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26/10/2013

Leitura espiritual para 26 Out

Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.

Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Jo 4, 1-18

1 Quando Jesus soube que os fariseus tinham ouvido que Ele fazia mais discípulos e baptizava mais que João, 2 (todavia, não era Jesus que baptizava mas os Seus discípulos), 3 deixou a Judeia e foi outra vez para a Galileia. 4 Devia, por isso, passar pela Samaria. 5 Chegou, pois, a uma cidade da Samaria chamada Sicar, junto da herdade que Jacob deu a seu filho José. 6 Estava lá o poço de Jacob. Fatigado da viagem, Jesus sentou-Se sobre a borda do poço. Era quase a hora sexta. 7 Veio uma mulher da Samaria tirar água. Jesus disse-lhe: «Dá-Me de beber». 8 Os Seus discípulos tinham ido à cidade comprar mantimentos. 9 Disse-Lhe, então, a mulher: «Como, sendo Tu judeu, me pedes de beber a mim, que sou samaritana?». Com efeito, os judeus não se dão com os samaritanos. 10 Jesus respondeu: «Se tu conhecesses o dom de Deus, e Quem é que te diz: “Dá-Me de beber”, certamente Lhe pedirias e Ele te daria de uma água viva». 11 A mulher disse-Lhe: «Senhor, Tu não tens com que a tirar e o poço é fundo; donde tens, pois, essa água viva? 12 És Tu, porventura, maior do que o nosso pai Jacob que nos deu este poço, do qual ele mesmo bebeu, e os seus filhos e os seus gados?». 13 Jesus respondeu: «Todo aquele que bebe desta água tornará a ter sede, 14 mas aquele que beber da água que Eu lhe der, jamais terá sede: a água que Eu lhe der virá a ser nele uma fonte de água que jorra para a vida eterna». 15 A mulher disse-Lhe: «Senhor, dá-me dessa água, para eu não ter mais sede, nem ter de vir aqui tirá-la». 16 Jesus disse-lhe: «Vai, chama o teu marido e vem cá». 17 A mulher respondeu-Lhe: «Não tenho marido». Jesus replicou: «Disseste bem: não tenho marido; 18 porque tiveste cinco maridos e o que agora tens, não é o teu marido; isto disseste com verdade».



