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12/03/2021

Leitura Espiritual Mar 12

 


Novo Testamento

 

Evangelho


Lc VII, 24-50


 

Elogio do Precursor

24 Depois de os mensageiros de João se terem retirado, Jesus começou a dizer à multidão acerca dele: «Que fostes ver ao deserto? Uma cana agitada pelo vento? 25 Que fostes ver, então? Um homem vestido com roupas finas? Os que usam trajes sumptuosos vivem regaladamente e estão nos palácios dos reis. 26 Que fostes ver, então? Um profeta? Sim, Eu vo-lo digo, e mais do que um profeta. 27 É aquele de quem está escrito: ‘Vou mandar à tua frente o meu mensageiro, que preparará o caminho diante de ti.’ 28 Digo-vos: Entre os nascidos de mulher não há profeta maior do que João; mas, o mais pequeno do Reino de Deus é maior do que ele.» 29 E todo o povo que o escutou, bem como os cobradores de impostos, reconheceram a justiça de Deus, recebendo o baptismo de João. 30 Mas, não se deixando baptizar por ele, os fariseus e os doutores da Lei anularam os desígnios de Deus a seu respeito.

 

Jesus censura a incredulidade dos judeus

31 «A quem, pois, compararei os homens desta geração? A quem são semelhantes?  32 Assemelham-se a crianças que, sentadas na praça, se interpelam umas às outras, dizendo: ‘Tocámos flauta para vós, e não dançastes! Entoámos lamentações, e não chorastes!’ 33 Veio João Baptista, que não come pão nem bebe vinho, e dizeis: ‘Está possesso do demónio!’ 34 Veio o Filho do Homem, que come e bebe, e dizeis: ‘Aí está um glutão e bebedor de vinho, amigo de cobradores de impostos e de pecadores!’ 35 Mas a sabedoria foi justificada por todos os seus filhos.»

 

A pecadora aos pés de Jesus

36 Um fariseu convidou-o para comer consigo. Entrou em casa do fariseu, e pôs-se à mesa. 37 Ora certa mulher, conhecida naquela cidade como pecadora, ao saber que Ele estava à mesa em casa do fariseu, trouxe um frasco de alabastro com perfume. 38 Colocando-se por detrás dele e chorando, começou a banhar-lhe os pés com lágrimas; enxugava-os com os cabelos e beijava-os, ungindo-os com perfume. 39 Vendo isto, o fariseu que o convidara disse para consigo: «Se este homem fosse profeta, saberia quem é e de que espécie é a mulher que lhe está a tocar, porque é uma pecadora!» 40 Então, Jesus disse-lhe: «Simão, tenho uma coisa para te dizer.» «Fala, Mestre» - respondeu ele. 41 «Um prestamista tinha dois devedores: um devia-lhe quinhentos denários e o outro cinquenta. 42 Não tendo eles com que pagar, perdoou aos dois. Qual deles o amará mais?» 43 Simão respondeu: «Aquele a quem perdoou mais, creio eu.» Jesus disse-lhe: «Julgaste bem.» 44 E, voltando-se para a mulher, disse a Simão: «Vês esta mulher? Entrei em tua casa e não me deste água para os pés; ela, porém, banhou-me os pés com as suas lágrimas e enxugou-os com os seus cabelos. 45 Não me deste um ósculo; mas ela, desde que entrou, não deixou de beijar-me os pés. 46 Não me ungiste a cabeça com óleo, e ela ungiu-me os pés com perfume. 47 Por isso, digo-te que lhe são perdoados os seus muitos pecados, porque muito amou; mas àquele a quem pouco se perdoa pouco ama.» 48 Depois, disse à mulher: «Os teus pecados estão perdoados.» 49 Começaram, então, os convivas a dizer entre si: «Quem é este que até perdoa os pecados?» 50 E Jesus disse à mulher: «A tua fé te salvou. Vai em paz.»

