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31/03/2013

Evangelho do dia e comentário




Tempo de Páscoa

















Domingo da Ressurreição

Evangelho: Jo 20, 1-9

1 No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao sepulcro, de manhã, sendo ainda escuro, e viu a pedra retirada do sepulcro. 2 Correu então, e foi ter com Simão Pedro e com o outro discípulo a quem Jesus amava, e disse-lhes: «Levaram o Senhor do sepulcro e não sabemos onde O puseram». 3 Partiu, pois, Pedro com o outro discípulo e foram ao sepulcro. 4 Corriam ambos juntos, mas o outro discípulo corria mais do que Pedro e chegou primeiro ao sepulcro. 5 Tendo-se inclinado, viu os lençóis no chão, mas não entrou. 6 Chegou depois Simão Pedro, que o seguia, entrou no sepulcro e viu os lençóis postos no chão, 7 e o sudário que estivera sobre a cabeça de Jesus, que não estava com os lençóis, mas enrolado num lugar à parte. 8 Entrou também, então, o outro discípulo que tinha chegado primeiro ao sepulcro. Viu e acreditou. 9 Com efeito, ainda não entendiam a Escritura, segundo a qual Ele devia ressuscitar dos mortos.

Comentário:

Quantas vezes não sabemos onde puseram Jesus.
Talvez 'sepultado' no monte de problemas, urgências inadiáveis, compromissos indeclináveis, ou, então, esquecidos da última vez que O vimos e falamos com Ele porque, entretanto, mil e uma coisas preencheram por completo o nosso coração e... deixou de haver lugar para Ele.
Sim... Onde pusemos Cristo? Esse mesmo que com a Sua Ressurreição nos devolveu a vida?

Corramos - apressadamente - ao Sacrário e, ali, O encontraremos, vivo e à espera de nós. Então, digamos-lhe simplesmente:

Senhor... Que, eu, nunca mais Te perca!

(ama, comentário sobre Jo 20, 1-9, 2012.03.14)

Leitura espiritual para 31 Mar


Evangelho: Lc 16, 1-31

1 Disse também a Seus discípulos: «Um homem rico tinha um feitor, que foi acusado diante dele de ter dissipado os seus bens. 2 Chamou-o, e disse-lhe: Que é isto que eu oiço dizer de ti? Dá conta da tua administração; não mais poderás ser meu feitor. 3 Então o feitor disse consigo: Que farei, visto que o meu senhor me tira a administração? Cavar não posso, de mendigar tenho vergonha. 4 Já sei o que hei-de fazer, para que, quando for removido da administração, haja quem me receba em sua casa. 5 E, chamando cada um dos devedores do seu senhor, disse ao primeiro: Quanto deves ao meu senhor? 6 Ele respondeu: Cem medidas de azeite. Então disse-lhe: Toma o teu recibo, senta-te e escreve depressa cinquenta. 7 Depois disse a outro: Tu quanto deves? Ele respondeu: Cem medidas de trigo. Disse-lhe o feitor: Toma o teu recibo e escreve oitenta. 8 E o senhor louvou o feitor desonesto, por ter procedido sagazmente. Porque os filhos deste mundo são mais hábeis no trato com os seus semelhantes que os filhos da luz». 9 «Portanto, Eu vos digo: Fazei amigos com as riquezas da iniquidade, para que, quando vierdes a precisar, vos recebam nos tabernáculos eternos. 10 Quem é fiel no pouco também é fiel no muito; e quem é injusto no pouco também é injusto no muito. 11 Se, pois, não fostes fiéis nas riquezas iníquas, quem vos confiará as verdadeiras? 12 E se não fostes fiéis no alheio, quem vos dará o que é vosso? 13 Nenhum servo pode servir a dois senhores, porque, ou odiará um e amará o outro, ou se afeiçoará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro». 14 Ora os fariseus, que eram amigos do dinheiro, ouviam todas estas coisas e troçavam d'Ele. 15 Jesus disse-lhes: «Vós sois aqueles que pretendeis passar por justos diante dos homens, mas Deus conhece os vossos corações; o que é excelente segundo os homens é abominação diante de Deus.16 A Lei e os Profetas duraram até João; desde então é anunciado o reino de Deus e todos se esforçam por entrar nele com energia. 17 Ora é mais fácil passar o céu e a terra, do que perder-se uma vírgula da Lei. 18 Todo aquele que repudia a sua mulher, e toma outra, comete adultério; e quem casa com a que foi repudiada por seu marido comete adultério». 19 «Havia um homem rico que se vestia de púrpura e de linho fino e todos os dias se banqueteava esplêndidamente. 20 Havia também um mendigo, chamado Lázaro, que, coberto de chagas, estava deitado à sua porta, 21 desejando saciar-se com as migalhas que caíam da mesa do rico, e até os cães vinham lamber-lhe as chagas.22 «Sucedeu morrer o mendigo, e foi levado pelos anjos ao seio de Abraão. Morreu também o rico, e foi sepultado.23 Quando estava nos tormentos do inferno, levantando os olhos, viu ao longe Abraão e Lázaro no seu seio. 24 Então exclamou: Pai Abraão, compadece-te de mim, e manda Lázaro que molhe em água a ponta do seu dedo para refrescar a minha língua, pois sou atormentado nestas chamas. 25 Abraão disse-lhe: Filho, lembra-te que recebeste os teus bens em vida, e Lázaro, ao contrário, recebeu males; por isso ele é agora consolado e tu és atormentado. 26 Além disso, há entre nós e vós um grande abismo; de maneira que os que querem passar daqui para vós não podem, nem os daí podem passar para nós. 27 O rico disse: Rogo-te, pois, ó pai, que o mandes à minha casa paterna, 28 pois tenho cinco irmãos, para que os advirta disto, e não suceda virem também eles parar a este lugar de tormentos. 29 Abraão disse-lhe: Têm Moisés e os profetas; oiçam-nos. 30 Ele, porém, disse: Não basta isso, pai Abraão, mas, se alguém do reino dos mortos for ter com eles, farão penitência. 31 Ele disse-lhe: Se não ouvem Moisés e os profetas, também não acreditarão, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos».


