Páginas

18/11/2021

Publicações em Novembro 18

 


O Senhor procura-nos a todo o instante: levanta-te - diz-nos - e sai da tua preguiça, do teu comodismo, dos teus pequenos egoísmos, dos teus “problemazinhos” sem importância. Desapega-te da terra; estás aí rasteiro, achatado e informe. Ganha altura, peso, volume e visão sobrenatural.

Muitas vezes dou comigo a pensar que, a minha vida é uma constante procura de um encontro com o Senhor, fazendo oração, procurando-O no sacrário, participando na Santa Missa. Quando me detenho mais um pouco, vejo com clareza que não é bem assim, aliás, não é de todo assim; com efeito, eu, procuro encontrar-me com Ele, mas, isto só acontece porque, primeiro, Ele, quis encontrar-se comigo.

De muitas maneiras diferentes, nos mais diversos ambientes e circunstâncias, sinto que me fala, me interpela, me chama. Está à minha espera! E não deixo de me surpreender com este cuidado e carinho que Jesus tem para comigo, sendo eu o que sou, sendo eu como sou: Nada! Depois, mergulho em mim mesmo e reflicto: Sou filho de Deus! Ser Teu filho Senhor! Esta certeza é cada vez mais uma presença dominante no meu espírito e desejo sinceramente que assim continue, aumente e cresça até tomar conta total de mim. De tal modo desejo que esta realidade tome posse de mim, que me entrego totalmente nas Tuas mãos amorosas de Pai misericordioso, e embora não saiba bem para que me queres, para que queres como filho a alguém como eu, entrego-me confiante porque sei que me conheces profundamente, com todos os meus defeitos e pequenas virtudes e é assim, e não de outro modo, que me queres ao pé de Ti. Não me afastes, Senhor. Eu sei que Tu não me afastarás nunca. Peço-Te  que não permitas que alguma vez, nem por breves instantes, seja eu a afastar-me de Ti.

Penso na minha vida e imagino-me um marinheiro, um navegante na viagem permanente que é qualquer vida normal e corrente de todo o ser humano. Dentro de mim mesmo entrechocam-se emoções contraditórias principalmente devido a que, sabendo-me um ponto minúsculo no Universo, tenho simultâneamente a certeza de uma extraordinária “grandeza” pessoal cuja verdadeira dimensão não consigo abarcar completamente.

 

«Estava junto do mar, quando chega um dos príncipes da sinagoga, de nome Jairo, e, ao vê-lo, cai-lhe aos pés e suplica-lhe instantemente, dizendo: A minha filhinha está em agonia, Vem impor-lhe as mãos, para que se salve e viva! E foi com ele.»

Cristo está junto ao mar. O mar da vida de cada homem. O mar onde navega a multidão de seres humanos lutando por chegar a um porto. O porto que cada um escolheu para si, para descansar da luta da viagem, longa ou breve, que começou quando nasceu de sua mãe e acabará exactamente nesse porto.

Sabemos qual é o porto para onde nos dirigimos? Temos a certeza de que a nossa “navegação” nos levará a esse destino?

Sem dúvida que o porto é o seio de Deus fim de todo o homem: A Eternidade!

No cais desse porto, Ele estará à nossa espera com o grande livro nas mãos. Ao lado está presente o Anjo que designou para ser o “nosso Guarda”.  Ele sabe qual era a vontade do nosso Criador a nosso respeito, o que desejava que nós fizéssemos para navegar no rumo que tinha traçado para nós.

Ao lado do Juiz, está atentíssimo ao folhear das páginas, preparado para intervir, sempre em nosso favor, nalguma passagem mais crítica ou delicada. Apressar-se-á a explicar que as circunstâncias, o mar revolto, as ondas e os ventos, o ambiente, as debilidades pessoais, talvez tenham contribuído para o nosso navegar por vezes incerto, errático. Nesse livro está toda a nossa vida, desde que nascemos até a esse derradeiro momento da nossa partida. É um registo fiel e rigoroso onde tudo, absolutamente se descreve.

Em primeiro lugar deverá constar a “expectativa” do Criador a nosso respeito: ‘Desde o início do mundo, pensei em ti e criei-te para seres… Depois virá uma lista, rigorosa, completa de tudo quanto nos deu para conseguir-mos corresponder a essas “expectativas”. É uma lista longa, que, constataremos talvez com espanto, cobre todos os dias da nossa vida. Diariamente fomos recebendo dons, graças, inspirações, sentimentos que se destinaram a ajudar-nos em cada momento a caminhar nesse sentido.

