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14/12/2013

Leitura espiritual para 14 Dez

Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.

Para ver, clicar SFF.

Evangelho: Mt 10, 1-15

1 Tendo convocado os Seus doze discípulos, Jesus deu-lhes poder de expulsar os espíritos imundos e de curar toda a doença e toda a enfermidade. 2 Os nomes dos doze apóstolos são: O primeiro Simão, chamado Pedro, depois André, seu irmão; Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão; 3 Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o publicano; Tiago, filho de Alfeu e Tadeu; 4 Simão, o Cananeu, e Judas Iscariotes, que foi quem O entregou. 5 A estes doze enviou Jesus, depois de lhes ter dado as instruções seguintes: «Não vades à terra dos gentios, nem entreis nas cidades dos samaritanos: 6 ide antes às ovelhas perdidas da casa de Israel .7 Ide, e anunciai que está próximo o Reino dos Céus. 8 «Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, limpai os leprosos, lançai fora os demónios. Dai de graça o que de graça recebestes. 9 Não leveis nos vossos cintos nem ouro, nem prata, nem dinheiro, 10 nem alforge para o caminho, nem duas túnicas, nem sandálias, nem bordão; porque o operário tem direito ao seu alimento. 11 «Em qualquer cidade ou aldeia em que entrardes, informai-vos de quem há nela digno de vos receber, e ficai aí até que vos retireis. 12 Ao entrardes na casa, saudai-a, dizendo: “A paz seja nesta casa”. 13 Se aquela casa for digna, descerá sobre ela a vossa paz; se não for digna, a vossa paz tornará para vós. 14 Se não vos receberem nem ouvirem as vossas palavras, ao sair para fora daquela casa ou cidade, sacudi o pó dos vossos pés. 15 Em verdade vos digo que será menos punida no dia do juízo a terra de Sodoma e de Gomorra do que aquela cidade.



CAMINHO DE PERFEIÇÃO

CAPÍTULO 32.
Trata destas palavras do Pai Nosso: «Fiat voluntas tua sicut in coelo et in terra», e o muito que faz quem diz estas palavras com toda a determinação, e como o Senhor lho paga bem.

1. Agora que o nosso bom Mestre pediu por nós e nos ensinou a pedir coisa de tanto valor, que encerra em si todas as coisas que cá podemos desejar, e nos fez tão grande mercê como a de nos fazer irmãos Seus, vejamos o que Ele quer que demos a Seu Pai e o que Lhe oferece em nosso nome e o que nos pede, pois é de razão que O sirvamos em alguma coisa por tão grandes mercês. Ó bom Jesus, que recebeis tão pouco da nossa parte, como pedis tanto para nós! Sim, que isso que damos, em si é nada para tanto que se deve, e para tão grande Senhor! Mas certo é, Senhor meu, que não nos deixais sem nada, e que damos tudo quanto podemos, se o damos como dizemos.

2. «Seja feita a Vossa vontade; e como é feita no Céu, assim se faça na terra».
Bem fizestes, nosso bom Mestre, em fazer esta última petição, para que possamos cumprir aquilo que dais em nosso nome; porque de certo, Senhor, se assim não fora, seria impossível, me parece. Mas fazendo o Vosso Pai aquilo que Lhe pedis, de nos dar aqui o Seu reino, eu sei que Vos deixaremos ficar por verdadeiro em dardes o que dais por nós; porque, feita a terra céu, será possível fazer-se em mim a Vossa vontade. Mas sem isto, e em terra tão ruim como a minha, e tão sem fruto, eu não sei, Senhor, como seria possível. É coisa bem grande o que ofereceis!

3. Quando penso nisto, acho graça às pessoas que não ousam pedir trabalhos ao Senhor, pois pensam que logo lhos vão dar.; Não falo dos que deixam de o fazer por humildade, parecendo-lhes que não serão capazes de os sofrer; ainda que tenha para mim que, Aquele que lhes dá amor para pedir meio tão árduo para Lho mostrar, dar-lho-á também para os trabalhos. Quereria eu perguntar aos que, por temor de que logo lhos dêm, não os pedem: que dizem quando pedem ao Senhor que neles cumpra Sua vontade? ou será que o dizem só por dizer o que dizem todos, mas não para o fazer? Isto, irmãs, não estaria bem. Olhai que o bom Jesus aparece aqui como nosso embaixador que quis intervir entre nós e Seu Pai, e não foi pouco à Sua custa; não é justo, pois, que, o que Ele oferece por nós, o deixemos de fazer, ou então não o digamos.

