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23/02/2021

Leitura espiritual

 

Novo Testamento [i]

Evangelho

 

Mc XV 23 – 47

 

 

Crucificação

23 Queriam dar-lhe vinho misturado com mirra, mas Ele não quis beber. 24 Depois, crucificaram-no e repartiram entre si as suas vestes, tirando-as à sorte, para ver o que cabia a cada um. 25 Eram umas nove horas da manhã, quando o crucificaram. 26 Na inscrição com a condenação, lia-se: «O rei dos judeus.» 27 Com Ele crucificaram dois ladrões, um à sua direita e o outro à sua esquerda. 28 Deste modo, cumpriu-se a passagem da Escritura que diz: Foi contado entre os malfeitores. 29 Os que passavam injuriavam-no e, abanando a cabeça, diziam: «Olha o que destrói o templo e o reconstrói em três dias! 30 Salva-te a ti mesmo, descendo da cruz!» 31 Da mesma forma, os sumos sacerdotes e os doutores da Lei troçavam dele entre si: «Salvou os outros mas não pode salvar-se a si mesmo! 32 O Messias, o Rei de Israel! Desça agora da cruz para nós vermos e acreditarmos!» Até os que estavam crucificados com Ele o injuriavam.

 

Agonia e morte de Jesus

33 Ao chegar o meio-dia, fez-se trevas por toda a terra, até às três da tarde. 34 E às três da tarde, Jesus exclamou em alta voz: «Eloí, Eloí, lemá sabachtáni?», que quer dizer: Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste? 35 Ao ouvi-lo, alguns que estavam ali disseram: «Está a chamar por Elias!» 36 Um deles correu a embeber uma esponja em vinagre, pô-la numa cana e deu-lhe de beber, dizendo: «Esperemos, a ver se Elias vem tirá-lo dali.» 37 Mas Jesus, com um grito forte, expirou. 38 E o véu do templo rasgou-se em dois, de alto a baixo. 39 O centurião que estava em frente dele, ao vê-lo expirar daquela maneira, disse: «Verdadeiramente este homem era Filho de Deus!» 40 Também ali estavam algumas mulheres a contemplar de longe; entre elas, Maria de Magdala, Maria, mãe de Tiago Menor e de José, e Salomé, 41 que o seguiam e serviam quando Ele estava na Galileia; e muitas outras que tinham subido com Ele a Jerusalém.

 

Sepultura de Jesus

42 Ao cair da tarde, visto ser a Preparação, isto é, véspera do sábado, 43 José de Arimateia, respeitável membro do Conselho que também esperava o Reino de Deus, foi corajosamente procurar Pilatos e pediu-lhe o corpo de Jesus. 44 Pilatos espantou-se por Ele já estar morto e, mandando chamar o centurião, perguntou-lhe se já tinha morrido há muito. 45 Informado pelo centurião, Pilatos ordenou que o corpo fosse entregue a José. 46 Este, depois de comprar um lençol, desceu o corpo da cruz e envolveu-o nele. Em seguida, depositou-o num sepulcro cavado na rocha e rolou uma pedra sobre a entrada do sepulcro. 47 Maria de Magdala e Maria, mãe de José, observavam onde o depositaram.

 

Textos



Oração

 

  É o caso, por exemplo, dos que desejam conseguir satisfações pessoais imediatas na oração.

 Isto é errado porque a oração, sendo uma conversa com Deus, não tem que emocionar nem, de qualquer outra forma, influenciar os sentimentos.

Se Deus concede emoções na oração – arroubos espirituais, consolações, sentimentos de paz – tanto melhor, mas não tem porque o fazer.

 Oramos, fundamentalmente, para dar Glória a Deus, prestar contas, pedir-lhe coisas, agradecer.

 Ou seja: rezamos para satisfazer a Deus e não a nós próprios.

  Muitas vezes, estas pessoas são infelizes porque, quando não sentem as emoções que procuram, não têm apetite para rezar.

  É o que se chama tibieza e a tibieza, pode, de facto constituir uma séria provação.

  Quando aparece, a tibieza deixa a pessoa como que adormecida sem ânimo para fazer o que deve, quando deve.

Vivendo numa espécie de limbo, o tíbio não se sente obrigado a assumir uma posição clara, a decidir-se por algo concreto, a manter uma constância no comportamento e nas opiniões.

A pessoa tíbia está de acordo com tudo e não concorda com nada, é-lhe indiferente o que possa acontecer e, mesmo, o que a sua postura possa provocar.

  Não é possível confiar numa pessoa dominada pela tibieza.

A sua postura perante a vida não dá qualquer garantia de fidelidade a um compromisso, por exemplo, ou confidencialidade de um desabafo.

  Egoísmo

  Alvitra-se que a tibieza começa com o egoísmo, ou melhor, é uma fase avançada do egoísmo.

  O egoísta, olhando unicamente para o próprio umbigo, desinteressa-se pelo que o rodeia: pessoas, coisas, acontecimentos.

  A pessoa egoísta é tanto mais indiferente aos outros quanto maior é o conceito que faz de si mesma e da sua excelência, qualidades e virtudes.

  Deste egoísmo parte para a indiferença e, consequentemente, para a tibieza.

  Muitas vezes estas pessoas, como que jogam um jogo duplo, têm duas velas acesas, repetem a um, de modo diferente o que ouviram a outro, nunca dizem claramente nem sim nem não!

  Fazer isto, dizer sim ou não, que é o normal, implica um comprometimento, uma responsabilidade e, isso, o egoísta não está disposto a fazer.

  Uma das atitudes mais frequentes na pessoa egoísta é a consideração que tem pelo que possui – ou julga possuir – os seus bens, as suas coisas, os seus êxitos, as suas conquistas.

Considera-os como seus, de direito e não está disponível para os partilhar com outros.

  Avareza

  Avareza é uma palavra forte mas, de facto, aplica-se ao egoísta.

  Quando se fala de avareza pensa-se imediatamente em riquezas, ou melhor, alguém agarrado aos bens materiais.

  Nem sempre se aplica.

  A avareza pode existir nas coisas mais comezinhas e insignificantes.

No entanto, traduz sempre um apego desmesurado a algo.

  A avareza nasce sempre da consideração das coisas como próprias.

  E não só bens, mas até atributos como facilidade de expressão, compreensão dos problemas, educação e cultura.

Não partilhando ou distribuindo com rigorosa parcimónia e reserva aquilo que se julga ter, é uma forma de avareza.

  O avarento é alguém pouco dado à esmola e à partilha com os demais daquilo que detém.

Tem um tão alto conceito da sua sabedoria e cultura, das suas capacidades que tende a isolar-se num castelo de altas muralhas.

  É, sempre, uma pessoa só.

  Uma das consequências da avareza é a solidão.

  Uma pessoa avarenta não é simpática, não cativa os outros, não participa nem convive.

Provoca, assim, o afastamento e o desinteresse dos demais e acaba sozinho.

  Ser avarento pode ser, também, uma excessiva preocupação com a saúde pessoal.

Tende a pôr em primeiro lugar a sua pessoa, o seu bem-estar e as suas capacidades físicas.

Normalmente, vive numa angústia de cair doente e acaba por ter um medo obsessivo da morte.

Porque é assim, avarento com a sua saúde, as doenças ou problemas físicos dos outros não lhe interessam, não pode ocupar-se deles.

  E, claro, uma vez mais se verifica que avareza e egoísmo andam de mãos dadas.

 

 

 

 



[i] Sequencial todos os dias do ano

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