queremos que reine sobre nós . (...)
Queres pensar – pela minha parte também farei o meu exame – se manténs imutável e firme a tua escolha da Vida? Se, ao ouvires essa voz de Deus, amabilíssima, que te estimula à santidade, respondes livremente que sim? Dirijamos o olhar para o nosso Jesus, quando falava às multidões pelas cidades e campos da Palestina. Não pretende impor-se. Se queres ser perfeito..., diz ao jovem rico. Aquele rapaz rejeitou o convite e o Evangelho conta que abiit tristis , que se retirou entristecido. Por isso, alguma vez lhe chamei a ave triste: perdeu a alegria, porque se negou a entregar a liberdade a Deus. (Amigos de Deus, 23–24)


Temas para meditar - 252


Paciência


Em muitas ocasiões perguntamo-nos por que razão Deus não nos responde, por que Se fica calado, porque não faz imediatamente o que para nós é talvez evidente. Muitas vezes desejaríamos que Deus se mostrasse mais forte, que actuasse com mais força, que derrotasse de uma vez o mal e criasse um mundo melhor. Todavia, quando pretendemos organizar o mundo adoptando ou jogando o papel de Deus, o resultado é que, então, fazemos um mundo pior. Podemos e devemos influir para que o mundo melhore, mas sem esquecer nunca quem é o Senhor da história. Como assinalou Bento XVI, nós talvez soframos ante a paciência de Deus. Mas todos necessitamos da sua paciência. O mundo salva-se pelo Crucificado e não pelos crucificadores. O mundo é redimido pela paciência de Deus e destruído pela impaciência dos homens. 


(Alfonso Aguiló, interrogantes trad ama, 2010.05.20)  

Bento VXI – Pensamentos espirituais 18

Sentir como Jesus


O Cristo encarnado e humilhado pela morte mais infame, a morte de cruz, é proposto aos cristãos como modelos de vida. Com efeito, estes (…) devem ter «os mesmos sentimentos que estão em Cristo Jesus» (cfr. Fl 2, 5), sentimentos de humildade e doação, de desapego e de generosidade.

(Catequese da audiência geral (1.Jun.05)


(in “Bento XVI, Pensamentos Espirituais”, Lucerna 2006)

O Sagrado Coração de Jesus

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Desde sempre o coração foi visto e sentido, pelo homem, como a fonte do amor, o gerador dos sentimentos do homem.
É normal ouvir-se dizer que uma pessoa boa é uma pessoa de bom coração.
O coração é assim, (para além dos conceitos médico/científicos), o centro da vida do homem em tudo aquilo que ele vive física, emocional, sentimental e até espiritualmente.

Que dizer então do Coração do Homem perfeito, daquele que sendo Homem era Deus, e sendo Deus se fez Homem?
Que dizer do Coração de Jesus Cristo? 

É afinal o Coração de Deus, do Deus que se fez Homem, do Deus que quis ter coração como o coração dos homens.

Mas o Coração de Jesus, Coração de Deus, Coração do Homem, é:
Um Coração que “apenas” sabe amar.
Um Coração que “apenas” sabe querer.
Um Coração que “apenas” sabe acolher.
Um Coração tão grande e infinito que nele todos cabem: os que O amam, os que não O amam, os que O rejeitam, os que Lhe dedicam indiferença.


“Dou-te o meu coração”, dizemos nós, quando queremos mostrar o nosso amor por alguém. Mas é sempre, obviamente, uma afirmação simbólica, um desejo que nunca conseguimos cumprir na totalidade.

“Dou-te o meu Coração”, diz Jesus, e dá-O efectivamente, entrega-O, esgota-O, (embora Ele nunca se esgote), é enfim um desejo divino que se torna inteira e total realidade.

No Coração de Jesus encontramos o tudo da salvação, o amor e o perdão, o acolhimento e o envio, o divino e o humano, a vida agora e a vida para além da morte, a porta aberta de um Coração que não aprisiona, porque “apenas” ama, e o amor é sempre liberdade.

Sabemos bem que todos estamos no Coração de Deus!
A pergunta que nos devemos fazer é saber se nos nossos corações está também, por nossa vontade, o Sagrado Coração de Jesus.


