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06/08/2013

Leitura espiritual para 06 Ago

Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.

Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Mc 7, 24-37; 8,1-9

24 Partindo dali, foi Jesus para os confins de Tiro e de Sidónia. Tendo entrado numa casa, não queria que ninguém o soubesse, mas não pôde ocultar-Se, 25 pois logo uma mulher, cuja filha estava possessa do espírito imundo, logo que ouviu falar d'Ele, foi lançar-se a Seus pés. 26 Era uma mulher gentia, de origem sirofenícia. Suplicava-lhe que expulsasse da sua filha o demónio. 27 Jesus disse-lhe: «Deixa que primeiro sejam fartos os filhos, porque não está certo tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cães». 28 Mas ela respondeu-Lhe: «Assim é, Senhor, mas também os cachorrinhos comem, debaixo da mesa, das migalhas que caem dos filhos». 29 Ele disse-lhe: «Por esta palavra que disseste, vai, que o demónio saiu da tua filha». 30 Voltando para casa, encontrou a menina deitada na cama, e o demónio tinha saído dela. 31 Jesus, deixando o território de Tiro, foi novamente por Sidónia para o mar da Galileia, atravessando o território da Decápole. 32 Trouxeram-Lhe um surdo-mudo, e pediam-Lhe que lhe impusesse as mãos. 33 Então, Jesus, tomando-o à parte de entre a multidão, meteu-lhe os dedos nos ouvidos, e tocou-lhe com saliva a língua. 34 Depois, levantando os olhos ao céu, deu um suspiro e disse-lhe: «Effathá», que quer dizer «abre-te». 35 Imediatamente se lhe abriram os ouvidos, se lhe soltou a prisão da língua e falava claramente.36 Ordenou-lhes que a ninguém o dissessem. Porém, quanto mais lho proibia mais o divulgavam. 37 E admiravam-se sobremaneira, dizendo: «Tudo fez bem! Faz ouvir os surdos e falar os mudos!».
Mc 8 1 Naqueles dias, havendo novamente grande multidão e não tendo de comer, chamando os discípulos disse-lhes: 2 «Tenho compaixão deste povo, porque há já três dias que não se afastam de Mim e não têm que comer. 3 Se os despedir em jejum para as suas casas desfalecerão no caminho, e alguns deles vieram de longe». 4 Os discípulos responderam-Lhe: «Como poderá alguém saciá-los de pão aqui num deserto?». 5 Jesus perguntou: «Quantos pães tendes?». Responderam: «Sete». 6 Então ordenou ao povo que se sentasse no chão. Depois, tomando os sete pães, deu graças, partiu-os e dava-os a Seus discípulos para que os distribuíssem; e eles os distribuíram pelo povo. 7 Tinham também alguns peixinhos. Ele os abençoou e mandou que fossem distribuídos. 8 Comeram, ficaram saciados e dos pedaços que sobejaram recolheram sete cestos. 9 Ora os que comeram eram cerca de quatro mil. Em seguida Jesus despediu-os.



JESUS CRISTO NOSSO SALVADOR 05

Iniciação à Cristologia

PRIMEIRA PARTE

A PESSOA DE JESUS CRISTO

Capítulo III

A REALIDADE DA ENCARNAÇÃO DO FILHO DE DEUS

1. A vinda do Filho de Deus ao mundo, concebido de santa Maria Virgem

a) A anunciação a Maria e a concepção de Jesus

    No admirável plano da doação que Deus faz de si mesmo à criatura, a Encarnação é o acontecimento central e culminante, e Maria foi a colaboradora com a sua fé e com o seu amor para união de Jesus com a humanidade.
    São Lucas descreve esse momento transcendental: O anjo Gabriel enviado por parte de Deus comunica o plano divino a Maria: «Conceberás no teu seio e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus. Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo (…) O Espírito Santo virá sobre ti, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra, e por isso o filho engendrado será santo, será chamado Filho de Deus» (Lc 1,30-35). A Virgem, cheia de fé e de confiança em Deus, dá o seu rendido consentimento à disposição divina: «Eis aqui a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra» (Lc 1,38).
    «E o Verbo fez-se carne e habitou entre nós» (Jo 1,14). O mistério da união – dos esponsais – entre o Filho de Deus e a humanidade, realiza-se no instante em que Maria pronunciou o seu sim «em nome de toda a natureza humana»[i]. E ela concebeu como homem o Filho eterno do Pai, que se fez realmente seu filho.

