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14/07/2013

Leitura espiritual para 14 Jul

Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.


Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Mt 24, 42-43; 25, 1-13

42 «Vigiai, pois, porque não sabeis a que hora virá o vosso Senhor. 43 Sabei que, se o pai de família soubesse a que hora havia de vir o ladrão, vigiaria, sem dúvida, e não deixaria arrombar a sua casa. 44 Por isso estai vós também preparados, porque virá o Filho do Homem na hora em que menos pensais. 45 «Quem é, pois, o servo fiel e prudente, a quem o seu senhor colocou à frente da sua família para lhe distribuir de comer a seu tempo? 46 Bem-aventurado aquele servo, a quem o seu senhor, quando vier, achar a proceder assim. 47 Na verdade vos digo que lhe confiará o governo de todos os seus bens. 48 Mas, se aquele servo mau disser no seu coração: “O meu senhor tarda em vir”, 49 e começar a bater nos seus companheiros, a comer e beber com os ébrios, 50 virá o senhor daquele servo no dia em que não o espera, e na hora que não sabe, 51 e mandará açoitá-lo e dar-lhe-á a sorte dos hipócritas; ali haverá choro e ranger de dentes.
1 «Então, o Reino dos Céus será semelhante a dez virgens, que, tomando as suas lâmpadas, saíram ao encontro do esposo. 2 Cinco delas eram néscias, e cinco prudentes. 3 As cinco néscias, tomando as lâmpadas, não levaram azeite consigo; 4 as prudentes, porém, levaram azeite nas vasilhas juntamente com as lâmpadas. 5 Tardando o esposo, começaram todas a cabecear e adormeceram. 6 À meia-noite, ouviu-se um grito: “Eis que vem o esposo! Saí ao seu encontro”. 7 Então levantaram-se todas aquelas virgens, e prepararam as suas lâmpadas. 8 As néscias disseram às prudentes: “Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas lâmpadas apagam-se”. 9 As prudentes responderam: “Para que não suceda que nos falte a nós e a vós, ide antes aos vendedores, e comprai para vós”. 10 Mas, enquanto elas foram comprá-lo, chegou o esposo, e as que estavam preparadas entraram com ele a celebrar as bodas, e foi fechada a porta. 11 Mais tarde, chegaram também as outras virgens, dizendo: “Senhor, Senhor, abre-nos”. 12 Ele, porém, respondeu: “Em verdade vos digo que não vos conheço”. 13 Vigiai, pois, porque não sabeis nem o dia nem a hora.



CONFISSÕES SANTO AGOSTINHO

LIVRO DÉCIMO-SEGUNDO

CAPÍTULO XXIV

Qual a verdade?

Quem de nós, entre tantos significados possíveis que ocorrem aos estudiosos quanto as varias interpretações de tuas palavras, poderá atinar com tais intenções e declarar com segurança: “Eis o pensamento de Moisés, este é o sentido que quis dar á sua narração”. – Quem poderá declará-lo, com a mesma segurança que ele, que essa narração é verdadeira, qualquer que tenha sido o pensamento de Moisés?

Eis que eu, meu Deus, teu servo, te consagrei nesta obra o sacrifício das minhas confissões, peço à tua misericórdia que me permita a realização desse desejo, e declaro com toda segurança que criaste todas as coisas, as invisíveis e as visíveis, pelo teu verbo imutável.
Mas poderei dizer com a mesma certeza que Moisés teve essa intenção, e não outra, quando escreveu: “No princípio, criou Deus o céu e a terra”?
Embora esteja persuadido de que isto está claro na tua verdade, não vejo com igual certeza o que Moisés pretendia ao escrever tais palavras. Por essa expressão: “no princípio” pode ter significado: “no começo da criação”. Por céu e terra, pode ter querido dar-nos a entender, a natureza espiritual e corporal, não já formada e perfeita, mas uma e outra, só esboçada e sem forma. Vejo que ambos os sentidos são igualmente plausíveis. Mas não posso atinar em qual dos dois pensava Moisés quando escrevia essas palavras.
Fosse porém qual fosse sua intenção ao exprimir essas palavras, eu não poderia duvidar de que tão grande homem tenha entrevisto a verdade e a tenha formulado adequadamente.

