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14/02/2021

Leitura espiritual Fev 14

 


Novo Testamento


Evangelho


Mc XI, 27-33; Mc XII, 1-12

 

A autoridade de Jesus

27 Regressaram a Jerusalém e, andando Jesus pelo templo, os sumos sacerdotes, os doutores da Lei e os anciãos aproximaram-se dele 28 e perguntaram-lhe: «Com que autoridade fazes estas coisas? Quem te deu autoridade para as fazeres?» 29 Jesus respondeu: «Também Eu vos farei uma pergunta; respondei-me e dir-vos-ei, então, com que autoridade faço estas coisas: 30 O baptismo de João era do Céu, ou dos homens? Respondei-me.» 31 Começaram a discorrer entre si, dizendo: «Se dissermos ‘do Céu’, dirá: ‘Então porque não acreditastes nele?’ 32 Se, porém, dissermos ‘dos homens’, tememos a multidão.» Porque todos consideravam João um verdadeiro profeta. 33 Por fim, responderam a Jesus: «Não sabemos.» E Jesus disse-lhes: «Nem Eu vos digo com que autoridade faço estas coisas.»

 

Parábola dos vinhateiros homicidas

XII 1 Jesus começou a falar-lhes em parábolas: «Um homem plantou uma vinha, cercou-a com uma sebe, cavou nela um lagar e construiu uma torre. Depois, arrendou-a a uns vinhateiros e partiu para longe. 2 A seu tempo enviou aos vinhateiros um servo, para receber deles parte do fruto da vinha. 3 Eles, porém, prenderam-no, bateram-lhe e mandaram-no embora de mãos vazias. 4 Enviou-lhes, novamente, outro servo. Também a este partiram a cabeça e cobriram de vexames. 5 Enviou outro, e a este mataram-no; mandou ainda muitos outros, e bateram nuns e mataram outros. 6 Já só lhe restava um filho muito amado. Enviou-o por último, pensando: ‘Hão-de respeitar o meu filho’. 7 Mas aqueles vinhateiros disseram uns aos outros: ‘Este é o herdeiro. Vamos matá-lo e a herança será nossa’. 8 Apoderaram-se dele, mataram-no e lançaram-no fora da vinha. 9 Que fará o dono da vinha? Regressará e exterminará os vinhateiros e entregará a vinha a outros. 10 Não lestes esta passagem da Escritura: A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se pedra angular. 11 Tudo isto é obra do Senhor e é admirável aos nossos olhos?» 12 Eles procuravam prendê-lo, mas temiam a multidão; tinham percebido bem que a parábola era para eles. E deixando-o, retiraram-se.

 

Texto



CARTA APOSTÓLICA

AMANTISSIMA PROVIDENTIA

DO SUMO PONTÍFICE

PAPA JOÃO PAULO II

AOS BISPOS, SACERDOTES E FIÉIS DA ITÁLIA

NO SÉTIMO CENTENÁRIO DA MORTE

DE SANTA CATARINA DE SENA,

VIRGEM E DOUTORA DA IGREJA

 

 

 

Veneráveis Irmãos e Dilectos Filhos, Saúde e Bênção Apostólica

 

INTRODUÇÃO

  A amável Providência Divina em vários modos se manifesta protagonista da história, acendendo sempre novas luzes no caminho do homem. Muitas vezes escolhe pessoas aparentemente inaptas e de tal modo lhes eleva as faculdades naturais que as torna capazes de acções absolutamente superiores ao próprio alcance. E fá-lo não tanto para confundir a sabedoria dos sábios (1), quanto para colocar em relevo a Sua obra, que não precisa de apoios humanos, e para indicar mais claramente aos homens a que dignidade os eleva a Sua graça e a que grandezas maiores ainda pode e quer conduzi-los a Sua guia.

  É isto especialmente evidente na vida e nas obras de Santa Catarina de Sena, de que este ano celebramos o 6° centenário da piedosa morte. É o motivo porque tenho o gosto de apontá-la novamente ao exemplo dos fiéis, não só da Itália mas do mundo inteiro. Nela, de facto, o Divino Espírito fez resplandecer maravilhosos dons de graça e de humanidade, por meio dos dons de sabedoria, de inteligência e de ciência, com os quais a mente humana se torna extremamente sensível às divinas inspirações, "no conhecimento das coisas divinas e das humanas" (2).

  A ela podem, por conseguinte, aplicar-se as palavras do Salmista: "Alargastes o caminho dos meus passos, para que não resvalassem os meus pés (3). E ainda: "Correrei pelo caminho dos vossos mandamentos, logo que me dilateis o coração" (4).

 

I.