Logo no início, deverão descrever-se os talentos que recebemos, que Ele, com Infinita Bondade, inseriu na nossa alma no momento em que fomos concebidos.

Depois virá um rol exaustivo das graças iniciais que nos foram concedidas: O ambiente cristão em que nascemos, a educação que os nossos pais nos proporcionaram, o exemplo que nos deram, assim como que uma espécie de “handicap” que nos foi concedido em relação a tantos – muitos – outros que não tiveram nada disso ou tiveram muito menos.

Aqui sobressai a graça do Baptismo que nos integrou na Sua Santa Igreja e onde, perante o mundo, nos foi dado o nome pelo qual Ele próprio, nos chamou desde o início da criação. Constará, decerto, a primeira vez que nos dirigimos à Sua Santíssima Mãe, a primeira Ave-Maria que, pacientemente, a nossa mãe nos ensinou a balbuciar. Com cores muito vivas estará patente o retrato da nossa alma inocente, branca, pura, impecável na festa do nosso primeiro encontro com Ele, quando O recebemos pela primeira vez.

Também consta o momento em que nos tornamos Seus “soldados” com a descrição das graças que em nós infundiu o Espírito Santo. A partir destas páginas iniciais abre-se um segundo capítulo que cobre toda a nossa juventude.

Minuciosamente passa em revista, ponto por ponto, tudo o que se passou connosco nesse período.

Não nos lembrávamos nem de uma pequena parte e, no entanto, está tudo ali cuidadosamente registado. Talvez surja um “apontamento” referente a uma insinuação que nos fez acerca da nossa vocação e, claro, a nossa resposta. Esta referência há-de aparecer mais vezes ao longo das páginas deste capítulo e, também, em cada caso, a resposta que então demos: ‘Sim, aqui estou’! ‘Sim, mas…’; ‘Agora… não’!; ‘Não! Nem pensar em tal coisa’!

Ficamos muito admirados porque não nos lembrávamos de quantas vezes tínhamos ouvido a pergunta, escutado o desafio: ‘Vem comigo. Segue-me’! E os entusiasmos passageiros, os desejos de corresponder logo sufocados e os projectos de mudança por concretizar… tantas oportunidades não aproveitadas e para sempre perdidas!

As mãos divinas folheiam agora o grande capítulo da nossa vida adulta. Desejaríamos que algumas passagens, talvez páginas inteiras, não estivessem ali, mas… estão! Deve ser aqui que “o nosso Guarda” mais intervém, quase sempre para confirmar: ‘Mas… arrependeu-se, pediu perdão’… ‘Sim – dirá Cristo – é verdade, foi perdoado e o assunto esquecido, mas… consta aqui… quod scripsi, scripsi’.

E, o Senhor, passa adiante... Sentimos como que um “aperto” no peito ao constatar os pequenos traços vermelhos com que o Juiz vai sublinhando passagens do livro; às vezes páginas inteiras. Traços vermelhos! Não auguram nada de bom!….

 

Reflectindo

Neste "caminhar" em Novembro tudo parece contribuir para um certo "abatimento" do ânimo interior.

Parece-me normal.

Estou a chegar ao fim de um ano e tendo a passar em revista quanto se passou e, sobretudo, como reagi aos acontecimentos.

Mas, ao mesmo tempo penso que, talvez isso interesse muito pouco..., o que se passou... passou, o que fiz... está feito, o que deveria ter feito e não fiz está irremediavelmente perdido.

Quando disse "abatimento interior" queria referir exactamente essa insatisfação pessoal de verificar que, bem ao contrário do que me julgo, não sou um super-homem capaz de tudo e mais alguma coisa e só tenho de concluir que sou apenas uma pessoa, com defeitos, sem dúvida, mas, também com algumas virtudes, das quais a mais importante é reconhecer a minha inteira dependência da Vontade de Deus, daí que conclua que nada mais tenho a fazer, e, sobretudo preocupar-me, desde que Lhe diga com o coração nas mãos: 'Senhor, faz de mim o que quiseres, eu quero fazer, em tudo a Tua Vontade Santa'.

Fico em paz.

 

 

Links sugeridos:

 

Opus Dei

Evangelho/Biblia

Santa Sé

Religión en Libertad

 

 

 

 

 

Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.