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18/07/2012

Leitura espiritual para 18 Jul 2012


Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.




Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Mt 26, 57-75; 27, 1-2


57 Os que tinham prendido Jesus levaram-n'O a casa de Caifás, Sumo Sacerdote, onde os escribas e os anciãos se tinham reunido. 58 Pedro seguia-O de longe, até ao átrio do príncipe dos sacerdotes. E, tendo entrado, sentou-se com os servos para ver o fim de tudo isto. 59 Entretanto os príncipes dos sacerdotes e todo o Sinédrio procuravam algum falso testemunho contra Jesus, a fim de O entregarem à morte, 60 e não o encontravam, embora se tivessem apresentado muitas testemunhas falsas. Por último, chegaram duas testemunhas, 61 que declararam: «Este homem disse: “Posso destruir o templo de Deus e reedificá-lo em três dias”». 62 Levantando-se, o Sumo-sacerdote disse-Lhe: «Nada respondes ao que estes depõem contra Ti?». 63 Jesus, porém, mantinha-Se calado. E o Sumo Sacerdote disse-Lhe: «Eu Te conjuro, por Deus vivo, que nos digas se és o Cristo, o Filho de Deus». 64 Jesus respondeu-lhes: «Tu o disseste. Digo-vos mais, que haveis de ver o Filho do Homem sentado à direita do poder de Deus, e vir sobre as nuvens do céu». 65 Então o Sumo Sacerdote rasgou as vestes, dizendo: «Blasfemou; que necessidade temos de mais testemunhas? Vedes, acabais de ouvir a blasfémia. 66 Que vos parece?». Eles responderam: «É réu de morte!». 67 Então cuspiram-Lhe no rosto e feriram-n'O a punhadas. Outros deram-Lhe bofetadas, 68 dizendo: «Adivinha, Cristo: Quem é que Te bateu?». 69 Entretanto, Pedro estava sentado fora, no átrio. Aproximou-se dele uma criada, dizendo: «Também tu estavas com Jesus, o Galileu». 70 Mas ele negou diante de todos, dizendo: «Não sei o que dizes». 71 Saindo ele à porta, viu-o outra criada e disse aos que ali se encontravam: «Este também andava com Jesus Nazareno». 72 Novamente negou ele com juramento, dizendo: «Não conheço tal homem». 73 Pouco depois aproximaram-se de Pedro os que ali estavam, e disseram: «Certamente também tu és deles, porque até a tua fala te dá a conhecer». 74 Então começou a dizer imprecações e a jurar que não conhecia tal homem. Imediatamente cantou um galo. 75 Pedro lembrou-se da palavra que Jesus lhe dissera: «Antes de cantar o galo, três vezes Me negarás». E, saindo para fora, chorou amargamente.
Ao romper da manhã, todos os príncipes dos sacerdotes e anciãos do povo tiveram conselho contra Jesus, para O entregarem à morte. 2 Em seguida, manietado, levaram-n'O e entregaram-n'O ao governador Pôncio Pilatos.





Ioannes Paulus PP. II
Ut unum sint
sobre o Empenho Ecuménico

1995.05.25

INTRODUÇÃO

1. Ut unum sint! O apelo à unidade dos cristãos, que o Concílio Ecuménico Vaticano II repropôs com tão ardoroso empenho, ressoa com vigor cada vez maior no coração dos crentes, especialmente quando já se aproxima o ano Dois Mil que será para eles Jubileu sagrado, comemoração da Encarnação do Filho de Deus, que Se fez homem para salvar o homem.

O testemunho corajoso de tantos mártires do nosso século, incluindo também membros de outras Igrejas e Comunidades eclesiais que não estão em plena comunhão com a Igreja Católica, dá nova força ao apelo conciliar, lembrando-nos a obrigação de acolher e pôr em prática a sua exortação. Estes nossos irmãos e irmãs, irmanados na generosa oferta das suas vidas pelo Reino de Deus, são a prova mais significativa de que todo o elemento de divisão pode ser vencido e superado com o dom total de si próprio à causa do Evangelho.

