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28/03/2023

Comunicações em Março 28


 


Dentro do Evangelho

Re Mt VII

1«Não julgueis, para não serdes julgados; 2pois, conforme o juízo com que julgardes, assim sereis julgados; e, com a medida com que medirdes, assim sereis medidos. 3 Porque reparas no argueiro que está na vista do teu irmão, e não vês a trave que está na tua vista? 4 Como ousas dizer ao teu irmão: ‘Deixa-me tirar o argueiro da tua vista’, tendo tu uma trave na tua? 5 Hipócrita, tira primeiro a trave da tua vista e, então, verás melhor para tirar o argueiro da vista do teu irmão.» 6 «Não deis as coisas santas aos cães nem lanceis as vossas pérolas aos porcos, para não acontecer que as pisem aos pés e, acometendo-vos, vos despedacem.» 7 «Pedi, e ser-vos-á dado; procurai, e encontrareis; batei, e hão-de abrir-vos. 8 Pois, quem pede, recebe; e quem procura, encontra; e ao que bate, hão-de abrir. 9 Qual de vós, se o seu filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? 10Ou, se lhe pedir peixe, lhe dará uma serpente? 11 Ora bem, se vós, sendo maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o vosso Pai que está no Céu dará coisas boas àqueles que lhas pedirem.» 12 «Portanto, o que quiserdes que vos façam os homens, fazei-o também a eles, porque isto é a Lei e os Profetas.» 13 «Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que seguem por ele. 14 Como é estreita a porta e quão apertado é o caminho que conduz à vida, e como são poucos os que o encontram!» 15 «Acautelai-vos dos falsos profetas, que se vos apresentam disfarçados de ovelhas, mas por dentro são lobos vorazes. 16 Pelos seus frutos, os conhecereis. Porventura podem colher-se uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos? 17 Toda a árvore boa dá bons frutos e toda a árvore má dá maus frutos. 18 A árvore boa não pode dar maus frutos nem a árvore má, dar bons frutos. 19 Toda a árvore que não dá bons frutos é cortada e lançada ao fogo. 20 Pelos frutos, pois, os conhecereis.» 21  «Nem todo o que me diz: ‘Senhor, Senhor’ entrará no Reino do Céu, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai que está no Céu. 22 Muitos me dirão naquele dia: ‘Senhor, Senhor, não foi em teu nome que profetizámos, em teu nome que expulsámos os demónios e em teu nome que fizemos muitos milagres?’ 23 E, então, dir-lhes-ei: ‘Nunca vos conheci; afastai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade.’» 24  «Todo aquele que escuta estas minhas palavras e as põe em prática é como o homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha. 25 Caiu a chuva, engrossaram os rios, sopraram os ventos contra aquela casa; mas não caiu, porque estava fundada sobre a rocha. 26 Porém, todo aquele que escuta estas minhas palavras e não as põe em prática poderá comparar-se ao insensato que edificou a sua casa sobre a areia. 27 Caiu a chuva, engrossaram os rios, sopraram os ventos contra aquela casa; ela desmoronou-se, e grande foi a sua ruína.» 28 Quando Jesus acabou de falar, a multidão ficou vivamente impressionada com os seus ensinamentos, 29 porque Ele ensinava-os como quem possui autoridade e não como os doutores da Lei.

 

Comentários:

 

Faz parte da condição humana o exercer quase que de forma automática pensamentos, obras e opiniões sobre os outros que se cruzam na nossa vida.

Nem sempre, evidentemente, sob o aspecto da crítica e reprovação, também o fazemos para louvar e de alguma forma sublinhar algo que achamos bem e até invejamos.

Pois seja qual for a intenção devemos abster-nos porque em caso algum fomos constituídos juízes.

Normalmente somos levados a julgar, ou pelo menos, avaliar, as atitudes e comportamentos outros.

Seria muito útil para nós pensar que esses outros terão a mesma atitude connosco e tal deveria levar-nos a uma conduta irrepreensível.

A hipocrisia merece de Jesus Cristo veemente repúdio e, os Evangelhos, relatam várias ocasiões em que esse repúdio constitui uma acusação claríssima.

De facto, o hipócrita age como um actor, fingindo o que não é, oferecendo o que não tem, aconselhando o que não pratica.

A hipocrisia pode espalhar-se como uma praga sobretudo quando se quer alguma coisa ou atingir um fim seja de que maneira for.

Ninguém pode dar o que não tem ou aconselhar o que não sabe.

