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28/09/2013

Evangelho do dia e comentário

Tempo comum
XXV Semana



Evangelho: Lc 9, 43-45

43 E todos se admiravam da grandeza de Deus. Enquanto todos admiravam as coisas que fazia, Jesus disse aos discípulos: 44 «Fixai bem estas palavras: O Filho do Homem está para ser entregue nas mãos dos homens». 45 Eles, porém, não entendiam esta linguagem; era-lhes tão obscura que não a compreendiam; e tinham medo de O interrogar acerca dela.
Comentário:

«Eles, porém, não entendiam esta linguagem; era-lhes tão obscura que não a compreendiam.»
Porque seria que o Mestre não lhes falava abertamente revelando tudo quanto se iria passar: a prisão no Horto das Oliveiras, o simulacro de julgamento, as violências e mentiras, a terrível Flagelação, a ignominiosa Coroa de Espinhos, a Via Dolorosa a caminho do Calvário, a Crucifixão e Morte na Cruz?
Detendo-nos um pouco parece lógico o procedimento de Jesus. O que aconteceria se tal fizesse?
Podem, imediatamente, imaginar-se duas coisas: a terrível angústia e revolta dos discípulos, sobretudo dos Doze, vendo abalada até aos alicerces a sua confiança no Mestre – como poderia o próprio Filho de Deus passar por tais transes! -, e, talvez, a debandada de mais alguns que, vendo perdida toda a confiança no Messias esperado, se sentissem de tal forma sem norte nem rumo, abandonada toda a esperança no Reino prometido, não resistissem a um abandono definitivo.
Como pode alguém acreditar que a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade tivesse de sujeitar-se a tão tremendo fim?

Um Deus crucificado?

Há anos, na televisão, passou uma história que tentava relatar o surgimento da grande Nação Zulu na hoje chamada África do Sul.
Não foi só a revolta contra os dominadores de então – os ingleses – mas sobretudo a união sob uma mesma bandeira de todos os povos que proliferavam pelos vastos territórios. O homem que conseguiu tal feito foi considerado “Chaka” – que quererá dizer chefe detentor de todo o poder.
Numa última batalha as hordas bem treinadas do “Chaka” destroçaram completamente as forças inglesas desembarcadas numa praia. No meio dos montes de cadáveres, permanecia um jovem oficial, que, de joelhos no chão, segurando entre os dedos ensanguentados uma cruz, aguardava com serenidade a decapitação que sistematicamente os Zulus levavam a cabo de todos os inimigos feridos e até mortos.
O Chaka aproximando-se tomou das mãos do jovem alferes, a cruz, e perguntou-lhe o que era aquilo, ao que o militar respondeu que era o seu Deus ao qual entregava a alma.
O Chaka não entendia como se poderia ter um Deus cuja imagem era a de um homem torturado pendente de uma cruz. Mandou que o oficial fosse poupado até que lhe explicasse o que aos seus olhos era uma tremenda ‘aberração’.
Tal como o chefe Zulu, também os discípulos tinham a maior dificuldade em compreender que o supremo sacrifício de Cristo era como que a ‘coroação’ e o ‘selo’ do Seu amor pelos homens.

A verdade é que, o símbolo da Cruz continua pelos séculos fora a atrair todos os homens tal como o próprio Cristo vaticinou:
«Et ego, si exaltatus fuero a terra, omnia traham ad meipsum.» (Cfr. Jo 12, 32), (Quando for levantado atrairei todos a Mim)

(ama, comentário sobre Lc 9, 43-45, V. Moura, 2011.09.23)

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