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13/08/2021

NUNC COEPI: Publicações em Agosto 13

 


Sexta-Feira 

PEQUENA AGENDA DO CRISTÃO

 

PLANO DE VIDA:  (Coisas muito simples, curtas, objectivas)

Propósito: Pequena mortificação

Pequeno exame: Cumpri o propósito que me propus ontem?




LEITURA ESPIRITUAL

 

Evangelho

 

Lc XIV, 1-35

 

Cura de um hidrópico

1 Tendo entrado, a um sábado, em casa de um dos principais fariseus para comer uma refeição, todos o observavam. 2 Achava-se ali, diante dele, um hidrópico. 3 Jesus, dirigindo a palavra aos doutores da Lei e fariseus, disse-lhes: «É permitido ou não curar ao sábado?» 4 Mas eles ficaram calados. Tomando-o, então, pela mão, curou-o e mandou-o embora. 5 Depois, disse-lhes: «Qual de vós, se o seu filho ou o seu boi cair a um poço, 6 não o irá logo retirar em dia de sábado?» E a isto não puderam replicar.

 

O último lugar

7 Observando como os convidados escolhiam os primeiros lugares, disse-lhes esta parábola: 8 «Quando fores convidado para um banquete, não ocupes o primeiro lugar; não suceda que tenha sido convidado alguém mais digno do que tu, 9 venha o que vos convidou, a ti e ao outro, e te diga: ‘Cede o teu lugar a este.’ Ficarias envergonhado e passarias a ocupar o último lugar. 10 Mas, quando fores convidado, senta-te no último lugar; e assim, quando vier o que te convidou, há-de dizer-te: ‘Amigo, vem mais para cima.’ Então, isto será uma honra para ti, aos olhos de todos os que estiverem contigo à mesa. 11 Porque todo aquele que se exalta será humilhado, e o que se humilha será exaltado.»

 

Caridade

12 Disse, depois, a quem o tinha convidado: «Quando deres um almoço ou um jantar, não convides os teus amigos, nem os teus irmãos, nem os teus parentes, nem os teus vizinhos ricos; não vão eles também convidar-te, por sua vez, e assim retribuir-te. 13 Quando deres um banquete, convida os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos. 14 E serás feliz por eles não terem com que te retribuir; ser-te-á retribuído na ressurreição dos justos.»

 

Parábola da grande ceia

15 Ouvindo isto, um dos convidados disse-lhe: «Feliz o que comer no banquete do Reino de Deus!» 16 Ele respondeu-lhe: «Certo homem ia dar um grande banquete e fez muitos convites. 17 À hora do banquete, mandou o seu servo dizer aos convidados: ‘Vinde, já está tudo pronto.’ 18 Mas todos, unanimemente, começaram a esquivar-se. O primeiro disse: ‘Comprei um terreno e preciso de ir vê-lo; peço-te que me dispenses.’ 19 Outro disse: ‘Comprei cinco juntas de bois e tenho de ir experimentá-las; peço-te que me dispenses.’ 20 E outro disse: ‘Casei-me e, por isso, não posso ir.’ 21 O servo regressou e comunicou isto ao seu senhor. Então, o dono da casa, irritado, disse ao servo: ‘Sai imediatamente às praças e às ruas da cidade e traz para aqui os pobres, os estropiados, os cegos e os coxos.’ 22 O servo voltou e disse-lhe: ‘Senhor, está feito o que determinaste, e ainda há lugar.’ 23 E o senhor disse ao servo: ‘Sai pelos caminhos e azinhagas e obriga-os a entrar, para que a minha casa fique cheia.’ 24 Pois digo-vos que nenhum daqueles que foram convidados provará do meu banquete.»

 

Necessidade da abnegação

 25 Seguiam com ele grandes multidões; e Jesus, voltando-se para elas, disse-lhes: 26 «Se alguém vem ter comigo e não me tem mais amor que ao seu pai, à sua mãe, à sua esposa, aos seus filhos, aos seus irmãos, às suas irmãs e até à própria vida, não pode ser meu discípulo. 27 Quem não tomar a sua cruz para me seguir não pode ser meu discípulo. 28 Quem dentre vós, querendo construir uma torre, não se senta primeiro para calcular a despesa e ver se tem com que a concluir? 29 Não suceda que, depois de assentar os alicerces, não a podendo acabar, todos os que virem comecem a troçar dele, 30 dizendo: ‘Este homem começou a construir e não pôde acabar.’ 31 Ou qual é o rei que parte para a guerra contra outro rei e não se senta primeiro para examinar se lhe é possível com dez mil homens opor-se àquele que vem contra ele com vinte mil? 32 Se não pode, estando o outro ainda longe, manda-lhe embaixadores a pedir a paz. 33 Assim, qualquer de vós, que não renunciar a tudo o que possui, não pode ser meu discípulo.» 34 «Coisa boa é o sal; mas, se perder o seu sabor, com que há-de ele temperar-se? 35 Não serve nem para a terra, nem para a estrumeira: deita-se fora. Quem tem ouvidos para ouvir, oiça!»

