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16/03/2021

Leitura Espiritual Mar 16

 


Novo Testamento

 

Evangelho


Lc IX, 1-22


 

Missão dos Apóstolos

1 Tendo convocado os Doze, deu-lhes poder e autoridade sobre todos os demónios e para curarem doenças. 2 Depois, enviou-os a proclamar o Reino de Deus e a curar os doentes, 3 e disse-lhes: «Nada leveis para o caminho: nem cajado, nem alforge, nem pão, nem dinheiro; nem tenhais duas túnicas. 4 Em qualquer casa em que entrardes, ficai lá até ao vosso regresso. 5 Quanto aos que vos não receberem, saí dessa cidade e sacudi o pó dos vossos pés, para servir de testemunho contra eles.» 6 Eles puseram-se a caminho e foram de aldeia em aldeia, anunciando a Boa-Nova e realizando curas por toda a parte.

 

Jesus e Herodes

7 O tetrarca Herodes ouviu dizer tudo o que se passava; e andava perplexo, pois alguns diziam que João ressuscitara dos mortos; outros, 8 que Elias aparecera, e outros, que um dos antigos profetas ressuscitara. 9 Herodes disse: «A João mandei-o eu decapitar, mas quem é este de quem oiço dizer semelhantes coisas?» E procurava vê-lo.

 

Regresso dos Apóstolos

10 Ao regressarem, os Apóstolos contaram-lhes tudo o que tinham feito. Tomando-os consigo, Jesus retirou-se para um lugar afastado na direcção de uma cidade chamada Betsaida. 11Mas as multidões, que tal souberam, seguiram-no. Jesus acolheu-as e pôs-se a falar-lhes do Reino de Deus, curando os que necessitavam.

 

Primeira multiplicação dos pães

12 Ora, o dia começava a declinar. Os Doze aproximaram-se e disseram-lhe: «Despede a multidão, para que, indo pelas aldeias e campos em redor, encontre alimento e onde pernoitar, pois aqui estamos num lugar deserto.» 13 Disse-lhes Ele: «Dai-lhes vós mesmos de comer.» Retorquiram: «Só temos cinco pães e dois peixes; a não ser que vamos nós mesmos comprar comida para todo este povo!» 14 Eram cerca de cinco mil homens. Jesus disse aos discípulos: «Mandai-os sentar por grupos de cinquenta.» 15 Assim procederam e mandaram-nos sentar a todos. 16 Tomando, então, os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos ao céu, abençoou-os, partiu-os e deu-os aos discípulos, para que os distribuíssem à multidão. 17 Todos comeram e ficaram saciados; e, do que lhes tinha sobrado, ainda recolheram doze cestos cheios.

 

Confissão de Pedro e profecia da Paixão

18 Um dia, quando orava em particular, estando com Ele apenas os discípulos, perguntou-lhes: «Quem dizem as multidões que Eu sou?» 19 Responderam-lhe: «João Baptista; outros, Elias; outros, um dos antigos profetas ressuscitado.» 20 Disse-lhes Ele: «E vós, quem dizeis que Eu sou?» Pedro tomou a palavra e respondeu: «O Messias de Deus.» 21 Ele proibiu-lhes formalmente de o dizerem fosse a quem fosse; 22 acrescentou: «O Filho do Homem tem de sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e pelos doutores da Lei, tem de ser morto e, ao terceiro dia, ressuscitar.»

 

Texto

 


MENSAGEM DO PAPA JOÃO PAULO II

PARA A QUARESMA DE 1981

 

 

Amados irmãos e irmãs:

 

A Quaresma é um tempo de verdade.

 

O cristão, de facto, chamado pela Igreja à oração, à penitência e ao jejum, ao despojamento de si mesmo, interior e exterior, ao pôr-se diante de Deus, reconhece-se e redescobre-se a si próprio.

 

«Lembra-te, homem, de que és pó e ao pó hás-de voltar». (Quarta-Feira de Cinzas: cerimónia da imposição das cinzas). Lembra-te, homem, de que foste chamado para alguma coisa diferente destes bens terrenos e materiais, que comportam o risco de te afastar daquilo que é essencial. Lembra-te, homem, da tua vocação primária: tu provéns de Deus; e tu voltas para Deus caminhando no sentido da Ressurreição, que é a via traçada por Cristo. «Quem não carrega a sua cruz e me segue não pode ser meu discípulo» (Lc 14, 27).

 

Tempo de verdade profunda, que converte, restitui esperança e, levando a repôr tudo no seu lugar, traz serenidade e faz nascer o optimismo.

 

Tempo que nos leva a reflectir sobre as nossas relações com o «nosso Pai», e restabelece a ordem que deve reinar entre irmãos e irmãs; tempo que nos torna co-responsáveis uns em relação aos outros; ele nos desapega dos nossos egoísmos, das nossas pusilanimidades, das nossas mesquinhez as e do nosso orgulho; tempo, enfim, que nos esclarece e nos leva a compreender melhor que devemos, à imitação de Cristo, empenhar-nos em servir.

 

«Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros» (Jo 13, 34). «E quem é o meu próximo?» (Lc 10, 29).

 

Tempo de verdade que, como o bom Samaritano, nos faz parar no caminho, reconhecer o nosso irmão e pôr o nosso tempo e os nossos bens ao seu serviço, numa partilha quotidiana. O bom Samaritano é a Igreja! O bom Samaritano é cada um de nós! Por vocação! Por dever! e o bom Samaritano vive a caridade.

 

São Paulo diz: «Somos embaixadores ao serviço de Cristo» (2 Cor 5,20). Está nisto a nossa responsabilidade! Nós somos enviados ao encontro dos outros, ao encontro dos nossos irmãos. Correspondamos generosamente a esta confiança que Cristo depositou em nós.

 

Sim, a Quaresma é um tempo de verdade! Examinemo-nos com sinceridade, franqueza e simplicidade! Os nossos irmãos estão ao nosso lado, na pessoa dos pobres, dos doentes, dos «marginalizados» e dos velhinhos. A que ponto estamos com o nosso amor? E com a nossa verdade?

 

Por ocasião da Quaresma, por toda a parte – nas vossas dioceses, nas vossas paróquias, nas vossas comunidades – vai ser feito um apelo a esta Verdade que está em vós e à Caridade que há-de ser a sua comprovação.

 

Procurai, pois, abrir o vosso entendimento para reparar bem à vossa volta, abrir o vosso coração para compreender e vos compadecer, abrir as vossas mãos para socorrer. As necessidades são enormes, vós bem o sabeis; exorto-vos, portanto, a participar com generosidade nesta partilha fraterna; e dou-vos a certeza das minhas orações por vós, com a minha Bênção Apostólica.

 

 IOANNES PAULUS PP. II

 

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