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19/03/2021

Leitura Espiritual Mar 19



Novo Testamento

 

Evangelho

 

Lc X, 1-20

 

Missão dos setenta e dois discípulos

 

1 Depois disto, o Senhor designou outros setenta e dois discípulos e enviou-os dois a dois, à sua frente, a todas as cidades e lugares aonde Ele havia de ir. 2 Disse-lhes: «A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, portanto, ao dono da messe que mande trabalhadores para a sua messe. 3 Ide! Envio-vos como cordeiros para o meio de lobos. 4 Não leveis bolsa, nem alforge, nem sandálias; e não vos detenhais a saudar ninguém pelo caminho. 5 Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: ‘A paz esteja nesta casa!’ 6 E, se lá houver um homem de paz, sobre ele repousará a vossa paz; se não, voltará para vós. 7 Ficai nessa casa, comendo e bebendo do que lá houver, pois o trabalhador merece o seu salário. Não andeis de casa em casa. 8 Em qualquer cidade em que entrardes e vos receberem, comei do que vos for servido, 9 curai os doentes que nela houver e dizei-lhes: ‘O Reino de Deus já está próximo de vós’ 10 Mas, em qualquer cidade em que entrardes e não vos receberem, saí à praça pública e dizei: 11 ‘Até o pó da vossa cidade, que se pegou aos nossos pés, sacudimos, para vo-lo deixar. No entanto, ficai sabendo que o Reino de Deus já chegou.’» 12 «Digo-vos: Naquele dia haverá menos rigor para Sodoma do que para aquela cidade.

 

Cidades impenitentes

 

13 Ai de ti, Corozaim! Ai de ti, Betsaida! Porque, se em Tiro e em Sídon se tivessem operado os milagres que entre vós se realizaram, de há muito que teriam feito penitência, vestidas de saco e na cinza. 14 Por isso, no dia do juízo, haverá mais tolerância para Tiro e Sídon do que para vós. 15 E tu, Cafarnaúm, porventura serás exaltada até ao céu? É até ao inferno que serás precipitada. 16 Quem vos ouve é a mim que ouve, e quem vos rejeita é a mim que rejeita; mas, quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou.»

 

Regresso dos díscípulos

17 Os setenta e dois discípulos voltaram cheios de alegria, dizendo: «Senhor, até os demónios se sujeitaram a nós, em teu nome!» 18 Disse-lhes Ele: «Eu via Satanás cair do céu como um relâmpago. 19 Olhai que vos dou poder para pisar aos pés serpentes e escorpiões e domínio sobre todo o poderio do inimigo; nada vos poderá causar dano. 20 Contudo, não vos alegreis porque os espíritos vos obedecem; alegrai-vos, antes, por estarem os vossos nomes escritos no Céu.»

 

Texto

 


MENSAGEM DO PAPA JOÃO PAULO II

PARA A QUARESMA DE 1984

 

Queridos irmãos e irmãs em Cristo:

 

Quantas vezes não teremos nós lido e ouvido e trecho perturbador do capítulo vinte e cinco do Evangelho de São Mateus: «Quando vier o Filho do homem na sua glória ... dirá então ... vinde benditos de meu Pai... porque tive fome e destes-me de comer ... »!

 

Sim, o Redentor do mundo tem fome de todas as fomes dos seus irmãos humanos. Sofre com aqueles que não podem alimentar o próprio corpo: de todas as populações vítimas da seca ou de más condições económicas, de todas aquelas famílias atingidas pelo desemprego ou pela precariedade do trabalho. E entretanto a nossa terra pode e deve alimentar todos os seus habitantes, a começar das crianças de tenra idade até às pessoas idosas, passando por todas as categorias de trabalhadores.

 

Cristo sofre igualmente com todos aqueles que estão legitimamente famintos de justiça e de respeito da sua dignidade humana; com aqueles que se sentem frustrados quanto às suas liberdades fundamentais e com os que são abandonados ou, pior ainda, explorados na sua situação de pobreza.

 

Cristo sofre com todos aqueles que aspiram a uma paz equitativa e geral, ao passo que esta é destruída ou ameaçada por numerosos conflitos e por um superarmamento desvairado. Será lícito esquecer que o mundo é para construir e não para destruir?

 

Numa palavra, Cristo sofre com todas as vítimas da miséria material, moral e espiritual.

 

«Tive fome e destes-me de comer ... era peregrino e acolhestes-me, estava doente e visitastes-me, estava no cárcere e fostes ver-me» (Mt 25, 35-36). É a cada um de nós que estas palavras vão ser dirigidas no dia de Juízo. Mas, já desde agora, elas nos interpelam e julgam.

 

Dar algo do nosso supérfluo ou mesmo até do que nos é necessário não é sempre impulso espontâneo da nossa natureza. É exactamente por este motivo que nós precisamos de incessantemente olhar com olhos fraternos para a pessoa e para a vida dos nossos semelhantes, estimular em nós próprios esta fome e esta sede de partilha, de justiça e da paz, a fim de passarmos realmente às obras que hão-de contribuir para ajudar as pessoas e as populações duramente experimentadas.

 

Queridos irmãos e irmãs: neste tempo da Quaresma do Ano Jubilar da Redenção, convertamo-nos ainda mais, reconciliemo-nos mais sinceramente com Deus e com os nossos irmãos. Este espírito de penitência, de partilha e de jejum tem de ser traduzido em acções concretas, para as quais, certamente, as vossas Igrejas locais vos irão convidar.

 

«Dê cada um conforme o impulso do seu coração, não com má vontade ou constrangimento, pois Deus ama o que dá com alegria» (2 Cor 9, 7). Esta exortação de São Paulo aos Coríntios continua, na verdade, a ser actual. Assim, que vos seja possível experimentar profundamente a alegria pelo alimento partilhado, pela hospitalidade oferecida aos peregrinos, pela contribuição dada para a promoção humana dos pobres, pelo trabalho arranjado para os desempregados, pelo exercício honesto e corajoso das vossas responsabilidades cívicas e sócio-profissionais, pela paz vivida no santuário familiar e em todas as vossas relações humanas! Nisto se manifesta o Amor de Deus, ao qual nos devemos converter. Amor inseparável do serviço, muitas vezes urgente, do nosso próximo. Vivamos como desejo e procuremos merecer ouvir Cristo a dizer-nos, no último dia, que na medida em que fizemos o bem a um dos mais pequeninos dentre os irmãos foi a Ele que nós o fizemos!

 

IOANNES PAULUS PP. II

 

 © Copyright - Libreria Editrice Vaticana

 


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