C. I. C. nr. 2697 a 2728

2697. A oração é a vida do coração novo. Deve animar-nos a todo o momento. Mas acontece que nos esquecemos d'Aquele que é a nossa vida e o nosso tudo. É por isso que os Padres espirituais, na sequência do Deuteronómio e dos profetas, insistem na oração como «lembrança de Deus», frequente despertador da «memória do coração». «Devemos lembrar-nos de Deus com mais frequência do que respiramos» (1). Mas não se pode orar «em todo o tempo», se não se orar em certos momentos, voluntariamente: são os tempos fortes da oração cristã, em intensidade e duração.

2698. A Tradição da Igreja propõe aos fiéis ritmos de oração destinados a alimentar a oração contínua. Alguns são quotidianos: a oração da manhã e da noite, antes e depois das refeições, a Liturgia das Horas. O Domingo, centrado na Eucaristia, é santificado principalmente pela oração. O ciclo do ano litúrgico e as suas grandes festas constituem os ritmos fundamentais da vida de oração dos cristãos.

2699. O Senhor conduz cada pessoa pelos caminhos e da maneira que Lhe apraz. Por seu turno, cada fiel responde-Lhe conforme a determinação do seu coração e as expressões pessoais da sua oração. No entanto, a tradição cristã conservou três expressões principais da vida de oração: a oração vocal, a meditação e a contemplação. Têm um traço fundamental comum: o recolhimento do coração. Esta atenção em guardar a Palavra e permanecer na presença de Deus faz destas três expressões tempos fortes da vida de oração.

AS EXPRESSÕES DA ORAÇÃO

I. A oração vocal

2700. Pela sua Palavra, Deus fala ao homem. É nas palavras, mentais ou vocais, que a nossa oração toma corpo. Mas o mais importante é a presença do coração Àquele a Quem falamos na oração. «Que a nossa oração seja atendida não depende da quantidade de palavras, mas do fervor das nossas almas» (2).

2701. A oração vocal é um elemento indispensável da vida cristã. Aos discípulos, atraídos pela oração silenciosa do seu mestre, este ensina-lhes uma oração vocal: o «Pai-nosso». Jesus não rezou apenas as orações litúrgicas da sinagoga: os evangelhos mostram-no-Lo a elevar a voz para exprimir a sua oração pessoal, desde a bênção exultante do Pai (3) até à desolação do Getsémani (4).

2702. A necessidade de associar os sentidos à oração interior corresponde a uma exigência da natureza humana. Nós somos corpo e espírito e experimentamos a necessidade de traduzir exteriormente os nossos sentimentos. Devemos rezar com todo o nosso ser para dar à nossa súplica a maior força possível.

