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17/11/2011

TRANSPARÊNCIA

Transparência

Pedi-te há dias, Senhor, que me ajudasses a ser o Teu espelho, embora baço, onde os outros pudessem ver reflectido o Vosso reino.
Pensando bem, Senhor, não ouso pedir-vos tal coisa.
Ser espelho, embora baço, seria pretender ser Sudário ou véu da Verónica e quem sou eu para pretender comparar-me à santa mulher que te enxugou o Rosto?!
Eu, pobre trapo esfarrapado pelos meus pecados e as minhas contínuas faltas, que nem os remendos amorosamente feitos pela vossa Amabilíssima Misericórdia, conseguem disfarçar completamente.
Não, meu Senhor, não pretendo ser outra coisa que um pobre pedaço de tecido transparente que permita que através os outros Vos vejam a Vós e não a mim.
Não tenho categoria nenhuma para ser objecto mas tão só uma transparência inexistente que a Vossa luminosidade atravesse a bel-prazer, sempre que a Vossa amabilíssima Misericórdia assim desejar.
E então feliz serei, Senhor, se assim consentires. Eu, pobre António, transparência de Deus, Senhor Jesus Cristo!
Aos poucos sinto o Vosso Espírito sobre a minha cabeça que vergo submisso adorando-vos e dando-vos graças.
Que grande coisa me havia de acontecer a mim que nada fiz para o merecer, o Senhor salva-me, visita-me, permite-me que Lhe fale como se houvera intimidade entre mim e Ele!
Grande coisa só possível pela Vossa Misericórdia infinita e o Vosso Amor por todos os homens.
Sinto-me, assim, grande eu também, como o mundo que Vós criastes, como o mar e como o céu. Nada me parece pequeno, nada me parece sujo ou feio. Excepto a minha alma e o meu coração, cheio de zonas escuras e escaninhos cheios de pó destoam nas maravilhas que contemplo.
Sacudi Senhor, este pobre tapete onde têm sido espezinhados os Vossos Mandamentos e diz-me, Senhor, a que porta devo colocar-me para que os Vossos pés possam neles descansar um pouco, se me deres essa suprema honra.
Abate a minha soberba, Senhor, reduz-me a um metro e meio de altura e já será muito para o fraco homem que tenho sido, que sou.
Senhor, eu creio em Ti com todas as forças renovadas da minha alma.
Acreditas Tu em mim, Senhor, quando Te digo isto?
Tu que sabes tudo antes que eu o saiba, sabes se sou sincero e verdadeiro, honesto e correcto no que te afirmo?
(AMA, meditação. Diário, 1988)

Novíssimos - Juízo Particular 10

Julgamento de Carlos – médico [i]

Na Urgência do grande hospital reinava uma azáfama muito próxima do caos.
As ambulâncias com os feridos, quase todos com queimaduras extensas, não paravam de chegar. Os breves relatos eram aterradores, um incêndio no metro estava a mobilizar todas as capacidades de intervenção da grande cidade.

Carlos estava de "banco" nesse dia. A sua especialidade, obstetrícia, não era requisitada mas não podia deixar de secundar os colegas no esforço colectivo naquelas circunstâncias excepcionais.

Uma enfermeira agarrou-lhe no braço:

"Doutor Carlos, temos ali alguém para os seus serviços urgentes".

Seguiu a enfermeira através da confusão de macas, camas, suportes de soro, máquinas várias até uma maca onde se deteve.
Embora habituado a cenas dantescas sobretudo nas "urgências" teve dificuldade em conter uma reacção de horror. Na maca jazia uma jovem sem feições. O rosto estava inteiramente queimado, a própria carne solta aos bocados, o cabelo e sobrancelhas um emaranhado crestado pelo fogo, os olhos invisíveis sob as pálpebras tumefactas...
Uma barriga enorme avultava naquele destroço humano.
Carlos colocou o estetoscópio e começou, sem grande convicção, a procurar sinais de vida. Olhou a enfermeira com uma expressão de espanto:

“Está viva, a criança está viva!!!”

