Padroeiros do blog: SÃO PAULO; SÃO TOMÁS DE AQUINO; SÃO FILIPE DE NÉRI; SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ
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06/02/2021
Leitura espiritual Fev 06
Novo Testamento [i]
Mc VIII, 10-26
Os fariseus pedem um prodígio
10 Subindo logo para o barco com os
discípulos, foi para os lados de Dalmanuta. 11
Apareceram os fariseus e começaram a discutir com Ele, pedindo-lhe um sinal do
céu para o pôr à prova. 12 Jesus, suspirando profundamente, disse: «Porque pede
esta geração um sinal? Em verdade vos digo: sinal algum será concedido a esta
geração.» 13 E, deixando-os, embarcou de novo e foi para a outra margem.
O fermento dos fariseus
14
Os discípulos tinham-se esquecido de levar pães e só traziam um pão no barco.
15 Jesus começou a avisá-los, dizendo: «Olhai: tomai cuidado com o fermento dos
fariseus e com o fermento de Herodes.» 16 E eles discorriam entre si: «Não
temos pão.» 17 Mas Ele, percebendo-o, disse: «Porque estais a discorrer que não
tendes pão? Ainda não entendestes nem compreendestes? Tendes o vosso coração
endurecido? 18 Tendes olhos e não vedes, tendes ouvidos e não ouvis? E não vos
lembrais 19 de quantos cestos cheios de pedaços recolhestes, quando parti os
cinco pães para aqueles cinco mil?» Responderam: «Doze.» 20 «E quando parti os
sete pães para os quatro mil, quantos cestos cheios de bocados recolhestes?»
Responderam: «Sete.» 21 Disse-lhes então: «Ainda não compreendeis?»
O cego de Betsaida
22 Chegaram a Betsaida e trouxeram-lhe
um cego, pedindo-lhe que o tocasse. 23 Jesus tomou-o pela mão e conduziu-o para
fora da aldeia. Deitou-lhe saliva nos olhos, impôs-lhe as mãos e perguntou:
«Vês alguma coisa?» 24 Ele ergueu os olhos e respondeu: «Vejo os homens;
vejo-os como árvores a andar.» 25 Em seguida, Jesus impôs-lhe outra vez as mãos
sobre os olhos e ele viu perfeitamente; ficou restabelecido e distinguia tudo
com nitidez. 26 Jesus mandou-o para casa, dizendo: «Nem sequer entres na
aldeia.»
Texto:
Castidade
Como já se disse o prazer é sempre
efémero por isso a busca de novas sensações e momentos de satisfação torna-se
uma verdadeira necessidade e não poucas vezes uma obsessão.
A imaginação joga um papel decisivo e deixá-la “à solta” acaba quase sempre
por forçar a atitude.
Muitas vezes a pessoa dominada por
este vício ultrapassa os limites da normalidade - por assim dizer - de uma
actuação própria que não existiria se o não tivesse. Chega a cometer autênticos
crimes contra si próprio ou contra terceiros. Configura um desprezo ou pelo
menos falta de consideração pelo próprio corpo e pelo dos outros.
O respeito pelo corpo é sem dúvida alguma uma característica do carácter
bem formado.
A pessoa sabe que o corpo é como que o invólucro da alma e portanto deve
ser respeitado na sua integridade e nunca usado como um meio objecto de prazer
ou deleite.
A modéstia e o decoro pessoais caracterizam a pessoa consciente desta
realidade.
Ter a noção correcta do que é
permitido e que não o é, dos limites onde se deve actuar, faz parte integrante
desse carácter bem formado e bem informado.
Não se deve encarar este tema pela
negativa com uma posição redutora do seu âmbito ou da sua importância; pelo
contrário, é conveniente ter bem claro que a castidade é uma das mais belas e
gratificantes virtudes como, no fim e ao cabo são todas a virtudes que
exigem luta, perseverança, vigilância e vontade expressas da sua defesa.
