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27/02/2021

Ano de São José

 


EXORTAÇÃO APOSTÓLICA REDEMPTORIS CUSTOS

do SUMO PONTÍFICE JOÃO PAULO II sobre a figura e a missão de SÃO JOSÉ na vida de CRISTO e da IGREJA

 

O CONTEXTO EVANGÉLICO

 

IV

 

O TRABALHO EXPRESSÃO DO AMOR

 

22. A expressão quotidiana deste amor na vida da Família de Nazaré é o trabalho. O texto evangélico especifica o tipo de trabalho, mediante o qual José procurava garantir o sustento da Família: o trabalho de carpinteiro. Esta simples palavra envolve toda a extensão da vida de José. Para Jesus este período abrange os anos da vida oculta, de que fala o Evangelista, a seguir ao episódio que sucedeu no templo: «Depois, desceu com eles para Nazaré e era-lhes submisso» (Lc 2, 51). Esta «submissão, ou seja, a obediência de Jesus na casa de Nazaré é entendida também como participação no trabalho de José. Aquele que era designado como o «filho do carpinteiro», tinha aprendido o ofício de Seu «pai» putativo. Se a Família de Nazaré, na ordem da salvação e da santidade, é exemplo e modelo para as famílias humanas, é-o analogamente também o trabalho de Jesus ao lado de José carpinteiro. Na nossa época, a Igreja pôs em realce isto mesmo, também com a memória litúrgica de São José Operário, fixada no primeiro de Maio. O trabalho humano, em particular o trabalho manual, tem no Evangelho um acento especial. Juntamente com a humanidade do Filho de Deus ele foi acolhido no mistério da Encarnação, como também foi redimido de maneira particular. Graças ao seu banco de trabalho, junto do qual exercitava o próprio ofício juntamente com Jesus, José aproximou o trabalho humano do mistério da Redenção.

23. No crescimento humano de Jesus «em sabedoria, em estatura e em graça» teve uma parte notável a virtude da laboriosidade, dado que “o trabalho é um bem do homem”, que “transforma a natureza” e torna o homem, “em certo sentido, mais homem”. (Cf. Carta Enc. Laborem exercens (14 de Setembro de 1981), n. 9: AAS 73 (1981), pp. 599-600)

A importância do trabalho na vida do homem exige que se conheçam e assimilem todos os seus conteúdos, “para ajudar os demais homens a aproximarem-se através dele de Deus, Criador e Redentor, e a participarem nos seus desígnios salvíficos quanto ao homem e quanto ao mundo; e ainda, a aprofundarem na sua vida e amizade com Cristo, tendo, mediante a fé vivida, uma participação no seu tríplice múnus: de Sacerdote, de Profeta e de Rei”. (Ibid., n. 24: l.c., p. 638. Os Sumos Pontífices, nos tempos mais recentes, têm apresentado constantemente S. José como « modelo » dos operários e dos trabalhadores em geral, cf., por exemplo, Leão XIII, Carta Enc. Quamquam pluries (15 de Agosto de 1889): l.c., p. 180; Bento XV, Motu proprio Bonum sane (25 de Julho de 1920): l.c., pp. 314-316; Pio XII, Alocução (11 de Março de 1945), n. 4: AAS 37 (1945), p. 72; Alocução (1 de Maio de 1955): AAS 47 (1955), p. 406; João XXIII, Radiomensagem (1 de Maio de 1960): AAS 52 (1960), p. 398)

24. Trata-se, em última análise, da santificação da vida

quotidiana, no que cada pessoa deve empenhar-se, segundo o próprio estado, e que pode ser proposta  apontando para um modelo acessível a todos: São José é o modelo dos humildes, que o Cristianismo  enaltece para grandes destinos; ... é a prova de que para ser bons e autênticos seguidores de Cristo não se necessitam “grandes coisas», mas requerem-se somente virtudes comuns, humanas, simples e autênticas”. (Paulo VI, Alocução (19 de Março de 1969): Insegnamenti, VII (1969), p. 1268)

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