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17/11/2013

Leitura espiritual para 17 Nov 2013

Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.

Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Jo 12, 27-50

27 «Agora a Minha alma, está turbada. E que direi Eu? Pai, livra-Me desta hora? Mas é para isso que cheguei a esta hora. 28 Pai, glorifica o Teu nome». Então veio do céu esta voz: «Eu O glorifiquei e O glorificarei novamente». 29 Ora o povo, que ali estava e ouvira, dizia que tinha sido um trovão. Outros diziam: «Um anjo Lhe falou». 30 Jesus respondeu: «Esta voz não veio por causa de Mim, mas por vossa causa. 31 Agora é o juízo deste mundo; agora será lançado fora o príncipe deste mundo. 32 E Eu, quando for levantado da terra, atrairei todos os homens a Mim». 33 Dizia isto para designar de que morte havia de morrer. 34 Respondeu-Lhe a multidão: «Nós aprendemos da Lei que o Messias permanece eternamente; como dizes Tu que o Filho do Homem deve ser levantado? Quem é este Filho do Homem?». 35 Jesus respondeu-lhes: «Ainda por um pouco de tempo está a luz convosco. Andai enquanto tendes a luz, para que não vos surpreendam as trevas; quem caminha nas trevas não sabe aonde vai.36 Enquanto tendes a luz, crede na luz para que sejais filhos da luz». Jesus disse isto; depois retirou-Se e escondeu-Se deles. 37 Apesar de ter feito tantos milagres na sua presença, não acreditaram n'Ele, 38 para se cumprir a palavra do profeta Isaías, quando disse: “Senhor, quem acreditou o que ouviu de nós? E a quem foi revelado o braço do Senhor?”. 39 Por isso não podiam acreditar, porque também disse Isaías: 40 “Tornou-lhes cegos os olhos, endureceu-lhes o coração, para que não vejam com os olhos, e não compreendam com o coração, nem se convertam e Eu os cure”. 41 Isto disse Isaías, quando viu a Sua glória e falou d'Ele.42 Todavia, mesmo entre os principais, muitos creram n'Ele; mas, por causa dos fariseus, não o confessavam para não serem expulsos da sinagoga;43 porque amaram mais a glória dos homens do que a glória de Deus.44 Jesus levantou a voz e disse: «Quem acredita em Mim, não é em Mim que acredita, mas n'Aquele que Me enviou. 45 Quem Me vê a Mim, vê Aquele que Me enviou. 46 Eu vim ao mundo como uma luz, para que todo o que crê em Mim não fique nas trevas. 47 Se alguém ouvir as Minhas palavras e não as guardar, Eu não o julgo, porque não vim para julgar o mundo, mas para salvar o mundo. 48 Quem Me despreza e não recebe as Minhas palavras, já tem quem o julgue; a palavra que anunciei, essa o julgará no último dia. 49 Com efeito, Eu não falei por Mim mesmo, mas o Pai que Me enviou, Ele mesmo Me prescreveu o que Eu devia dizer e ensinar. 50 Eu sei que o Seu mandamento é a vida eterna. As coisas, pois, que digo, digo-as como Meu Pai Me disse».


VIDA
CAPÍTULO 34.
Trata como neste tempo foi conveniente que se ausentasse deste lugar. Diz a causa por que o seu prelado a mandou ir consolar uma senhora, muito principal, que estava muito aflita. Trata do que ali lhe sucedeu e diz a grande mercê que o Senhor lhe fez de, por seu intermédio, mover a uma pessoa para O servir muito, deveras, em quem ela encontrou depois favor e amparo. É muito para notar.