Quanto maior a luta e mais árduo o
esforço maior o prémio e a satisfação pessoal quando se vence.
Ora bem, como pode estranhar-se que
uma virtude exija luta e coragem para se manter e conservar quando o vício
também os exige para a sua satisfação?
Ao discorrer sobre a castidade é
fundamental ter uma atitude positiva porque não se trata nem de algo estranho,
raro e muito menos impossível.
Ser casto nas palavras, atitudes, comportamentos não é de modo nenhum algo
reservado a pessoas com alguma vocação especial.
Algumas têm a castidade pessoal
como uma exigência atinente a essa mesma vocação havendo até nalguns casos
compromisso solene de a observar.
O comum das pessoas não têm esse compromisso mas sim esse dever, muito
particularmente como dever de estado. Isto é, a pessoa consciente sabe que a
castidade pessoal joga forte na sua vida.
Longe de ser um “problema” observar a castidade é uma vitória pessoal sobre
as inclinações naturais, um triunfo da vontade, uma escolha gratificante.
A cedência causa sempre amargura e
insatisfação, não ceder, bem ao contrário, traz consigo o doce sabor da
vitória.
Durante muito tempo a direcção
espiritual dos jovens centrava-se muito na castidade e não poucas vezes esta
forma de proceder causava no jovem um autêntico obstáculo à sua vida interior
tornando-se, com o desenvolvimento pessoal, numa quase obsessão limitando
muito o critério, a tranquilidade e a visão correcta e desapaixonada da
consideração da sexualidade.
Algo natural e comum tornava-se assim
num problema de proporções por vezes desmedidas num misto de sentimentos de
fraqueza, cedências, descontrolo e, evidentemente, de vergonha.
Por causa disso muitos jovens se afastaram da direcção espiritual e da
prática dos sacramentos nomeadamente da confissão sacramental.
Bem se sabe que meses tempos o tema era de difícil abordagem nomeadamente
entre filhos e pais. Era como que um tema “tabu” que por costume não se
abordava.
A juventude educada na escola oficial era a que mais sofria com esta situação
já que normalmente os
estabelecimentos de ensino não proporcionavam direcção espiritual aos
seus alunos deixando assim os jovens como que entregues a si mesmos procurando
adrede respostas para as questões que inevitavelmente vão surgindo com o
avançar dos anos.
E não poucas vezes não encontrando o esclarecimento que procuram ou,
o que é pior, as respostas vêm daqueles que não têm nem seriedade, nem
critério, nem conhecimentos que lhes permitam responder de uma forma
séria e conclusiva, o jovem vai mergulhando num poço ao qual não encontra fundo
e ou se deixa ir nesse mergulho sem objectivo, ou se desinteressa completamente
por interrogar-se, esclarecer as suas dúvidas e se comporta como se não
houvesse nem limites a observar nem regras a ter em conta.
Nestes casos e situações encontram terreno fértil as solicitações próprias
da sexualidade juvenil.
Seria, pois, na minha opinião,
muito mais eficaz falar-se de pureza e amor.
O problema da sexualidade está
intimamente ligado a estes dois parâmetros já que a sexualidade tem um âmbito
muitíssimo mais abrangente que a mera acção sexual que, se não envolve ou
considera o amor como motor e causa, não passa de um acto de mera satisfação
pessoal.
De facto é recorrente chamar-se à
acção do acto “fazer amor” o que quer dizer exactamente que se aceita aquele
como a expressão física e emocional daquela.
E porque segundo as leis da própria natureza o acto sexual está
intrinsecamente orientado para um fim que é a procriação e a propagação da
espécie, não se deve admitir sob outro pretexto qualquer.
Posto isto é bem de ver que os dois
envolvidos no acto sexual têm forçosamente de ser de géneros diferentes,
ou seja, macho e fêmea.
Estes, pelas mesmas leis da
natureza, elegem-se mutuamente para levarem a cabo essa acção procriadora, quer
levados pelos seus instintos apelativos, no caso dos irracionais, quer pelos
sentimentos que os atraírem mutuamente no que se refere ao ser humano e,
neste caso, é o amor.