b) A Encarnação é obra do Espírito Santo

    A Sagrada Escritura deixa muito claro que Jesus Cristo não foi concebido por obra de varão, como os ouros homens, mas sim unicamente pelo poder e obra do Espírito Santo, permanecendo a sua Mãe sempre virgem (cf. Mt 1,18-25; Lc 1,34-38). E assim o confessou a Igreja desde os primeiros testemunhos e a Tradição e as primeiras formulações da fé.
    A «virtude do Altíssimo» (Lc 1,35), pela qual se levou a cabo a Encarnação, é o poder infinito do único Deus. Assim pois, a Encarnação do Filho de Deus é obra da Trindade. Todavia, a concepção milagrosa de Cristo só costuma atribuir-se ao Espírito Santo, que ali interveio juntamente com o Pai e o Filho: «O concebido nela vem do Espírito Santo» (Mt 1,20). É que a revelação atribui ao Espírito Santo as obras que manifestam especialmente o amor e o poder divinos, e em particular atribui-se-lhe o mistério da Encarnação do Filho de Deus em Maria Santíssima.
    Todavia, como a filiação é a relação de uma pessoa com respeito ao que a engendrou, Cristo – que é Filho de Deus, a segunda pessoa da Trindade – não é, nem se pode chamar, filho do Espírito Santo, nem da Trindade, mas somente de Deus Pai.

c) Maria é a Mãe de Deus

   Maria, escolhida por Deus Pai desde toda a eternidade para será Mãe do seu Filho, pelo seu consentimento e aceitação da vontade divina, foi realmente feita a Mãe de Deus. «Com efeito, aquele que ela concebeu como homem, por obra o Espírito Santo, e que se fez verdadeiramente seu filho segundo a carne, não é outro que o Filho eterno do Pai, a segunda pessoa da Santíssima Trindade. A Igreja confessa que Maria é verdadeiramente Mãe de Deus (‘Theotokos’) (cf. DS, 215)»[ii].
    Por isso, sob o impulso do Espírito Santo, é chamada «a mãe do meu Senhor» desde a concepção de Jesus, ainda antes do nascimento do seu Filho (cf. Lc 1,43).

d) «O Verbo se fez carne»: a Encarnação

    »O Verbo se fez carne» (J 1,14), diz São João no prólogo do seu Evangelho, significando por «carne» o homem inteiro, conotando o mais visível e o mais humilde do ser humano, em contraste coma excelência do Verbo[iii]
    Tomando essa frase do evangelista, a Igreja chama «Encarnação» ao facto de que o Filho de Deus tenha assumido uma natureza humana para levar a cabo, mediante ela, a nossa salvação. O acontecimento único e totalmente singular da Encarnação consiste em que o Filho de Deus se fez verdadeiramente homem sem deixar de ser Deus.
    Este mistério é tão essencial que «a fé na verdadeira encarnação do Filho de Deus é o sinal distintivo da fé cristã»[iv]; mistério que a Igreja defendeu e aclarou especialmente durante os primeiros séculos faxe às heresias que a falseavam.

2. Jesus Cristo é perfeito homem

a) A realidade do corpo de Cristo.
    A heresia do docetismo gnóstico.

    O gnosticismo é uma amálgama de doutrinas místicas orientais, de tipo filosófico (sobretudo platónicas) e cosmogónico, que teve uma rápida propagação nos primeiros séculos da nossa era. Uma das suas variantes cristãs, o docetismo, é uma doutrina aparecida já no século I que considera que a matéria é má e, por consequência, nega que Cristo tivesse um verdadeiro corpo material, de carne humana: o corpo de Cristo seria só aparente. Portanto, o seu nascimento ou a sua paixão e morte não foram reais mas só fictícias e irreais.
    Todavia, a Sagrada Escritura testemunha claramente que Cristo foi homem verdadeiro, com um corpo real: é descendente de David, foi concebido pela Virgem Maria, nasceu, cresceu, cansou-se, teve fome e sede, dormiu, sofreu, derramou o seu sangue, morreu, foi sepultado, etc. O seu corpo não era fantasmagórico, mas material de carne e osso, era real e tangível, inclusive depois da Ressurreição (cf. Lc 24,39; 1Jo 1,1-3).
    Já desde a própria época apostólica a fé cristã insistiu na verdadeira Encarnação do Filho de Deus face a estas heresias (cf. 1 Jo 4,2-3; 2Jo 7), que foram refutadas pelos Padres e escritores clássicos dos primeiros séculos, como Santo Inácio de Antioquia, Santo Ireneu e outros. Estes escritores não só mostraram a verdade do corpo de Cristo com a Sagrada escritura na mão, como argumentaram também que negar a realidade do corpo de Cristo é negar a realidade da redenção obrada pelo Senhor.

