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29/11/2020

Leitura espiritual 29 Novembro

 

Evangelho  

 

Jo XX, 1 - 31

 

Jesus aparece a Maria Madalena

 

1 No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao túmulo logo de manhã, ainda escuro, e viu retirada a pedra que o tapava. 2 Correndo, foi ter com Simão Pedro e com o outro discípulo, o que Jesus amava, e disse-lhes: «O Senhor foi levado do túmulo e não sabemos onde o puseram.» 3 Pedro saiu com o outro discípulo e foram ao túmulo. 4 Corriam os dois juntos, mas o outro discípulo correu mais do que Pedro e chegou primeiro ao túmulo. 5 Inclinou-se para observar e reparou que os panos de linho estavam espalmados no chão, mas não entrou. 6 Entretanto, chegou também Simão Pedro, que o seguira. Entrou no túmulo e ficou admirado ao ver os panos de linho espalmados no chão, 7 ao passo que o lenço que tivera em volta da cabeça não estava espalmado no chão juntamente com os panos de linho, mas de outro modo, enrolado noutra posição. 8 Então, entrou também o outro discípulo, o que tinha chegado primeiro ao túmulo. Viu e começou a crer, 9 pois ainda não tinham entendido a Escritura, segundo a qual Jesus devia ressuscitar dos mortos. 10 A seguir, os discípulos regressaram a casa. 11 Maria estava junto ao túmulo, da parte de fora, a chorar. Sem parar de chorar, debruçou-se para dentro do túmulo, 12 e contemplou dois anjos vestidos de branco, sentados onde tinha estado o corpo de Jesus, um à cabeceira e o outro aos pés. 13 Perguntaram-lhe: «Mulher, porque choras?» E ela respondeu: «Porque levaram o meu Senhor e não sei onde o puseram.» 14 Dito isto, voltou-se para trás e viu Jesus, de pé, mas não se dava conta que era Ele. 15 E Jesus disse-lhe: «Mulher, porque choras? Quem procuras?» Ela, pensando que era o encarregado do horto, disse-lhe: «Senhor, se foste tu que o tiraste, diz-me onde o puseste, que eu vou buscá-lo.» 16 Disse-lhe Jesus: «Maria!» Ela, aproximando-se, exclamou em hebraico: «Rabbuni!» - que quer dizer: «Mestre!» 17 Jesus disse-lhe: «Não me detenhas, pois ainda não subi para o Pai; mas vai ter com os meus irmãos e diz-lhes: ‘Subo para o meu Pai, que é vosso Pai, para o meu Deus, que é vosso Deus.’» 18 Maria Madalena foi e anunciou aos discípulos: «Vi o Senhor!» E contou o que Ele lhe tinha dito.

 

Jesus e o poderde perdoar

 

19 Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, com medo das autoridades judaicas, veio Jesus, pôs-se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco!» 20 Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o peito. Os discípulos encheram-se de alegria por verem o Senhor. 21 E Ele voltou a dizer-lhes: «A paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, também Eu vos envio a vós.» 22 Em seguida, soprou sobre eles e disse-lhes: «Recebei o Espírito Santo. 23 Àqueles a quem perdoardes os pecados, ficarão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ficarão retidos.»

 

Incredulidade de Tomé

 

24 Tomé, um dos Doze, a quem chamavam o Gémeo, não estava com eles quando Jesus veio. 25 Diziam-lhe os outros discípulos: «Vimos o Senhor!» Mas ele respondeu-lhes: «Se eu não vir o sinal dos pregos nas suas mãos e não meter o meu dedo nesse sinal dos pregos e a minha mão no seu peito, não acredito.» 26 Oito dias depois, estavam os discípulos outra vez dentro de casa e Tomé com eles. Estando as portas fechadas, Jesus veio, pôs-se no meio deles e disse: «A paz seja convosco!» 27 Depois, disse a Tomé: «Olha as minhas mãos: chega cá o teu dedo! Estende a tua mão e põe-na no meu peito. E não sejas incrédulo, mas fiel.» 28 Tomé respondeu-lhe: «Meu Senhor e meu Deus!» 29 Disse-lhe Jesus: «Porque me viste, acreditaste. Felizes os que crêem sem terem visto!»