Procedendo a um rápido exame, acrescentou:

"Já está posicionada para nascer... Dado o estado crítico da mãe, não me arrisco a fazer o parto aqui..."

A rapariga pareceu ouvir o que dissera porque com uma mão quase descarnada tentou afastar a máscara que lhe fornecia oxigénio.Carlos impediu-a dizendo:

“Não se preocupe. Vai correr tudo bem.”

Rapidamente transportaram-na para o bloco cirúrgico de obstetrícia.
Carlos deitou a bata suja de sangue para a roupa suja, lavou-se com abundante água e sabão, esfregou mãos e braços com desinfectante, vestiu uma bata, calçou luvas esterilizadas e entrou no bloco.
Na balbúrdia da urgência não tinha reparado bem na rapariga, agora, livre dos trapos queimados que a cobriam pôde aperceber-se de quão jovem era. Teria uns dezoito anos... vinte no máximo. As extensas queimaduras por todo o corpo eram de gravidade semelhante às do rosto. De facto era um milagre estar ainda viva.
A enfermeira notando a sua reacção disse-lhe com voz calma:

"Então, doutor? Vamos lá... O senhor é capaz..."

Carlos "deitou mãos à obra" e passados pouquíssimos minutos sem quase nenhum esforço, o bebé nascia e, nesse preciso momento, a jovem mãe, dava o último suspiro.
A enfermeira seguiu os procedimentos habituais, Carlos saiu do bloco operatório, e deixou-se cair numa cadeira.

Pensou na ironia - trágica ironia - da sua vida de obstetra. De facto, nos últimos anos este fora o único parto em que tinha intervindo, até então só praticara abortos...

Mais de três horas depois destes acontecimentos, Carlos dirigia-se para o automóvel no parque de estacionamento parcamente iluminado. Absorto nos seus pensamentos sobressaltou-se com o aparecimento súbito do homem à sua frente apontando-lhe uma pistola.

"Carteira, rápido”, disse o sujeito.

Carlos deu dois passos para trás atrás.
O outro, não esperou um momento e desfechou-lhe dois tiros no peito.
A sua última percepção foi sentir a mão do homem a tirar-lhe a carteira do bolso interior do casaco.
Numa golfada de sangue expirou.

O Juiz falou:

"Quantos crimes cometeu este pobre homem que jurou salvar vidas e o que fez foi eliminar sem piedade seres humanos ainda por nascer". O tom de voz do Juiz era de profunda, inaudita pena.

O Ser esplendoroso ia recomeçar a falar quando uma voz suave e cálida se fez ouvir:

"Quero dizer algo:
As três horas que decorreram entre o parto da pobre jovem e a sua morte, passou-as o Carlos na capela do hospital em frente de uma Imagem minha. Por entre um choro convulsivo disse-me quanto estava arrependido de todos actos horríveis que tinha praticado. Assumiu o compromisso de nunca mais, em circunstância alguma praticar um aborto e, por fim, quando já mais calmo se ia embora, voltou para trás e disse-me que iria seguir de perto a criança que ajudara a vir ao mundo e, até que, se não tivesse família, iria adoptá-la."

O Juiz disse então:

"Como em Caná da Galileia fiz o que me pediu, faça-se agora como a Minha Mãe desejar".