4. Agora quero apresentar-vos outro caminho. Vede, filhas: isto há-de cumprir-se, quer queiramos quer não, e há-de fazer-se a Sua vontade no Céu e na terra; acreditai-me e aceitai o meu parecer e fazei da necessidade virtude. Oh Senhor meu! que grande dádiva é para mim, que não deixásseis um querer tão ruim como o meu no cumprir-se a Vossa vontade! Bendito sejais por sempre e louvem-Vos todas as coisas! Seja glorificado o Vosso nome para sempre! Que bonito seria, Senhor, se estivesse nas minhas mãos o cumprir-se ou não a Vossa vontade! Dou-Vos agora a minha livremente, ainda que em tempo de não ver-se livre de interesse; já tenho provas e grande experiência do lucro que há em deixar livremente a minha vontade na Vossa. Oh amigas! quão grande lucro há nisto, ou que grande perda se não cumprimos o que dizemos ao Senhor quando Lhe dizemos isto no Pai Nosso!

5. Antes de vos dizer o que se ganha, quero declarar-vos o muito que ofereceis, não vades cair depois no engano, dizendo que não o entendestes. Não seja como a algumas religiosas que não fazemos senão prometer e, como não o cumprimos, há esta desculpa de dizer que não se entendeu o que se prometia. Bem pode ser porque, dizer que abandonamos a nossa vontade na do outro, parece muito fácil até que, na realidade, se compreende ser a coisa mais difícil que se pode fazer, cumprindo como se deve cumprir. Nem todas as vezes, os prelados nos levam com rigor por nos verem fracos; e, às vezes a fracos e fortes, seguem o mesmo caminho. Aqui não é assim, pois sabe o Senhor o que cada um pode suportar e, a quem vê com coragem, não se detém em cumprir nele a Sua vontade.

6. Quero-Vos agora avisar e recordar qual é a Sua vontade. Não tenhais medo que seja dar-vos riquezas, nem prazeres, nem honras, nem todas estas coisas de cá da terra. Não vos quer tão pouco, e tem em muito o que Lhe dais, e vo-lo quer pagar bem, pois ainda em vossa vida vos dá o Seu reino. Quereis ver como Ele procede com os que Lhe dizem isto deveras? Perguntai-o a Seu glorioso Filho, que Lho disse quando da oração do Horto. Como foi dito com determinação e com toda a vontade, vede como o Pai a cumpriu bem n'Ele, no que Lhe deu de trabalhos e dores e injúrias e perseguições; enfim, até que se Lhe acabou a vida, com a morte da cruz.

7. Pois vedes aqui, filhas, o que deu Àquele a quem mais amava, por onde se entende qual é a Sua vontade. Assim, são estes os Seus dons neste mundo. Dá conforme ao amor que nos tem: aos que mais ama, dá mais destes dons; àqueles que menos ama, dá menos, e conforme ao ânimo que vê em cada um e o amor que têm a Sua Majestade. A quem O amar muito, verá que pode padecer muito por Ele; ao que O amar pouco, pouco. Tenho para mim que a medida de se poder levar cruz grande ou pequena, é a do amor. Assim, irmãs, se o tendes, procurai que não sejam palavras de mero cumprimento as que dizeis a tão grande Senhor, mas esforçai-vos a aceitar o que Sua Majestade quiser. Porque, se de outra maneira Lhe dais a vossa vontade, é mostrar-Lhe a jóia, ir-Lha a dar e rogar-Lhe que a tome e, quando estende a mão para nela pegar, torná-la a guardar muito bem guardada.

8. Não são zombarias estas que se façam a Quem tantas fizeram por nossa causa; e, ainda que não houvesse outro motivo, não é razão que estejamos a zombar já tantas vezes, que não são poucas as que Lhe dizemos no Pai Nosso. Dêmos-Lhe a jóia de uma vez para sempre, pois tantas tentámos em Lha dar; é verdade que não nos dá primeiro, senão para que Lha dêmos. Os do mundo já fazem muito se têm de verdade a determinação de cumprir. Mas vós, filhas, dizendo e fazendo, palavras e obras, como de verdade parece que fazemos nós os religiosos; senão que, por vezes, não só procuramos dar a joia, mas pomos-Lha nas mãos, e tornamos-Lha a tirar. Somos repentinamente generosos, e depois tão tacanhos, que, em parte, mais valera que nos tivéssemos detido em dar.

