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06/07/2013

Leitura espiritual para 06 Jul

Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.


Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Mt 21, 18-32

18 Pela manhã, quando voltava para a cidade, teve fome. 19 Vendo uma figueira junto do caminho, aproximou-Se dela, e não encontrou nela senão folhas, e disse-lhe: «Nunca mais nasça fruto de ti». E, imediatamente, a figueira secou. 20 Vendo isto, os discípulos admiraram-se e disseram: «Como secou a figueira imediatamente?». 21 Jesus respondeu: «Na verdade vos digo que, se tiverdes fé e não duvidardes, não só fareis o que foi feito a esta figueira, mas ainda se disserdes a este monte: “Sai daí e lança-te no mar”, assim se fará. 22 E tudo o que pedirdes com fé na oração alcançá-lo-eis». 23 Tendo ido ao templo, os príncipes dos sacerdotes e os anciãos do povo aproximaram-se d'Ele, quando estava a ensinar, e disseram-Lhe: «Com que autoridade fazes estas coisas? E quem Te deu tal direito?». 24 Jesus respondeu-lhes: «Também Eu vos farei uma pergunta; se Me responderdes, Eu vos direi com que direito faço estas coisas. 25 Donde era o baptismo de João? Do céu ou dos homens?». Mas eles reflectiam consigo: 26 «Se Lhe dissermos que é do céu, Ele dirá: “Então porque não crestes nele?”. Se Lhe dissermos que é dos homens, tememos o povo» ; porque todos tinham João como um profeta. 27 Portanto, responderam a Jesus: «Não sabemos». Ele disse-lhes também: «Pois  então nem Eu vos digo com que autoridade faço estas coisas». 28 «Mas que vos parece? Um homem tinha dois filhos. Aproximando-se do primeiro, disse-lhe: “Filho, vai trabalhar hoje na minha vinha”. 29 Ele respondeu: “Não quero”. Mas, depois, arrependeu-se e foi. 30 Dirigindo-se em seguida ao outro, falou-lhe do mesmo modo. E ele respondeu: “Eu vou, senhor”, mas não foi. 31 Qual dos dois fez a vontade do pai?». Eles responderam: «O primeiro». Disse-lhes Jesus: «Na verdade vos digo que os publicanos e as meretrizes vos precederão no reino de Deus. 32 Porque veio a vós João pelo caminho da justiça, e não crestes nele; e os publicanos e as meretrizes creram nele. E vós, vendo isto, nem assim fizestes penitência depois, crendo nele.



CONFISSÕES SANTO AGOSTINHO

LIVRO DÉCIMO- PRIMEIRO

CAPÍTULO IX

A voz do Verbo

É nesse princípio, ó Deus, que criaste o céu e a terra, em teu Verbo, em teu Filho, em tua virtude, em tua sabedoria, em tua verdade, falando e agindo de modo admirável.

Quem o poderá compreender ou explicar?
Que luz é essa que por vezes me ilumina, e que fere meu coração sem o lesar?

Atemorizo-me e inflamo-me: tremo porque, de certo modo, sou tão diferente dela, e inflamo-me, porque também sou semelhante a ela. A Sabedoria é a mesma sabedoria que brilha em mim de quando em quando: ela rasga as nuvens da minha alma, que novamente me encobrem quando dela me afasto, pelas trevas e pelo peso das minhas memórias.
Na indigência, o meu vigor enfraqueceu de tal modo, que nem posso mais suportar o meu bem, até que tu, Senhor que te mostraste compassivo com todas as minhas iniquidades, cures também todas as minhas fraquezas. Redimirás a minha vida da corrupção, hás-de coroar-me na piedade e na misericórdia, e saciarás com os teus bens os meus desejos, porque a minha juventude será renovada com a da águia.
Pela esperança formos salvos, e aguardamos com paciência o cumprimento de tuas promessas.
Ouça, pois, a Tua voz em seu interior, quem puder, e eu quero clamar, cheio de fé em teu oráculo: “Como são magníficas as tuas obras, Senhor, que tudo criaste em tua Sabedoria! Ela é o princípio e nesse princípio criaste o céu e a terra”.

CAPÍTULO X

Que fazia Deus antes da criação

Com certeza ainda estão cheios do erro do velho homem os que nos dizem: “Que fazia Deus antes de criar o céu e a terra?” – Se estava ocioso, se nada fazia, porque não continuou a se abster sempre de qualquer acção? Se em Deus apareceu um movimento novo, uma vontade nova de dar o ser ao que ainda não tinha criado, como falar de uma verdadeira eternidade se nela nasce uma vontade que não existia antes?
Mas a vontade de Deus não é uma criatura, ela é anterior a toda a criatura, nenhuma criação seria possível se a vontade do Criador não a precedesse. A vontade, portanto, pertence à própria substância de Deus. Logo, se na substância de Deus nasce algo que antes não existia, não se pode mais com verdade chamá-la eterna. E se, desde toda eternidade, Deus quis a existência da criatura, por quê a criatura também não é eterna?

CAPÍTULO XI

Tempo e eternidade

Os que assim falam não te compreendem ainda, ó Sabedoria de Deus, luz das inteligências, não compreendem ainda como é criado o que é criado por ti e em ti.
Esforçam-se por saborear as coisas eternas, mas o seu espírito voa ainda sobre as realidades passadas e futuras. Quem poderá deter esse pensamento, quem o fixará por um momento, para que tenha um rápido vislumbre do esplendor da eternidade imutável, e a compare com os tempos impermanentes, para perceber que qualquer comparação é impossível?