2703. Esta necessidade corresponde também a uma exigência divina. Deus procura quem O adore em espírito e verdade e, por conseguinte, uma oração que suba viva das profundezas da alma. Mas também quer a expressão exterior que associe o corpo à oração interior, porque ela Lhe presta a homenagem perfeita de tudo a quanto Ele tem direito.

2704. Porque exterior e tão plenamente humana, a oração vocal é, por excelência, a oração das multidões. Mas até a oração mais interior não pode prescindir da oração vocal. A oração torna-se interior na medida em que tomamos consciência d'Aquele «a Quem falamos» (5). Então, a oração vocal torna-se uma primeira forma da contemplação.

II. A meditação

2705. A meditação é sobretudo uma busca. O espírito procura compreender o porquê e o como da vida cristã, para aderir e corresponder ao que o Senhor lhe pede. Exige uma atenção difícil de disciplinar. Habitualmente, recorre-se à ajuda dum livro e os cristãos não têm falta deles: a Sagrada Escritura, em especial o Evangelho, os santos ícones (as imagens), os textos litúrgicos do dia ou do tempo, os escritos dos Padres espirituais, as obras de espiritualidade, o grande livro da criação e o da história, a página do «hoje» de Deus.

2706. Meditar no que se lê leva a assimilá-lo, confrontando-o consigo mesmo. Abre-se aqui um outro livro: o da vida. Passa-se dos pensamentos à realidade. Segundo a medida da humildade e da fé, descobrem-se nela os movimentos que agitam o coração e é possível discerni-los. Trata-se de praticar a verdade para chegar à luz: «Senhor, que quereis que eu faça?».

2707. Os métodos de meditação são tão diversos como os mestres espirituais. Um cristão deve querer meditar com regularidade; doutro modo, torna-se semelhante aos três primeiros terrenos da parábola do semeador (6). Mas um método não passa de um guia; o importante é avançar, com o Espírito Santo, no caminho único da oração: Cristo Jesus.

2708. A meditação põe em acção o pensamento, a imaginação, a emoção e o desejo. Esta mobilização é necessária para aprofundar as convicções da fé, suscitar a conversão do coração e fortalecer a vontade de seguir a Cristo. A oração cristã dedica-se, de preferência, a meditar nos «mistérios de Cristo», como na « lectio divina» ou no rosário. Esta forma de reflexão orante é de grande valor, mas a oração cristã deve ir mais longe: até ao conhecimento amoroso do Senhor Jesus, até à união com Ele.

III. A contemplação

2709. O que é a contemplação? Responde Santa Teresa: «Outra coisa não é, a meu parecer, oração mental, senão tratar de amizade – estando muitas vezes tratando a sós – com Quem sabemos que nos ama» (7).

A contemplação procura «Aquele que o meu coração ama» (Ct 1, 7) (8), que é Jesus, e n'Ele o Pai. Ele é procurado, porque desejá-Lo é sempre o princípio do amor, e é procurado na fé pura, esta fé que nos faz nascer d'Ele e viver n'Ele. Nesta modalidade de oração pode, ainda, meditar-se; todavia, o olhar vai todo para o Senhor.

2710. A escolha do tempo e duração da contemplação depende duma vontade determinada, reveladora dos segredos do coração. Não se faz contemplação quando se tem tempo; ao invés, arranja-se tempo para estar com o Senhor, com a firme determinação de não Lho retirar durante o caminho, sejam quais forem as provações e a aridez do encontro. Não se pode meditar sempre; mas pode-se entrar sempre em contemplação, independentemente das condições de saúde, trabalho ou afectividade. O coração é o lugar da busca e do encontro, na pobreza e na fé.

2711. A entrada na contemplação é análoga à da liturgia eucarística: «reunir» o coração, recolher todo o nosso ser sob a moção do Espírito Santo, habitar na casa do Senhor que nós somos, despertar a fé para entrar na presença d'Aquele que nos espera, fazer cair as nossas máscaras e voltar o nosso coração para o Senhor que nos ama, de modo a entregarmo-nos a Ele como uma oferenda a purificar e transformar.

2712. A contemplação é a oração do filho de Deus, do pecador perdoado que consente em acolher o amor com que é amado e ao qual quer corresponder amando ainda mais (9). Mas ele sabe que o seu amor de correspondência é o que o Espírito Santo derrama no seu coração, porque tudo é graça da parte de Deus. A contemplação é a entrega humilde e pobre à vontade amorosa do Pai, em união cada vez mais profunda com o seu Filho muito amado.