Claro... também existe a atracção que suscita o desejo mas esta é a acção primária que deve levar àquele. E, a verdade é que, mesmo desvanecidas a atracção e mitigado o desejo com o passar dos anos e o "amortecimento" do libido, o amor permanece cada vez mais forte e seguro, construído passo a passo no dia-a-dia da vida em comum e pode afirmar-se que já não necessita de exercitar o sexo para continuar a existir.
Se assim não fosse, as pessoas de idade mais avançada não encontrariam
o amor mútuo nas suas vidas.
São José
EXORTAÇÃO
APOSTÓLICA
REDEMPTORIS
CUSTOS
DO
SUMO PONTÍFICE
JOÃO
PAULO II
SOBRE
A FIGURA E A MISSÃO
DE
SÃO JOSÉ
NA
VIDA DE CRISTO E DA IGREJA
O
CONTEXTO EVANGÉLICO
III
O
HOMEM JUSTO - O ESPOSO
17.
No decorrer da sua vida, que foi uma peregrinação na fé, José, como Maria,
permaneceu fiel até ao fim ao chamamento de Deus. A vida de Maria foi o
cumprimento até às últimas consequências daquele primeiro fiat (faça-se)
pronunciado no momento da Anunciação; ao passo que José - como já foi dito -
não proferiu palavra alguma, aquando da sua «anunciação»: «fez como o anjo do
Senhor lhe ordenara» (Mt 1, 24). E este primeiro «fez» tornou-se o princípio da
«caminhada de José». Ao longo desta caminhada, os Evangelhos não registram
palavra alguma que ele tenha dito. Mas esse silêncio de José tem uma especial
eloquência: graças a tal atitude, pode captar-se perfeitamente a verdade
contida no juízo que dele nos dá o Evangelho: o «justo» (Mt 1, 19).
É
necessário saber ler bem esta verdade, porque nela está contido um dos mais
importantes testemunhos acerca do homem e da sua vocação. No decurso das
gerações a Igreja lê, de maneira cada vez mais atenta e mais cônscia este
testemunho, como que tirando do tesouro desta insígne figura «coisas novas e
coisas velhas» (Mt 13, 52).
18.
O homem «justo» de Nazaré possui sobretudo as características bem nítidas do
esposo. O Evangelista fala de Maria como de «uma virgem desposada com um homem
... chamado José» (Lc 1, 27). Antes de começar a realizar-se «o mistério
escondido desde todos os séculos em Deus» (Ef 3, 9), os Evangelhos põem diante
de nós a imagem do esposo e da esposa. Segundo o costume do povo hebraico, o
matrimónio constava de duas fases: primeiro, era celebrado o matrimónio legal
(verdadeiro matrimónio); e depois, só passado um certo período, é que o esposo
introduzia a esposa na própria casa. Antes de viver junto com Maria, portanto,
José já era o seu «esposo»; Maria, porém, conservava no seu íntimo o desejo de
fazer o dom total de si mesma exclusivamente a Deus. Poder-se-ia perguntar de
que modo este desejo se conciliava com as «núpcias». A resposta vem-nos somente
do desenrolar dos acontecimentos salvíficos, isto é, da acção especial do
próprio Deus. Desde o momento da Anunciação, Maria sabe que deve realizar-se o
seu desejo virginal, de entregar-se a Deus de modo exclusivo e total,
precisamente tornando-se mãe do Filho de Deus. A maternidade por obra do
Espírito Santo é a forma de doação que o próprio Deus espera da Virgem,
«desposada» com José. E Maria pronuncia o seu fiat (faça-se).
O
facto de ela ser «desposada» com José está incluído no mesmo desígnio de Deus.
