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17/07/2013

Leitura espiritual para 17 Jul

Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.


Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Mt 26, 1-29

1 Aconteceu que, tendo Jesus acabado todos estes discursos, disse aos Seus discípulos:  2 «Vós sabeis que daqui a dois dias será celebrada a Páscoa e o Filho do Homem será entregue para ser crucificado». 3 Foi então que se reuniram os príncipes dos sacerdotes e os anciãos do povo no palácio do sumo pontífice, que se chamava Caifás, 4 e tiveram conselho acerca dos meios de prenderem a Jesus por astúcia, e de O matarem. 5 Mas eles diziam: «Não se faça isto durante a festa, para que não suceda levantar-se algum tumulto entre o povo». 6 Estando Jesus em Betânia, em casa de Simão o leproso, 7 aproximou-se d'Ele uma mulher com um frasco de alabastro, cheio de um perfume precioso, e o derramou sobre a Sua cabeça, quando Ele estava à mesa. 8 Vendo isto, os discípulos indignaram-se, dizendo: «Para quê este desperdício? 9 Porque este perfume podia vender-se por bom preço, e dar-se aos pobres». 10 Jesus, sabendo isto, disse-lhes: «Porque molestais esta mulher? Ela fez-Me verdadeiramente uma obra boa. 11 Porque vós tereis sempre convosco pobres, mas a Mim nem sempre Me tereis. 12 Derramando ela este perfume sobre o Meu corpo, fê-lo como para a Minha sepultura. 13 Em verdade vos digo que onde quer que for pregado este Evangelho, em todo o mundo, publicar-se-á também para sua memória o que ela fez». 14 Então um dos doze, que se chamava Judas Iscariotes, foi ter com os príncipes dos sacerdotes, 15 e disse-lhes: «Que me quereis dar e eu vo-l'O entregarei?». Eles prometeram-lhe trinta moedas de prata. 16 E desde então buscava oportunidade para O entregar. 17 No primeiro dia dos ázimos, aproximaram-se de Jesus os discípulos, dizendo: «Onde queres que Te preparemos o que é necessário para comer a Páscoa?». 18 Jesus disse-lhes: «Ide à cidade, a casa de um tal, e dizei-lhe: “O Mestre manda dizer: O Meu tempo está próximo, quero celebrar a Páscoa em tua casa com os Meus discípulos”». 19 Os discípulos fizeram como Jesus tinha ordenado e prepararam a Páscoa. 20 Ao entardecer, pôs-se Jesus à mesa com os doze. 21 Enquanto comiam, disse-lhes: «Em verdade vos digo que um de vós Me há-de trair». 22 Eles, muito tristes, cada um começou a dizer: «Porventura sou eu, Senhor?» 23 Ele respondeu: «O que mete comigo a mão no prato, esse é que Me há-de trair. 24 O Filho do Homem vai certamente, como está escrito d'Ele, mas ai daquele homem por quem será entregue o Filho do Homem! Melhor fora a tal homem não ter nascido». 25 Judas, o traidor, tomou a palavra e disse: «Porventura, sou eu, Mestre?». Jesus respondeu-lhe: «Tu o disseste». 26 Enquanto comiam, tomou Jesus o pão, pronunciou a bênção, e partiu-o, e deu-o aos Seus discípulos, dizendo: «Tomai e comei, isto é o Meu corpo». 27 Tomando depois o cálice, deu graças, e deu-lho, dizendo: «Bebei dele todos. 28 Porque isto é o Meu sangue, o sangue da nova aliança, que será derramado por todos para remissão dos pecados. 29 Digo-vos, porém: desta hora em diante não beberei mais deste fruto da videira, até àquele dia em que o beberei de novo convosco no reino de Meu Pai».



CONFISSÕES SANTO AGOSTINHO

LIVRO DÉCIMO-TERCEIRO

CAPÍTULO X

Os dons de Deus

Feliz a criatura que não conheceu outro estado!
Seria porém diferente do que é se, apenas criada, o teu Espírito, que paira sobre todas as coisas mutáveis, não a tivesse erguido com este
apelo: “Faça- te a luz” – e a luz se fez.
Em nós, o tempo em que éramos trevas distingue-se do tempo em que nos tornamos luz.
Mas dessa criatura só se diz o que teria sido se não fosse iluminada. A Escritura fala dela como se tivesse sido flutuante e tenebrosa, para nos realçar a causa que a transformou, isto é, que a conduziu para a luz inextinguível, para que também fosse luz.

Quem puder, compreenda, quem não puder, que te peça a graça de o compreender.
Por que importunam, como seu fosse a luz que ilumina a todo homem que vem a este mundo?

CAPÍTULO XI

O homem e a trindade

Quem é capaz de compreender a Trindade onipotente?
E quem não fala dela, ainda que a não compreenda?