2713. Assim, a contemplação é a expressão mais simples do mistério da oração. É um dom, uma graça; só pode ser acolhida na humildade e na pobreza. É uma relação de aliança estabelecida por Deus no fundo do nosso ser (10). A contemplação é comunhão: nela, a Santíssima Trindade conforma o homem, imagem de Deus, «à sua semelhança».

2714. A contemplação é, também, por excelência, o tempo forte da oração. Nela, o Pai enche-nos de força, pelo Espírito Santo, para que se fortaleça em nós o homem interior, Cristo habite nos nossos corações pela fé e nós sejamos radicados e alicerçados no amor (11).

2715. A contemplação é o olhar da fé, fixado em Jesus. «Eu olho para Ele e Ele olha para mim» – dizia, no tempo do seu santo Cura, um camponês d'Ars em oração diante do sacrário (12). Esta atenção a Ele é renúncia ao «eu». O seu olhar purifica o coração. A luz do olhar de Jesus ilumina os olhos do nosso coração; ensina-nos a ver tudo à luz da sua verdade e da sua compaixão para com todos os homens. A contemplação dirige também o seu olhar para os mistérios da vida de Cristo. E assim aprende «o conhecimento íntimo do Senhor» para mais O amar e seguir (13).

2716. A contemplação é escuta da Palavra de Deus. Longe de ser passiva, esta escuta é obediência da fé, acolhimento incondicional do servo e adesão amorosa do filho. Participa do «sim» do Filho que se fez Servo e do «faça-se» da sua humilde serva.

2717. A contemplação é silêncio, este «símbolo do mundo que há-de vir» (14) ou «linguagem calada do amor» (15). Na contemplação, as palavras não são discursos, mas acendalhas que alimentam o fogo do amor. É neste silêncio, insuportável para o homem «exterior», que o Pai nos diz o seu Verbo encarnado, sofredor, morto e ressuscitado e que o Espírito filial nos faz participar da oração de Jesus.

2718. A contemplação é união à oração de Cristo na medida em que nos faz participar no seu mistério. O mistério de Cristo é celebrado pela Igreja na Eucaristia e o Espírito Santo faz-nos viver dele na contemplação, para que seja manifestado pela caridade em acto.

2719. A contemplação é uma comunhão de amor, portadora de vida para a multidão, na medida em que é consentimento em permanecer na noite da fé. A noite pascal da ressurreição passa pela da agonia e do sepulcro. São estes três tempos fortes da «Hora» de Jesus, que o seu Espírito (e não a «carne», que é «fraca») nos faz viver na oração contemplativa. É preciso consentir em velar uma hora com Ele (16).

Resumindo:

2720. A Igreja convida os fiéis para uma oração regular: orações quotidianas, Liturgia das Horas, Eucaristia dominical, festas do ano litúrgico.

2721. A tradição cristã compreende três expressões principais da vida de oração: a oração vocal, a meditação e a contemplação. Têm em comum o recolhimento do coração.

2722. A oração vocal, fundada na união do corpo e do espírito na natureza humana, associa o corpo à oração interior do coração, a exemplo de Cristo que orava ao Pai e ensinava o «Pai-nosso» aos seus discípulos.

2723. A meditação é uma busca orante que põe em acção o pensamento, a imaginação, a emoção, o desejo. Tem por finalidade a apropriação crente do tema considerado, confrontado com a realidade da nossa vida.

2724. A contemplação é a expressão simples do mistério da oração. É um olhar de fé fixo em Jesus, uma escuta da Palavra de Deus, um amor silencioso. Realiza a união com a oração de Cristo, na medida em que nos faz participar no seu mistério.

O COMBATE DA ORAÇÃO

2725. A oração é um dom da graça e uma resposta decidida da nossa parte. Pressupõe sempre um esforço. Os grandes orantes da Antiga Aliança antes de Cristo, bem como a Mãe de Deus e os santos com Ele no-lo ensinam: a oração é um combate. Contra quem? Contra nós mesmos e contra as astúcias do Tentador que tudo faz para desviar o homem da oração e da união com o seu Deus. Reza-se como se vive, porque se vive como se reza. Se não se quiser agir habitualmente segundo o Espírito de Cristo, também não se pode orar habitualmente em seu nome. O «combate espiritual» da vida nova do cristão é inseparável do combate da oração.