 

Comentário

 

São Lucas começa este capítulo 14 do Evangelho que escreveu descrevendo o local onde Jesus Se encontrava. Como se constata, a controvérsia quase constante levantada por muitos Fariseus, não só não é comum a todos como o Senhor não recusa um convite feito por um deles, um dos principais, como consta. Talvez por isso mesmo, pela posição e categoria do anfitrião os outros se terão abstido de qualquer comentário, mas, Jesus não perde a oportunidade de os esclarecer que não deverá ser essa razão, mas sim, aquela com que os deixou sem resposta credível e lógica.

De facto, parece extraordinário que os Doutores da Lei e os Escribas não encontrem outro motivo para “atacar” Jesus a não ser com a “questão do Sábado”. Quanto Jesus fez e disse em numerosas ocasiões – incluindo os milagres propriamente ditos – não merecem um reparo, uma contestação! O grande, o magno problema que os opõe a Jesus Cristo é o Sábado! Ou seja, das disposições contidas na Lei de Deus parece que só o que se refere o Sábado tem realmente importância. Como argumentar com tais espíritos tacanhos e preconceituosos?

Evidentemente que, o normal, é convidar para um banquete os amigos e parentes. Jesus Cristo não se opõe a tal mas lembra que se Deus Nosso Senhor procedesse de igual forma quantos ficariam excluídos desse banquete. E tal não pode suceder porque todos os homens são filhos de Deus e todos são convidados a participar no ágape divino. Assim connosco o procedimento deverá ter em conta tal máxima: todos somos irmãos em Cristo e, portanto, parte integrante da mesma família. Convidar para o banquete é uma figura, uma imagem de que o Senhor Se serve para que não esqueçamos estas verdades e sem ferir susceptibilidades e alterar as normais relações entre todos não esquecer aqueles que têm pouco ou mesmo muito pouco e, sobretudo, os que vivem como que isolados ou párias da sociedade só porque pertencem a outra “escala” social que não a nossa.

Levanta-se uma questão a respeito deste trecho do Evangelho: “Quem não ama Deus não ama o próximo, ou, se se ama o próximo tem de se amar a Deus?”. Parece óbvio que o amor é um só: o amor de Deus pelos homens! De facto Deus não só criou o homem por amor mas criou-o para amar. Sendo verdade que Deus ama todos os homens e que estes são o reflexo, a própria imagem de Deus, não será possível haver como que uma “divisão” do amor entre o amor a Deus e o amor ao próximo. Assim, aquele que ama o próximo, ama de facto a Deus embora, por qualquer razão, possa não O conhecer. Por isso é tão importante o apostolado, que mais não é que um serviço para que todos conheçam Deus.

O desejo de protagonismo ou evidência é, muitas vezes, causa de vergonha pessoal. Não se trata de apoucamento ou passar despercebido, mas ser-se aquilo que se é independentemente da categoria social ou grau de cultura. Nós, homens, somos todos iguais aos olhos de Deus ou, melhor, o que nos diferencia é o nosso amor e a nossa vontade de Lhe agradar. Porque é que eu – homem de enorme cultura – tenho “mais direito” a um lugar de destaque que outro de escassos conhecimentos? Talvez que, o que falta ao outro e nos sobeja a nós, não deva ser medido nem levado em conta, mas sim o uso que fazemos do que julgamos ter e, nunca, em caso algum estabelecer comparação porque pode muito bem suceder que esse outro tenha virtudes que nós não possuímos e nos fazem muita falta.

Como sempre, Jesus Cristo aproveita os episódios da vida corrente para doutrinar os que O ouvem. Trata-se de uma doutrina que é facilmente compreensível porque, na verdade, ela versa sobre o comportamento correcto e adequado a ter nas diferentes ocasiões e circunstâncias. Pode ver-se que o comportamento humano terá de ser contido e discreto, com uma total ausência desejos de proeminência ou destaque, como que atribuindo-se a si mesmo uma categoria ou um estatuto que ele próprio define. Claro que, no fim e ao cabo, tudo tem a ver com o orgulho pessoal e a falta de modéstia. E, é bem verdade, que estes comportamentos sendo desagradáveis para os outros não podem granjear nem simpatia nem amizades.

