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28/02/2021

Leitura espiritual Fev 28

 


Novo Testamento [i]


Evangelho


Lc I, 57-80

 

Nascimento de João

57 Entretanto, chegou o dia em que Isabel devia dar à luz e teve um filho. 58 Os seus vizinhos e parentes, sabendo que o Senhor manifestara nela a sua misericórdia, rejubilaram com ela. 59 Ao oitavo dia, foram circuncidar o menino e queriam dar-lhe o nome do pai, Zacarias. 60 Mas, tomando a palavra, a mãe disse: «Não; há-de chamar-se João.» 61 Disseram-lhe: «Não há ninguém na tua família que tenha esse nome.» 62 Então, por sinais, perguntaram ao pai como queria que ele se chamasse. 63 Pedindo uma placa, o pai escreveu: «O seu nome é João.» E todos se admiraram. 64 Imediatamente a sua boca abriu-se, a língua desprendeu-se-lhe e começou a falar, bendizendo a Deus. 65 O temor apoderou-se de todos os seus vizinhos, e por toda a montanha da Judeia se divulgaram aqueles factos. 66 Quantos os ouviam retinham-nos na memória e diziam para si próprios: «Quem virá a ser este menino?» Na verdade, a mão do Senhor estava com ele.

 

Cântico de Zacarias

67  Então, seu pai, Zacarias, ficou cheio do Espírito Santo e profetizou com estas palavras: 68 «Bendito o Senhor, Deus de Israel, que visitou e redimiu o seu povo 69 e nos deu um Salvador poderoso na casa de David, seu servo, 70 conforme prometeu pela boca dos seus santos, os profetas dos tempos antigos; 71 para nos libertar dos nossos inimigos e das mãos de todos os que nos odeiam, 72 para mostrar a sua misericórdia a favor dos nossos pais, recordando a sua sagrada aliança; 73 e o juramento que fizera a Abraão, nosso pai, que nos havia de conceder esta graça: 74 de o servirmos um dia, sem temor, livres das mãos dos nossos inimigos, 75 em santidade e justiça, na sua presença, todos os dias da nossa vida. 76 E tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo, porque irás à sua frente a preparar os seus caminhos, 77 para dar a conhecer ao seu povo a salvação pela remissão dos seus pecados, 78 graças ao coração misericordioso do nosso Deus, que das alturas nos visita como sol nascente, 79 para iluminar os que jazem nas trevas e na sombra da morte e dirigir os nossos passos no caminho da paz.» 80 Entretanto, o menino crescia, o seu espírito robustecia-se, e vivia em lugares desertos, até ao dia da sua apresentação a Israel.

 

Textos



  Morte

  Aproxima-se o tempo de prestar contas!

 Vaticínio? Profecia? Adivinhação?

  Bem pelo contrário. Uma certeza!

  Cada dia que passa, ficamos mais próximos desse último dia.

  Isto sendo uma realidade para todos homens, para o cristão não é um drama.

Não deve ser um drama.

Todos ouvimos em cerimónias fúnebres, o sacerdote repetir o que a nossa fé afirma e a Igreja apresenta:

  Uma mudança de estado, uma passagem para outra realidade, o início da Verdadeira Vida.

  Isto, sabemo-lo e acreditamos mas, sendo, como de facto é, uma consequência do pecado original, custa aceitar porque, naturalmente, ninguém gosta de ser castigado.

  E a questão põe-se desde sempre:

  Castigo?

Mas que culpa tenho eu que Adão e Eva tenham pecado?

  Culpa?

De facto, não temos culpa nenhuma.

Mas sofremos as consequências naturais.

  Adão e Eva foram criados em determinadas circunstâncias e com determinados predicados.

Um destes predicados era o estado permanente de inocência, o desconhecimento do bem e do mal.

Uma das circunstâncias era a ausência da morte, exactamente, porque a morte é consequência do pecado.

Assim compreende-se que Adão e Eva, ao pecar, tenham feito desaparecer a “circunstância” e, o ser humano, ficou sujeito à morte.

Esta questão tem sido debatida ao longo de toda a história e vultos importantes da filosofia e teologia se têm debruçado sobre ela.

   “O pecado original foi o grande fracasso, diga-se da humanidade. Esta rebelião contra Deus, seu Amigo, seu Pai, desencadeou uma total desintegração na sua unidade perfeita, e perdeu-se a harmonia inicial.

Adão e Eva que, até então, passeavam com o seu Pai Deus 'ao entardecer' - como significativamente narra a Sagrada Escritura -, escondem-se por temor. [1]

Esta quebra da amizade com Deus leva à ruptura com o próximo.

Provoca também a ruptura entre eles próprios: descobrem que estão nus e, envergonhados, vestem-se.

Finalmente, a desunião estende-se à natureza exterior, que lhes negará os frutos, e à sua própria natureza, que conhecerá a fadiga, a doença, a morte, as dores do parto e das doenças, o erro.” [2]

  Mas… se o homem não conhecesse a morte, como poderiam caber todos neste planeta?

Esta é uma questão infantilmente colocada?

  Perante o mistério da morte ficamos surpreendidos com a confusão que, por vezes, se instala no nosso espírito.

  Há uma mescla de sentimentos, onde, naturalmente, avulta a tristeza que o sentimento de perda provoca, mas que, surpreendentemente, não é o principal e é isto que mais nos causa estranheza e incompreensão.

  Fere-nos singularmente algum sentimento de alívio, do terminar de um sofrimento, do arrastar de uma situação séria, grave, por vezes dolorosa, em que a pessoa querida se vai degradando, fisicamente, perdendo gradualmente a sua autonomia, até acabar totalmente dependente para os mais elementares e simples actos fisiológicos.

  E este “sentirmo-nos feridos” quase nos envergonha porque pensamos – e bem – que não desejávamos que essa pessoa morresse, ao mesmo tempo que não queríamos que continuasse, assim, naquele estado de vida tão condicionada e sofredora.

Não é por essa morte ser previsível num espaço de tempo não muito longo, que se torna menos cortante - porque se trata de um corte definitivo e sem remédio -, porque, graças a uma espécie de esperança que nunca morre, esperamos sempre estar enganados e que uma súbita alteração das circunstâncias, mesmo sem explicação aparente – mas que sabemos acontece por vezes – venha alterar definitivamente a situação.

  De facto, a morte não tem remédio absolutamente nenhum, é definitiva.

 É este – definitivo – que nos leva à tal surpresa que falávamos no início.

  Não estamos habituados a que algo seja definitivo porque a vida, a nossa própria vida tal como a dos outros, está sempre em evolução e o hoje não é igual ao amanhã, nada se repete tal e qual, tudo se vai transformando, evoluindo.

  Vêm, depois, os outros, os familiares, mais ou menos próximos, os amigos mais ou menos chegados, companheiros de trabalho… e todos nos dizem mais ou menos as mesmas coisas.

Frases feitas, termos usuais nestas circunstâncias, ar contristado, pesaroso, tentando parecer muito mais íntimos do que na verdade são.

Depois, cumpridas estas formalidades, retiram-se para o exterior para “espairecer”, fumar um cigarro e, daí a pouco, estabelece-se como que uma assembleia que conversa, convive, troca impressões.

Sentimo-nos, talvez, como que numa espécie de teatro um pouco requentado e com um enredo pouco ou nada atraente.



[1] Cfr. Gen 3, 8

[2] FRANCISCO FERNÁNDEZ CARVAJAL & PEDRO BETTETA LÓPEZ, Filhos de Deus, DIEL, nr. 120



[i] Sequencial todos os dias do ano

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