1. Pois, por mais cuidado que eu tivesse para que nada disto se percebesse, não se podia fazer toda esta obra tão em segredo, que não se viesse a saber por algumas pessoas. Umas acreditavam e outras não. Eu temia muito que, em vindo o Provincial, se lhe dissessem alguma coisa, ele me mandasse não cuidar disso e então logo tudo estava terminado.
Remediou-o o Senhor desta maneira: aconteceu, que; num lugar grande, a mais de vinte léguas deste, estava uma senhora muito aflita por lhe ter morrido o marido; estava-o em tanto extremo que se temia pela sua saúde. Teve ela notícia desta pobre pecadora, e assim permitiu o Senhor que lhe dissessem bem de mim, para outros bens que daqui sucederam. Incutiu-lhe o Senhor um mui grande desejo de me ver, parecendo-lhe que se consolaria comigo. Esta senhora conhecia muito o Provincial e, como era pessoa principal e soube que eu estava num mosteiro em que se saía, procurou logo por, todas as vias que pode, e não o fazer não devia estar em sua mão, levar-me para sua casa, mandando um pedido ao Provincial que estava bem longe. Este mandou-me uma ordem, com preceito de obediência para que fosse imediatamente com outra companheira. Soube isto na noite de Natal.
2. Causou-me certo alvoroço e muita pena ver que, por pensarem que havia em mim algum bem, queriam que eu fosse, pois, como eu me via tão ruim, não podia sofrer isto. Encomendando-me muito a Deus, estive as Matinas todas, ou grande parte delas, em grande arroubamento. Disse-me o Senhor que não deixasse de ir e que não ouvisse pareceres, porque poucos me aconselhariam sem temeridade; pois, embora encontrasse trabalhos, servir-se-ia muito a Deus e que, para este negócio do mosteiro, convinha ausentar-me até chegar o Breve; porque o demónio tinha armado uma grande trama, em vindo o Provincial; mas nada temesse, que Ele lá me ajudaria.
Fiquei muito animada e consolada. Disse tudo isto ao Reitor e ele aconselhou-me a que, de nenhum modo, deixasse de ir, porque outros me diziam que isso não se podia admitir, que era invenção do demónio para que lá me adviesse algum mal: que voltasse a enviar recado ao Provincial.
3. Obedeci ao Reitor e, pelo que tinha entendido na oração, ia sem medo, embora não sem grandíssima confusão de ver a que título me levavam, e como se enganavam tanto. Isto me fazia importunar mais o Senhor para que não me desamparasse. Consolava-me muito saber que havia casa da Companhia de Jesus no lugar para onde ia, e poder estar sujeita ao que me mandassem, como estava aqui; pois parecia-me que, com isso, estaria com alguma segurança.
Foi o Senhor servido de que aquela senhora se consolasse tanto com a minha ida, que começou logo a ter conhecida melhoria e cada dia se achava mais consolada. Teve-se isto em muito porque, como disse, a dor trazia-a em grande angústia; e deve-o ter feito o Senhor pelas muitas orações que faziam por mim as pessoas boas que eu conhecia, para que fosse bem sucedida. Era muito temente a Deus e tão boa, que a sua muita cristandade supriu o que a mim me faltava. Tomou-me grande amor; eu lho tinha muito por ver sua bondade. Mas quase tudo me era cruz; porque os regalos me davam grande tormento e o fazer-se tanto caso de mim, trazia-me em grande temor. Andava a minha alma tão encolhida que não me ousava descuidar, nem se descuidava o Senhor. Porque, enquanto ali estive, me fez o Senhor grandes mercês, e estas davam-me tanta liberdade e tanto me faziam menosprezar tudo o que via - e quanto mais eram, mais - que eu não deixava de tratar com aquelas tão senhoras, que muito à minha honra poderia eu servi-Ias com a liberdade como se fora sua igual.
4. Tirei daqui um proveito muito grande e dizia-lho. Vi que era mulher e tão sujeita a paixões e fraquezas como eu. Vi o pouco em que se há-de ter o senhorio e como, quanto maior é, mais cuidados e trabalhos têm e um cuidado de ter a compostura conforme a seu estado, que nem as deixa viver. O comer é fora de horas e sem acerto, porque tudo há-de andar conforme à dignidade e não à compleição: muitas vezes hão-de comer os manjares mais conformes à sua posição e não a seu gosto.