Cristo chama todos os seus discípulos à unidade. O ardente desejo que me move, é o de renovar hoje este convite e repropô-lo com determinação, recordando aquilo que fiz ressaltar no Coliseu de Roma, em Sexta-Feira Santa de 1994, ao concluir a meditação da Via-Sacra, cujo texto fora proposto pelo venerável Irmão Bartolomeu, Patriarca ecuménico de Constantinopla. Afirmei então que, unidos na esteira dos mártires, os crentes em Cristo não podem permanecer divididos. Se querem verdadeira e eficazmente fazer frente à tendência do mundo a tornar vão o Mistério da Redenção, os cristãos devem professar juntos a mesma verdade sobre a Cruz. 1 A Cruz! A corrente anticristã propõe-se dissipar o seu valor, esvaziá-la do seu si- gnificado, negando que o homem possa encontrar nela as raízes da sua nova vida e alegando que a Cruz não consegue nutrir perspectivas nem esperanças: o homem — dizem — é um ser meramente terreno, que deve viver como se Deus não existisse.


2. A ninguém passa despercebido o desafio que tudo isso coloca aos crentes. E estes não podem deixar de o enfrentar. Poderão eles, portanto, recusar-se a fazer todo o possível para, com a ajuda de Deus, abater muros de divisão e desconfiança, superar obstáculos e preconceitos que impedem o anúncio do Evangelho da Salvação através da Cruz de Jesus, único Redentor do homem, de todo o homem?

Agradeço ao Senhor por nos ter inspirado a prosseguir pelo caminho difícil, mas tão rico de alegria, como é o caminho da unidade e comunhão entre os cristãos. Os diálogos interconfessionais a nível teológico deram frutos positivos e palpáveis: e isso encoraja-nos a continuar para diante.

Mas, além das divergências doutrinais a resolver, os cristãos não podem ignorar o peso das atávicas incompreensões que herdaram do passado, dos equívocos e preconceitos de uns relativamente aos outros. Não raro, depois, a inércia, a indiferença e um conhecimento recíproco insuficiente agravam tal situação. Por este motivo, o empenho ecuménico deve fundar-se na conversão dos corações e na oração, ambas induzindo depois à necessária purificação da memória histórica. Os discípulos do Senhor, animados pelo amor, pela coragem da verdade e pela vontade sincera de se perdoarem mutuamente e reconciliarem, são chamados, com a graça do Espírito Santo, a reconsiderarem juntos o seu doloroso passado e aquelas feridas que este, infelizmente, continua ainda hoje a provocar. São convidados pela força sempre jovem do Evangelho a reconhecerem juntos, com sincera e total objectividade, os erros cometidos e os factores contingentes que estiveram na origem das suas deploráveis separações. Ocorre umolhar de verdade sereno e límpido, vivificado pela misericórdia divina, capaz de libertar os ânimos e de suscitar em cada pessoa uma renovada disponibilidade em ordem ao anúncio mesmo do Evangelho aos homens de todos os povos e nações.

3. Com o Concílio Vaticano II, a Igreja Católica empenhou-se, de modo irreversível, a percorrer o caminho da busca ecuménica, colocando-se assim à escuta do Espírito do Senhor, que ensina a ler com atenção os «sinais dos tempos». As experiências que viveu nestes anos, e continua a viver, iluminam ainda mais profundamente a sua identidade e missão na história. A Igreja Católica reconhece e confessa as fraquezas dos seus filhos, consciente de que os seus pecados constituem igualmente traições e obstáculos à realização dos desígnios do Salvador. Sentindo-se constantemente chamada à renovação evangélica, ela não cessa de fazer penitência. Mas, ao mesmo tempo e mais vigorosamente, reconhece e exalta a força do Senhor que, tendo-a cumulado com o dom da santidade, a atrai e conforma à sua paixão e ressurreição.

