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03/01/2021

LEITURA ESPIRITUAL Janeiro 3

Evangelho

 

Mt XX 17 - 34

 

Terceira profecia da Paixão

 

17 Ao subir a Jerusalém, pelo caminho, chamou à parte os Doze e disse-lhes: 18 «Vamos subir a Jerusalém e o Filho do Homem vai ser entregue aos sumos sacerdotes e aos doutores da Lei, que o vão condenar à morte. 19 Hão-de entregá-lo aos pagãos, que o vão escarnecer, açoitar e crucificar. Mas Ele ressuscitará ao terceiro dia.»

 

Pedido dos filhos de Zebedeu

 

20  Aproximou-se então de Jesus a mãe dos filhos de Zebedeu, com os seus filhos, e prostrou-se diante dele para lhe fazer um pedido. 21 «Que queres?» - perguntou-lhe Ele. Ela respondeu: «Ordena que estes meus dois filhos se sentem um à tua direita e o outro à tua esquerda, no teu Reino.» 22 Jesus retorquiu: «Não sabeis o que pedis. Podeis beber o cálice que Eu estou para beber?» Eles responderam: «Podemos.» 23 Jesus replicou-lhes: «Na verdade, bebereis o meu cálice; mas, o sentar-se à minha direita ou à minha esquerda não me pertence a mim concedê-lo: é para quem meu Pai o tem reservado.» 24 Ouvindo isto, os outros dez ficaram indignados com os dois irmãos. 25 Jesus chamou-os e disse-lhes: «Sabeis que os chefes das nações as governam como seus senhores, e que os grandes exercem sobre elas o seu poder. 26 Não seja assim entre vós. Pelo contrário, quem entre vós quiser fazer-se grande, seja o vosso servo; e 27 quem no meio de vós quiser ser o primeiro, seja vosso servo. 28 Também o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida para resgatar a multidão.»

 

Os dois cegos de Gericó

 

29 Quando iam a sair de Jericó, uma grande multidão seguiu Jesus. 30 Nisto, dois cegos que estavam sentados à beira da estrada, ao ouvirem dizer que Jesus ia a passar, começaram a gritar: «Senhor, Filho de David, tem misericórdia de nós!» 31 A multidão repreendia-os para os fazer calar, mas eles gritavam cada vez mais: «Senhor, Filho de David, tem misericórdia de nós!» 32 Jesus parou, chamou-os e perguntou-lhes: «Que quereis que vos faça?» 33 Responderam-lhe: «Senhor, que os nossos olhos se abram!» 34 Dominado pela compaixão, Jesus tocou-lhes nos olhos. Imediatamente recuperaram a vista e seguiram-no.

 


Fidelidade

 

  Fidelidade [1] é o atributo ou a qualidade de quem ou do que é fiel [2] para significar quem ou o que conserva, mantém ou preserva as suas características originais, ou quem ou o que se mantém fiel à referência.

  Fidelidade implica confiança e vice-versa, e essa relação de implicação mútua aplica-se quer entre dois indivíduos, quer entre determinado sujeito e o objecto sob sua consideração, que, por sua vez, também pode ser abstracto ou concreto.

Essa co-significação originária mostra-se plena quando se trata de dois sujeitos, ambos com capacidade activa, pois, nesse caso. pode invocar-se a correlação confiança. [3]

  Poder-se-á dizer também que fidelidade significa lealdade, constância, firmeza, nas afeições, nos sentimentos; perseverança, observância rigorosa da verdade; exactidão.

Temos assim, que há alguma complexidade nesta virtude, porque de virtude se trata, que não pode ser ignorada.

  Aparecem várias vezes nos discursos de Jesus Cristo referências à fidelidade como algo imprescindível para que possa existir uma relação estável de confiança entre os homens e entre os homens e Deus.

 

O inverso não se coloca porque Deus, por definição, é fiel.

 

  «In pauca fidelis» (Mt 25, 21) refere-se Cristo no Evangelho, fiel no pouco, nas pequenas coisas, mesmo naquilo que, aparentemente, tem pouco relevo ou importância.

  Não há, portanto “níveis” de fidelidade, ou se é fiel em tudo e em qualquer circunstância e de forma constante, diria, sem intervalos conforme as situações, ou não existe fidelidade.

  “A fidelidade é um acto bom, uma actividade voluntária e permanente, uma força que inclina a cumprir com sinceridade e valentia os compromissos adquiridos, as promessas feitas e a palavra dada.” [4]

Por isso mesmo, a Fidelidade, é uma virtude já que só é possível ser fiel a quem tiver estabilidade de vida e comportamento.

Seja porque tem ideais elevados que levam a pessoa a manter-se numa linha de conduta que é comum chamar-se unidade de vida, ou porque tem aspirações pessoais que transcendem as possíveis conveniências de momento.

Não se trata de uma inspiração ocasional mas de um acto permanente da vontade.

  A fidelidade requer um fundamento profundo e forte de paciente indagação, o anseio de encontrar um motivo para viver.

  “Não é possível falar de fidelidade a quem carece de ideais ou a quem não sabe de valores que transcendem a própria vida”. [5]

  Quem anda pela vida como um espectador, por mais atenção que possa ter ao que se passa à sua volta, se não tiver uma vida interior sólida, com uma hierarquia de valores bem definida, não pode ser fiel a nada, porque, como já se viu, não há “fidelidades momentâneas”, mas constantes.

  A introspecção necessária a cada pessoa que se preocupe com o seu papel neste mundo – para que nasceu -, que faz não unicamente o que lhe convém, mas e com o que deve fazer como pessoa única e irrepetível, é fundamental para chegar a um conhecimento próprio sério e concreto.

 

 

 



[1] Do latim fidelitas pelo latim vulgar fidelitate

[2] Do latim fidelis

[3] Do latim cum, e fides

[4] javier abad gómez, Fidelidade, Quadrante, 1991 nr. 10

           [5] javier abad gómezFidelidade, Quadrante, 1991 nr. 34

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