Então veria que a sucessão dos tempos não é feita senão de uma sequência infindável de instantes, que não podem ser simultâneos, que, pelo contrário, na eternidade, nada é sucessivo, tudo é presente, enquanto o tempo não pode ser de todo presente.
Veria que todo o passado é repelido pelo futuro, que todo futuro segue o passado, que tanto o passado como o futuro tiram o seu ser e o seu curso daquele que é sempre presente.
Quem poderá deter a inteligência do homem para que pare e veja como a eternidade imóvel, que não é futura nem passada, determina o futuro e o passado?
Acaso poderá realizar isso minha mão?
Ou esta minha língua, com a palavra, poderia realizar tal obra?

CAPÍTULO XII

Deus antes da criação

Eis minha resposta à questão: “Que fazia Deus antes de criar o céu e a terra?” – não responderei jocosamente como alguém para contornar a dificuldade do problema: “Preparava o inferno para os que perscrutam esses mistérios profundos”.

Uma coisa é compreender e outra é brincar. Não, essa não será minha resposta.
Prefiro dizer: “Não sei” – pois de facto não sei, que ridicularizar quem faz pergunta tão profunda, ou louvar quem responde com sofismas.
Mas eu digo que tu, meu Deus, és o Criador de toda criatura, e, se por céu e terra se entende toda criatura, não temo afirmar:

“Antes que Deus criasse o céu e a terra, nada fazia.

De facto, se tivesse feito alguma coisa, o que poderia ser senão uma criatura?

Oxalá eu soubesse tudo o que desejo saber, como sei que nenhuma criatura foi criada antes da criação.

CAPÍTULO XIII

O tempo antes da criação

Se algum espírito leviano, vagando por tempos imaginários anteriores à criação, se admirar que o Deus Todo-Poderoso, tu, que criaste e conservas todas as coisas, ó autor do céu e da terra, tenha-te mantido inactivo até o dia da criação, por séculos sem conta, que esse desperte e tome consciência do erra que gera sua admiração.

Como, pois, poderiam transcorrer os séculos se tu, criador, ainda não os tinha criado?
E poderia o tempo fluir se não existisse?
E como poderiam os séculos passar, se jamais houvessem existido?

Portanto, como és o criador de todos os tempos – se é que houve algum tempo antes da criação do céu e da terra – como se pode afirmar que ficaste ocioso?
Pois também criaste esse mesmo tempo, e este não poderia passar antes que o criasses.
Se porém, antes do céu e da terra não havia tempo algum, porque perguntam o que fazias então?
Não poderia haver então se não existia o tempo.
Não é no tempo que és anterior ao tempo: de outro modo não precederias a todos os tempos. Precedes porém a todo o passado na altura de tua eternidade sempre presente, dominas todo o futuro porque está por vir e que, quando chegar, já será passado. Contudo, tu és sempre o mesmo, e os teus anos não passam jamais. Os teus anos não vão nem vêm, mas os nossos vão e vêm, para que todos possam existir. Os teus anos existem simultaneamente, pois não fluem, não passam, não são expulsos pelos que vêm, porque não passam. Os nossos, ao contrário, só existirão todos quando não mais existirem. Os teus anos são como um só dia, e teu dia não é uma repetição cotidiana, é um perpétuo hoje, porque teu hoje não cede o lugar ao amanhã e nem sucede ao ontem. Teu hoje é a eternidade. Por isso geraste um filho coeterno, a quem disseste: “Hoje te gerei” – Todos os tempos são obra tua, e tu existes antes de todos os tempos, é pois inconcebível que tenha existido tempo quando o tempo ainda não existia.

CAPÍTULO XIV

Que é o tempo?

Não houve, pois, tempo algum em que nada fizesses, pois fizeste o próprio tempo. E nenhum tempo pode ser coeterno contigo, pois és imutável, se, o tempo também o fosse, não seria tempo.

Que é pois o tempo?
Quem poderia explicá-lo de maneira breve e fácil?
Quem pode concebê-lo, mesmo no pensamento, com bastante clareza para exprimir a ideia com palavras?
E no entanto, haverá noção mais familiar e mais conhecida usada em nossas conversações?
Quando falamos dele, certamente compreendemos o que dizemos, o mesmo acontece quando ouvimos alguém falar do tempo.

Que é, pois, o tempo?
Se ninguém me pergunta, eu sei, mas se quiser explicar a quem indaga, já não sei. Contudo, afirmo com certeza e sei que, se nada passasse, não haveria tempo passado, que se não houvesse os acontecimentos, não haveria tempo futuro, e que se nada existisse agora, não haveria tempo presente.

Como então podem existir esses dois tempos, o passado e o futuro, se o passado já não existe e se o futuro ainda não chegou?

Quanto ao presente, se continuasse sempre presente e não passasse ao pretérito, não seria tempo, mas eternidade.
Portanto, se o presente, para ser tempo, deve tornar-se passado, como podemos afirmar que existe, se sua razão de ser é aquela pela qual deixará de existir?

Por isso, o que nos permite afirmar que o tempo existe é a sua tendência para não existir.

(Revisão trad. portuguesa e grafismo por ama)


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