b) A realidade da alma de Cristo. A heresia do apolinarismo

    Apolinar de Laodiceia (século IV) sustentou que o Verbo não teria assumido uma humanidade completa, pois dois seres íntegros não poderiam fazer-se realmente um. A humanidade de Cristo estaria somente composta de carne e alma sensitiva. Nesta natureza o Verbo assumiria a função de alma intelectiva e racional.
    Todavia, a Sagrada Escritura testemunha claramente que Cristo foi perfeito homem com uma alma humana racional verdadeira: alegrou-se, entristeceu-se, comoveu-se, teve afectos, era totalmente livre, obedeceu, era humilde, veraz, generoso e misericordioso, etc. Enfim, Jesus tinha todas as virtudes e qualidades da alma humana.
    O erro de Apolinar foi refutado por São Gregório de Nisa e outros Padres da Igreja que insistiram na perfeita humanidade de Cristo: Jesus não seria perfeito homem se carecesse de alma humana, se não tivesse uma inteligência e vontade humanas. Doutra forma não teria redimido a linhagem humana, pois «não foi curado o que não foi assumido), e Cristo curou todo o homem: corpo e alma.
    O apolinarismo foi condenado pelo Papa São Dâmaso e posteriormente pelo concílio I de Constantinopla (ano de 3181)[v]. Desde então o Magistério da Igreja tem ensinado sempre que Nosso Senhor é «perfeito Deus e perfeito homem: que subsiste com alma racional e carne humana»[vi].

c) Cristo teve uma verdadeira natureza humana, composta de alma e corpo

    Muitas vezes Jesus designa-se a si mesmo como «homem» (cf. Jo 8,40), e igualmente no Novo Testamento se o nomeia desta forma (cf. 1 Cor 15,21; i Tim 2,5), quer dizer, como alguém que tem propriamente a natureza humana. E a Tradição e o magistério da Igreja insistiram em que Ele era verdadeiro homem, consubstancial connosco; «semelhante a nós em tudo, excepto no pecado». (Heb 4,15).
    Temos de ter presente que a natureza humana está composta pela união substancial de corpo e alma; de modo que, se não se desse esta composição, Cristo não seria verdadeiramente homem; nem o corpo de Cristo seria vivo, nem seria humano, pois a alma é o princípio que dá a vida e a espécie à matéria. Assim pois, Jesus teve uma verdadeira natureza humana, composta pela união da alma e do corpo [vii]

3. Jesus Cristo é perfeito Deus

    Jesus quis ir revelando a sua divindade de modo progressivo, pois esta verdade tornava-se muito difícil de admitir para uma mentalidade como a judia enraizada num rígido monoteísmo. Primeiro com as suas obras e milagres foi preparando os ânimos para essa revelação, e depois gradualmente foi manifestando a sua condição divina.
    O facto é que no final da sua vida terrena ficou patente que se proclamava Filho de Deus, e Deus. Por isso, alguns judeus não acreditavam n’Ele, acusavam-no de ser «homem que se faz Deus» (Jo 10,33), e julgaram-no como um blasfemo. Também na actualidade, o erro cristológico principal é negar que Jesus seja Deus, o Filho de Deus feito homem.
    Agora, ao correr de alguns erros pretéritos, veremos a fé da Igreja e também estudaremos alguns textos da Escritura sobre a divindade de Jesus.

a) As heresias do adopcionismo e do arianismo, e o concílio de Niceia

   O adopcionismo. Paulo de Samossata, bispo de Antioquia na Síria (século II), entre outros, sustentava que Cristo não era uma pessoa divina, mas sim um homem no qual Deus infundiu um poder sobrenatural para fazer milagres, e o adoptou como filho no baptismo do Jordão. Jesus teria uma participação especial no poder do Pai e nisto se assemelharia a Ele, mas não seria Filho de Deus por natureza, mas sim só por adopção.
    Paulo de Samossata foi condenado e deposto do seu cargo no ano 268.