I. As objecções à oração

2726. No combate da oração, temos de enfrentar, em nós e à nossa volta, concepções erróneas da oração. Alguns vêem nela uma simples operação psicológica; outros, um esforço de concentração para chegar ao vazio mental; outros ainda, reduzem-na a atitudes e palavras rituais. No inconsciente de muitos cristãos, rezar é uma ocupação incompatível com tudo o que têm de fazer: não têm tempo. Os que procuram a Deus na oração desanimam depressa, porque não sabem que a oração também vem do Espírito Santo e não somente de si próprios.

2727. Temos de enfrentar também certas mentalidades «deste mundo» que nos invadem, se não estivermos atentos. Por exemplo: só é verdadeiro o que se pode verificar pela razão e pela ciência (mas orar é um mistério que ultrapassa a nossa consciência e o nosso inconsciente); os valores são a produção e o rendimento (mas a oração é improdutiva, logo inútil); o sensualismo e o conforto são os critérios do verdadeiro, do bem e do belo (mas a oração, «amor da beleza» – philocália – deixa-se encantar pela glória do Deus vivo e verdadeiro); em reacção ao activismo, temos a oração apresentada como fuga do mundo (mas a oração cristã não é uma saída da história nem um divórcio da vida).

2728. Finalmente, o nosso combate tem de enfrentar aquilo que sentimos como sendo os nossos fracassos na oração: desânimo na aridez, tristeza por não dar tudo ao Senhor, porque temos «muitos bens» decepção por não sermos atendidos segundo a nossa própria vontade, o nosso orgulho ferido que se endurece perante a nossa indignidade de pecadores, alergia à gratuitidade da oração, etc... A conclusão é sempre a mesma: de que serve orar? Para vencer tais obstáculos, é preciso combater com humildade, confiança e perseverança.

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Notas:
1. São Gregório Nazianzo, Oratio 27 (theologica 1), 4: SC 250, 78 (PG 36, 16).
2. São João Crisóstomo, De Anna, sermo 2, 2: PG 54, 646.
3. Cf. Mt 11, 25-26.
4. Cf. Mc 14, 36.
5. Santa Teresa de Jesus, Camino de perfección, 25: Biblioteca Mística Carmelitana, v. 3 (Burgos 1916) p. 122. [Cf. Santa Teresa de Jesus, Caminho de perfeição, 25: Obras Completas (Paço de Arcos, Edições Carmelo 1994) p. 494].
6. Cf. Mc 4, 4-7. 15-19.
7. Santa Teresa de Jesus, Libro de la vida, 8: Biblioteca Mística Carmelitana, v. 1 (Burgos 1915) p. 57. [Cf. Santa Teresa de Jesus, Livro da vida, 8: Obras Completas (Paço de Arcos, Edições Carmelo 1994) p. 56].
8. Cf. Ct 3, 1-4.
9. Cf. Lc 7, 36-50; 19, 1-10.
10. Cf. Jr 31, 33.
11. Cf. Ef 3, 16-17.
12. Cf. F. Trochu, Le Curé d'Ars Saint Jean-Marie Vianney (Lyon-Paris 1927) p. 223-224.
13. Cf. Santo Inácio de Loyola, Exercitia spiritualia, 104: MHSI 100, 224.
14. Santo Isaac de Nínive, Tractatus mystici, 66: ed. A. J. Wensinck (Amsterdam 1923) p. 315; ed. P. Bedjan (Parisiis-Lipsiae 1909) p. 470.
15. São João da Cruz, Carta, 6: Biblioteca Mística carmelitana, v. 13 (Burgos 1931) p. 262.[Cf. São João da Cruz, Carta Sexta: Obras Completas (Paço de Arcos, Edições Carmelo 1986) p. 967].
16. Cf. Mt 26, 40-41.

Tratado dos actos humanos 76

Questão 19: Da bondade do acto interior da vontade.



Em seguida devemos tratar da bondade do acto interior da vontade.

