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02/02/2021

Leitura espiritual Fevereiro 02

 Novo Testamento



Evangelho

Mc VI, 14-33

 

Morte de João Baptista

14 O rei Herodes ouviu falar de Jesus, pois o seu nome se tornara célebre; e dizia-se: «Este é João Baptista, que ressuscitou de entre os mortos e, por isso, manifesta-se nele o poder de fazer milagres»; 15 outros diziam: «É Elias»; outros afirmavam: «É um profeta como um dos outros profetas.» 16 Mas Herodes, ouvindo isto, dizia: «É João, a quem eu degolei, que ressuscitou.» 17 Na verdade, tinha sido Herodes quem mandara prender João e pô-lo a ferros na prisão, por causa de Herodíade, mulher de Filipe, seu irmão, que ele desposara. 18 Porque João dizia a Herodes: «Não te é lícito ter contigo a mulher do teu irmão.» 19 Herodíade tinha-lhe rancor e queria dar-lhe a morte, mas não podia, 20 porque Herodes temia João e, sabendo que era homem justo e santo, protegia-o; quando o ouvia, ficava muito perplexo, mas escutava-o com agrado. 21 Mas chegou o dia oportuno, quando Herodes, pelo seu aniversário, ofereceu um banquete aos grandes da corte, aos oficiais e aos principais da Galileia. 22 Tendo entrado e dançado, a filha de Herodíade agradou a Herodes e aos convidados. O rei disse à jovem: «Pede-me o que quiseres e eu to darei.» 23 E acrescentou, jurando: «Dar-te-ei tudo o que me pedires, nem que seja metade do meu reino.» 24 Ela saiu e perguntou à mãe: «Que hei-de pedir?» A mãe respondeu: «A cabeça de João Baptista.» 25 Voltando a entrar apressadamente, fez o seu pedido ao rei, dizendo: «Quero que me dês imediatamente, num prato, a cabeça de João Baptista.» 26 O rei ficou desolado; mas, por causa do juramento e dos convidados, não quis recusar. 27 Sem demora, mandou um guarda com a ordem de trazer a cabeça de João. O guarda foi e decapitou-o na prisão; 28 depois, trouxe a cabeça num prato e entregou-a à jovem, que a deu à mãe. 29 Tendo conhecimento disto, os discípulos de João foram buscar o seu corpo e depositaram-no num sepulcro.

 

Volta dos Apóstolos

30 Os Apóstolos reuniram-se a Jesus e contaram-lhe tudo o que tinham feito e ensinado. 31 Disse-lhes, então: «Vinde, retiremo-nos para um lugar deserto e descansai um pouco.» Porque eram tantos os que iam e vinham, que nem tinham tempo para comer. 32 Foram, pois, no barco, para um lugar isolado, sem mais ninguém. 33 Ao vê-los afastar, muitos perceberam para onde iam; e de todas as cidades acorreram, a pé, àquele lugar, e chegaram primeiro que eles.

 

Texto


 

Exame

 

  Há fórmulas e esquemas variadíssimos para fazer esse exame e os autores espirituais dedicam-lhe muitas páginas de considerações e conselhos práticos para o levar a cabo.

Cabe a cada um encontrar a melhor forma, honesta e séria, que responda às suas necessidades de pacificação consigo mesmo e, também, de encontrar respostas adequadas aos problemas que sabe que tem.

  O exame exaustivo e pormenorizado de quanto se fez durante o dia não parece ser nem prático nem útil porque, além de difícil execução, pode conduzir a uma complexidade de avaliações que acabam, quase sempre, em sentimentos derrotistas e cheios de escrúpulos, deformando aquilo que se é e, tendencialmente, estabelecendo comparações com aquilo que se desejaria ser se fosse possível.

A maior parte das vezes não somos, de facto, quem gostaríamos de ser e, em muitas coisas, não procedemos como consideramos que seria o ideal.