CAPÍTULO XXV

Os diversos partidos

Que ninguém me moleste portanto, dizendo: “O pensamento de Moisés não é o que tu dizes, mas o que eu digo”.
Se apenas me dissessem: “Como sabes que Moisés de facto entendia
essas palavras no sentido que lhe atribuis?”
Eu não me agastaria, e responderia talvez o que respondi acima, ou até mais explicitamente, se meu contraditor fosse insistente.
Quando porém, me dizem: “O pensamento de Moisés não é o que dizes, é o que eu afirmo” – sem contudo provar a veracidade de uma ou outra interpretação, então, ó vida dos pobres, ó meu Deus, em cujo seio não há contradição, inunda de paz o meu coração, para que eu tenha paciência para suportar essas pessoas. Pois não emitem tais opiniões inspirados por Deus, ou porque tenham lido o pensamento de teu servo, mas porque são orgulhosos. Ignoram o pensamento de Moisés, mas só apreciam o deles, e não por que seja verdadeiro, mas por ser o deles. Assim não fosse, apreciariam igualmente a opinião alheia, quando verdadeira, assim como eu aprecio o que eles dizem de verdadeiro, não porque vem deles, mas porque é verdade, e que, por isso mesmo, é tanto deles como minha, pois pertence em comum a todos os amantes da verdade.

Quanto à pretensão de que o pensamento de Moisés não está no que digo, mas no que eles dizem, isso eu não aceito.
Ainda que assim fosse, sua temeridade não é da ciência, mas a da audácia, seria produzida não por uma intuição correta, mas pelo orgulho.
Senhor, teu julgamento é terrível. Porque a tua verdade nem é um bem meu, nem o bem deste ou daquele: a verdade é o bem de todos nós, e tu nos conclamas abertamente a que participemos dela, com a advertência severa de não a possuirmos como bem privativo, para não sermos privados dela.
De facto, quem reivindica apenas para si o que ofereces para gozo de todos, e quer para si o que é de todos, é rejeitado desse bem comum para o que é seu, isto é, da verdade para a mentira: o que fala mentira fala do que é seu.
Ouvem, pois, juiz excelente, ó Deus, que és a própria Verdade: ouve o que respondo a esse contraditor.
É diante de ti que falo, e na presença de meus irmãos que usam legitimamente da lei, cujo fim á caridade. Escuta e vê o que lhes digo, se é de teu agrado. Eis as palavras fraternas e de paz que lhe dirijo: “Quando ambos vemos que tuas palavras são verdadeiras, ou as minhas palavras são verdadeiras, pergunto: onde o vemos?
Certamente não é em ti que eu a vejo, nem tampouco é em mim que tu a vês. Ambos a vemos na verdade imutável, que está acima de nossas inteligências”.
Uma vez que não discordamos sobre essa luz do Senhor, nosso Deus, porquê discutir sobre o pensamento de nosso próximo?
Nós não o podemos ver como vemos a verdade imutável.
Se o próprio Moisés nos aparecesse e nos explicasse o seu pensamento – nem assim veríamos esse pensamento, mas apenas acreditaríamos nele.
Cuidemos pois, de não nos levantarmos orgulhosamente um contra o outro a respeito das Escrituras. Amemos ao Senhor, nosso Deus, de todo o nosso coração, de toda nossa alma, de todo nosso espírito, e ao próximo como a nós mesmos. É segundo esses dois preceitos da caridade que Moisés pensou aquilo que escreveu em seus livros. Não acreditarmos nisso seria considerar o Senhor mentiroso, atribuindo a seu servo sentimentos distintos daqueles que ele próprio lhe ensinou. Diante de tantos pensamentos igualmente verdadeiros que podem ser deduzidos dessas palavras, vê que estultice é afirmar temerariamente que Moisés teve este pensamento e não aquele, ofendendo com nossas disputas perniciosas a caridade, por amor da qual ele escreveu as palavras que procuramos interpretar!

CAPÍTULO XXVI

Agostinho no lugar de Moisés

Todavia, meu Deus, que me elevas em minha pequenez, que descansas minha fadiga, que ouves minhas confissões e perdoas os meus pecados, tu me ordenas que eu ame a meu próximo como a mim mesmo, não posso crer que Moisés, teu servo tão fiel, tenha sido aquinhoado com menos dons do que eu teria desejado e apetecido se tivesse nascido no seu tempo, e me tivesses confiado a tarefa de te servir com o meu coração e a minha língua, e disseminar essas Escrituras. Estas, tanto tempo depois, deviam ser úteis a todos os homens e, pelo mundo afora, triunfar com o prestígio da sua autoridade sobre as afirmações das doutrinas falsas e orgulhosas.
Quereria, se estivesse no lugar de Moisés – pois todos procedemos da mesma massa, e que é o homem se não te lembras dele? – e me tivesses confiado a missão de escrever o Génesis, quereria receber de ti tal eloquência, tal qualidade de estilo, que mesmo os espíritos incapazes de compreender como foi que Deus criou, não pudessem rejeitar as minhas palavras como superiores às suas forças, que os que já o pudessem, descobrissem, nas poucas palavras do teu servo, todas as verdades que a sua reflexão já lhes tivesse proporcionado, e que se alguém, à luz da tua verdade, nelas percebesse outro significado, também ele o pudesse encontrar nessas mesmas palavras.