E sobre esta questão, dez artigos se discutem:

Art. 1 ― Se a bondade da vontade depende do seu objecto.
Art. 2 ― Se a bondade da vontade depende só do objecto.
Art. 3 ― Se a bondade da vontade depende da razão.
Art. 4 ― Se a bondade da vontade humana depende da lei eterna.
Art. 5 ― Se a vontade discordante da razão errónea é má.
Art. 6 ― Se a vontade concorde com a razão errónea é boa.
Art. 7 ― Se a bondade da vontade depende do fim intencional.
Art. 8 ― Se o grau de bondade da vontade depende do grau de bondade da intenção.
Art. 9 ― Se a bondade da vontade humana depende da sua conformidade com a divina.
Art. 10 ― Se a vontade humana, querendo um objecto, deve conformar-se sempre com a divina.

Art. 1 ― Se a bondade da vontade depende do seu objecto.

Tu e eu procedemos como filhos de Deus?



Um filho de Deus não tem medo da vida nem medo da morte, porque o fundamento da sua vida espiritual é o sentido da filiação divina: Deus é meu Pai, pensa, e é o Autor de todo o bem, é toda a Bondade. – Mas tu e eu procedemos, de verdade, como filhos de Deus? (Forja, 987)

A nossa condição de filhos de Deus levar-nos-á – insisto – a ter espírito contemplativo no meio de todas as actividades humanas – luz, sal e levedura, pela oração, pela mortificação, pela cultura religiosa e profissional –, fazendo realidade este programa: quanto mais dentro do mundo estivermos, tanto mais temos de ser de Deus. (Forja, 740)

Quando se trabalha por Deus, é preciso ter "complexo de superioridade" – fiz-te notar. – Mas – perguntavas-me – isso não é uma manifestação de soberba? – Não! É uma consequência da humildade, de uma humildade que me faz dizer: – Senhor, Tu és o que és. Eu sou a negação. Tu tens todas as perfeições: o poder, a fortaleza, o amor, a glória, a sabedoria, o império, a dignidade... Se eu me unir a Ti, como um filho quando se põe nos braços fortes do pai ou no regaço maravilhoso da mãe, sentirei o calor da tua divindade, sentirei as luzes da tua sabedoria, sentirei correr pelo meu sangue a tua fortaleza. (Forja, 342)

Resumos sobre a Fé cristã 68


1. Creio no Espírito Santo 3

1.3. Como agem Cristo e o Espírito Santo na Igreja?

Por meio dos sacramentos, Cristo comunica o seu Espírito aos membros do seu Corpo, e oferece-lhes a graça de Deus, que dá frutos de vida nova, segundo o Espírito. O Espírito Santo também actua concedendo graças especiais a alguns cristãos para o bem de toda a Igreja, e é o Mestre que recorda a todos os cristãos o que Cristo revelou (cf. Jo 14, 25s).

«O Espírito edifica, anima e santifica a Igreja; Espírito de Amor, Ele torna a dar aos baptizados a semelhança divina, perdida por causa do pecado, e fá-los viver em Cristo da própria Vida da Santíssima Trindade. Envia-os a testemunhar a Verdade de Cristo e organiza-os nas suas mútuas funções, para que todos dêem “o fruto do Espírito” (Gl 5, 22)» (Compêndio, 145).

Miguel de Salis Amaral

Bibliografia:

Catecismo da Igreja Católica, 683-688; 731-741.
Compêndio do Catecismo de la Igreja Católica, 136-146.
João Paulo II, Enc. Dominum et Vivificantem, 18-V-1986, 3-26.
João Paulo II, Catequese sobre o Espírito Santo, 8-XII-1989.
São Josemaria, Homilia «O Grande Desconhecido», em Cristo que Passa, 127-138.

Leituras recomendadas:

Catecismo da Igreja Católica, 748-945.
Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, 147-193.
São Josemaria, Homilia «Lealdade à Igreja», em Amar a Igreja, Rei dos Livros, Lisboa 1986.

30/03/2013

Sábado Santo



Espero estas trinta e seis horas
Sem saber o que fazer nem que pensar…
Estás aí, eu bem o sei, a repousar
O Teu corpo, a alma, não!
Essa anda como prometido
A visitar os que tinham adormecido
No seio de Abraão.

Ah! E o tempo que anda tão devagar
E eu com tanta pressa de Te ver voltar!

E essa pedra tão grande que não a posso rolar!

E os soldados que não me deixam aproximar!

Tenho esta sublime missão:
Estar aqui a assegurar
Que ninguém Te vai roubar!