Prevenida pelas múltiplas vicissitudes da sua história, a Igreja está empenhada em libertar-se de todo o apoio puramente humano, para viver profundamente a lei evangélica das Bem-aventuranças. Ciente de que a verdade não se impõe senão «pela sua própria força, que penetra nos espíritos de modo ao mesmo tempo suave e forte», 2 nada procura para si própria senão a liberdade de anunciar o Evangelho. De facto, a sua autoridade exerce-se no serviço da verdade e da caridade.

Eu mesmo tenciono promover todo e qualquer passo útil a fim de que o testemunho da Comunidade Católica inteira possa ser compreendido em toda a sua pureza e coerência, sobretudo na perspectiva daquele encontro que espera a Igreja no limiar do novo Milénio, hora excepcional em vista da qual ela pede ao Senhor que a unidade entre todos os cristãos cresça até chegar à plena comunhão. 3 É também para este nobilíssimo objectivo que aponta a presente Encíclica que, na sua índole essencialmente pastoral, quer ser um contributo e apoio para o esforço de todos os que trabalham pela causa da unidade.

4. Este é um preciso compromisso do Bispo de Roma enquanto sucessor do apóstolo Pedro. Desempenho-o com a profunda convicção de obedecer ao Senhor e com a plena consciência da minha fragilidade humana. De facto, quando o próprio Cristo confiou a Pedro esta missão especial na Igreja e lhe recomendou de confirmar os irmãos, deu-lhe ao mesmo tempo a conhecer a sua debilidade humana e uma particular necessidade de conversão: «E tu, uma vez convertido, fortalece os teus irmãos» (Lc 22, 32). É na própria debilidade humana de Pedro que se manifesta plenamente como o Papa, para cumprir este especial ministério na Igreja, depende totalmente da graça e da oração do Senhor: «Eu roguei por ti, a fim de que a tua fé não desfaleça (Lc 22, 32). A conversão de Pedro e dos seus sucessores apoia-se na oração mesma do Redentor, e a Igreja participa constantemente nesta súplica. Na nossa época ecuménica, caracterizada pelo Concílio Vaticano II, a missão do Bispo de Roma visa particularmente lembrar a exigência da plena comunhão dos discípulos de Cristo.

O Bispo de Roma há-de ser o primeiro a fazer sua, com fervor, a prece de Cristo pela conversão que é indispensável a «Pedro» para poder servir os irmãos. Com todo o coração, peço que se associem a esta súplica os fiéis da Igreja Católica e todos os cristãos. Rezem todos juntamente comigo por esta conversão.

Sabemos que a Igreja na sua peregrinação terrena sofreu e continuará a sofrer oposições e perseguições. Mas a esperança que a sustém, é inabalável, como indestrutível é a alegria que dimana dessa esperança. Na verdade, a rocha firme e perene sobre a qual a Igreja se funda, é Jesus Cristo seu Senhor.

I. O EMPENHO ECUMÉNICO DA IGREJA CATÓLICA

O desígnio de Deus e a comunhão

5. Juntamente com todos os discípulos de Cristo, a Igreja Católica funda, sobre o desígnio de Deus, o seu empenho ecuménico de reunir a todos na unidade. De facto, «a Igreja não é uma realidade voltada sobre si mesma, mas aberta permanentemente à dinâmica missionária e ecuménica, porque enviada ao mundo para anunciar e testemunhar, actualizar e expandir o mistério de comunhão que a constitui: a fim de reunir a todos e tudo em Cristo; ser para todos "sacramento inseparável de unidade"». 4

Já no Antigo Testamento, referindo-se à situação do povo de Deus de então, o profeta Ezequiel, recorrendo ao símbolo simples de duas varas, primeiro separadas e depois juntas uma à outra, exprimia a vontade divina de «reunir de toda a parte» os membros do seu povo dividido: «Serei o seu Deus e eles serão o meu povo. Então as nações reconhecerão que Eu sou o Senhor que santifica Israel» (cf. 37, 16-28). Por sua vez, o Evangelho de S. João, pensando na situação do povo de Deus daquele tempo, vê na morte de Jesus a razão da unidade dos filhos de Deus: «Devia morrer pela Nação. E não somente pela Nação, mas também para trazer à unidade os filhos de Deus que andavam dispersos» (11, 51-52). De facto, como explicará a Carta aos Efésios, «destruindo o muro de inimizade que os separava (...), pela Cruz levando em Si próprio a morte à inimizade», Ele fez a unidade entre o que estava dividido (cf. 2, 14.16).