A EXPERIÊNCIA HUMANA E DIVINA

  As condições da Itália e da Europa não eram prósperas, quando veio à luz em Sena, em 1347, a pequena Catarina. Já se apresentava no horizonte a tristemente famosa "peste negra", que no ano seguinte assolou todas as regiões e semeou desolação e morte em todos os lugares e quase em cada família.

  Outros males afligiram a sociedade civil, como as guerras, particularmente a dos cem anos entre a França e a Inglaterra, e as incursões dos bandos mercenários. No mundo religioso, o principal acontecimento foi a estadia dos Papas em Avinhão e depois o grande cisma do Ocidente, que se prolongou até 1417. A história da Virgem de Sena insere-se profundamente nestas circunstâncias, nas quais teve mesmo o papel de protagonista.

  Filha de um tintoreiro, penúltima de 25 filhos, Catarina tomou muito depressa consciência das necessidades do mundo e, atraída pelo ideal apostólico dominicano, quis entrar na ordem terceira ou, como então se dizia em Sena nas Mantelatas. Apesar de não serem religiosas nem viverem em comunidade, usavam o hábito branco e o manto preto dos Frades Pregadores. Novíssima, já se distinguia pela caridade para com os pobres e os doentes, pela paciência em suportar as maledicências dos homens e pelas batalhas interiores com o demónio, pela sabedoria e humildade das atitudes e dos pensamentos.

  Entretanto ia-se exercitando num corajoso programa ascético, baseado em critérios eficientes, que mais tarde inculcaria aos próprios discípulos: "Não tolerar os movimentos (da natureza desordenada) que não sejam correctos" (5).

  Andava à sua volta um grupo variado de discípulos de todas as condições, atraídos pela fé pura e pela clara proposição da palavra de Deus, sem meios termos nem compromissos. Eram leigos, mantelatas e religiosos de várias ordens, alguns conquistados por factos prodigiosos. Todos recebiam dela uma singular promessa, cujo valor muitas vezes experimentavam: a de os acompanhar onde quer que estivessem e pagar até pelos erros que cometessem (6).

  O Senhor instruía-a, como um mestre a sua aluna, e descobria-lhe pouco a pouco "aquelas coisas que lhe fossem úteis à alma" (7).

  O progresso espiritual atingiu o auge com as núpcias espirituais na fé, que podiam parecer o selo de uma vida consagrada ao isolamento e à contemplação. Pelo contrário, ao dar-lhe o anel invisível, pretendia uni-la a Si nas empresas do Seu reino (8). A moça do povo de vinte anos via isto como sinal de separação entre ela e o Esposo celestial, mas Este pelo contrário assegurou-lhe que pretendia uni-la mais a Si "por meio da caridade com o próximo" (9), isto é, ao mesmo tempo no plano da mística interior e no da acção exterior ou da mística social, como foi dito (10).

  Foi como que um impulso para espaços mais altos, que se lhe abriam diante da mente e da iniciativa. Passou da conversão de pecadores isolados à reconciliação entre pessoas ou famílias adversárias; e à pacificação entre cidades e repúblicas. Não receou passar entre facções armadas nem se deteve perante o alargar-se dos horizontes, o que no princípio a tinha aterrado até a fazer chorar. O impulso do Mestre divino manifestou nela como que uma humanidade de acréscimo. Para ela, filha de artesãos e mulher sem letras, isto é, sem escola nem instrução, a vista do mundo e seus problemas ultrapassou enormemente os limites do seu bairro, até lhe projectar a acção para espaços mundiais. Para a ousadia dela já não havia limites, nem para a sua ansiedade pela salvação dos homens. Um dia, conta ela mesma, o Senhor pôs-lhe "a cruz às costas e uma oliveira na mão", para as levar a um e outro povo, o cristão e o infiel, como se Cristo a erguesse às próprias dimensões universais da salvação (11).

  Para a tornar mais conforme ao Seu mistério de redenção e prepará-la para um incansável apostolado, o Senhor concedeu a Catarina o dom dos Estigmas. Foi o que sucedeu na igreja de Santa Cristina, em Pisa, no 1° de Abril de 1375.

 

IOANNES PAULUS PP. II

 

Notas

 

(1) 1 Cor 1, 19.

(2) S. Th., Ia. IIae, q. 68, a. 5 ad 1.

(3) Sl 17 (18), 37.

(4) Sl 118 (119), 32.

(5) Diálogo, c. 73 (ed. Cavallini, p. 161. Cfr. c. 60 e Cartas, passim.

(6) Cfr. Carta 99 sec. Tommaseo; ed. Dupré-Theseider, VII.

(7) Raimundo de Cápua, Legenda maior, in Acta Sanctorum, Abril (trad. it. Tinagli, ed. 3 e 4; 1969-1978), par. 84.

(8) Legenda maior, 115.

(9) Ibidem.

(10) Leclerq J., La mystique de 1'apostolat, 1922-1947.

(11) Carta 219, ou LXV.

 

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