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12/01/2021

LEITURA ESPIRITUAL Janeiro 12

 

Evangelho

 

Mt XXIV 23 - 41

 

Sinais do fim do mundo

 

23 «Então, se vierem dizer-vos: ‘Aqui está o Messias’, ou ‘Ali está Ele’, não acrediteis; 24 porque hão-de surgir falsos messias e falsos profetas, que farão grandes milagres e prodígios, a ponto de desencaminharem, se possível, até os eleitos. 25 Olhai que já vos preveni. 26 Por isso, se vos disserem: ‘Ele está no deserto’, não saiais; ‘Ei-lo no interior da casa’, não acrediteis. 27 Porque, assim como o relâmpago sai do Oriente e brilha até ao Ocidente, assim será a vinda do Filho do Homem. 28 Onde houver um cadáver, aí se juntarão os abutres.» 29 «Logo após a aflição daqueles dias, o Sol irá escurecer-se, a Lua não dará a sua luz, as estrelas cairão do céu e os poderes dos céus serão abalados. 30 Então, aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem e todos os povos da terra se lamentarão e verão o Filho do Homem vir sobre as nuvens do céu, com grande poder e glória. 31 Ele enviará os seus anjos, com uma trombeta altissonante, para reunir os seus eleitos desde os quatro ventos, de um extremo ao outro do céu.» 32 «Aprendei da comparação tirada da figueira: quando os seus ramos se tornam tenros e as folhas começam a despontar, sabeis que o Verão está próximo. 33 Assim também, quando virdes tudo isto, ficai sabendo que Ele está próximo, à porta. 34 Em verdade vos digo: Esta geração não passará sem que tudo isto aconteça. 35 O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão-de passar.»

 

Incerteza da hora do Juízo

 

36 «Quanto àquele dia e àquela hora, ninguém o sabe: nem os anjos do Céu nem o Filho; só o Pai. 37 Como foi nos dias de Noé, assim acontecerá na vinda do Filho do Homem. 38 Nos dias que precederam o dilúvio, comia-se, bebia-se, os homens casavam e as mulheres eram dadas em casamento, até ao dia em que Noé entrou na Arca; 39 e não deram por nada até chegar o dilúvio, que a todos arrastou. Assim será também a vinda do Filho do Homem. 40 Então, estarão dois homens no campo: um será levado e outro deixado; 41 duas mulheres estarão a moer no mesmo moinho: uma será levada e outra deixada.

 


Optimismo

 

  Não poucas vezes considera-se que a pessoa optimista tem uma visão desfocada da realidade, que espera sempre algo que resolva o problema ou a situação, algo que não sabe bem o que é ou vindo de quem, nem quando, mas que, seguramente, acontecerá.

Bem, a pessoa com estas características não pode considerar-se optimista, pelo menos à luz do conceito que fazemos do optimismo e que é:

        A tendência para pensar de forma positiva.

  A recomendação de São Josemaria Escrivá é muito esclarecedora: ‘Fé, alegria, optimismo, - mas não a estupidez de fechar os olhos à realidade.’ [1]

  Na verdade tudo quanto se nos depara na vida corrente tem várias formas de ser avaliado ou considerado mas, destas, duas avultam:

Com atitude negativa que leva a considerar a inevitabilidade do que sucede ou se presume vai acontecer;

Com atitude positiva que considera as possibilidades de influir, alterar ou modificar, se for caso disso, a ver o lado bom, a retirar sempre um bem mesmo de algo, aparentemente, mau.

  É muito conhecida a citação que refere a forma de duas pessoas sedentas avaliarem a água contida num jarro: um considera que está quase cheio, enquanto, outro dirá que está meio vazio.

  Ambas as apreciações são verdadeiras e referem-se a uma mesma coisa, dependendo a sua expressão do enfoque de cada um.

Liminarmente, poder-se-ia dizer que o primeiro é optimista – ‘que bom, ainda tenho água para matar a sede’ - e o segundo exactamente o contrário – ‘provavelmente esta quantidade de água não será suficiente para a sede que tenho’.

  O optimismo cristão baseia-se na certeza de que Deus não nos envia nada superior às nossas forças e, se dá a carga, também dá a força para a suportar.

  ‘Ontem, pela manhã, fui à Sixtina votar tranquilamente. Jamais imaginara o que iria suceder. Mal tinha começado o perigo para mim, os dois colegas que estavam a meu lado sussurraram-me palavras de alento. Um disse: Ânimo! Se o Senhor dá um peso, também dá a ajuda para o levar.’ [2]

  Sendo assim, o optimismo não deixa lugar ao derrotismo nem à excessiva preocupação.

  Naturalmente que – e falamos do optimismo saudável, isto é, consciente – esta convicção nasce de um estado de alma onde a confiança em Deus ocupa um lugar predominante.

Bem visto, esta atitude de confiança, não deve iludir o que cada um tem de se propor ou fazer para que as situações se clarifiquem ou resolvam.

Mesmo observada pelo lado estritamente material, esta atitude atrás referida, deve ser sempre tida em conta.

  Não se pode querer ganhar a lotaria sem, pelo menos, previamente comprar uma cautela.

  O que São Josemaria Escrivá chamava a ‘mística do oxalá - oxalá não me tivesse casado; oxalá não tivesse esta profissão; oxalá tivesse mais saúde; oxalá fosse mais novo; oxalá fosse velho!...?’ [3] não conduz, obviamente a coisa nenhuma, servindo apenas para distrair a mente da realidade e impedir a vontade de influir nessa mesma realidade.

  Há pessoas que andam pela vida como que carregando um peso insuportável, de semblante carregado, com ar de derrota e inevitabilidade confrangedores.

Não é exagero! Olhemos bem à nossa volta, quem se cruza connosco na rua ou se senta no mesmo transporte público que nós e comprovaremos o que se diz.

Arrancar um sorriso a estas pessoas, é um desafio fenomenal, de tal forma estão dominadas pelo seu sentimento de desgraçados, de vítimas de todas as misérias e coisas más da vida.

  Há, parece, uma espécie de “tristeza social” que quase se apalpa no dia-a-dia.

  Tal tem de ser contrariado, há que dizer às pessoas que nem tudo é mau, que o futuro não tem que ser pior que o dia de hoje, que há esperança de evolução positiva da sociedade, que o bem acabará por triunfar sobre o mal, que, em suma, há motivos e razões suficientes para o optimismo.

 



[1] são josemaria escrivá, Caminho, 40

[2] joão paulo i, Angelus 1978.08.27

[3] s. josemaria escrivá, Temas Actuais do Cristianismo, 116

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