Rara é a pessoa que, falando dela, sabe o que diz.
Discute-se, disputa-se, mas ninguém sem paz interior contempla esta visão.
Quisera que os homens refletissem sobre três coisas que têm dentro de si mesmos. Elas diferem muito da Trindade, e eu só as proponho para que as usem como exercício e experiência do pensamento, e com isso compreender como estão longe deste mistério.
Eis as três coisas: ser, conhecer, querer.
Porque existo, conheço, quero e vejo.
Eu sou aquele que conhece e quer.
Sei que existo e que quero, e quero existir e saber.
Repare, quem puder, como nessas três coisas a vida é indivisível, a unidade da vida, a unidade da inteligência, a unidade da essência, veja a impossibilidade de distinguir elementos inseparáveis e, contudo, distintos.
O homem está diante de si mesmo, que ele se examine, veja e me responda. Contudo, por ter encontrado e reconhecido esta analogia, não julgue por isso ter compreendido a essência do Ser imutável, que transcende tais movimentos da alma, que existe imutavelmente, conhece imutavelmente e quer imutavelmente.

Mas é por causa de tais atributos que em Deus há a Trindade, ou esses três atributos pertencem a cada pessoa divina, cada uma sendo assim uma e trina?
Ou ambas as coisas são admiravelmente reais: a Trindade, misteriosamente simples e múltipla, sendo para si mesma o seu próprio fim infinito, pelo qual existe, se conhece e se basta imutavelmente na magnitude superabundante de sua unidade?
Quem conceberá facilmente este mistério?
Quem poderia explicá-lo?
Quem, temerariamente, ousaria enunciá-lo de algum modo?

CAPÍTULO XII

A criação e a Igreja

Ó minha fé, vai adiante na tua confissão. Diz a teu Senhor: “Santo, santo, santo! É o Senhor, meu Deus! – Em teu nome fomos batizados, Pai. Filho e Espírito Santo, em teu nome batizamos, Pai, Filho e Espírito Santo.

Também entre nós Deus criou, pelo seu Cristo, um céu e uma terra, isto é, os espirituais e os carnais de sua Igreja. E a nossa terra, antes de receber a forma da doutrina, era invisível e informe, e estávamos imersos nas trevas da ignorância, porque castigaste o homem por causa da sua iniquidade, e os teus justos juízos são como abismos profundos.
Mas porque o teu Espírito pairava sobre as águas, a tua misericórdia não abandonou a nossa miséria, e disseste: “Faça-se a luz”.
Fazei penitência, porque está próximo o reino de Deus.
Fazei penitencia, faça-se a luz!
E porque tínhamos a alma conturbada, nos lembramos de ti, Senhor, às margens do Jordão, sobre essa montanha grande como tu, que te tornaste pequeno por nós.
Nossas trevas desagradaram-te, nós voltamo-nos para ti, e a luz se fez. E eis que outrora fomos trevas e que agora somos luz no Senhor.

CAPÍTULO XIII

Nós e a luz

Contudo, somos luz apenas pela fé, e não por uma visão clara.
É na esperança que fomos salvos, e a esperança que vê não é mais esperança.
O abismo clama pelo abismo, mas é já pela voz de tuas cataratas. Não pude falar-vos como a homens espirituais, mas como a carnais. Quem assim fala, não julga ainda ter atingido a sua meta e, esquecendo-se do que ficou para trás, avança para o que está vivo, como o cervo tem sede de água das fontes, e diz: “Quando chegarei?” – Ele deseja o abrigo da sua morada, que está no céu e chama o abismo inferior dizendo:
“Não vos conformeis com este mundo, mas reformai-vos renovando o vosso espírito, e não queirais ser crianças na mente, mas sede pequeninos quanto à malícia, para que sejais perfeitos no espírito...”
E ainda: “Ó gálatas insensatos, quem vos fascinou?”
Mas não é mais sua voz que fala assim, e sim a tua voz, porque mandaste teu Espírito do alto do céu por intermédio de Jesus, que subiu ao céu e abriu as cataratas dos seus dons, para que a torrente de alegria alegrasse tua cidade.
É por essa cidade que suspira o amigo do esposo, ele que já possui as primícias do Espírito, mas que ainda geme, porque está à espera da adopção e do resgate do seu corpo.
É por ela que suspira, porque ele é membro da Esposa de Cristo, por ela se abrasa em zelo, porque é o amigo do esposo.
Zela por ela, não por si mesmo, pois é pela voz das tuas cataratas, e não com sua própria voz, que ele chama pelo outro abismo, objecto de seu zelo e de seus temores.
Assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, ele receia que as inteligências débeis se corrompam e se afastem da pureza que está no teu Esposo, teu Filho único.
Quão resplandecente será essa luz, quando o virmos tal como ele é, e quando tiverem passado essas lágrimas que se tornaram o pão dos meus dias e das minhas noites, enquanto cada dia me perguntam: Onde está o teu Deus?