VIDA

CAPÍTULO 18. Trata do quarto grau de oração. Começa a declarar, de modo excelente, a grande dignidade a que o senhor eleva a alma que está neste estado. Serve de estímulo aos que tratam de oração para se esforçarem a chegar a tão alto estado, pois se pode alcançar na terra, não pelos próprios merecimentos mas por bondade do Senhor. Leia-se com atenção, pois é descrito muito delicadamente e apresenta coisas muito importantes.
1. O Senhor me ensine palavras com que possa dizer alguma coisa sobre a quarta água. Bem preciso é o Seu favor, mais ainda de que para a anterior, na qual a alma ainda sente não estar morta de todo. E podemos assim dizer, pois embora o esteja ao mundo, tem, no entanto, - como já se disse - sentidos para compreender que está na terra e sentir sua soledade e aproveita-se do exterior para dar a entender aquilo que está sentindo, sequer ao menos por sinais.
Em todos os modos de oração que ficam ditos, trabalha algum tanto o hortelão; ainda que nestes últimos vai o trabalho acompanhado de tanta glória e consolo de alma que jamais se quereria sair dele, e assim não se sente como trabalho, mas antes como glória.
Aqui não há sentir, senão gozar sem entender o que se goza. Entende-se que se goza um bem, onde se encerram conjuntamente todos os bens, mas não se compreende que bem seja este. Todos os sentidos sentem este gozo, de modo que não fica nenhum desocupado para se poder empregar em outra coisa exterior ou interior.
Antes, dava-se-lhes licença para fazerem, como disse, algumas mostras do grande gozo que sentiam; aqui, a alma goza mais, sem comparação e, no entanto, pode-se dar a entender muito menos, porque não fica poder no corpo, nem a alma o tem, para comunicar aquele gozo. Nesse tempo tudo lhe seria de grande embaraço e tormento e estorvo para seu descanso. E digo até que, se é união de todas as potências - enquanto estiver nela não pode, embora o queira, e se pode, já não é união.
2. Como seja esta oração a que chamam união g e em que consista, não o sei dar a entender. Isto declara-se na mística teologia, que os termos eu não os saberei nomear, nem sei entender o que é a mente, nem tão pouco que diferença tenha da alma ou do espírito. Tudo me parece uma mesma coisa, se bem que a alma saia algumas vezes de si mesma à maneira dum fogo que está ardendo e feito chama, e cresce algumas vezes com ímpeto e as chamas sobem muito acima do fogo, mas nem por isso é coisa diferente, senão a mesma chama que está no fogo.
Isto V.V. Mercês - com suas letras - o entenderão porque melhor eu não sei dizer. O que pretendo declarar é o que sente a alma quando está nesta divina união.
3. O que é união, já se sabe: é de duas coisas divididas fazer-se uma. Oh! Senhor meu, como sois bom! Bendito sejais para sempre! Louvem-Vos, Deus meu, todas as coisas, pois assim nos amastes, a podermos com verdade falar desta comunicação que, ainda estando neste desterro, tendes com as almas. Até mesmo com as que são boas é grande liberalidade e magnanimidade Vossa, Senhor meu; enfim, dais como quem sois. Oh! liberalidade infinita, quão magníficas são as Vossas obras! Isto espanta a quem não tem o entendimento ocupado com coisas da terra de modo a não ter nenhum para entender verdades. Mas, que façais mercês tão soberanas a almas que tanto Vos ofendem, por certo que a mim isto faz que se me acaba o entendimento e, quando chego a pensar nisto, não posso ir adiante. Para onde há-de ir que não seja voltar atrás? Dar-Vos graças por tão grandes mercês, não sabe como. Em dizer disparates, acho alívio algumas vezes.
4. E muitas, em acabando de receber estás mercês ou quando Deus mas começa a fazer - pois uma vez nelas, já tenho dito não há poder para nada - acontece-me dizer: "Senhor, olhai ao que fazeis, não esqueçais tão depressa meus tão grandes males. Já que para me perdoardes, os tendes olvidado, suplico-Vos que, para pôr limite nas mercês, deles Vos recordeis. Não ponhais, Criador meu, tão precioso licor em vaso tão quebrado, pois já tendes visto, de outras vezes, que o torno a derramar. Não ponhais tesouro semelhante onde ainda não está perdida de todo, como deveria estar, a cobiça das consolações da vida, pois gastá-lo-á mal. Como confiais a defesa desta cidade e as chaves da fortaleza a alcaide tão cobarde que, ao primeiro embate dos inimigos, os deixa entrar dentro? Não seja tanto o Vosso amor, ó Rei Eterno, que ponhais em risco joias tão preciosas. Parece, Senhor meu, dar-se assim ocasião a que se tenham em pouco, pois as colocais em poder de criatura tão ruim, tão baixa, tão fraca e miserável e de tão pouco valor. Pois, se bem que trabalhe para não as perder com o Vosso favor - e não pequeno precisa de ser, conforme sou -, não posso com elas dar ganho a ninguém; enfim, mulher e não boa, senão ruim. Dir-se-ia que não só se escondem os talentos, mas que se enterram, pondo-os em terra tão desprezível. Não costumais Vós, Senhor, fazer semelhantes grandezas e mercês a uma alma senão para que aproveite a muitas. Já sabeis, Deus meu, que, com toda a vontade e todo o coração Vos suplico e tenho suplicado algumas vezes e o tenho por bem de perder o maior bem que se possui na terra, para que Vós façais estas mercês a quem mais aproveite com este bem, a fim de que cresça a Vossa glória".