Estas trinta e seis horas
Fico aqui a guardar-te
Até à Tua Ressurreição.

ama, Sábado Santo, 2013.03.30

Evangelho do dia e comentário




Tempo Quaresma 
SEMANA SANTA





Evangelho: Lc 24, 1-12 (Vígilia)

1 No primeiro dia da semana, foram muito cedo ao sepulcro, levando os perfumes que tinham preparado.2 Encontraram removida a pedra do sepulcro. 3 Entrando, não encontraram o corpo do Senhor Jesus. 4 Aconteceu que, estando perplexas com isso, eis que apareceram junto delas dois homens com vestidos resplandecentes. 5 Estando elas medrosas e com os olhos no chão, disseram-lhes: «Porque buscais entre os mortos Aquele que está vivo? 6 Ele não está aqui, ressuscitou. Lembrai-vos do que Ele vos disse quando estava na Galileia: 7 Importa que o Filho do Homem seja entregue nas mãos de homens pecadores, e seja crucificado, e ressuscite ao terceiro dia». 8 Então lembraram-se das Suas palavras. 9 Tendo voltado do sepulcro, contaram todas estas coisas aos onze e a todos os outros. 10 As que diziam aos Apóstolos estas coisas eram Maria Madalena, Joana, Maria, mãe de Tiago, e as outras que estavam com elas. 11 Mas estas palavras pareciam-lhes como que um delírio e não lhes deram crédito. 12 Todavia, Pedro levantou-se, correu ao sepulcro e, inclinando-se, viu só os lençóis e retirou-se para casa, admirado com o que sucedera.

Comentário:

Nada do que o Senhor faz é por acaso. Escolheu homens como Apóstolos, aqueles que seriam as colunas da Igreja que fundara mas, as mulheres, não foram esquecidas e tiveram a honra e o privilégio de serem as primeiras a saber da Ressurreição Gloriosa.

Os Filhos de Deus, que somos todos os cristãos, formamos de facto uma família cujo Chefe e Cabeça é Cristo e, como em qualquer família, cada um tem o seu lugar, a sua tarefa, concorrendo para o bem e proveito da mesma família.

Os irmãos não se distinguem em importância ou relevo porque, o Pai de Família, quer a todos por igual.

Cada um terá a sua própria maneira de viver essa vida familiar, com a idiossincrasia própria, e com os olhos postos no exemplo de ‘vem de cima’.

(ama, comentário sobre Lc 24, 1-12, 2013.02.20)

Leitura espiritual para 30 Mar

Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.

Para ver, clicar SFF.

Tratado dos actos humanos 75


Questão 18: Da bondade e da malícia dos actos humanos em geral.

Art. 11 ― Se toda circunstância referente à bondade ou à malícia especifica um acto.



(Infra, q. 73, a . 7, IV Sent., dist. XVI, q. 3, a . 2, qª3, De Malo, q. 2, a . 7).

O undécimo discute-se assim. ― Parece que toda circunstância referente à bondade ou malícia especifica um acto.


El “lugar” de Judas 10

Ernesto Juliá Diaz


             Judas pudo abandonar a Cristo sencillamente, como hicieron los que se fueron de su lado ante el anuncio de la Eucaristía, y quizá tantos otros que lo siguieron un tiempo y se alejaron después. No le abandona, y tampoco le niega. En este sentido, Judas no hace una afirmación de ateismo. Podría haber negado a Cristo tranquilamente, y dejarlo.

            Si Judas no hubiera creído en la divinidad de Cristo, no lo habría traicionado. Si Judas hubiera sido consciente de estar delante solamente de un hombre, no hubiera actuado como lo hizo.
            Teológicamente, quizá no sea muy osado afirmar que Judas comporta también una contraprueba de la divinidad de Cristo; y señala el límite de la acción del hombre contra Dios. El hombre puede traicionar a Dios; no puede negarle.
            Por eso Judas es un personaje también molesto para un ateo. Si se hubiera marchado desentendiéndose de la muerte de Cristo, hubiera pasado inadvertido sin más. Al traicionarlo, manifiesta la impotencia del hombre ante Dios: no puede pasar sin hacer referencia a Él; en palabras pobres, el hombre no consigue nunca “quitarse de encima a Dios” y tampoco liberarse del deseo de “apoderarse” de alguna “imagen de Dios”.