CAPÍTULO XIV

Esperança

Também eu pergunto: “Onde estás, meu Deus? Onde estás?”
Respiro um pouco de ti quando a minha alma se expande dentro de mim mesmo em gritos de exaltação e de louvor, verdadeiro canto de festa. – Mas ela ainda está triste, porque torna a cair e a ser abismo, ou melhor, porque sente que ainda é abismo.
A minha fé, que acendeste à noite para conduzir os meus passos, lhe diz: “Por que está triste, ó minha alma, e por que me perturbas? Espera no Senhor. O seu Verbo é uma lâmpada para os teus passos. Espera, persevera, até que a noite passe, a noite, mãe dos iníquos, até que passe a ira do Senhor, ira da qual outrora fomos filhos quando éramos trevas”.
Dessas trevas ainda arrastamos os restos neste corpo morto pelo pecado, até que alvoreça o dia e se dissipem as sombras. Espera no Senhor. Desde a manhã estarei diante deles, e o contemplarei, e o louvarei eternamente. Desde a manhã estarei diante dele e verei a salvação de minha face, meu Deus, que vivificará os nossos corpos mortais pelo seu Espírito que habita em nós, misericordiosamente levado por sobre as águas tenebrosas das nossas almas.
Por isso, na nossa peregrinação, recebemos dele o penhor de já sermos luz, ele já nos salvou pela esperança e, de filhos da noite e das trevas que éramos, ele fez filhos da luz e do dia.
Na incerteza da ciência humana, só tu és capaz de distinguir entre uns e outros, porque pões os nossos corações à prova e chamas à luz dia e às trevas noite.
Quem, senão tu, sabe distinguir-nos?
E que temos nós que não o tenhamos recebido de ti?
Nós, feitos vasos de honra, fomos feitos da mesma argila que serviu para fazer os vasos de ignomínia.

CAPÍTULO XV

Símbolos

E quem, senão tu, nosso Deus, estendeu sobre nós um firmamento de autoridade, da tua divina Escritura?
O céu se dobrará como um livro, e agora ele se estende sobre nós como um pergaminho. Mais sublime é a autoridade de que goza a tua divina Escritura depois que morreram aqueles que cujo intermédio no-las comunicaste. E sabes, Senhor, sabes como cobriste de peles os homens, quando o pecado os tornou mortais. Por isso estendeste como um pergaminho o firmamento do teu Livro, e as tuas palavras em tudo concordes, que dispuseste sobre nós pelo ministério de homens mortais. Pela sua morte, a autoridade das tuas palavras, por eles divulgadas, desdobra a sua força sobre tudo o que existe em baixo, ela não se erguia tão alto enquanto eles viviam. É que ainda não tinhas desenrolado o céu como um pergaminho, nem tinhas ainda difundido a glória de sua morte por toda parte.
Senhor, faz com que contemplemos os céus, obra de tuas mãos!
Dissipa de nossos olhares as nuvens com que os tens velado. Neles está o teu testemunho, dando sabedoria aos humildes.
Meu Deus completa o teu louvor pela boca dos meninos que ainda mamam! Não conhecemos outros livros que assim destruam a soberba, e que abatam tão bem o inimigo que resiste a toda reconciliação contigo, e defende os seus pecados. Não, Senhor, não conheci outras palavras tão puras, que tantos me persuadissem à confissão, e sujeitassem a minha mente a teu jugo, convidando-me a servir-te tão desinteressadamente.
Oxalá eu as compreenda, bondoso Pai!
Concede esta graça à minha submissão, pois as firmaste para os corações submissos.
Há outras águas, creio eu, sobre esse firmamento: águas imortais e isentas da corrupção terrena. Que elas louvem teu nome! Que os povos celestes de teus anjos te bendigam, pois não têm necessidade de olhar esse firmamento, nem de ler para aprenderem a conhecer tua palavra!
Eles sempre vêm a tua face, e ali lêm, sem as sílabas transitórias, o objecto da tua vontade eterna.
Lêm, escolhem, amam. Lêm perpetuamente, e o que eles lêm jamais fenece, escolhendo e amando, lêm a tua imutável vontade. O teu códice jamais de fecha, jamais se enrola, porque tu mesmo és eternamente esse livro, tu os estabeleceste acima deste firmamento, levantado por ti acima da fraqueza dos povos da terra, para que estes, olhando-o, reconheçam tua misericórdia, que te anuncia no tempo, tu criador do tempo. A tua misericórdia está no céu, e a tua verdade se eleva até às nuvens. As nuvens passam, mas o céu permanece. Os que pregam a tua palavra passam para uma outra vida, mas a tua Escritura estende-se sobre os povos até o fim dos séculos.
O céu e a terra passarão, mas as tuas palavras não passarão. O pergaminho será enrolado, e a erva sobre o qual se estendia passará com o seu esplendor, mas a tua palavra permanecerá eternamente. Agora ela aparece-nos no enigma das nuvens e através do espelho dos céus, e não como é na realidade, porque ainda não se manifestou o que havemos de ser, apesar de amados pelo teu filho. Ele olhou-nos através da teia da sua carne e nos acariciou, e nos inflamou de amor, e corremos atrás de sua fragrância. Mas quando ele aparecer seremos semelhantes a ele, porque o veremos tal como ele é.
Vê-lo tal qual é será nossa felicidade, mas nós ainda não o podemos contemplar.

(Revisão trad. portuguesa e grafismo por ama)


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