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20/03/2021

Leitura Espiritual Mar 20

 


Novo Testamento

 

Evangelho

 

Lc X, 21-37

 

Alegria de Jesus

21  Nesse mesmo instante, Jesus estremeceu de alegria sob a acção do Espírito Santo e disse: «Bendigo-te, ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e aos inteligentes e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado. 22  Tudo me foi entregue por meu Pai; e ninguém conhece quem é o Filho senão o Pai, nem quem é o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho houver por bem revelar-lho.» 23 Voltando-se, depois, para os discípulos, disse-lhes em particular: «Felizes os olhos que vêem o que estais a ver. 24 Porque - digo-vos - muitos profetas e reis quiseram ver o que vedes e não o viram, ouvir o que ouvis e não o ouviram!»

 

O bom samaritano

25 Levantou-se, então, um doutor da Lei e perguntou-lhe, para o experimentar: «Mestre, que hei-de fazer para possuir a vida eterna?» 26 Disse-lhe Jesus: «Que está escrito na Lei? Como lês?» 27 O outro respondeu: «Amarás ao Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todas as tuas forças e com todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo.» 28 Disse-lhe Jesus: «Respondeste bem; faz isso e viverás.» 29 Mas ele, querendo justificar a pergunta feita, disse a Jesus: «E quem é o meu próximo?» 30 Tomando a palavra, Jesus respondeu: «Certo homem descia de Jerusalém para Jericó e caiu nas mãos dos salteadores que, depois de o despojarem e encherem de pancadas, o abandonaram, deixando-o meio morto. 31 Por coincidência, descia por aquele caminho um sacerdote que, ao vê-lo, passou ao largo. 32 Do mesmo modo, também um levita passou por aquele lugar e, ao vê-lo, passou adiante. 33 Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele e, vendo-o, encheu-se de compaixão. 34 Aproximou-se, ligou-lhe as feridas, deitando nelas azeite e vinho, colocou-o sobre a sua própria montada, levou-o para uma estalagem e cuidou dele. 35 No dia seguinte, tirando dois denários, deu-os ao estalajadeiro, dizendo: ‘Trata bem dele e, o que gastares a mais, pagar-to-ei quando voltar.’ 36 Qual destes três te parece ter sido o próximo daquele homem que caiu nas mãos dos salteadores?» 37 Respondeu: «O que usou de misericórdia para com ele.» Jesus retorquiu: «Vai e faz tu também o mesmo.»

 

Texto

 


MENSAGEM DO PAPA JOÃO PAULO II

PARA A QUARESMA DE 1985

 

Amados irmãos e irmãs em Cristo!

 

Este ano, ao aproximar-se o tempo da Quaresma, desejo falar-vos da angustiosa situação criada pela fome no mundo. Diante de centenas de milhões de pessoas que carecem de alimentação e quando sucede que milhões de crianças por esse facto ficam marcadas irremediavelmente para o resto da vida e que morrem milhares dentre estas, não posso permanecer calado, nós não podemos ficar silenciosos ou inactivos.

 

São enviadas – sabêmo-lo – ajudas muito numerosas por parte de Governos, Organizações internacionais e Associações para as vítimas de tal carência alimentar; mas, infelizmente, isso não basta para que todos cheguem a receber aquilo que os salvaria. E sendo assim, para que esforço tão importante possa tornar-se decisivo, não poderia ele ser envidado mais resolutamente ainda no sentido de enfrentar as causas deste flagelo, que grassa a nível mundial?

 

É certo que as causas naturais, como as intempéries e os prolongados períodos de seca, actualmente se apresentam como inevitáveis; as suas consequências, porém, seriam em muitos casos menos graves se os homens não acrescentassem a isso os próprios erros e algumas vezes mesmo as próprias injustiças. Terá sido feito, realmente, tudo o que era possível para precaver, ao menos em parte, os efeitos perniciosos das intempéries, bem como para garantir a justa e rápida distribuição dos géneros de primeira necessidade e dos socorros? Por outro lado, deparamos com situações intoleráveis: pensemos, por exemplo, na situação dos agricultores braçais, que não recebem a justa remuneração pelo seu trabalho penoso; pensemos, igualmente, nos camponeses desapossados das próprias terras, que passam a produzir para pessoas ou grupos já abundantemente providos de sustento e que acumulam fortunas, à custa da fome e do sofrimento dos outros. E quantas e quantas outras causas e situações de fome não poderiam aqui ser citadas!

 

Será que na mesma família uns podem comer quanto lhes apetece, enquanto os seus irmãos e irmãs ficam excluídos da mesa? Entretanto, só o pensar naqueles que sofrem não basta. Neste tempo da Quaresma, a conversão do coração há-de levar-nos a juntar à oração o jejum, vivificando com a Caridade de Deus as diligências que nos são inspiradas pelas exigências da justiça para com o próximo.

 

«Tenho compaixão desta gente» (Mc 8, 2), dizia Jesus, antes de multiplicar os pães para alimentar aqueles que o seguiam, havia três dias, para ouvirem a sua Palavra. E não é somente pela fome do corpo que a humanidade sofre: muitos irmãos e irmãs nossos têm igualmente fome e sede de dignidade, de liberdade, de justiça, de alimento para a sua inteligência e para a sua alma; há desertos também para os espíritos e para os corações!

 

Como é que vamos, pois, manifestar de maneira concreta a nossa conversão e o nosso espírito de penitência, neste tempo de preparação para a Páscoa?

 

Em primeiro lugar, não devemos colaborar, de forma alguma, na medida das nossas responsabilidades, por vezes grandes, naquilo que possa reduzir à fome ainda que seja só um dos nossos irmãos e irmãs em humanidade, quer ele se encontre próximo quer esteja a milhares de quilómetros de nós; e se porventura o tivermos feito, procurar reparar.

 

Depois, naqueles Países em que se sofre a fome e a sede, os cristãos hão-de procurar participar na obra de socorros urgentes e nas lutas contra as causas desta catástrofe, de que eles mesmos, afinal, como os demais seus compatriotas, são vítimas. Ajudêmo-los, partilhando com eles o nosso supérfluo. e até daquilo que nos é necessário; está nisto exactamente a prática do jejum. Tomemos parte, com generosidade, nas actividades empreendidas pelas nossas Igrejas locais.

 

Tenhamos sempre presente que partilhar, no fim de contas, é fazer chegar aos outros aquilo que Deus lhes destina e que a nós mais não foi do que confiado. Dar fraternalmente, deixando-nos guiar pelo Amor que vem de Deus, é contribuir para saciar a fome corporal e para alimentar os espíritos e alegrar os corações.

 

«Tudo o que fazeis, fazei-o com caridade ... A graça do Senhor Jesus esteja convosco!» (1 Cor 16, 14.23).

 

 

IOANNES PAULUS PP. II

 

© Copyright - Libreria Editrice Vaticana

 

 

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