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17/02/2023

Publicações em Fevereiro 17

 


 

Dentro do Evangelho

 

(Re Lc VIII, 1-3)

São Lucas relata que várias mulheres seguiam Jesus e os Seus discípulos servindo-os.

A maior parte seriam gente humilde mas, pelo menos uma, tinha estatuto social de relevo... «Susana, esposa de Gusa procurador de Herodes».

Serviam-nos como? Talvez estendendo toalhas no chão com as refeições que confeccionavam, cuidando das roupas de vestir, enfim muitas outras coisas que aqueles homens em permanente deambulação primariamente necessitavam.

O que recebiam em troca dos seus serviços? O poder acompanhar Jesus e, sobretudo, ficarem para sempre constantes no Evangelho.

Estas mulheres, almas generosas, santas, continuam a existir, muitas em conventos, hospitais e casas semelhantes, outras no meio da sociedade anónima sempre disponíveis para servir quem possa necessitar. Entre elas há muitas "mulheres de Gusa', com graus académicos de relevo, biólogas, matemáticas, filósofas, engenheiras, de famílias notáveis na sociedade mas, todas elas, com uma postura como que apagada, sem destaque, quase anónimas.

Têm , de facto um Esposo, Jesus Cristo a Quem servem e por Quem servem os outros, e, embora sempre ocupadas nos seus trabalhos, mergulhadas em oração - o trabalho é oração - de coração completamente entregue. Não obstante estarem sempre ocupadas parece terem tempo para tudo inclusive para irem duas a duas por esse mundo fora, para terras distantes, hinóspitas onde pacientemente lançam as raízes de novos conventos, constroem escolas, hospitais, centros de acolhimento.  É um trabalho ciclópico, espantoso que, naturalmente, precisa de meios materiais para se desenvolver mas, isso não as preocupa, cada uma quando se entregou a Cristo também entregou quanto tinha, pouco ou muito, deu absolutamente tudo. O extraordinário é ver que o Senhor, que cumpre sempre o que prometeu,  faz surgir apoios, subsídios... o que for, que muitíssimas outras almas generosas prodigalizam com esse fim.

Eu, tenho a graça de conhecer, diria... particularmente, algumas destas santas mulheres e, maior graça, conversar com elas, intimando e, sempre, aprendendo lições de humildade, serviço e doação aos outros.

Porquê? Nos primeiros anos da República o Afonso Costa prometeu, como objectivo, acabar com a Religião Católica em Portugal. Um seu Ministro, António Augusto de Aguiar, tomou a peito esta "missão" e perseguiu padres, lançou nas masmorras Bispos, extiguiu Conventos, uma perseguição cheia de abusos e horrores difíceis de descrever. Algumas destas mulheres foram acolhidas pelos meus Queridos Pais em Monte Real, proporcionaram-lhes guarida nuns anexos das Termas, do Hotel levavam-lhes as refeições. Lembro-me muito bem de as ver nos bancos da Avenida das Termas a venderem peças de roupa e malha que confeccionavam e cestos com biscoitos de água e sal, uma receita do Convento do Louriçal que, como os outros, tinha sido encerrado. Finalmente, não me lembro bem quando, mas julgo que pelos anos 50/60 chegou o grande dia em que os meus Queridos Pais, ofereceram um terreno (e mais alguma coisa) para se construir um Convento... que lá está... O Convento de Santa Clara em Monte Real.

Para terminar, acrescento, se preciso fosse, que desde há uns anos existe também um Convento de Santa Clara, Monte Real, em Timor!

 

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