9. Porque todos os avisos que vos tenho dado neste livro vão dirigidos a este ponto de nos darmos de todo ao Criador, e pôr a nossa vontade na Sua, desapegar-nos das criaturas, e já tereis entendido o muito que isto nos importa, nada mais digo; somente direi o motivo porque o nosso bom Mestre põe aqui estas sobreditas palavras, como quem sabe quanto ganharemos em prestar este serviço a Seu Eterno Pai, a fim de nos dispormos para, com muita brevidade, nos vermos com o caminho acabado de andar, e bebendo da água viva da fonte que fica dita. Porque, sem darmos totalmente a nossa vontade ao Senhor para que, em tudo o que nos toca, Ele faça conforme à Sua vontade, nunca nos deixará beber dela.
Isto é a contemplação, de que me dissestes que escrevesse. E nisto - como já tenho escrito - nenhuma coisa fazemos da nossa parte: nem trabalhamos, nem negociamos, nem nada mais é preciso; porque tudo o mais estorva e impede de dizer: «Fiat voluntas tua»: cumpra-se em mim, Senhor, a Vossa vontade de todos os modos e maneiras que vós, Senhor meu, quiserdes. Se quereis com trabalhos, dai-me esforço e venham; se com perseguições e enfermidades e desonras e necessidade, aqui estou, não voltarei o rosto, Pai meu, nem é razão para voltar as costas. Pois Vosso Filho deu em nome de todos esta minha vontade, não é razão que falhe por minha parte; mas sim me façais Vós mercê de me dar o Vosso Reino para que eu possa fazê-lo, pois Ele mo pediu e disponde em mim corno em coisa Vossa, conforme a Vossa vontade.

11. Ó irmãs minhas, que força tem este dom! Se vai com a determinação com que deve ir, não pode menos do que trazer o Todo-Poderoso a ser um com a nossa baixeza e transformar-nos em Si, e fazer uma união do Criador com a criatura. Vede se ficareis bem pagas e se tendes bom Mestre, pois, como sabe por onde há-de ganhar a amizade de Seu Pai, nos ensina como, e com que O havemos de servir.

12. E enquanto mais se vai entendendo pelas obras que não são meras palavras de cumprimento, mais e mais nos chega o Senhor a Si, e levanta a alma acima de todas as coisas de cá da terra e de si mesma, para a habilitar a receber grandes mercês, pois não se farta de nos pagar nesta vida este serviço. Tem-no em tanta conta, que já não sabemos que Lhe pedir, e Sua Majestade nunca se cansa de dar. Porque, não contente de ter feito esta alma uma só coisa consigo por a ter já unido a Si mesmo, começa a ter as Suas delícias com ela, a descobrir-lhe segredos, a gostar que ela entenda quanto tem ganho e conheça alguma coisa daquilo que Ele tem para lhe dar. Faz-lhe ir perdendo estes sentidos exteriores, para que nada a ocupe. Isto é arroubamento; e começa a tratar de tanta amizade, que não só a torna a deixar a sua vontade, mas com ela lhe dá a Sua; porque apraz ao Senhor, já que trata de tanta amizade, que manda cada um por sua vez, - como dizem - e cumprir Ele o que ela Lhe pede, assim como ela faz o que Ele lhe manda, e muito melhor, porque é poderoso e pode quanto quer, e não deixa de querer.

13. A pobre alma, ainda que queira, não pode fazer como quisera, nem pode nada sem que lho dêm. E esta é a sua maior riqueza: ficar tanto mais endividada quanto mais serve a Deus e muitas vezes aflige-se por se ver sujeita a tantos inconvenientes e embaraços e atilhos, como traz consigo o estar no cárcere deste corpo, pois quereria pagar um pouco do que deve. Mas é muito tola em se afligir, porque, ainda que faça tudo quanto está em sua mão, que poderemos nós pagar os que, como digo, nada temos para dar se não o recebermos, mas conhecermo-nos e isto sim podemos, que é dar a nossa vontade, fazê-lo perfeitamente? Tudo o mais, para uma alma que o Senhor trouxe até aqui, embaraça, causa dano e não proveito, porque só a humildade é que pode alguma coisa, e esta não adquirida pelo entendimento, mas com uma clara verdade que compreende num momento o que em muito tempo, trabalhando a imaginação, não pudera alcançar acerca do muito nada que somos e do mui muito que é Deus.

14. Dou-vos este aviso: não penseis chegar aqui por força e diligências vossas que é por demais; pois, se antes sentíeis devoção, ficareis frias; mas com simplicidade e humildade que é a que tudo vence, dizer: « fiat voluntas tua».


santa teresa de jesus

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