Marinha Grande, 19 de Junho de 2014
Joaquim Mexia Alves


Nota: 
Texto publicado no “Grãos de Areia”, boletim mensal da paróquia da Marinha Grande.
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Evang., Coment. Leit. Espiritual (Enc. Auspiciam quaedam)

Tempo comum XXVI Semana

São Jerónimo – Doutor da Igreja

Evangelho: Lc 9, 51-56

51 Aconteceu que, aproximando-se o tempo da Sua partida deste mundo, dirigiu-Se resolutamente para Jerusalém, 52 e enviou adiante de Si mensageiros, que entraram numa aldeia de samaritanos para Lhe prepararem pousada. 53 Não O receberam, por dar mostras de que ia para Jerusalém. 54 Vendo isto, os Seus discípulos Tiago e João disseram: «Senhor, queres que digamos que desça fogo do céu que os consuma?». 55 Ele, porém, voltando-Se para eles, repreendeu-os. 56 E foram para outra povoação.

Comentário:

Jesus Cristo deu aos Seus discípulos orientações precisas quanto ao que fazer quando não são recebidos nalgum local: procurar outros que estejam receptivos.
Assim no apostolado dos cristãos.
Com a orientação do director espiritual, procurar onde e quem espera pela Boa Nova do Reino de Deus.

(ama, comentário sobre Lc 9, 51-56, 2013.10.01)


Leitura espiritual


Documentos do Magistério

CARTA ENCÍCLICA
AUSPICIA QUAEDAM
DO SUMO PONTÍFICE PAPA PIO XII
AOS VENERÁVEIS IRMÃOS
PATRIARCAS, PRIMAZES, ARCEBISPOS, BISPOS
E DEMAIS ORDINÁRIOS LOCAIS
EM PAZ E COMUNHÃO COM A SÉ APOSTÓLICA

ORAÇÕES NO MÊS DE MAIO
PARA A CONCÓRDIA ENTRE AS NAÇÕES

1. Alguns indícios parecem hoje demonstrar claramente que toda a grande comunidade dos povos, após tantos excídios e devastações causados pela longa e terrível guerra, se orienta com ardor para os caminhos salutares da paz; e que no presente se ouve com melhor boa vontade os que se dedicam incansavelmente às obras de reconstrução, procuram acalmar e compor as discórdias e se propõem reconstruir tantas ruínas, do que aqueles que instigam contendas acerbas, ódios e rancores, dos quais não podem surgir senão novos e maiores danos.

2. Entretanto, bem que nós mesmos e o povo cristão tenhamos não leves motivos de consolação e possamos confortar-nos com a esperança de tempos melhores, não faltam todavia fatos e acontecimentos que acarretam grande preocupação e angústia à nossa alma paternal. Com efeito, não obstante a guerra tenha terminado quase por toda parte, a suspirada paz ainda não serenou as almas e os corações; pelo contrário, vemos ainda o céu toldar-se de nuvens ameaçadoras.

3. De nossa parte, não só não deixamos de nos esforçar, quanto nos seja possível, para afastar da família humana os perigos de outras calamidades que a ameaçam, mas, quando os meios humanos se revelam insuficientes, nos voltamos suplicantes a Deus, e exortamos ao mesmo tempo a todos os nossos filhos em Cristo, espalhados em todos os países da terra; a unirem-se a nós na impetração do auxílio divino.

4. Por esse motivo, como nos anos passados tivemos o conforto de dirigir nossa exortação a todos, e especialmente às crianças a nós tão queridas, afim de que durante o mês de maio cerrassem fileiras em torno do altar da grande Mãe de Deus, para implorar-lhe o término da funesta guerra, assim também hoje, por meio desta carta, convidamo-los ardentemente a não interromperem esse piedoso costume e a unirem às suas súplicas propósitos de renovação cristã e obras de salutar penitência.

5. Antes de tudo apresentem à Virgem Mãe de Deus e nossa Mãe benigníssima os mais vivos agradecimentos por ter alcançado com sua poderosa intercessão o tão almejado término da grande conflagração mundial, e pelos outros muitos benefícios alcançados do Altíssimo. Mas ao mesmo tempo implorem, com orações repetidas, que finalmente resplandeça como um dom do céu a paz mútua, fraterna e plena, entre todos os povos, e a suspirada concórdia entre todas as classes sociais.

6. Cessem as discórdias, que não trazem vantagem a ninguém; de acordo com a justiça, componham-se as contendas, que são freqüentemente origem de novas desventuras; cresçam e consolidem-se entre as nações as relações públicas e privadas; goze a religião, alimentadora de todas as virtudes, da liberdade que lhe é devida; e o pacífico trabalho humano, sob os auspícios da justiça e o bafejo divino da caridade, produza, para o bem de todos, os frutos mais abundantes.