 

As palavras lapidares com que termina este trecho do Evangelho, são suficientemente fortes para dispensar qualquer comentário. Muitos glosaram este tema (como Luís de Camões, por exemplo) porque ele está presente nas nossas vidas. O desejo de proeminência e importância pessoal levam, quase sempre, a atitudes senão ridículas, pelo menos reprováveis. Haverá sempre um momento em virão a nu as nossas obras e, essas, sim, serão motivo de admiração ou descrédito.

Este trecho de São Lucas aplica-se como “uma luva” ao insigne Santo português São Nuno de Santa Maria. Um homem que teve, na sua longa vida, cargos importantes, fortuna considerável, honrarias de toda a ordem e que deixa tudo para se entregar ao serviço dos outros, dos mais pobres, marginalizados e ignorados pela sociedade. O Condestável honrado e glorioso afasta-se do mundo e transforma-se num simples monge sem qualquer regalia – diz a tradição que seria o porteiro do Convento do Carmo que ele próprio fundara. Terá, seguramente, recebido o prémio que, neste Evangelho, Jesus promete.

Poderá alguém pensar que é, talvez, um pouco excessivo o que o Senhor nos diz neste trecho. Sentar à nossa mesa os estropiados e coxos, os marginalizados da vida? Se tomarmos as palavras de Jesus à letra é assim mesmo: excessivo! Porém, pode haver uma interpretação diferente e que, seguramente, seria aquela que Jesus queria que ficasse gravada: o que se faz – de bem aos outros – que tem como objectivo obter troca, benefício, mais-valia – não tem valor absolutamente nenhum. O bem deve fazer-se porque é nossa obrigação tratar a todos por igual seja qual for a sua condição. Sentar à nossa mesa significa, pois, ter a preocupação de ter no nosso pensamento, no nosso coração, os outros que encontramos nos caminhos da vida e a quem podemos ajudar, ser úteis ou, de qualquer forma, aliviar dos males que os afligem.

Ser convidado para a mesa do Senhor não é fruto de qualquer merecimento nosso. Deve-se apenas á infinita bondade e misericórdia de Deus que quer reunir todos os seus filhos no grande banquete do Reino. Como deixar de fazer tudo quanto pudermos para participar?

Há um detalhe neste trecho de São Lucas que não pode deixar de chamar a atenção. Refiro que, para o banquete, o Senhor chama primeiro aqueles que considera Seus amigos mais chegados. Tendo estes recusado o convite por razões “sem razão”, foi como se o Senhor tivesse verificado que, afinal, não eram nem Seus amigos e nem dignos do convite. As ordens que, em sequência, dá aos seus servos é que “obriguem” quantos encontrarem pelos caminhos – fossem quem fossem – a comparecer no Seu banquete. As palavras têm uma “força” própria, mas, neste caso, compreendemos que o “obrigar” seria antes o “convencer” aqueles que aleatoriamente fossem encontrados a aceitar um convite inesperado. Não pode haver dúvidas quando – na altura própria - o Sacerdote celebrante diz: “Felizes os convidados para a mesa do Senhor!”

Jesus enumera as condições necessárias aos que O querem seguir. Mas, podem resumir-se numa apenas: Jesus Cristo está em primeiro lugar, em tudo, mas, sobretudo no amor. Todos os outros amores, por honestos, belos, sinceros, naturais que possam ser, têm de subordinar-se ao amor por Cristo. Não há outra opção. Mas, atenção, o Senhor não faz comparações declara incompatibilidade com esses outros amores, bem ao contrário, eles tornam-nos mais dignos e capazes de poder amar mais e melhor, o Nosso Senhor Jesus Cristo. Para seguir Jesus Cristo é fundamental amá-Lo primeiro e, para O amar há que conhecê-Lo intimamente. Não se conhece intimamente ninguém se não houver uma comunicação profunda, honesta, completa. Onde, pois, conhecer Cristo? No Evangelho, evidentemente! E, então, e só então, se deve optar por segui-Lo, isto é, prepararmos tudo para uma entrega sem limites nem condições, para que – como conta no Evangelho que comentamos -  não cheguemos a um ponto em que nos consideremos incapazes de continuar porque não nos preparámos convenientemente.

