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01/03/2014

Reflectindo 8


Cruz


Nesta tarde de Sábado, dei por mim num diálogo aceso, impulsivo.
Um diálogo comigo mesmo!

Estranha coisa!


Parece-me uma perda de tempo, porque, na verdade, não se trata de um diálogo no verdadeiro sentido do termo mas de um monólogo.

Desta discussão será difícil surgir um vencedor. Que um prevaleça sobre o outro parece-me quase impossível já que conheço em detalhe os argumentos de cada uma das partes.

Pensando um pouco melhor… resolvi continuar.

Perda de tempo?

Não… talvez conseguisse arranjar algo que justificasse este envolvimento em coisa tão singular.
Argumentei muito com a vida, as incidências do dia-a-dia, daquilo que acontece contra todas as previsões, as dificuldades, os problemas, os entusiasmos e sonhos caídos por terra, a conclusão, por vezes triste, de uma condição humana nada agradável.
Não entendo como é possível este ‘encarniçamento’ divino contra mim.

O que é que Deus pretende?

Levar-me ao limite das minhas forças, da minha compreensão, da minha capacidade de aceitar?

Porque, na verdade, parece-me que é isto que tem acontecido e, pior, parece-me que é isto que vai continuar a acontecer só que, piorando e muito as coisas.
É possível Deus ter-se enganado a meu respeito, achar que eu sou capaz, que aguento, que “convenho” realmente aos Seus planos, sejam eles quais forem?
Que qualidades terá encontrado – qualidades que eu não descubro – para Se ‘arriscar’ em tal aventura?
Dei comigo a pensar na vida e na morte e, chego à conclusão que tenho mais medo da vida que da morte.
Aliás, da morte não tenho medo nenhum e, até, penso nela com frequência, não a desejando mas… quase. Seria coisa cómoda, como disse S. Josemaria e, isso, é o suficiente para que Deus a não queira, ainda, para mim.

Começo a desenhar o percurso de há mais ou menos doze anos para cá e descubro, atónito, como que um plano muito bem delineado para me levar onde estou agora.

As promessas que não foram cumpridas por parte de pessoas em quem acreditei cegamente, as expectativas goradas dia após dia, mês após mês, os enganos, embustes, adiamentos o fazer de conta.

E… eu? O que fiz? Sou uma vítima pura e simples?

Claro que sou uma vítima mas de mim próprio. Não ter visto a realidade da vida, querer ser alguém que nunca poderia ser, a vaidade, o orgulho, o protagonismo sempre desejado, o atordoamento com fortunas passageiras, o malbaratar a vida, as oportunidades, os ensejos.
“Atiro” sempre para os lados quando o alvo está aqui, neste metro e oitenta e tal de carne e ossos que por vezes se esquece que é bastante mais que isso: Uma imagem, concreta, real, verdadeira do Deus Criador e Senhor de todas as coisas!

Fui e sou, ‘o carpinteiro da minha cruz’. [1]

De facto, não precisei de ajuda de ninguém, fiz tudo sozinho com aplicação e esmero tais que, agora, nada mais me resta que pedir a Deus que a leve por mim que, eu, não posso!

(ama, 2008.01.18) [2]





[1] cf. s. filipe de néri, Máximas.
[2] refª  Mt 11, 28-30

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