[i] Levanta-se a questão da vida para além da morte. É uma das grandes interrogações que alguma vez durante a sua vida o homem se coloca.
É natural porque o ser humano é dotado de espírito, alma, que tem preocupações mais para além do imediatamente sensível.
Para os cristãos a segurança da Fé fá-los compreender que está destinado à eternidade, ou seja, embora o corpo pereça e acabe a vida terrena, a sua alma não morrerá jamais e, naturalmente, tende a voltar para o seu Criador, Deus.
Sim... a lógica propõe o que a fé garante, porque não se concebe o Criador abandonar a criatura a um desaparecimento puro e simples.
O restante do problema é o que se refere ao "destino" da alma e que é "marcado" na conclusão do juízo a que é sujeita pelo próprio Criador, logo que, após a separação do corpo, se apresenta perante Si.
No imaginário livro da vida, ao contrário do que que é mais comum, não existem colunas de "deve" e "haver" onde é feita uma espécie de contabilidade, não! O que existe é uma lista completa dos bens recebidos em vida, os dons, graças, auxílios, inspirações e meios com que o Senhor foi dotando cada um de forma especial e única.
Cada ser humano recebe um "pacote" específico, para si em exclusivo.
Deus Nosso Senhor não dispensa os Seus benefícios adrede ou de uma forma sistemática ou mecânica. Cada ser humano é objecto de atenção exclusiva e única por parte do Criador que lhe concede os Seus dons e benefícios conforme a Sua Soberana Vontade determina.
Esta misteriosa magnitude de Deus tem uma razão de ser.
O homem não é capaz por si mesmo de evoluir, de melhorar sem que um estímulo o leve a tal.
Este estímulo surge exactamente no estreitamento das suas relações com Deus.
Quanto mais se relaciona mais recebe e, quanto mais se recebe mais se deseja intimar com Deus.
Por isso no Evangelho consta «àquele que tem, lhe será dado; e ao que não tem, ainda aquilo mesmo que julga ter, lhe será tirado» Lc 8, 16-18.

Para chegar a Deus, o caminho seguro, é Maria Sua e nossa Mãe! 

Sancta Maria iter para tutum! (Santa Maria, prepara-me um caminho seguro)

Quedas

Reflectindo





Pedro levou uma hora a cair, mas num minuto se levanta e subirá mais alto do que estava antes da sua queda.













(georges chevrot, Simón Pedro, p. 261, trad ama)

Música e entretenimento

Paul Simon and Willie Nelson

Depois da morte vos receberá o Amor

Textos de S. Josemaria Escrivá


Agora compreendes quanto fizeste sofrer Jesus, e enches-te de dor: como lhe pedes perdão, deveras e choras pelas tuas traições passadas! Não te cabem no peito as ânsias de reparar! Bem. Mas não esqueças que o espírito de penitência está principalmente em cumprir, custe o que custar, o dever de cada instante. (Via Sacra, 9ª Estação, n. 5)

Como será maravilhoso quando o nosso Pai nos disser: servo bom e fiel, porque foste fiel nas coisas pequenas, eu te confiarei as grandes: entra no gozo do teu Senhor!. Esperançados! Esse é o prodígio da alma contemplativa. Vivemos de Fé, de Esperança e de Amor; e a Esperança torna-nos poderosos. Recordais-vos de S. João? Eu vos escrevo, jovens, porque sois valentes e a palavra de Deus permanece em vós e vencestes o maligno. Deus urge-nos, para a juventude eterna da Igreja e de toda a humanidade. Podeis transformar em divino todo o humano, como o rei Midas convertia em ouro tudo o que tocava!
Nunca esqueçais que depois da morte vos receberá o Amor. E no amor de Deus encontrareis, além do mais, todos os amores limpos que tenhais tido na terra. O Senhor dispôs que passemos esta breve jornada da nossa existência, trabalhando e, como o seu Unigénito, fazendo o bem. Entretanto, temos de estar alerta, à escuta daquelas chamadas que Santo Inácio de Antioquia notava na sua alma, ao aproximar-se a hora do martírio: vem para junto do Pai, vem para o teu Pai que te espera ansioso (Amigos de Deus, n. 221)

© Gabinete de Informação do Opus Dei na Internet

Evangelho do dia e comentário













T. Comum– XXXIII Semana




Evangelho: Lc 19, 41-44

41 Quando chegou perto, ao ver a cidade, chorou sobre ela, dizendo: 42 «Se ao menos neste dia que te é dado, tu também conhecesses o que te pode trazer a paz!... Mas agora isto está encoberto aos teus olhos. 43 Porque virão para ti dias em que os teus inimigos te cercarão de trincheiras, te sitiarão, te apertarão por todos os lados, 44 te deitarão por terra a ti e aos teus filhos que estão dentro de ti, e não deixarão em ti pedra sobre pedra, porque não conheceste o tempo em que foste visitada».