 

Texto

 


CARTA APOSTÓLICA

AMANTISSIMA PROVIDENTIA

DO SUMO PONTÍFICE

PAPA JOÃO PAULO II

AOS BISPOS, SACERDOTES E FIÉIS DA ITÁLIA

NO SÉTIMO CENTENÁRIO DA MORTE

DE SANTA CATARINA DE SENA,

VIRGEM E DOUTORA DA IGREJA

 

  A insistência no princípio de solidariedade serve também para demonstrar a raiz profunda da fraternidade humana que nos foi ensinada por Cristo. Os homens vivem esta realidade: cada um é quase completamente dos outros. A Providência criou-os dotando-os de qualidades físicas e morais diferenciadas de indivíduo para indivíduo, de maneira que tem cada um necessidade dos outros, "para que assim, por força, tenhais matéria para usar a caridade uns com os outros" (39), e fiquem todos ligados pela necessidade do auxilio mútuo, como os membros do corpo entre si (40).

  De modo semelhante, na Igreja universal há solidariedade entre sector e sector. O que é figurado na alegoria das três vinhas: a pessoal, a do próximo, e a universal do povo de Deus. As primeiras duas estão de tal maneira unidas "que nenhum pode fazer bem a si sem o fazer ao próximo, nem mal sem que o faça a ele" (41). Mas na solidariedade com a terceira vinha está o sentido catariniano do equilíbrio e da ordem.

  É na vinha universal que está plantada a única vide verdadeira, Jesus Cristo, sobre a qual todas as outras devem estar enxertadas para d'Ele receberem a vida (42). Nela o principal trabalhador é o Papa, "Cristo na terra, que nos deve servir o sangue d'Ele" (43); do Papa todo o outro trabalhador depende, por obediência e porque ele "tem as chaves do sangue do humilde Cordeiro" (44). Imagens estas transparentes do primado de Pedro — primado de magistério e de governo estabelecido pela "primeira doce Verdade" (45) — que une o carisma e a instituição em Cristo, fonte única, que é a fonte única de ambos.

  Nesta lógica se inspirou, em favor do pontificado romano, toda a actividade de Catarina, anjo tutelar da Igreja.

 

CONCLUSÃO

  O papel excepcional desempenhado por Catarina de Sena, segundo os planos misericordiosos da Providência divina na história da salvação, não terminou com o seu feliz trânsito para a pátria celeste. Ela, na verdade, continuou a influir salutarmente na Igreja, tanto pelos luminosos exemplos de virtude como devido aos admiráveis escritos. Por isso os Sumos Pontífices meus Predecessores lhe exaltaram concordemente a perene actualidade, propondo-a continuamente à admiração e imitação dos fiéis.

  O Sumo Pontífice Pio II, na Bula de Canonização, chamou-lhe com palavras quase proféticas "illustris et indelebilis memoriae virginem" (46). Pio IX proclamou-a, em 1866, segunda padroeira de Roma. São Pio X propô-la como modelo às Mulheres da Acção Católica, nomeando-a padroeira delas. Pio XII proclamou São Francisco de Assis e Santa Catarina de Sena padroeiros primários da Itália, com a Carta Apostólica Licet commissa de 18 de Junho de 1939; e, no memorável discurso em honra dos dois Santos, pronunciado na igreja de "Santa Maria sopra Minerva" a 5 de Maio de 1940, este Papa tributou à Santa de Sena o seguinte esplêndido elogio: "Neste serviço da Igreja, vós bem compreendeis, dilectos filhos, como Catarina se antecipa aos nossos tempos, com uma acção que dilata a alma católica e a põe ao lado dos ministros da fé; sujeita sim, mas também cooperadora na difusão e defesa da verdade e da restauração moral e social da convivência humana" (47). Nem menos palpitantes de actualidade foram os repetidos louvores que à figura e actividade apostólica de Catarina tributou o Sumo Pontífice Paulo VI, por ocasião da festa anual da Santa. Parecem-me, entre outras, altamente significativas para os nossos tempos as seguintes palavras do meu venerado Predecessor. "Santa Catarina, disse ele a 30 de Abril de 1969, amou a Igreja na sua realidade que, bem sabemos, tem aspecto duplo: um místico, espiritual e invisível, o essencial e fundido com Cristo Redentor glorioso, que não cessa de derramar o Seu sangue (quem falou tanto do sangue de Cristo como Catarina?) sobre o mundo por meio da Sua Igreja; o outro, humano, histórico, institucional e concreto, mas nunca separado do divino. Vale a pena perguntarmos se os nossos modernos críticos do aspecto institucional da Igreja são capazes de compreender esta simultaneidade." (48). Mas Paulo VI testemunhou, com autoridade maior ainda, a sua estima pelo valor perene da doutrina ascética e mística de Santa Catarina, quando a elevou, juntamente com Santa Teresa de Ávila, à dignidade de Doutoras da Igreja e lhes celebrou a sobre-humana sabedoria na Basílica de São Pedro a 4 de Outubro de 1970 (49).