  Porque, se temos uma ânsia, legítima, de perfeição, é preciso ter bem em conta se essa fasquia está de facto ao nosso alcance ou se não se trata de uma mera ambição impossível de conseguir.

  Está claro que para chegar a um ponto correcto de avaliação das nossas possibilidades concretas há que conseguir-se um conhecimento próprio muito completo que considere as nossas características principais, as nossas virtudes e defeitos, as tendências que apresentamos, como nos relacionamos, de uma forma geral, com os outros, o que preferimos e o que detestamos, se temos preconceitos ou irredutibilidade de opinião, se somos estáveis nas nossas convicções ou se, ao contrário, somos volúveis conforme as circunstâncias se nos apresentam. 

Há que ter a noção que nada disto se consegue num instante, por mais madura que seja a nossa consciência e apurada a nossa capacidade de análise, bem pelo contrário, convém estar preparado para um longo processo, feito de pequenos passos dados com segurança e lealdade para connosco próprios.

  Sim, lealdade para connosco porque, por vezes, somos tentados a mascarar a evidência com desculpas ou justificações que, na verdade, mais não são que tentativas de passar adiante e considerar o assunto como arrumado.

Aparentemente pode parecer ''coisa de religião'' exacerbada ou exigente, as pessoas ''normais'' não terão necessidade destas preocupações.

  Isto é profundamente errado e um sintoma evidente de soberba.

  Quem pode julgar-se impecável no seu comportamento, como e no que pensa, o quê e de que modo faz?

Quem, dotado de algum juízo, pode considerar que não tem nada a corrigir, a emendar, a rever?

Uma pessoa assim, revela-se intratável e pouco digna de confiança.

  Ocorre, a propósito, uma frase que deixou um lastro irremediável: ‘'Nunca me engano e raramente tenho dúvidas.’

  A irresponsabilidade de uma afirmação como esta só pode enraizar-se numa exacerbada vaidade pessoal, decerto grave e, de certeza ridícula.

  Mas será que muitas vezes não temos, cada um de nós, a mesma convicção interior?

Não temos, de facto uma atitude de superioridade, uma como que pretensa imunidade pessoal que nos torna singulares, especiais?

  Acontece que, a maior parte das vezes isto acontece exactamente por falta de exame pessoal.

Não gostamos que nos apontem um erro, que desqualifiquem uma opinião que emitimos, quanto mais sermos nós próprios a fazê-lo.

  ‘Até parece masoquismo ou autoflagelação’, pensamos.

  Vemos na crítica ou no apontamento desfavorável algo que nos diminui e envergonha. Afinal pode tratar-se de uma ocasião soberana para corrigir, a tempo algo que talvez, se o não fizermos, pode ter consequências pouco agradáveis.

O interessante está em que, nem mesmo assim, nos coibimos de atentar nos erros, verdadeiros ou imaginados por nós, que julgamos ver nos outros.

  A velha máxima da descoberta do argueiro no olho do vizinho e a incapacidade para detectar a trave no nosso.

  A obrigação de corrigir os próprios erros está intimamente ligada ao mesmo dever de corrigir o outro.

Temos de pensar e ter claro que o outro, sobretudo se é nosso amigo, tem direito a que o corrijamos tal como nós podemos legitimamente esperar que ele faça o mesmo convosco.

  ‘Quem sou eu para corrigir seja quem for?’

   Ouve-se com frequência esta alegação que, na verdade, revela indiferença, pelo menos, e, egoísmo, seguramente.

  Mas, repete-se, o médico pelo facto de estar doente fica incapacitado de receitar a outrem o medicamento necessário para a maleita que apresenta?

Atenção que se fala de correcção no verdadeiro sentido do termo, que é, deve ser, uma atitude construtiva, e não de crítica que é algo completamente diferente.

  A primeira é um desejo que o outro corrija algo que, a nosso ver, não é correcto.

A segunda é um apontamento de outro cariz ou seja, uma avaliação pura e simples.

 

 

 

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