Comentário:

A humanidade de Jesus está bem patente, sobretudo, quando, por um motivo ou outro, não consegue esconder a sua tristeza, o cansaço, a fome, a sede, o desejo de conviver com os amigos e a sua preocupação com os outros.
De facto Jesus chora com a notícia da morte de Lázaro, comove-se profundamente ante a viúva que, em, Naím, levava o único filho à sepultura; a fome leva-o a mostrar o seu desapontamento por não haver figos na figueira que depois ficou estéril; a sede que sentia determina a sua conversa com a Samaritana; o profundo cansaço rende-o ao ponto de adormecer numa barca no meio de uma tempestade; aceita convites para refeições em casa de pobres e de ricos, de fariseus, publicanos ou cobradores de impostos; e, foi a Sua preocupação pelos mais próximos, que determinou o seu acatamento à incitação de Santa Maria em Caná: Não têm vinho!
Jesus Cristo é, de facto, um verdadeiro Homem, está vivo, tem sentimentos, vibra como qualquer outro ante os acontecimentos da vida diária.
Deixemo-nos arrastar por este Jesus tão humano, tão – atrever-me-ia a dizer – igual a nós, não fora as nossas numerosas faltas e pecados.
Deixemos que, também o nosso coração, seja um coração de carne, com sentimentos autênticos de homens verdadeiros, que sabem dar valor mais às pessoas e menos às coisas, que conhecem e avaliam as circunstâncias da vida de todos os dias, não com o motivo de criticar, pesar ou avaliar, mas o de ser solidário, atento às necessidades dos outros, particularmente dos que estão próximos, empenhados na salvação das suas almas, de lhes proporcionar, se for caso disso, e os caminhos e direcções necessárias para chegar a esse Jesus que nos espera de braços abertos numa atitude acolhimento irrecusável.
(AMA, CE Pinheiro Manso, Porto, Lc 19, 41-44, 2006.11.23)

Tratado De Deo Trino 1

Questão 27: Da processão ou da origem das pessoas divinas


Depois de termos tratado do que concerne à unidade da essência divina, resta tratar do que pertence à Trindade das Pessoas, em Deus. E distinguindo-se as Pessoas divinas pelas relações de origem, devemos, conforme a ordem da doutrina, tratar primeiro da origem ou da processão; segundo, das relações de origem; terceiro, das Pessoas.

Sobre a processão discutem-se cinco artigos:

Art. 1 - Se em Deus há alguma processão.
Art. 2 - Se a processão, em Deus, pode chamar-se geração.
Art. 3 - Se há em Deus outra processão além da geração do Verbo.
Art. 4 - Se a processão do Amor, em Deus, é geração.
Art. 5 - Se em Deus há mais de duas processões.

SÃO TOMÁS DE AQUINO, Suma Teológica,


Educar a afectividade 7

A LIBERDADE INTERIOR

Por vezes tendemos a identificar obrigação com coação, percebemos a ideia do dever como uma perda de liberdade, e isso é um erro no desenvolvimento emocional. Actuar conforme o dever é algo que nos aperfeiçoa. Se aceitamos o nosso dever como uma voz amiga, acabaremos por o assumir de modo agradável e cordial e descobriremos, pouco a pouco, que a grande conquista da educação afectiva é conseguir unir, na medida do possível, o querer e o dever. Assim, além disso, atinge-se um grau de liberdade muito maior, porque a felicidade não está em fazer o que se quer, mas em amar o que se deve fazer.
Sentir-nos-emos assim ligados ao bom agir moral, mas não obrigados, nem forçados, nem coagidos, porque o entenderemos como um ideal que nos leva à plenitude, e isso constitui uma das maiores conquistas da verdadeira liberdade.

a. aguiló

Pensamentos inspirados à procura de Deus

À procura de Deus



Vergonha de te afirmares por Deus?


Vergonha é viveres sem sentido,
nem esperança.

jma