Vicente Ferrer Barriendos

(trad do original castelhano por ama)

Bibliografia:
Alguns documentos do Magistério da Igreja

JOÃO PAULO II, Enc. Redemptor hominis, 1979.
JOÃO PAULO II, Catequesis sobre el Credo, em Creo en Jesucristo, Pa­labra, Madrid 1996.
CONGR. PARA A DOUTRINA DA FÉ, Decl. Mysterium Filii Dei, 1972.
CONGR. PARA A DOUTRINA DA FÉ, Instr. Libertatis nun­tius, 1984.
CONGR. PARA A DOUTRINA DA FÉ, Instr. Libertatis cons­cientia, 1986.
CONGR. PARA A DOUTRINA DA FÉ, Decl. Dominus Iesus, 2000.
CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, p. I, secção 2, cap. 2, nn. 422-682.
CONFERENCIA EPISCOPAL ESPANHOLA, COMISSÃO EPIS­COPAL PARA A DOUTRINA DA FÉ, Cristo presente na Igreja. Nota doutrinal sobre algumas questões cristológicas e im­plicações eclesiológicas, 1992.

Relação de abreviaturas:

Sagrada Escritura

Am                  Amos
Ap                    Apocalipse
Col                   Epístola aos Colossenses
1 Cor               Primeira Epístola aos Coríntios
2 Cor               Segunda Epístola aos Coríntios
1 Cro               Livro I das Crónicas e Paralipómenos
2 Cro               Livro II das Crónicas e Paralipómenos
Dan                  Daniel
Dt                    Deuteronómio
Ef                     Epístola aos Efésios
Ex                    Êxodo
Ez                    Ezequiel
Flp                   Epístola aos Filipenses
Gal                   Epístola aos Gálatas
Gen                 Génesis
Act                   Actos dos Apóstolos
Heb                 Epístola aos Hebreus
Is                     Isaías
Jb                    Job
Jer                   Jeremias
Jo                    Evangelho de São João
1 Jo                 Primeira Epístola de São João
2 Jo                 Segunda Epístola de São João
3 Jo                 Terceira Epístola de São João
Lc                    Evangelho de São Lucas
Lv                    Levítico
Mal                   Malaquias
Mc                   Evangelho de São Marcos
Miq                  Miqueias
Mt                    Evangelho de São Mateus
Os                    Oseias
1 Pd                 Primeira Epístola de São Pedro
2 Pd                 Segunda Epístola de São Pedro
Qo                   Livro de Qohélet (Eclesiastes)
1 Re                 Livro I dos Reis
2 Re                 Livro II dos Reis
Rom                Epístola aos Romanos
Sab                  Livro da Sabedoria
Sal                   Salmos
1 Sam              Livro I de Samuel
2 Sam              Livro II de Samuel
Tg                    Epístola de São Tiago
Sir                    Livro de Bem Sirá (Eclesiástico)
1 Tes               Primeira Epístola aos Tesalonicenses
2 Tes               Segunda Epístola aos Tesalonicenses
1 Tim               Primeira Epístola a Timóteo
1 Tim               Senda Epístola a Timóteo
Tit                    Epístola a Tito
Zc                    Zacarias

Outras siglas empregues

a.                     Artigo
Cap.                 Capítulo
CCE                  Catecismo da Igreja Católica (Cathecismus Catholicae Ecclesiae)
cf.                    Confira-se
Conc.               Concílio
Congr.             Congregação
Const.              Constituição
Decl.                Declaração
DS                   Enchiridion Symbolorum de Dezinguer-Schönmetzer
DV                   Constituição Dogmática Dei Verbum do Concílio Vaticano II
Enc.                 Encíclica
GS                   Constituição dogmática Gaudium et spes do Concílio Vaticano II
LG                    Constituição dogmática Lumen gentium do Concílio Vaticano II
p. / pp.            Página / páginas
p. ex.               Por exemplo
p.                     Pergunta
s. / ss.             Seguinte / Seguintes
S. Th.               Summa Theologiae de São Tomás de Aquino
t.                     Tomo





Notas:
[i] S. Th. II,30,1.
[ii] CCE, 495.
[iii] Este modo de expressar o todo pela parte (o homem pela carne) é habitual na Escritura: cf. Is 40,5; Jb 19,26; 1 Cor 1,29; 2 Cor 7,5; 1 Pd 1,24; etc.
[iv] CCE, 463.
[v] CF. CONC. DE CONSTANTINOPLA, DS, 149.
[vi] Símbolo Quicumque, DS, 76.
[vii] Cf. CONC. VIENNENSE, DS, 900; 902; S. Th. III, 2,5.

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