6. A vontade de Deus é a unidade de toda a humanidade dispersa. Por este motivo, enviou o seu Filho a fim de que, morrendo e ressuscitando por nós, nos desse o seu Espírito de amor. Na véspera do sacrifício da Cruz, Jesus mesmo pede ao Pai pelos seus discípulos e por todos os que acreditarem n'Ele, para que sejam um só, uma comunhão viva. Daqui deriva o dever e a responsabilidade que incumbe, diante de Deus e do seu desígnio, sobre aqueles e aquelas que, através do Baptismo, se tornam o Corpo de Cristo: Corpo no qual se deve realizar em plenitude a reconciliação e a comunhão. Como é possível permanecer divididos, se, pelo Baptismo, fomos «imersos» na morte do Senhor, ou seja, naquele mesmo acto pelo qual Deus, através do seu Filho, abateu os muros da divisão? A «divisão contradiz abertamente a vontade de Cristo, e é escândalo para o mundo, como também prejudica a santíssima causa da pregação do Evangelho a toda a criatura». 5

O caminho ecuménico: caminho da Igreja

7. «O Senhor dos séculos, porém, prossegue sábia e pacientemente o plano da sua graça a favor de nós pecadores. Começou ultimamente a infundir de modo mais abundante nos cristãos separados entre si a compunção de coração e o desejo de união. Por toda a parte, muitos homens sentiram o impulso desta graça. Também surgiu entre os nossos irmãos separados, por moção da graça do Espírito Santo, um movimento cada vez mais intenso em ordem à restauração da unidade de todos os cristãos. Este movimento de unidade é chamado ecuménico. Participam dele os que invocam Deus Trino e confessam a Cristo como Senhor e Salvador, não só individualmente, mas também reunidos em assembleias. Cada qual afirma que o grupo onde ouviu o Evangelho é Igreja sua e de Deus. Quase todos, se bem que de modo diverso, aspiram a uma Igreja de Deus una e visível, que seja verdadeiramente universal e enviada ao mundo inteiro, a fim de que o mundo se converta ao Evangelho e assim seja salvo, para glória de Deus». 6

8. Esta asserção do Decreto Unitatis redintegratio há-de ser lida no contexto de todo o magistério conciliar. O Concílio Vaticano II exprime a decisão da Igreja de assumir a tarefa ecuménica em prol da unidade dos cristãos e de a propor convicta e vigorosamente: «Este sagrado Concílio exorta todos os fiéis a que, reconhecendo os sinais dos tempos, solicitamente participem do trabalho ecuménico». 7

Ao indicar os princípios católicos do ecumenismo, o citado Decreto retoma primariamente o ensinamento sobre a Igreja presente na Constituição Lumen gentium, no capítulo que trata do povo de Deus. 8 E ao mesmo tempo, tem em conta o que se afirma na Declaração conciliar Dignitatis humanae sobre a liberdade religiosa. 9

Cheia de esperança, a Igreja Católica assume o empenho ecuménico como um imperativo da consciência cristã, iluminada pela fé e guiada pela caridade. Também aqui se podem aplicar as palavras de S. Paulo aos primeiros cristãos de Roma: «O amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo, que nos foi concedido»; assim a nossa «esperança não nos deixa confundidos» (Rm 5, 5). Esta é a esperança da unidade dos cristãos, que encontra a sua fonte divina na unidade trinitária do Pai e do Filho e do Espírito Santo.