CAPÍTULO XXVII

Os diversos sentidos da Escritura

Assim como uma fonte, em seu pequeno leito, torna-se depois mais abundante e, pelos diversos regatos que alimenta, banha espaços muito mais amplos que qualquer um deles, que deslizam através de muitas regiões, assim também a narração do ministro de tua palavra, que deveria alimentar a tantos interpretes, faz brotar do seu estilo sóbrio e conciso torrentes de límpida verdade, de onde cada um tira para si a verdade que pode, para depois desenvolvê-la em longas sinuosidades de palavras.
Alguns, lendo ou escutando aquelas palavras, imaginam Deus como homem ou como massa material dotada de imenso poder que, por decisão nova e repentina, criara fora de si mesma e como que à distância, o céu e a terra, esses dois grandes corpos, um superior, outro
inferior, onde estão contidas todas as coisas. E ao ouvirem dizer: ”Deus disse: faça-se isto! E isto foi feito! – imaginam que se trata de palavras comuns, que começam e terminam, que soam no tempo e passam. Julgam que, logo após pronunciadas, começa existir o que ordenaram que existisse. Todas as suas demais concepções ressentem-se do mesmo hábito de pensar de modo carnal.
Nisto são como crianças, pois enquanto essa linguagem humilde sustentar sua fraqueza como o seio de uma mãe, o que se fortifica salutarmente é a fé, que lhes faz ter como certo que Deus criou todas as realidades, cuja admirável variedade impressiona a seus sentidos.
Mas, se alguém, desprezando a aparente simplicidade de tuas palavras, em sua orgulhosa fraqueza, se lançar para fora do ninho que o nutriu, então cairá miseravelmente, Senhor Deus, tem piedade dele! Que os transeuntes não pisem este passarinho implume, manda teu anjo para que o reponha no ninho, para que viva até que aprenda a voar!

CAPÍTULO XXVIII

Divergências

Para outros essas palavras não são um ninho, mas um vergel (jardim) sombreado onde descobrem frutos ocultos que procuram e colhem, voando e cantando alegremente.
Quando lêm ou ouvem as palavras de Moisés, vêm que a tua estável e eterna permanência, ó Deus, domina todos os tempos passados e futuros, e por isso não existe criatura corpórea que não seja obra tua. Vêm que a tua vontade, confundindo-se com o teu ser, criou todas as coisas sem sofrer modificação, sem que nasça nela uma decisão nova, que não existisse antes, que criaste o mundo, não tirando da tua substância uma imagem tua, forma substancial de toda realidade, mas tirando do nada uma matéria informe, diferente de ti mesmo, e esta poderia ser formada à tua imagem pela volta à tua Unidade, segundo a medida previamente estabelecida e concedida a cada ser, de acordo com sua espécie.
Vêm assim que todas as obras da criação são excelentes, ou porque permanecem próximas a ti, ou porque, afastadas de ti no tempo e no espaço, fazem ou sofrem as admiráveis variedades do mundo. Reconhecem essas coisas, e por isso se alegram na luz de tua verdade, à medida que o podem com suas forças terrenas.
Outros, refletindo o sentido destas palavras: “No princípio criou Deus...” – vê no princípio a Sabedoria, porque também ela nos fala.
Outro, ao considerar as mesmas palavras, entende por princípio o começo da criação, e a expressão: “Deus criou no princípio” significa para ele: “Deus primeiramente fez”. E entre os mesmos que por princípio entendem que Deus criou em sua Sabedoria o céu e a terra, um acredita que céu e terra designam a matéria da qual o céu e a terra foram criados, outro pensa que a expressão se aplica a naturezas já formadas e distintas, outro sustenta que a palavra céu significa natureza formada e espiritual, a terra, a natureza informe e material.
Aqueles porém que entendem por céu e terra a matéria ainda informe, com a qual viriam a ser formados o céu e a terra, não têm unanimidade: um concebe essa matéria como origem comum das criaturas sensíveis e espirituais, outro apenas como fonte de massa sensível e corpórea, contendo em seu vasto seio todas as realidades visíveis, oferecidas a nossos sentidos.
Tampouco são unânimes os que crêm que nesse texto céu e terra se referem às criaturas já formadas e dispostas, um acredita que se trata do mundo invisível e visível, outro, apenas do mundo visível, onde se contempla o céu luminoso e a terra tenebrosa, com tudo o que eles contêm.

(Revisão trad. portuguesa e grafismo por ama)


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