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09/01/2021

LEITURA ESPIRITUAL Janeiro 9

 

Evangelho

 

Mt XXII 41 – 46; XXIII 1 - 12

 

O Messias, filho e Senhor de David

 

41 Estando os fariseus reunidos, Jesus interrogou-os: 42 «Que pensais vós do Messias? De quem é filho?» Responderam-lhe: «De David.» 43 Disse-lhes Ele: «Como é, então, que David, sob a influência do Espírito, lhe chama Senhor, dizendo: 44 Disse o Senhor ao meu Senhor: ‘Senta-te à minha direita, até que Eu ponha os teus inimigos por estrado de teus pés’? 45 Ora, se David lhe chama Senhor, como é seu filho?» 46 E ninguém soube responder-lhe palavra. A partir de então, ninguém mais se atreveu a interrogá-lo.

 

Os fariseus

1 Então, Jesus falou assim à multidão e aos seus discípulos: 2 «Os doutores da Lei e os fariseus instalaram-se na cátedra de Moisés. 3 Fazei, pois, e observai tudo o que eles disserem, mas não imiteis as suas obras, pois eles dizem e não fazem. 4 Atam fardos pesados e insuportáveis e colocam-nos aos ombros dos outros, mas eles não põem nem um dedo para os deslocar. 5 Tudo o que fazem é com o fim de se tornarem notados pelos homens. Por isso, alargam as filactérias e alongam as orlas dos seus mantos. 6 Gostam de ocupar o primeiro lugar nos banquetes e os primeiros assentos nas sinagogas. 7 Gostam das saudações nas praças públicas e de serem chamados ‘mestres’ pelos homens. 8 Quanto a vós, não vos deixeis tratar por ‘mestres’, pois um só é o vosso Mestre, e vós sois todos irmãos. 9 E, na terra, a ninguém chameis ‘Pai’, porque um só é o vosso ‘Pai’: aquele que está no Céu. 10 Nem permitais que vos tratem por ‘doutores’, porque um só é o vosso ‘Doutor’: Cristo. 11 O maior de entre vós será o vosso servo. 12 Quem se exaltar será humilhado e quem se humilhar será exaltado.

 


Simplicidade

 

  Se procurarmos uma definição de simplicidade podemos correr o risco de contrariar o que pretendemos.

Quer dizer que as explicações ou definições tendem a ser minuciosas, detalhadas ou seja, tudo menos simples.

Ausência de extravagâncias, eufemismos, preconceitos, dúvidas mais ou menos sérias, obsessão pelo detalhe, por exemplo, tudo isso é a antítese da simplicidade.

  Diria que, a simplicidade, é um estado interior de clareza de sentimentos e emoções.

  Não tem a ver com passividade nem com alheamento das realidades da vida, própria ou alheia, mas com uma atitude séria de estabilidade quer do comportamento quer emocional.

Possivelmente será uma virtude muito difícil de conquistar e, mais ainda, de manter, porque, de certo modo, vai contra a tendência natural do homem de interrogar, de apreciar, avaliar algo que se lhe depara ou é proposto.

  A simplicidade é conduzida, informada, pela consciência, por isso a pessoa simples tem uma atitude de aceitação naturalmente pacífica.

A partir do momento em que a consciência toma valores como definidos e propostas vindas de determinadas pessoas como aceitáveis, a simplicidade tende a dar o “caso” como arrumado, isto é, não se envolve em lucubrações de nenhuma espécie, questionando esses valores ou propostas consoante as circunstâncias em que ocorrem.

  A Fé em Deus é – deve ser - sempre simples, isto é, não questiona, não duvida, não sugere alternativas.

Só nesta medida é que pode ser inteiramente vivida.

  Aliás, não se justifica a Fé sem seja vivida plena e conscientemente.

  Se o não for, para que serve?

  A simplicidade envolve virtudes como: entre outras, a Constância, a Fidelidade, a Obediência e a Mansidão.

 

Mansidão

 

  Uma virtude e um Fruto do Espírito Santo, a Mansidão, encontra em Jesus Cristo, a sua personificação completa:

«Tomai sobre vós o Meu jugo e aprendei de Mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para as vossas almas». [1]

  A chave parece estar aqui: «descanso para as vossas almas!»

  Dotado desta virtude o homem está apto a gozar de uma tranquilidade e serenidade que lhe dão uma visão completa, detalhada e muito concreta de tudo o que lhe importa.

Assim, fica dotado de uma capacidade ímpar para praticar os actos de maior relevo e aceitar pacificamente os desafios mais exigentes com que possa deparar-se.

  No Sermão da Montanha Jesus Cristo afirma que os mansos possuíram a terra [2] o que pode parecer um contraste com o que diz a propósito da conquista do Reino de Deus: ([3])

  Possuir a terra com mansidão e conquistar o Céu com violência!

  Como compreender isto?

 

A nossa visão humana dir-nos-ia que deveria ser precisamente o contrário.

Encontramos que, para alcançar o Céu é, de facto, necessária a violência, entendida como o vencimento do próprio eu, dos obstáculos que se levantam à passagem dos que desejam progredir nesse caminho, na luta exigente, contínua, sem descanso que é preciso travar para se conseguir o objectivo, ao passo que, para entrar na posse de algo terreno, a violência não conduz a nenhum resultado estável, duradouro, como atestam as constantes querelas, amiúde violentíssimas, entre homens, países, raças e religiões.

  Uma vitória só é completa e satisfatória quando alcançada com a razão e, nunca, com a imposição pela força de algo que se pretende conseguir.

  O ser humano, como já se viu, tende para o seu Criador, para Deus e só será feliz, completamente feliz, quando alcançar este objectivo e, este, sendo atingível não está ao alcance daqueles que não se empenharem a sério, na sua conquista.

  Um dos principais quesitos para o sucesso desta luta é a humildade de reconhecer as próprias limitações e defeitos que são obstáculos nesse percurso.

 



[1] Cfr. Mt 11:29

[2] Cfr. Mt 5, 3-12

[3] Cfr. Mt 11, 12

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