9. O próprio Jesus, na hora da sua Paixão, pediu «que todos sejam um» (Jo 17, 21). Esta unidade, que o Senhor deu à sua Igreja e na qual Ele quer abraçar a todos, não é um elemento acessório, mas situa-se no centro mesmo da sua obra. Nem se reduz a um atributo secundário da Comunidade dos seus discípulos. Pelo contrário, pertence à própria essência desta Comunidade. Deus quer a Igreja, porque Ele quer a unidade, e na unidade exprime-se toda a profundidade da sua ágape.

De facto, esta unidade dada pelo Espírito Santo não consiste simplesmente na confluência unitária de pessoas que se aglomeram umas às outras. Mas trata-se de uma unidade constituída pelos vínculos da profissão de fé, dos sacramentos e da comunhão hierárquica. 10 Os fiéis são um, porque, no Espírito, eles estão em comunhão com o Filho, e, n'Ele, em comunhão com o Pai: «A nossa comunhão é com o Pai e com o seu Filho Jesus Cristo» (1 Jo 1, 3). Para a Igreja Católica, portanto, a comunhão dos cristãos não é senão a manifestação neles daquela graça, pela qual Deus os torna participantes da sua própria comunhão, que é a vida eterna. Por isso, as palavras de Cristo — «que todos sejam um» — são a oração dirigida ao Pai para que se cumpra plenamente o seu desígnio, de tal modo que a todos fique claro «qual seja a economia do mistério escondido desde tempos antigos em Deus, que tudo criou» (Ef 3, 9). Acreditar em Cristo significa querer a unidade; querer a unidade significa querer a Igreja; querer a Igreja significa querer a comunhão de graça que corresponde ao desígnio do Pai desde toda a eternidade. Este é o significado da oração de Cristo: «Ut unum sint».

10. Na actual situação de divisão entre os cristãos e de procura respeitosa da plena comunhão, os fiéis católicos sentem-se profundamente interpelados pelo Senhor da Igreja. O Concílio Vaticano II reforçou o seu empenho com uma visão eclesiológica clara e aberta a todos os valores eclesiais presentes nos outros cristãos. Os fiéis católicos enfrentam a problemática ecuménica com espírito de fé.

O Concílio diz que «a Igreja de Cristo subsiste na Igreja Católica, governada pelo sucessor de Pedro e pelos Bispos em comunhão com ele», e contemporaneamente reconhece que «fora da sua comunidade visível, se encontram muitos elementos de santificação e de verdade, os quais, por serem dons pertencentes à Igreja de Cristo, impelem para a unidade católica». 11

«Por isso, as Igrejas e Comunidades separadas, embora creiamos que tenham defeitos, de forma alguma estão despojadas de sentido e de significação no mistério da salvação. Pois o Espírito de Cristo não recusa servir-se delas como de meios de salvação cuja virtude deriva da própria plenitude de graça e verdade confiada à Igreja Católica». 12

11. Deste modo, a Igreja Católica afirma que, ao longo dos dois mil anos da sua história, foi conservada na unidade com todos os bens que Deus quer dotar a sua Igreja, e isto apesar das crises, por vezes graves, que a abalaram, as faltas de fidelidade de alguns dos seus ministros, e os erros que diariamente investem os seus membros. A Igreja Católica sabe que, graças ao apoio que lhe vem do Espírito Santo, as fraquezas, as mediocridades, os pecados, e às vezes as traições de alguns dos seus filhos, não podem destruir aquilo que Deus nela infundiu tendo em vista o seu desígnio de graça. E até «as portas do inferno nada poderão contra ela» (Mt 16, 18). Contudo, a Igreja Católica não esquece que, no seu seio, muitos eclipsam o desígnio de Deus. Ao evocar a divisão dos cristãos, o Decreto sobre o ecumenismo não ignora «a culpa dos homens dum e doutro lado», 13 reconhecendo que a responsabilidade não pode ser atribuída somente aos «outros». Por graça de Deus, porém, não foi destruído o que pertence à estrutura da Igreja de Cristo e nem mesmo aquela comunhão que permanece com as outras Igrejas e Comunidades eclesiais.