7. Bem sabeis, veneráveis irmãos, que nossas orações são gratas a santíssima Virgem sobretudo quando não são vozes passageiras e vazias, mas refletem almas ornadas das necessárias virtudes. Esforçai-vos; portanto, com vosso zelo apostólico por que, às orações públicas elevadas ao céu durante o mês de maio, corresponda um renascimento da vida cristã. De fato, somente daí é lícito esperar que o curso dos fatos e dos acontecimentos, na vida tanto pública quanto privada, possa ser dirigido conforme a reta ordem, e que aos homens seja dado conquistar, com o auxílio de Deus, não só a prosperidade deste mundo, mas também a felicidade sem fim do céu.

8. Mas há no momento outro motivo particular que aflige e angustia vivamente nosso coração. É sabido que os lugares santos da Palestina já de há muito tempo são perturbados por acontecimentos lutuosos, e são quase todos os dias devastados por novos morticínios e ruínas. Entretanto, se há uma região no mundo que deve ser particularmente cara a toda alma civilizada, é de certo aquela donde nasceu para todos os povos, desde os mais remotos primórdios da história, tanta luz de verdade; na qual o Verbo de Deus encarnado mandou anunciar por coros de anjos a paz a todos os homens; e na qual, enfim, Jesus Cristo, suspenso ao madeiro da cruz, trouxe a salvação a todo o gênero humano, e estendendo os braços como que a convidar todos os povos a um amplexo fraterno, consagrou com a efusão de seu sangue o grande preceito da caridade.

9. Desejamos, portanto, veneráveis irmãos, que neste ano as orações do mês de maio tenham de um modo particular o fim de impetrar da santíssima Virgem que finalmente as coisas da Palestina sejam compostas com eqüidade, e que também lá triunfem felizmente a concórdia e a paz.

10. Nutrimos grande confiança no poderosíssimo patrocínio de nossa Mãe celestial; patrocínio que durante o mês a ela consagrado, especialmente as criancinhas inocentes impetrarão com uma santa cruzada de orações. E será vossa tarefa exortá-las e estimulá-las para tanto com toda a solicitude; e não só elas, mas também seus pais e suas mães, que também nisso devem precedê-las com o exemplo.

11. Sabendo que jamais apelamos em vão ao vosso zelo ardente, já nos parece ver multidões de crianças, de homens e de mulheres, encherem os templos para impetrar da virgem Mãe de Deus grande abundância de favores celestes.

12. Obtenha-nos a santíssima Virgem – que nos deu Jesus – que todos aqueles que se afastaram do caminho reto a ele voltem arrependidos; obtenha-nos nossa Mãe benigníssima – que em todos os perigos se mostrou sempre nosso valoroso auxílio e mediadora dos favores divinos – que também nas graves necessidades que hoje nos angustiam se componham os dissídios, e uma paz segura e livre resplandeça finalmente sobre a Igreja e sobre todas as nações.

13. Há poucos anos, como todos recordam, quando ainda enfurecia a recente guerra mundial, nós, vendo que os meios humanos se mostravam insuficientes e desproporcionados para extinguir a conflagração, voltamos nossas fervorosas preces ao misericordiosíssimo Redentor, interpondo o poderoso patrocínio do coração imaculado de Maria. E como o nosso predecessor de imortal memória Leão XIII, nos albores do século XX, quis consagrar todo o gênero humano ao sacratíssimo coração de Jesus, também nós, como que representando a família humana por ele redimida, quisemos solenemente consagrá-la ao coração imaculado de Maria virgem.

14. Desejamos que todos façam o mesmo, sempre que a oportunidade o aconselhar; e não só em cada diocese e cada paróquia, mas também em cada família. Assim esperamos que desta consagração particular e pública nasçam abundantes benefícios e favores celestiais. Seja presságio desses favores celestes e penhor de nossa benevolência paterna a bênção apostólica que damos com efusão de coração a cada um de vós, veneráveis irmãos, a todos aqueles que de boa mente corresponderem a esta nossa carta de exortação, e de um modo particular as caríssimas crianças.

Dado em Roma, junto de São Pedro, no primeiro dia de maio de 1948, X ano de nosso pontificado.

PIO PP. XII