Ser verdadeiro e honesto quer no procedimento quer nas intenções é o que deve caracterizar o cristão.

Este, além de merecer crédito no que diz, tem de convencer pelo exemplo do que faz.

O são critério deve estar sempre presente quando se trata de falar de Deus aos outros.

É contraproducente falar Deus e de coisas santas - «as vossas pérolas» - a pessoas que ou não sabem ou não têm qualquer interesse em saber e, nalguns casos – bastantes infelizmente – as perguntas que possa fazer têm como intenção encontrar argumentos de discussão e desafio.

Porque que, de facto quer ouvir para entender e saber deve estar disposto desde logo a assumir as dificuldades, obstáculos e eventuais renúncias que o seguimento de Cristo implica.

Transportar a cruz de cada dia será sempre difícil pela «porta estreita» por isso mesmo muitos preferem usar o caminho largo e fácil onde não são necessários nem esforços ou sacrifícios.

A prudência é uma virtude que devemos pedir com insistência sobretudo quando se trata de responder a questões que, de algum modo, tenham a ver com a nossa Santa Religião Cristã.

Já referimos algumas vezes que nem todas as perguntas merecem resposta porque feitas com espírito malévolo e intencionalmente crítico não devem ter resposta.

Ser prudentes no que dizemos e também no que escrevemos e, em caso de dúvida, pedir conselho.

Sim, algumas vezes o que escrevemos pode ou não ser adequado ou pela forma poderá ser deficientemente interpretado.

Nós, cristãos, não somos mestres em coisa nenhuma, «um só é o Nosso Mestre» como muito bem frisou Jesus Cristo. (cfr. Mt 2 3-8)

Guardar a fé como um Tesouro, Pérolas preciosas, é um dever de qualquer cristão, como guardião fiel e Depósito seguro das verdades reveladas por Cristo Nosso Senhor.

A nossa Santa religião tem de ser preservada dos que a combatem usando por vezes as próprias fraquezas dos que deviam protegê-la e actuando, por isso mesmo, com eficácia.

Tenhamos a coragem e desassombro necessários para mantermos com firmeza as nossas convicções alicerçadas nas verdades da nossa Santa Fé.

Por vezes na nossa vida surgem momentos em que estas palavras de Jesus Cristo nos levantam algumas dúvidas.

Com efeito aquilo que vimos pedindo há tanto tempo parece não ser atendido como se o Senhor estivesse desinteressado.

Pensemos bem: será que na verdade não nos concede o que pedimos?

Talvez o faça de outra forma e não exactamente como pedimos como, por exemplo, a cura de uma doença persistente que nos aflige.

Podemos, é verdade, continuar na mesma situação e essa cura não surgir, mas, consideremos, se não recebemos graça para suportar a doença, se os méritos que possamos obter com o nosso sofrimento não serão “aplicados” onde ou em quem esteja mais necessitado, se, no fim e ao cabo, a nossa doença não é caminho da nossa salvação?

Pedir, pedir... parece ser esta a atitude da criatura em relação ao seu Criador.

E não é nem demais nem ousadia porque foi O próprio Jesus Cristo Quem nos instruiu para que o fizéssemos e, mais, pedíssemos perseverantemente, sem descanso.

De que precisamos?

De tudo, absolutamente porque por nós mesmos não podemos nada.

Não tenhamos medo de pedir ou receio de pedirmos demais.

O Senhor sabe muito bem o que realmente precisamos e, na Sua Infinita Sabedoria nos dará o que entender que realmente nos faz falta.

Como se sabe os Judeus consideravam – e ainda assim é – que alguns alimentos eram impróprios – impuros – e que Deus não desejava que os tomassem para não ficarem eles próprios contaminados.

Jesus Cristo vem explicar claramente que a Lei é, assim, mal interpretada porque se de facto antigamente se recomendava a abstinência de alguns alimentos tal se devia a evitar excessos de comida e bebida daí também se recomendasse o jejum frequente.

Uma “medida profilática” dada a um povo rude e violento transformou-se numa lei de observância rigorosa e talvez caricata.

A pureza ou impureza não tem a ver com a limpeza do corpo, mas com a brancura da alma e do coração.

O que se pensa e deseja no íntimo, só o próprio e Deus o sabem e só a Este haverá que dar contas.

Jesus Cristo dá uma instrução, uma regra absolutamente fundamental quando se trata de avaliar a honestidade e credibilidade dos que se apresentam como mestres e directores:

«Pelos frutos, pois, os conhecereis»

As palavras por mais belas, os discursos por mais elaborados, as “teorias” por mais consistentes só têm de facto valor e merecem credibilidade se corresponderem aos actos de quem as profere ou apresenta.