 

Primeiro epílogo

 

30 Muitos outros sinais miraculosos realizou ainda Jesus, na presença dos seus discípulos, que não estão escritos neste livro. 31 Estes, porém, foram escritos para acreditardes que Jesus é o Messias, o Filho de Deus, e, acreditando, terdes a vida nele.




 

DE  CIVITATE DEI

 

LIVRO IX

 

CAPÍTULO VIII

 

Definição, dada pelo platónico Apuleio, dos deuses celestes, demónios aéreos e homens terrestres.

 

Mas quê? Merecerá algum a atenção a definição que ele dá dos demónios (cujos term os a todos se aplicam ) em que diz: Os demónios são quanto ao género, seres animados; passíveis,

quanto ao ânimo; quanto à mente, racionais; aéreos, quanto ao corpo; quanto ao tempo, eternos .

Nestas cinco propriedades, nada, absolutamente nada, referiu em que os demónios parecessem ter de comum exclusivamente com os homens bons algum a coisa que não tivessem em comum com os maus. Efectivamente, descreve um pouco mais pormenorizadamente, no seu lugar próprio, homens, deles falando como de seres ínfimos e terrestres, depois de ter falado dos deuses do Céu; e, uma vez evocados os dois extremos, inferior e superior, trata em último lugar dos demónios, que ocupam o meio.

Escreve ele: Portanto, os homens, orgulhosos pela razão, poderosos pela palavra, dotados de alma imortal, de membros votados à morte, de espírito ágil e inquieto, de corpos pesados e

débeis, de costumes dessemelhantes e erros parecidos, de audácia obstinada e de esperança firme, de actividade estéril e de

(daemones esse genere animalia, animo passiva, mente rationalia, corpore aeria, tempore aetema. Apuleio, D e Deo Socratis, IV; ed. Thom as, p. 10.) fortuna instável, individualmente mortais, todos, porém, no seu género, perpétuos porque se sucedem na renovação das gerações, de existência fugitiva, de tardia sabedoria, de morte rápida, de vida lastimosa — , habitam na terra 2 (lgitur homines, ratione gaudetites, oratione pollentes, inmortalibus animis, moribundis membris, levibus et anxiis mentibus, brutis et obnoxiis corporibus, dissimilibus moribus, similibus enoribus, pervicaci audacia, pertinaci spe, casso labore, fortuna caduca, singillatim mortales, cuncti tamen universo genere perpetui, vkissim sufficienda prole mutabiles, volucri tempore, tarda sapientia, cita morte, querula vita terras incolunt. Apuleio, D e Deo Socratis, IV; ed. Thom as, p. 10.) .

Ao mencionar tantas coisas que se referem à maior parte dos homens, acaso se calou acerca desse pormenor que sabia pertencer a um pequeno número — a tardia sabedoria? Se o tivesse omitido, a sua descrição do género humano, apesar de tão atento cuidado, ficaria na verdade incompleta. Pois bem — quando põe em relevo a excelência dos deuses, frisou bem que ela consistia nessa beatitude a que os homens pretendem chegar por meio da sabedoria. Por conseguinte, se a sua intenção fosse a de dar a entender que há bons demónios, teria juntado à sua descrição alguma propriedade donde parecesse que eles possuem, em comum com os deuses, um a certa beatitude, ou, com os homens, algum a sabedoria. Ora ele não lhes pôs em relevo qualquer destas boas qualidades que permitem distinguir os bons dos maus. E, embora se tenha abstido de fazer ressaltar demasiado livremente a sua malícia, fê-lo, não para os não ofender a eles, mas antes para não ofender os seus adoradores, a quem se dirigia. Todavia permitiu que os seus leitores precavidos compreendessem o que deviam pensar desses demónios: assim, aos deuses, no seu entender todos bons e felizes, pô-los absolutamente a salvo das paixões e, com o ele mesm o confessa, das tempestadas que agitam os demónios, e só os relacionou pela eternidade dos corpos; todavia, em relação à alma, declarou abertamente que os demónios se assemelham, não aos deuses, mas aos homens. E, mesmo esta semelhança, respeita não à sabedoria, bem de que os próprios homens podem participar, mas à perturbação das paixões que dominam os insensatos e os maus, que os sábios e os bons dominam, preferindo não as ter, a ter de as vencer.

Se A Puleio quisesse dar a entender que os demónios têm de comum com os deuses, não a eternidade do corpo mas a da alma, não teria de certo excluído os homens deste com um privilégio porque, como platónico que é, pensa sem dúvida que também os homens têm alma imortal.