É assim que de todo aborreci o desejar ser senhora - Deus me livre de má compostura! Embora esta, com ser das principais do reino, creio que haverá poucas mais humildes e é muito afável e simples. Fazia-me pena e a tenho de ver como anda muitas vezes não conforme à sua inclinação, para cumprir com o que exige a sua posição. Pois quanto aos criados é pouco o pouco que deles há que fiar, embora ela os tivesse bons. Não se há-de falar mais com um que com outro, sob pena de ficar malquisto aquele que assim se favorece.
É uma sujeição e, chamar senhores a pessoas semelhantes, é uma das mentiras que o mundo diz, pois não me parece senão que são escravos de mil coisas.
5. Foi o Senhor servido que, durante o tempo que estive naquela casa, todas as pessoas melhorassem no servir a Sua Majestade, ainda que não estive livre de trabalhos e de invejas que algumas sentiam pelo muito amor que aquela senhora me tinha. Deviam porventura pensar que pretendia algum interesse. E o Senhor devia permitir que coisas semelhantes, e outras doutro teor, me dessem algum trabalho, para que não me embebesse no regalo que havia por outra parte, e de tudo Ele foi servido tirar-me com melhoria da minha alma.
6. Estando eu ali, acertou de vir um religioso, pessoa muito principal e com quem eu, havia já muitos anos, tinha tratado algumas vezes. Estando à Missa, num mosteiro da sua Ordem, ali perto onde eu estava, deu-me desejo de saber em que disposição estava aquela alma que eu desejava fosse muito servo de Deus e levantei-me para lhe ir falar. Mas, como já me encontrava recolhida em oração, pareceu-me depois que era perder tempo, pois quem me metia a mim naquilo e-tornei-me a sentar. Parece-me que foram três, três vezes que isto me aconteceu e, enfim, pôde mais o anjo bom de que o mau, e fui chamá-lo e veio-me falar num confessionário.
Comecei a perguntar-lhe - e ele a mim - pelas nossas vidas, porque havia muitos anos que não nos tínhamos visto. Comecei-lhe a dizer que a minha tinha sido de muitos trabalhos de alma. Instou muito para que eu lhe dissesse que trabalhos eram esses. Disse-lhe que não eram para se saber, nem para que eu lhos dissesse. Ele disse que, pois o sabia o padre dominicano - de quem tenho falado - que era muito seu amigo, ele lhos diria depois, que assim nada se me desse de lhos dizer.
7. O caso é que não esteve na sua mão deixar de me importunar, nem na minha, me parece, deixar de lho dizer; porque, não obstante o pesar e vergonha que costumava ter quando tratava estas coisas, com ele e com o Reitor que tenho dito, não tive nenhuma pena, antes me consolei muito. Disse-lho debaixo de confissão.
Pareceu-me mais avisado do que nunca, embora sempre o tive por ser de grande entendimento. Vi os grandes talentos e qualidades que tinha para dar muito proveito; se de todo se desse a Deus. É que eu tenho isto de uns anos para cá: não vejo pessoa que muito me contente, que não queira logo vê-la de todo dar-se a Deus. E isto com umas ânsias que, algumas vezes, não me posso conter. Pois, embora deseje que todos O sirvam, com estas pessoas que me satisfazem, é com muito grande ímpeto, e assim importuno muito ao Senhor por elas. Com o religioso que digo, aconteceu-me assim.
8. Rogou-me que o encomendasse muito a Deus, e não era preciso pedir-mo que já estava de modo que não poderia fazer outra coisa. Vou-me para onde a sós costumava ter oração e começo a tratar com o Senhor, estando muito recolhida, num estilo lhano, como muitas vezes Lhe falo, sem saber o que digo. Então é o amor que fala e a alma está tão alheada que não olho à diferença que há dela para Deus., Porque o amor que ela conhece que Sua Majestade lhe tem, faz com que se esqueça de si e parece-lhe que está n'Ele, que é como coisa própria, sem divisão, e diz desatinos. Recordo-me que, depois de Lhe pedir, com muitas lágrimas, que pusesse aquela alma a Seu serviço muito deveras que, embora eu o tivesse por bom, não me contentava; queria-o muito melhor, disse-Lhe: "Senhor, não me haveis de negar esta mercê; vede que é bom este sujeito para nosso amigo".