Na vida e na actividade, quer literária quer apostólica, de Santa Catarina de Sena, verificou-se na realidade tudo o que tive ocasião de recordar a um grupo de Bispos em visita ad limina: "O Espírito Santo está activo a iluminar as mentes dos fiéis com a Sua verdade e a inflamar-lhes os corações com o amor. Mas estes conhecimentos de fé e este sensus fidelium não são independentes do magistério da Igreja, que é instrumento do mesmo Espírito Santo e assistido por Ele. E só quando os fiéis são alimentados pela palavra de Deus, fielmente transmitida na sua pureza e integridade, que os seus próprios carismas são plenamente activos e frutuosos" (50).

  Oxalá, dilectíssimos Irmãos e Filhos, o exemplo de Santa Catarina de Sena — cuja vida foi tão admiravelmente activa e fecunda para a pátria e para a igreja, porque dócil ao "instinctus" do Espírito Santo e guiada pelo Magistério da Igreja — oxalá suscite em muitíssimas almas admiração mais viva e desejo de imitação das heróicas virtudes. Teremos assim nova confirmação de a sua morte ter sido verdadeiramente — e continuar a sê-lo — "preciosa aos olhos do Senhor", como é "a morte dos Seus santos" (51).

  Depois de expressos estes sentimentos da nossa alma, a Vós, veneráveis Irmãos e aos dilectos filhos da Itália, e também a todos os que recordam piedosamente em todo o mundo este centenário da morte de Santa Catarina de Sena, nomeadamente à Ordem dos Frades Pregadores e às Monjas e Irmãs que vivem vida consagrada a Deus segundo as normas da mesma Família religiosa, de todo o coração concedemos a Bênção Apostólica.

 

Dado em Roma, junto de São Pedro, no dia 29 do mês de Abril, em memória de Santa Catarina de Sena, Virgem e Doutora da Igreja, no ano de 1980, segundo do Nosso Pontificado.

 

IOANNES PAULUS PP. II

 

Notas

 

 

(22) Várias ediç. modernas (Tommaseo, Misciattelli, Ferretti, Meattini) todas com a numer. de Tommaseo. Edição critica (88 cartas) com numeração romana, preparada por Dupré-Theseider, 1940.

(23) Edição preparada por G. Cavallini, Roma 1968.

(24) Underhill E., Mysticism, ed. Meridian Book, 1955, p. 467.

(25) Ediç. crítica preparada por Cavallini G., Roma 1978.

(26) Diálogo, cc. 21-22; Cartas 272.

(27) Diálogo, c. 11.

(28) Lumen gentium, c. V.

(29) Diálogo, c. 53.

(30) Diálogo, c. 26.

(13) Diálogo, cc. 56-77.

(32) Diálogo, cc. 87-96.

(33) Lumen gentium, c. V.

(34) Diálogo, c. 6.

(35) Cfr. DEMAN T., La parte del prossimo nella vita spirituale secondo il Dialogo (in "Vita cristiana", 1947, n. 3, pp. 250-258).

(36) Diálogo, c. 7.

(37) Diálogo, cc. 7-8.

(38) Carta 263. Cfr. Diálogo, cc. 7 e 64.

(39) Diálogo, c. 7.

(40) Diálogo, c. 148.

(41) Diálogo, c. 24.

(42) Ibidem.

(43) Cartas 313 e 321.

(44) Carta 339; cfr. Cartas 309 e 305.

(45) Carta 24, ou X.

(46) Bula Misericordias Domini: Bull. Rom., vol. V, 1860, p. 165.

(47) Discorsi, vol. II, p. 100.

(48) Insegnamenti di Paolo VI, VII, 1969, p. 941.

(49) Cfr. AAS 62, 1970, pp. 673-678.

(50) Cfr. Alocução a um grupo de Bispos da Índia, 31.5.1979: AAS 71, 1979, p. 998.

(51) Sl 116, 15.

 

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