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16/07/2013

Resumos da Fé cristã 45

TEMA 36. O sétimo mandamento do Decálogo


6. Justiça e caridade 
A caridade – “forma virtutum”, forma de todas as virtudes –, que está num nível superior à justiça, não se manifesta só ou principalmente em dar mais do que se deve em estrito direito. Consiste sobretudo em dar-se a si mesmo – pois isto é amor –, deve acompanhar sempre a justiça, vivificando-a por dentro. Esta união entre justiça e caridade manifesta-se, por exemplo, em dar o que se deve com alegria, em preocupar-se não só com os direitos da outra pessoa, mas também com as suas necessidades e, em geral, praticar a justiça com suavidade e compreensão 16.

A justiça deve ser envolvida pela caridade. Não se podem resolver os problemas da convivência humana apenas com um sistema de justiça anónimo a gerir adequadamente as estruturas sociais. «Ao resolver os assuntos, procura nunca exagerar a justiça até ao ponto de te esqueceres da caridade» (S. Josemaria, Sulco, 973).

A justiça e a caridade deverão estar sempre presentes na atenção às pessoas necessitadas (pobres, doentes, etc.). Nunca será possível alcançar uma situação social em que seja supérflua a atenção pessoal ante as necessidades materiais e espirituais do próximo. Sempre será necessário o exercício das obras de misericórdia corporais e espirituais (cf. Catecismo, 2447).

«O amor – caritas – será sempre necessário, mesmo na sociedade mais justa. Não há qualquer ordenamento estatal justo que possa tornar supérfluo o serviço do amor. Quem quer desfazer-se do amor, prepara-se para se desfazer do homem enquanto homem. Sempre haverá sofrimento que necessita de consolação e ajuda. Haverá sempre solidão. Existirão sempre também situações de necessidade material, para as quais é indispensável uma ajuda na linha de um amor concreto ao próximo. Um Estado, que queira prover a tudo e tudo açambarque, torna-se no fim de contas uma instância burocrática, que não pode assegurar o essencial de que o homem sofredor – todo o homem – tem necessidade: a amorosa dedicação pessoal» 17.

A miséria humana atrai a compaixão de Cristo salvador, que a quis carregar sobre Si e identificar-se com os «meus irmãos mais pequeninos» (Mt 25, 40). Por isso mesmo, os que sofrem a miséria são objecto de amor de preferência por parte da Igreja. Que, desde sempre nunca cessou de trabalhar para os aliviar e defender (cf. Catecismo, 2448).

pau agulles

Bibliografia básica:
Catecismo da Igreja Católica, 2401-2463.

Leituras recomendadas:
S. Josemaria, homilia «Viver face a Deus e face aos homens», em Amigos de Deus, 154-174.

(Resumos da Fé cristã: © 2013, Gabinete de Informação do Opus Dei na Internet)
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Notas:
16 «Para se passar da estrita justiça à abundância da caridade há todo um trajecto a percorrer e não são muitos os que perseveram até ao fim: alguns conformam-se com chegar apenas aos umbrais: prescindem da justiça e limitam-se a um pouco de beneficência, a que chamam caridade, sem cuidarem de que o que fazem representa uma pequena parte do que estão obrigados a fazer. E mostram-se tão satisfeitos consigo mesmos como o fariseu que julgava ter enchido a medida da lei só por jejuar dois dias por semana e pagar o dízimo de tudo o que possuía» (cf. Lc 18, 12)» (S. Josemaria, Amigos de Deus, 172). Cf. Ibidem, 83; S. Josemaria, Forja, 502.
17 Bento XVI, Enc. Deus Caritas Est, 25-XII-2005, 28.


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