9. Oh! bondade e humanidade grande de Deus, que não olha às palavras senão aos desejos e amor com que se dizem! Como sofre que uma como eu fale a Sua Majestade tão atrevidamente! Seja bendito para sempre sem fim.
10. Recordo-me que naquela noite, durante aquelas horas de oração, deu-me uma grande aflição ao pensar se estava na inimizade de Deus. E, como eu não podia saber se estava ou não em graça, afligia-me esta pena. Não que eu o desejasse saber, mas sim desejava morrer, para não me verem vida onde não tinha segurança de não estar morta. É que não podia haver para mim morte mais dura do que pensar que tinha ofendido a Deus e suplicava-Lhe que não o permitisse, toda em gozo e derretida em lágrimas. Então entendi que bem me podia consolar e ficar certa de que estava em graça, porque semelhante amor de Deus e o fazer-me Sua Majestade aquelas mercês e os sentimentos que dava à alma, não eram compatíveis com serem feitas a alma que estivesse em pecado mortal.
Fiquei confiada de que o Senhor havia de fazer, desta pessoa, o que Lhe suplicava. Mandou-me que Lhe dissesse umas palavras. Isto senti em muito porque não sabia como lhas dizer. Ter de dar recado a terceira pessoa - como já disse - é sempre o que mais me custa, em especial sem saber como essa pessoa o aceitaria ou até se zombaria de mim. Fiquei numa grande angústia. Enfim, senti-me tão persuadida a fazê-lo que, segundo me parece, prometi a Deus não deixar de as dizer, e pela grande vergonha que tinha, escrevi-as e dei-lhas.
11. Bem me pareceu sei coisa de Deus pelo efeito que fizeram. Determinou-se muito deveras a dar-se à oração, embora não o fizesse desde logo. O Senhor, como o queria para Si, por meu intermédio, lhe mandava dizer umas verdades que, sem eu o entender, vinham tão a propósito que ele se espantava, e o Senhor dévia-o dispor a crer que eram de Sua Majestade. Eu, ainda que miserável, era muito o que suplicava ao Senhor, que de todo em todo o atraísse a Si e lhe fizesse aborrecer as satisfações e coisas da vida. E assim - seja Ele louvado para sempre! - o fez tão deveras que, de cada vez que me fala, metem como embevecida. Se eu não o tivesse visto, tivera por duvidoso fazer-lhe Deus em tão breve tempo tão crescidas mercês e trazê-lo tão ocupado em Si, que parece já não viver para coisa da terra.
Sua Majestade o tenha de Sua mão, que, se assim for adiante (o que espero no Senhor, por ir muito bem fundado no conhecer-se a si mesmo), será um dos Seus mais assinalados servos e de grande proveito para muitas almas. Porque, em coisas de espírito, em pouco tempo adquiriu muita experiência, e isto são dons que Deus dá quando quer e como o quer, e não está atido ao tempo nem aos serviços. Não digo que isto não faça muito ao caso, mas que muitas vezes o Senhor não dá em vinte anos a contemplação que a outros dá num. Sua Majestade sabe a causa.
E o engano está em nos parecer que, pelos anos, havemos de entender o que de nenhum modo se pode alcançar sem experiência. Assim erram muitos - como tenho dito -, em querer conhecer espíritos, sem o terem.
Não digo que quem não tiver espírito, se é letrado, não governe a quem o tem, mas entende-se quanto ao exterior e interior que vá conforme a via natural, por obra do entendimento; e no sobrenatural, olhe a que vá conforme à Sagrada Escritura. No demais não se mate, nem pense entender o que não entende, nem afogue os espíritos pois, quanto a isso, já outro maior Senhor os governa, que não estão sem superior.
santa teresa de jesus



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