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08/01/2021

LEITURA ESPIRITUAL Janeiro 8

 

Evangelho

 

Mt XXII 33 – 40

 

Os saduceus e a ressureição

 

23 Nesse mesmo dia, os saduceus, que não acreditam na ressurreição, foram ter com Ele e interrogaram-no. 24 «Mestre, Moisés disse: Se algum homem morrer sem filhos, o seu irmão casará com a viúva, para suscitar descendência ao irmão. 25 Ora, entre nós havia sete irmãos. O primeiro casou e morreu sem descendência, deixando a mulher a seu irmão; 26 sucedeu o mesmo ao segundo, depois ao terceiro, e assim até ao sétimo. 27 Depois de todos eles, morreu a mulher. 28 Então, na ressurreição, de qual dos sete será ela mulher, visto que o foi de todos?» 29 Jesus respondeu-lhes: «Estais enganados, porque desconheceis as Escrituras e o poder de Deus. 30 Na ressurreição, nem os homens terão mulheres nem as mulheres, maridos; mas serão como anjos no Céu. 31 E, quanto à ressurreição dos mortos, não lestes o que Deus disse: 32 Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacob? Não dos mortos, mas dos vivos é que Ele é Deus!» 33 E a multidão, ouvindo-o, maravilhava-se com a sua doutrina. 34 Constando-lhes que Jesus reduzira os saduceus ao silêncio, os fariseus reuniram-se em grupo. 35 E um deles, que era legista, perguntou-lhe para o embaraçar: 36 «Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?» 37 Jesus disse-lhe: Amarás ao Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com toda a tua mente. 38 Este é o maior e o primeiro mandamento. 39 O segundo é semelhante: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. 40 Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas.»

 


Generosidade

 

  Desde Descartes – que tentou definir a generosidade de modo científico – até aos pensadores mais comuns tem-se tentado dar uma imagem concreta da generosidade.

  De facto, parece-me, uma virtude bastante complexa que tem a ver com a maneira de ser, o carácter, de cada indivíduo.

Quero dizer que não há uma fórmula que se aplique para ser generoso já que, cada ser humano reage de forma diferente perante circunstâncias semelhantes.

Aliás, também não é quantitativa porque, não se é muito ou pouco generoso, ou se é ou não se é de todo.

Parece-me que a generosidade se avalia melhor considerando a entrega que de si mesmo se faz a um apelo, convite, chamamento.

A resposta à vocação pessoal envolve, seguramente, generosidade, porque significará sempre uma escolha, uma eleição entre algo que significa desprendimento de alguma coisa com a finalidade de conseguir alcançar outra.

  Tem, portanto, a ver com a entrega consciente e desejada a um ideal de vida para atingir um determinado fim, bom, para si mesmo e para os outros.

  A entrega só o é se for total, completa, incondicional, aceitando e cumprindo os quesitos necessários para atingir o fim proposto.

  A generosidade é: desapego livre e intencional.

  Se for assim, dar pode ser um acto de generosidade; se não, será algo feito com espírito de obter retorno, ou apenas cumprir aquilo que se julga ser uma obrigação naquela circunstância particular.

Vemos que, a ser assim, a generosidade envolve algum sacrifício, tal como a entrega, já que ao seleccionar algo se descarta alguma outra coisa.

  A vocação é também uma eleição, uma escolha de algo que convém em detrimento de algo que não interessa.

  O homem só pode ser inteiramente feliz se seguir a vocação que lhe foi sugerida pelo Espírito Santo no seu íntimo.

  Por isso a felicidade é interior e não exterior, porquanto não depende do que fazemos, mas do que pensamos.

Considerando a felicidade como que uma gama de emoções ou sentimentos, que abarca desde o contentamento ou satisfação até à alegria intensa ou júbilo e, ainda, significando bem-estar ou paz intrior, percebemos que, a suprema aspiração do homem, é, sem dúvida, ser feliz.

  Será lícito, portanto, concluir que na base da felicidade pessoal está a virtude da generosidade.

 

Obediência

 

  A obediência define-se como um comportamento pelo qual alguém aceita ordens dadas por outrem.

O termo obediência, tal como a acção de obedecer, conduz da escuta atenta à acção, que pode ser puramente passiva ou exterior ou, pelo contrário, provocar uma profunda atitude interna de resposta.

Obedecer implica, em diverso grau, a subordinação da vontade a uma autoridade, o acatamento de uma instrução, o cumprimento de um pedido ou a abstenção de algo que é proibido.

A figura da autoridade que merece obediência pode ser, antes de mais, uma pessoa, mas também, uma doutrina ou uma ideologia e, em grau superior, a própria consciência e Deus.

  Está intimamente ligada à liberdade já que, a obediência só é verdadeira quando é uma opção livremente tomada e aceite.

  A liberdade dos Filhos de Deus, que somos todos os homens, sugere essa obediência natural ao Pai, ao Criador, ao Senhor que dispôs de forma coerente e possível onde, como e quando a obediência deve existir.

Com os Mandamentos, Deus entregou ao homem um código de conduta que é a lei natural que deve reger a sua vida.

Não é necessário acreditar em Deus para, não matar alguém num acto de vingança, por exemplo, uma vez que se vai contra a lei natural que deve reger o comportamento humano em sociedade.

Mas, o facto de ser cristão reveste o acto de um valor superior, ou acrescenta-lhe responsabilidade.

 Sendo um acto interior da vontade, a obediência forma-se na consciência do que é útil ou conveniente fazer em cada circunstância para viver – conviver – na sociedade humana dentro dos parâmetros comummente aceites como necessários.

  A obediência passiva caracteriza-se pela aceitação pura e simples do que é sugerido ou mandado, quer interiorizando quer demonstrando-a por acções concretas, ao passo que, a activa, se traduz numa atitude profunda e concreta de execução do que é sugerido ou mandado, como será, por exemplo, a entrega sugerida como sendo a vocação própria.

  Como se disse, a obediência só o é, verdadeiramente, como emanação livre da vontade própria e, portanto, não pode nunca ser confundida com sujeição ou submissão.

  Por isso mesmo, o acto de obedecer, implica, sempre, uma escolha, uma opção.

 

 

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