Com efeito, os elementos de santificação e de verdade presentes nas outras Comunidades cristãs, em grau variável duma para outra, constituem a base objectiva da comunhão, ainda imperfeita, que existe entre elas e a Igreja Católica.

Na medida em que tais elementos se encontram nas outras Comunidades cristãs, a única Igreja de Cristo tem nelas uma presença operante. Por este motivo, o Concílio Vaticano II fala de uma certa comunhão, embora imperfeita. A Constituição Lumen gentium ressalta que a Igreja Católica «vê-se unida por muitos títulos» 14 a estas Comunidades, por uma certa união verdadeira no Espírito Santo.

12. A mesma Constituição explicitou amplamente «os elementos de santificação e de verdade» que, de modo distinto, se encontram e actuam para além das fronteiras visíveis da Igreja Católica: «Muitos há, com efeito, que têm e prezam a Sagrada Escritura como norma de fé e de vida, manifestam sincero zelo religioso, crêem de coração em Deus Pai omnipotente e em Cristo, Filho de Deus Salvador, são marcados pelo Baptismo que os une a Cristo e reconhecem e recebem mesmo outros sacramentos nas suas próprias igrejas ou comunidades eclesiásticas. Muitos de entre eles têm mesmo um episcopado, celebram a sagrada Eucaristia e cultivam a devoção para com a Virgem Mãe de Deus. Acrescenta-se a isto a comunhão de orações e outros bens espirituais; mais ainda, existe uma certa união verdadeira no Espírito Santo, o qual neles actua com os dons e graças do seu poder santificador, chegando a fortalecer alguns deles até ao martírio. Deste modo, o Espírito suscita em todos os discípulos de Cristo o desejo e a prática efectiva em vista de que todos, segundo o modo estabelecido por Cristo, se unam pacificamente num só rebanho sob um só pastor». 15

O Decreto conciliar sobre o ecumenismo, referindo-se às Igrejas Ortodoxas, chega mesmo a declarar que, «pela celebração da Eucaristia do Senhor, em cada uma dessas Igrejas, a Igreja de Deus é edificada e cresce». 16 Reconhecer tudo isto é uma questão de verdade.

Revisão da tradução portuguesa por ama
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Notas: (em italiano)
1 Cfr. Discorso dopo la Via Crucis del Venerdì Santo (1° aprile 1994), 3: AAS 87 (1995), 88.
2 Conc. Ecum. Vat. II, Dich. sulla libertà religiosa Dignitatis humanæ, 1.
3 Cfr. Lett. ap. Tertio millennio adveniente (10 novembre 1994), 16: AAS 87 (1995), 15.
4 Congregazione per la Dottrina della Fede, Lettera ai Vescovi della Chiesa cattolica su alcuni aspetti della Chiesa intesa come comunione Communionis notio (28 maggio 1992), 4: AAS 85 (1993), 840.
5 Conc. Ecum. Vat. II, Decr. sull'ecumenismo Unitatis redintegratio, 1.
6 Ibid.
7 Ibid., 4.
8 Cfr. Conc. Ecum. Vat. II, Cost. dogm. sulla Chiesa Lumen gentium, 14.
9 Cfr. Conc. Ecum. Vat. II, Dich. sulla libertà religiosa Dignitatis humanæ, 1 e 2.
10 Cfr. Conc. Ecum. Vat. II, Cost. dogm. sulla Chiesa Lumen gentium, 14.
11 Ibid., 8.
12 Conc. Ecum. Vat. II, Decr. sull'ecumenismo Unitatis redintegratio, 3.
13 Ibid.
14 N. 15.
15 Ibid.
16 Conc. Ecum. Vat. II, Decr. sull'ecumenismo Unitatis redintegratio, 15.

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