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15/03/2021

Leitura Espiritual Mar 15

 


Novo Testamento

 

Evangelho

 

Lc VIII, 40-56


 

A filha de Jairo e a hemorroísa

40 Quando regressou, Jesus foi recebido pela multidão, pois todos estavam à sua espera. 41 Veio ao seu encontro um homem chamado Jairo, que era chefe da sinagoga. Caindo aos pés de Jesus, suplicava-lhe que entrasse em sua casa, 42 porque tinha uma filha única, de uns doze anos, que estava a morrer. E, quando Ele se dirigia para lá, a multidão apertava-o, a ponto de o sufocar. 43 Ora, certa mulher, que sofria de um fluxo de sangue havia doze anos, e que, tendo gasto com os médicos todos os seus haveres, não pudera ser curada por nenhum, 44 aproximou-se por detrás e tocou-lhe na orla do seu manto; e, naquele mesmo instante, o fluxo de sangue parou. 45 Jesus perguntou: Quem me tocou? Como todos o negassem, Pedro e os que estavam com Ele disseram: ‘Mestre, é a multidão que te aperta e empurra.’ 46 Jesus insistiu: Alguém me tocou, pois senti que saiu de mim uma força. 47 Vendo que não tinha passado despercebida, a mulher aproximou-se, a tremer; e, lançando-se aos pés de Jesus, contou diante de todo o povo por que motivo lhe tinha tocado e como ficara imediatamente curada. 48 Disse-lhe Jesus: Filha, a tua fé te salvou. Vai em paz. 49 Ainda Ele estava a falar, quando alguém da casa do chefe da sinagoga veio dizer: ‘A tua filha morreu; não continues a incomodar o Mestre.’ 50 Mas Jesus, que tinha ouvido tudo, respondeu: Não tenhas receio; crê somente e ela será salva. 51 Ao chegar a casa, não deixou entrar ninguém com Ele, a não ser Pedro, João e Tiago, assim como o pai e a mãe da menina. 52 Todos a choravam e pranteavam. Jesus disse: Não choreis, porque ela não está morta, mas dorme. 53 E, por saberem que ela tinha morrido, troçavam de Jesus. 54 Mas Ele, tomando-a pela mão, chamou-a, dizendo em voz alta: Menina, levanta-te! 55 O espírito voltou-lhe, e imediatamente se levantou. Jesus mandou que lhe dessem de comer. 56 Os pais ficaram estupefactos, e Ele ordenou-lhes que não dissessem a ninguém o que tinha acontecido.

 

Texto

 


MENSAGEM DO PAPA JOÃO PAULO II

PARA A QUARESMA DE 1980

 

Todos os anos, ao iniciar a Quaresma, o Papa costuma dirigir-se aos fiéis de toda a Igreja e incitá-los a viverem bem este tempo, que nos é proporcionado a fim de nos prepararmos para uma verdadeira libertação.

 

O espírito de penitência e a sua prática levam-nos a desapegar-nos de tudo o que possuímos de supérfluo e, algumas vezes, mesmo do necessário, que nos impede de «ser» verdadeiramente aquilo que Deus quer que sejamos: «Onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração». Estará o nosso coração, porventura, apegado às riquezas materiais, ao poder sobre os outros, ou às subtilezas egoístas de dominação? Então, nesse caso, temos necessidade da Páscoa de Cristo Libertador, o qual, se nós quisermos, nos pode desembaraçar das ligaduras do pecado que nos tolhem os movimentos.

 

Preparemo-nos para nos deixar enriquecer com a graça da Ressurreição, desfazendo-nos de todos os falsos tesouros: os bens materiais que nos não são necessários, muitas vezes são as próprias condições de sobrevivência para milhões de seres humanos. E, para além do mínimo para a subsistência, há centenas de milhões de homens que esperam de nós que os ajudemos a chegarem a ter os meios necessários para a sua própria promoção humana integral, bem como para o desenvolvimento económico e cultural dos seus respectivos países.

 

Entretanto, as declarações de intenção ou um simples donativo não bastam para modificar o coração do homem; para isso, é necessária aquela conversão do espírito que nos leve, no encontro dos corações, a partilhar os bens com os menos favorecidos das nossas sociedades, com aqueles que são desapossados de tudo - por vezes, mesmo da sua dignidade de homens e de mulheres, de jovens e de crianças - e com todos os refugiados do mundo, que não podem continuar a viver na terra dos seus antepassados e que têm de abandonar a própria pátria. É então que nós encontraremos e viveremos mais intimamente o mistério da paixão e morte redentoras do Senhor Jesus. A verdadeira partilha de bens, que é encontro com os outros, ajuda-nos a libertar-nos daqueles vínculos que nos tornam escravos; e porque ela nos faz ver nos outros irmãos e irmãs, leva-nos a redescobrir que somos filhos de um mesmo Pai, «herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo» (Rom 8, 17), do qual nós retemos as riquezas incorruptíveis.

 

Eu quero exortar-vos, portanto, a corresponder generosamente aos apelos que vos irão fazer, durante a Quaresma, os vossos Bispos pessoalmente, ou então através de outros responsáveis pelas campanhas de compartilha de bens. Vós sereis os primeiros a beneficiar com isso, porque vos poreis assim no caminho da única verdadeira libertação. Os vossos esforços juntamente com os de todos os baptizados testemunharão a Caridade de Cristo e estarão a construir desse modo aquela «civilização do Amor» que, conscientemente ou não, no fundo deseja o nosso mundo, penalizado pelos conflitos e pelas injustiças, e desiludido porque já não encontra verdadeiras testemunhas do Amor de Deus.

 

Dou-vos a bênção em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo!

 

 

IOANNES PAULUS PP. II

 

 

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