Nunca se ouvirá dizer de alguém que é um santo porque “fala muito bem”, mas, unicamente porque as obras que pratica e a vida que leva corresponde ao que diz.

Por isso, para nós cristãos, o apostolado mais importante e, diria, “primário” é o exemplo que damos.

Temos, forçosamente, que insistir no exemplo como primordial no apostolado.

O que fazemos tem de corresponder ao que dizemos porque quem nos ouve estará atento ao que fazemos.

O que dará credibilidade às nossas palavras são os actos e não a beleza do discurso ou, até, a lógica dos argumentos.

Res non verba! Obras e não palavras!

Antigo aforismo latino absolutamente actual e a ter em conta.

Uma vez mais o Senhor enfatiza a importância do exemplo que é sobretudo fruto da unidade e coerência de vida.

 

Mais importante que parecer é ser e fazer o que desejamos sirva de exemplo aos outros.

 

Sem vida interior sólida e bem estruturada não é possível convencer ninguém - nem a nós próprios - que é fundamental uma vida coerente e bem assente na honestidade de procedimentos.

 

Jesus Cristo espera de nós uma “colaboração” activa na difusão do Reino de Deus.

 

Essa “colaboração” não é outra coisa que apostolado e este, não é mais que a distribuição que fazemos aos outros dos frutos das nossas boas obras.

O poder da Fé converte quem a possui em alguém indestrutível, como que imune às vicissitudes e perigos que podem deparar-se nesta vida.

 

Com a confiança em Deus que a Fé consolida, o homem nunca será vencido no seu caminhar para Deus.

Passamos pela vida curta ou longa em permanente actividade de construtores.

Fazemos pontes entre uns e outros tentando unir o que por qualquer motivo se separou pomos de pé leis e regras para reger a sociedade; fazemos o que muitos recusam por apatia vergonha ou outro motivo qualquer e sobretudo construímos passo a passo uma vida que desejamos exemplar não nos poupando a esforços ou por vezes sacrifícios.

Bom... tudo  isto é deve ser o ideal da vida de um cristão.

Mas se não nos apoiarmos na oração constante e perseverante tudo isso carecerá da solidez indispensável para resistir aos vendavais e tormentas que constantemente o demónio levanta contra nós.

Tentar enganar Deus é exactamente o que neste trecho se trata.

A falsa piedade, as orações sem nexo ou sem sentido profundo, enfim, o que não nasce do coração, do âmago da alma não tem qualquer valor e, bem ao contrário, é “fazer pouco” do Senhor.

Mas… isto existe?

Sim, infelizmente e é mais comum e frequente que o que possamos julgar.

Não falta quem se atreva a invocar o nome de Deus – jurar até – a propósito seja do que for, quem se intitule mestre de algo que não conhece, se dedique a espelhar conceitos e opiniões próprias como se fossem doutrina credível e correcta.

Porquê?

Não esqueçamos que o demónio é o pai da mentira e usa todos os argumentos para se insinuar no espírito sobretudo dos mais débeis, levando-os a acreditar em falsas verdades, em obras humanas como se fossem de Deus.

As consequências da falta de honestidade no nosso proceder com Deus, são, diz o Senhor, gravíssimas e, até, catastróficas.

Pretender amar a Deus sem fazer a Sua Vontade – em tudo – é ser desonesto, pouco sério e mentiroso.

Como é possível amar – seja quem for – sem estar permanentemente ao seu lado?

Pois, com Deus Nosso Senhor, o mesmo. Não fazendo a Sua Vontade, faremos a nossa que é fraca, volúvel, sem consistência.

Daí que, com a tempestade das tentações, acabe por soçobrar a nossa Fé e, muito provavelmente, haverá uma derrocada total.

O Evangelista tem a preocupação de que conste neste relato algo singular: Jesus «tomando-o à parte de entre a multidão»…

Porquê o Senhor deseja fazer este milagre com a discrição possível, fora dos olhares dos circunstantes?

Talvez por um pormenor: «atravessando o território da Decápole» onde como se sabe, não era bem-vindo.

Não obstante, alguns pedem-lhe por um pobre surdo mudo, que o cure e, o Senhor, não resiste aos pedidos justos.

Tal como Deus desistiria do castigo de Sodoma e Gomorra por causa dos justos que Abraão invocava, assim Cristo, por um só filho Seu fará o que Se Lhe pedir.

 

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