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17/11/2013

Tratado dos hábitos 17


Questão 52: Do aumento dos hábitos.
Art. 3 — Se qualquer acto aumenta o hábito.

O terceiro discute-se assim. — Parece que qualquer acto aumenta o hábito.

1. — Pois, multiplicada a causa, multiplicado fica o efeito. Ora, os actos são causas de certos hábitos, como já se disse 1. Logo, o hábito aumenta com a multiplicação dos actos.

2. Demais — Os semelhantes são julgados pelo mesmo juízo. Ora, todos os actos procedentes do mesmo hábito são semelhantes, como já se disse 2. Logo, se certos actos aumentam o hábito, qualquer acto aumentará o mesmo.

3. Demais — O semelhante aumenta o semelhante. Ora, qualquer acto é semelhante ao hábito donde procede. Logo, qualquer acto aumenta o hábito.

Mas, em contrário. — Os contrários não podem ter a mesma causa. Mas, como já se disse 3, certos actos procedentes de um hábito diminuem-no, assim p. ex. quando se fazem negligentemente. Logo, nem todo acto aumenta o hábito.

Actos semelhantes causam hábitos semelhantes, como já ficou dito 4. Pois, a semelhança e a dissemelhança fundam-se, não só na mesma ou em qualidade diversa, mas também no mesmo ou em diverso modo da participação. Assim, não só o preto é dissemelhante do branco, mas também o menos do mais branco, porque também daquele para este último se dá o mesmo movimento que o de um para outro contrário, segundo já se estabeleceu 5.

Como porém da vontade humana depende o uso dos hábitos, segundo resulta do sobredito 6, assim como quem tem um hábito pode não usar dele e mesmo praticar o acto que lhe é contrário, assim também pode dar-se que use do hábito por um acto que não responda, proporcionalmente, à intensidade do hábito. Donde, se a intenção do acto se adequar proporcionalmente à do hábito, ou mesmo a sobre-exceder, qualquer acto ou aumentará o hábito ou contribuirá para o seu aumento, e poderemos então falar do aumento dos hábitos por semelhança com o aumento do animal. Pois, não é um alimento ingerido que aumenta, assim como não é uma gota que cava a pedra, mas, sim, o alimento multiplicado. Assim também o hábito cresce por actos multiplicados. Se porém a intenção do acto for proporcionalmente deficiente em relação à intensidade do hábito, esse acto não dispõe para o aumento, mas antes, para a diminuição do hábito.

Donde consta com evidência a RESPOSTA ÀS OBJEÇÕES.

Nota: Revisão da tradução portuguesa por ama.
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Notas:
1. Q. 51, a. 2.
2. II Ethic. (lect. II).
3. II Ethic. (lect. II).
4. II Ethic. (lect. I).
5. V Phys. (lect. VIII).
6. Q. 50, a. 5.


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