Isso é indicado por ambos os Evangelistas citados, mas de maneira particular
por São Mateus. São muito significativas as palavras ditas a José: «Não temas
receber contigo Maria, tua esposa, pois o que nela se gerou é obra do Espírito
Santo» (Mt 1, 20). Elas explicam o mistério da esposa de José: Maria é virgem
na sua maternidade. Nela «o Filho do Altíssimo» assume um corpo humano e
torna-se «o Filho do homem».
Dirigindo-se
a José com as palavras do anjo, Deus dirige-se a ele como sendo esposo da
Virgem de Nazaré. Aquilo que nela se realizou por obra do Espírito Santo
exprime ao mesmo tempo uma confirmação especial do vínculo esponsal, que já
existia antes entre José e Maria. O mensageiro diz claramente a José: «Não
temas receber contigo, Maria, tua esposa». Por conseguinte, aquilo que tinha
acontecido anteriormente — os seus esponsais com Maria — tinha acontecido por
vontade de Deus e, portanto, devia ser conservado. Na sua maternidade divina,
Maria deve continuar a viver como «uma virgem, esposa de um esposo» (cf. Lc 1,
27).
Reflexão
Na hora da secura, do fastio, inclusive ante o espiritual; na hora do esgotamento da inteligência; e – só no que se refere a nós – na hora da tibieza, voltemos os olhos para Jesus Cristo orante no Horto e saberemos tirar partido dessas situações, recobrando forças – ainda que não desapareçam os sintomas externos – até saltar para for a do sepulcro da apatia.
(Javier Echevarria, Getsemani,
Planeta, 3ª Ed. Pg. 180)
Filosofia, Religião, Condição Humana
A
doutrina sagrada é uma ciência?
QUANTO
AO SEGUNDO ARTIGO, ASSIM SE PROCEDE: Parece não ser ciência a doutrina sagrada.
1.
– Pois toda ciência provém de princípios por si evidentes, ao passo que procede
a doutrina sagrada dos artigos da fé, inevidentes em si, por serem não
universalmente aceitos; porque a fé não é de todos, diz a Escritura (II Ts. 3,
2). Logo, não é ciência a doutrina sagrada.
2.
– Ademais, do indivíduo não há ciência. Mas a doutrina sagrada trata de factos
individuais, como sejam os feitos de Abraão, Isaac, Jacó e semelhantes. Logo,
não é ciência a doutrina sagrada.
EM
SENTIDO CONTRÁRIO, diz Agostinho: “A esta ciência pertence apenas aquilo pelo
qual a fé, bem salutar, é gerada, alimentada, defendida, corroborada”. Ora,
tais funções não pertencem a ciência alguma, a não ser à doutrina sagrada.
Logo, a doutrina sagrada é uma ciência.
RESPONDO.
A doutrina sagrada é ciência. Porém, cumpre saber que há dois géneros de
ciências. Umas partem de princípios conhecidos à luz natural do intelecto, como
a aritméctica, a geometria e semelhantes. Outras provém de princípios
conhecidos por ciência superior; como a perspectiva, de princípios explicados
na geometria, e a música, de princípios aritmécticos. E deste modo é ciência a
doutrina sagrada, pois deriva de princípios conhecidos à luz duma ciência
superior, a saber: a de Deus e dos santos. Portanto, como aceita a música os princípios
que lhe fornece o aritméctico, assim a doutrina sagrada tem fé nos princípios
que lhe são revelados por Deus.
QUANTO
AO 1º, portanto, deve dizer-se que os princípios de qualquer ciência, ou são
por si mesmos evidentes, ou se reduzem à evidência de alguma ciência superior.
E tais são os princípios da doutrina sagrada, como dissemos.
QUANTO
AO 2º, deve dizer-se que na doutrina sagrada, os factos individuais não são
tratados principalmente, senão apenas introduzidos a título de exemplo prático,
como nas ciências morais; ou também no intuito de apurar a autoridade dos
homens que nos transmitiram a revelação divina, na qual se funda a Sagrada
Escritura ou doutrina.
São
Tomás de Aquino, Summa Theológica
Pequena agenda do cristão