5. Estas e outras coisas tem-me acontecido dizê-las muitas vezes. Via depois a minha insensatez e pouca humildade, porque bem sabe o Senhor o que convém e que não havia forças em minha alma para se salvar, se Sua Majestade - com tantas mercês - nela não as pusesse.
6. Também pretendo dizer ás graças e os efeitos que ficam na alma e o que ela por si mesma pode fazer ou se contribui para chegar a tão alto estado.
7. Acontece vir esta elevação de espírito ou junção com o amor celestial. A meu entender, é diferente a união do levantamento desta mesma união. A quem não tiver experimentado este último, parecer-lhe-á que não, e a mim me parece que, apesar de ser tudo um, o Senhor opera de diferente modo. No voo de espírito cresce muito mais o desapego das criaturas. Eu tenho visto claramente ser particular mercê, embora - como tenho dito seja tudo a mesma coisa ou o pareça; também um fogo pequeno é fogo, tal como um grande, e bem se vê a diferença que há de um ao outro. Num fogo pequeno, antes que um pequeno pedaço de ferro se ponha em brasa passa muito tempo, mas, se o fogo é grande, embora seja maior o ferro, em muito pouquinho tempo perde, na aparência, a natureza que tem. É assim, a meu parecer, nestes dois modos de mercês do Senhor, e sei que, quem tiver chegado a arroubamentos, o entenderá bem. Se o não tiver experimentado, parecer-lhe-á desatino, e bem pode ser que o seja, porque querer urna como eu falar em coisas tão altas e dar a entender algo daquilo de que parece até impossível haver palavras para o começar a dizer, não é muito que desatine.
8. Mas creio que o Senhor me há-de ajudar, pois sabe Sua Majestade que, depois de obedecer, a minha intenção é de engulosinar as almas com um tão sumo bem. Não direi coisa que não tenha experimentado muito. E assim é que, quando comecei a escrever desta última água, mais impossível me parecia saber tratar alguma coisa dela do que falar em grego, pois tão dificultoso é. Com isto, deixei tudo e fui comungar. Bendito seja o Senhor que assim favorece os ignorantes! Oh! virtude da obediência que tudo podes! Esclareceu-me Deus o entendimento, umas vezes com palavras e outras pondo-me diante como o havia de dizer, pois, tal como fez na oração passada, parece que Sua Majestade quer dizer o que eu não posso nem sei.
Isto que digo é inteira verdade e assim, o que for bom, é Sua a doutrina; o mau, está claro, é deste pélago de males que eu sou. E assim digo que se houver pessoas que tenham chegado às coisas de oração que o Senhor tem feito mercê a esta miserável - e muitas deve haver - se quiserem tratar destas coisas comigo, parecendo-lhes descaminhadas, o Senhor ajudará a Sua serva para sair avante com Sua verdade.
9. Falemos agora desta água que vem do Céu, para com sua abundância encher e fartar todo este horto. Se o Senhor nunca deixasse de a dar quando dela houvesse necessidade, já se vê o descanso que teria o hortelão. E se não houvesse inverno, mas sempre tempo ameno, sem nunca faltarem flores e frutas, já se vê o deleite que teria. Mas, enquanto vivermos, é impossível; sempre há-de haver o cuidado de, quando faltar uma água, procurar outra. Esta do Céu vem muitas vezes quando mais descuidado está o hortelão. Verdade é que, nos princípios, quase sempre é depois de larga oração mental que, dum grau a outro, o Senhor vem a tomar esta avezita e a pô-la no ninho, para que descanse. Como a tem visto voar muito tempo, procurando com o entendimento e a vontade e com todas as forças buscar a Deus e contentá-Lo, quer dar-lhe o prémio ainda nesta vida. E que grande prémio! Basta um momento para ficarem pagos todos os trabalhos que nela pode haver.