Está absolutamente definido: para Deus, o mais importante é o AMOR. Foi e é, o Amor, que moveu e continua movendo, Deus, como Criador, como Pai, como Dono e Senhor de quanto existe. Ama o homem por aquilo que ele é: uma criatura fruto do Seu amor. Não se pode amar o que não se conhece e, Deus, conhece-nos intima­mente com todos os nossos defeitos e fraquezas e, também, as nossas virtudes e boas acções. Mesmo quando nos afastamos Dele continua a amar-nos porque o Seu amor por nós não é condicionado pelo nosso amor por Ele. Ser discípulo de Cristo implica, pois, que o nosso amor seja total, absoluto, sem condições. Mas, mais: implica também perseverança e desprendimento. Perseverança no amor aconteça o que acontecer, desprendimento das coisas por boas – até excelentes – que possam parecer porque, na verdade, nada são comparadas com o amor a Deus.

 

(AMA, 1999)

 

 


 

SÃO JOSÉ

 

O amor entre São José e a Virgem

 

Dom Javier Echevarría dá um testemunho muito valioso da forma como São Josemaria contemplou as relações entre Maria e José, ao recolher as suas palavras perante a Virgem de Guadalupe: Uma família composta por um homem jovem, justo, trabalhador e forte; e uma mulher, quase uma menina, que, com o seu noivado cheio de amor puro, encontra nas suas vidas o fruto do amor de Deus pelos homens. Ela passa pela humildade de não dizer nada: que lição para todos nós, que estamos sempre prontos para cantar nossas façanhas! Ele move-se com a delicadeza de um homem justo - seria muito difícil o momento em que descobrisse que a sua esposa, uma santa, tinha boas esperanças! -, e como não quer manchar a fama daquela criatura, ele cala-se, enquanto pensa em como consertar as coisas até que chegue a luz de Deus, que sem dúvida pediria desde o primeiro momento, e acomoda-se sem hesitar aos desígnios do Céu.

(SAN JOSEMARÍA,  Notas sobre sua oração pessoal diante da Virgem de Guadalupe, 21 de maio de 1970, citado em J. ECHEVARRÍA,  Carta, 1 de dezembro de 1996 (AGP, biblioteca, P17, vol. 4, pp. 230-231).

 


     

 REFLEXÃO

 

A morte e ressurreição de Jesus mostram que não existe nada que Deus não possa transformar, não existe túmulo algum de onde não possa surgir vida, nenhuma escuridão que não possa ser iluminada, nenhuma miséria que não possa ser invertida, nenhum desespero que não se possa transformar em esperança. Devemos reconhecer, na morte e ressurreição de Jesus, que não existe nada que nos possa separar «do amor de Deus que está em Cristo Jesus, Senhor nosso» (Rm 8,39). Lucas convida-o, prezado leitor, a reencontrar o seu próprio destino no drama da vida de Jesus. Não lhe fornece qualquer explicação para o seu sofrimento, mas, ao observar a tragédia que o Evangelho lhe apresenta, pretende purificar as suas emoções, transformar a sua tristeza, expulsar o seu desespero e dar-lhe força e coragem para viver uma vida nova.

 

(Anselm Grun, A incompreensível existência de Deus, Paulinas, p. 34).

 



SÃO JOSEMARIA – textos

 

Como queres que te ouçam?

Corres o grande perigo de te conformares com viver (ou pensar que deves viver...) como um "bom rapaz", que se hospeda numa casa arrumada, sem problemas, e que não conhece senão a felicidade. Isso é uma caricatura do lar de Nazaré. Cristo, justamente porque trazia a felicidade e a ordem ao mundo, saiu a propagar esses tesouros entre os homens e mulheres de todos os tempos. (Sulco, 952)

Parecem-me muito lógicas as tuas ânsias de que a humanidade inteira conheça a Cristo. Mas começa pela responsabilidade de salvar as almas dos que convivem contigo, de santificar cada um dos teus companheiros de trabalho ou de estudo... Esta é a principal missão de que o Senhor te encarregou. (Sulco, 953)

Comporta-te como se de ti, exclusivamente de ti, dependesse o ambiente do lugar onde trabalhas: ambiente de laboriosidade, de alegria, de presença de Deus e de visão sobrenatural. Não entendo a tua debilidade. Se tropeças com um grupo de colegas um pouco difícil (que talvez tenha chegado a ser difícil por desleixo teu...), esqueces-te deles, pões-te de parte, e pensas que são um peso morto, um lastro que se opõe aos teus ideais apostólicos; que nunca te entenderão... Como queres que te ouçam, se (dando por descontado que os ames e sirvas com a tua oração e a tua mortificação) não falas com eles?... Quantas surpresas apanharás no dia em que te decidas a criar amizade com um, com outro e com outro! Além disso, se não mudas, poderão exclamar com razão, apontando-te a dedo: «Hominem non habeo!», não tenho quem me ajude! (Sulco, 954)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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