            Además de lo señalado hasta ahora, y para seguir tratando de desentrañar el sentido de la traición, hemos de preguntarnos:
            ¿Por qué es glorificado el Señor con la marcha de Judas?
            No ciertamente por alejarse un pecador, ya que Cristo se ha hecho a sí mismo pecado, y su gloria está en que el pecado sea vencido en todo el hombre, en todo hombre; en el arrepentimiento y en la conversión del pecador.         
Glorificado, no en el triunfo de su amor sobre el endurecido corazón del apóstol traidor. Cristo es glorificado en la traición de Judas; porque esta traición ensalza majestuosamente al “traicionado”. ¿En qué sentido?
            Si alcanzamos a responder a la pregunta ¿Por qué lo vende?, quizá lleguemos a penetrar ese “sentido”.
La venta es el último intento de Judas de manejar a Dios, de comprarlo, de convertir a Dios en una mercancía. Y lo vende al Sanedrín, autoridad eclesiástica, espiritual, si se prefiere, contrapuesta a Cristo, y la única verdaderamente llena de sentido hasta ese momento.
            Judas ha podido entregar a Cristo a la autoridad civil acusándole sencillamente de alterar el orden, y alegar, por ejemplo, que ponía en peligro la estabilidad del poder político. No lo hace así, y quizá no sólo por ser los romanos extranjeros no queridos, sino más bien, para aprovechar la oportunidad de vincularse de nuevo al Dios hasta entonces conocido en el ámbito judío, y tal y como lo había conocido en su pueblo; y a las personas que lo representaban según la Ley.

     Judas no rechaza a Cristo. No lo niega, deja de esperar y por consiguiente no lo ama. Vendiéndolo, intenta la plenitud del pecado; como si Dios se pudiese convertir en una mercancía manipulable.
            En esta acción de Judas queda patente también que el mal influye sobre la inteligencia humana, pero no la obnubila. Si el gran pecado de la traición hubiera dominado  la inteligencia de Judas, no habría reaccionado tirando las monedas de la traición sobre el suelo del templo. ¿Por qué lo hace?
Es el momento de la gran soledad de Judas en la tierra. Él ha rechazado a Dios, y ve como su referencia “divina-eclesiástica” lo rechaza a él. Conocido Cristo, el Hijo de Dios hecho hombre, nadie, tampoco Judas, puede volver a su antigua imagen de Dios.
Judas se convierte en el hombre que, sin Dios, y después de “vender” a Cristo, pierde todas las raíces en el cielo y en la tierra; ya no encuentra “lugar” para él, ni en el cielo ni en la tierra.
Quizá se pueda pensar que ningún suicidio ha sido tan pleno, tan fríamente decidido, tan libremente realizado, y por todo esto, tan lleno de rechazo de Dios, como el de Judas.
            La actuación de Judas, ciertamente, es un hecho que deja patente ante cualquier hombre la inutilidad de pretender reaccionar frívolamente ante la gravedad del pecado.


Ernesto Juliá Diaz, [1] Julio 15, 2009



[1] Ernesto Juliá Díaz (Ferrol, 1934). Abogado y ordenado sacerdote en 1962, su labor pastoral le ha llevado a distintos países del mundo: Italia, donde ha residido desde 1956 hasta 1992, Australia, Filipinas, Taiwan, Kenya, Nigeria, Estados Unidos, Puerto Rico, Inglaterra, Francia, Bélgica, Holanda, Portugal, Suiza. Ha escrito en medios de comunicación italianos y españoles. Colaboró semanalmente en ABC durante ocho años. Ha publicado varios coleccionables en “Mundo Cristiano”. Ha participado en congresos y reuniones de espiritualidad, con profesores de la talla de Giovanni Colombo, Ignacio de la Potterie; Hans Urs von Baltasar, Inos Biffi, José Luis Illanes, Eugenio Corecco, etc. Tiene entre otros libros: Un anhelo de vida y El renacer de cada día. Ensayos y relatos breves además de varios libros de espiritualidad: Reflexiones sobre la Navidad, Cuatro encuentros con Cristo, Con Cristo resucitado. Y algunas ediciones de bolsillo como Josemaría Escrivá: vivencias y recuerdos, Conversiones de un santo, Porque casarse en la Iglesia y Letanías de la Virgen. En el año 2008 publicó también, Confesiones de Judas y La Biblia. Una lectura para cada día del año. En Cobel Ediciones ha publicado recientemente "Anotaciones de un converso. Cronica de un re-encuentro con Dios Padre". "El santo de lo ordinario (san Josemaría Escrivá), "La cita del amanecer. Anotaciones de un cristiano ingenuo". "Pararse a pensar no da dolor de cabeza".