10. Estando assim a alma buscando a Deus, sente-se, com deleite grandíssimo e suave, quase de todo desfalecer, à maneira de desmaio. Vai-lhe faltando o fôlego e todas as forças corporais, de modo que não pode sequer menear as mãos a não ser a muito custo. Os olhos fecham-se-lhe sem os querer fechar, ou se os tem abertos, não vê quase nada. Se lê, nem acerta a dizer letra nem quase atina bem a conhecê-la: vê as letras, mas como o entendimento não ajuda, não as consegue ler embora queira. Ouve, mas não entende o que ouve. Não se aproveita, pois, nada dos sentidos, a não ser para eles não a deixarem acabar de se entregar a seu prazer e assim antes a estorvam. Falar, é por demais; não atina a formar palavra, nem há forças - ainda que atinasse - para a poder pronunciar; porque toda a força exterior se perde e se concentra nas da alma aumentando-lhas para melhor poder gozar da sua glória. O deleite exterior que se sente é grande e muito manifesto.
11. Esta oração, por longa que seja, não faz dano; pelo menos a mim nunca fez. Nem me recordo ter-me o Senhor feito alguma vez esta mercê, por mal que então estivesse, que me sentisse pior, antes ficava com grande melhoria. Mas, que mal pode fazer tão grande bem? São tão manifestas as operações exteriores, que não se pode duvidar que grande foi a causa, pois assim tirou as forças com tanto deleite para as deixar maiores.
12. Verdade é que nos princípios passa em tão breve tempo - pelo menos a mim assim acontecia que, quando assim passa com brevidade, nem estes sinais exteriores, nem a falta de sentidos, se dão tanto a perceber. Mas bem se compreende pela abundância das mercês, que foi grande a claridade do sol que esteve na alma, pois assim a derreteu. E note-se isto: por longo que tenha sido o espaço de tempo em que a alma esteve nesta suspensão de todas as potências, é bem breve a meu parecer. Quando estivesse meia hora, é já muito; eu - segundo julgo - nunca estive tanto. Verdade é que mal se pode calcular o tempo que se está, pois então não se dá conta; mas digo que, duma assentada, sem que volte a si alguma potência, é muito pouco tempo. A vontade é que segura a teia, mas as outras duas potências depressa voltam a importunar. Como a vontade está quieta, volta-se de novo a suspender e assim se ficam outra vez um pouco e depois tornam a reviver.
13. Nisto podem-se passar algumas horas de oração e passam-se de facto; porque, começando as duas potências a embriagar-se e a gostar daquele vinho divino, com facilidade se tornam a perder, para muito mais ganharem; e, acompanhando a vontade, gozam todas três. Mas, neste estarem de todo perdidas e em nada terem imaginação - pois a meu parecer também esta se perde de todo -, digo que é por breve espaço. Contudo não voltam a si totalmente que não possam estar algumas horas como que desatinadas, voltando Deus, pouco a pouco acolhê-las a Si.
14. Venhamos agora ao interior, ao que a alma aqui sente. Diga-o quem ó sabe, pois nem se pode entender, quanto mais dizer.
Estava eu pensando, depois de comungar e de sair desta mesma oração que descrevo, quando quis escrever isto: o que fazia a alma nesse tempo. Disse-me o Senhor estas palavras: Desfaz-se toda, filha, para mais se meter em Mim; já não é ela quem vive, senão Eu?. Como não pode compreender o que entende, é um não entender entendendo.
Quem o tiver experimentado entenderá algo disto. Com mais clareza não se pode dizer por ser tão obscuro o que ali se passa. Só poderei dizer que se representa a alma estar junta com Deus e fica uma certeza que de nenhuma maneira se pode deixar de crer. Aqui faltam e se suspendem todas as potências de modo que - como tenho dito -, de nenhuma maneira, se percebe a sua acção. Se a alma estava pensando em um passo da Paixão, perde-o da memória como se nunca dele a tivera; se estava lendo, não há acordo nem detença no que lia; se reza, tão-pouco. Assim é que a esta borboletazita importuna da memória aqui se lhe queimam as asas; já não mais pode esvoaçar. A vontade deve estar bem ocupada em amar, mas não compreende como ama. O entendimento, se entende, não percebe como entende; pelo menos, não pode compreender nada do que entende. A mim, não me parece que entende, porque - como digo - não se entende a si mesmo. E não acabo de entender isto.
15. Aconteceu-me a mim a princípio que, na minha ignorância, não sabia que Deus estava em todas as coisas e, como me parecia tê-Lo tão presente, parecia-me impossível. Deixar de crer que estivesse ali; não podia, por me parecer quase evidente ter percebido estar ali a Sua mesma presença. Os que não tinham letras me diziam que estava presente só pela graça; eu não o podia crer, porque - como digo - parecia-me estar presente e assim andava com pesar. Um grande letrado da Ordem do glorioso São Domingos tirou-me desta dúvida, dizendo-me como estava presente e se comunicava a nós, o que muito me consolou.
Ê de notar e entender que esta água do Céu, este grandíssimo favor do Senhor, deixava sempre a alma com grandes ganhos, como agora direi.

santa teresa de jesus


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