Por isso é que, ao descrever esta espécie de seres animados, ele diz que os homens são dotados de alma imortal, de membros votados à morte (inmortalibus animis, moribundis membris. Apuleio, D e Deo Socratis, IV; ed. Thom as, p. 10.).

Se, portanto, os homens não partilham da eternidade com os demónios porque têm um corpo mortal, é porque têm um corpo imortal que os demónios a possuem.

 

 

Novíssimos

 



O FINAL DOS TEMPOS

 

Contemplar o mistério

 

Nesta terra, a contemplação das realidades sobrenaturais, a ação da graça nas nossas almas, o amor ao próximo como fruto saboroso do amor a Deus, supõem já uma antecipação do Céu, um começo destinado a crescer dia a dia. Nós, cristãos, não suportamos uma vida dupla: mantemos uma unidade de vida, simples e forte, na qual se fundamentam e compenetram todas as nossas ações. 

 

Tempos diários de oração

 


Se desejas deveras ser alma penitente – penitente e alegre –, deves defender, acima de tudo, os teus tempos diários de oração, de oração íntima, generosa, prolongada, e hás-de procurar que esses tempos não sejam ao acaso, mas a hora fixa, sempre que te for possível. Sê escravo deste culto quotidiano a Deus, e garanto-te que te sentirás constantemente alegre. (Sulco, 994)

 

Como anda a tua vida de oração? Não sentes às vezes, durante o dia, desejos de falar mais devagar com Ele? Não Lhe dizes: logo vou contar-te isto e aquilo; logo vou conversar sobre isso contigo?

Nos momentos dedicados expressamente a esse colóquio com o Senhor o coração expande-se, a vontade fortalece-se, a inteligência – ajudada pela graça – enche a realidade humana com a realidade sobrenatural. E, como fruto, sairão sempre propósitos claros, práticos, de melhorares a tua conduta, de tratares delicadamente, com caridade, todos os homens, de te empenhares a fundo – com o empenho dos bons desportistas – nesta luta cristã de amor e de paz.

A oração torna-se contínua como o bater do coração, como as pulsações. Sem essa presença de Deus não há vida contemplativa. E sem vida contemplativa de pouco vale trabalhar por Cristo, porque em vão se esforçam os que constroem se Deus não sustenta a casa.

Para se santificar, o cristão corrente – que não é um religioso e não se afasta do mundo, porque o mundo é o lugar do seu encontro com Cristo – não precisa de hábito externo nem sinais distintivos. Os seus sinais são internos: a constante presença de Deus e o espírito de mortificação. Na realidade, são uma só coisa, porque a mortificação é apenas a oração dos sentidos. (Cristo que passa, 8–9)

 

Pequena agenda do cristão

    



DOMINGO

Pequena agenda do cristão

(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:
Viver a família.

Senhor, que a minha família seja um espelho da Tua Família em Nazareth, que cada um, absolutamente, contribua para a união de todos pondo de lado diferenças, azedumes, queixas que afastam e escurecem o ambiente. Que os lares de cada um sejam luminosos e alegres.

Lembrar-me:
Cultivar a Fé

São Tomé, prostrado a Teus pés, disse-te: Meu Senhor e meu Deus!
Não tenho pena nem inveja de não ter estado presente. Tu mesmo disseste: Bem-aventurados os que crêem sem terem visto.
E eu creio, Senhor.
Creio firmemente que Tu és o Cristo Redentor que me salvou para a vida eterna, o meu Deus e Senhor a quem quero amar com todas as minhas forças e, a quem ofereço a minha vida. Sou bem pouca coisa, não sei sequer para que me queres mas, se me crias-te é porque tens planos para mim. Quero cumpri-los com todo o meu coração.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?



SACRAMENTOS

 


O Matrimónio

 

2. A celebração do matrimónio

 

O matrimónio nasce do consentimento pessoal e irrevogável dos esposos (cf. Catecismo, 1626). «O consentimento matrimonial é o acto da vontade, pela qual o homem e a mulher se entregam e aceitam mutuamente em aliança irrevogável para constituir o matrimónio» (CDC, 1057 §2).

 

«Normalmente, a Igreja exige para os seus fiéis a forma eclesiástica da celebração do Matrimónio» (Catecismo , 1631). Por isso, «somente são válidos aqueles casamentos que se contraem perante o Ordinário do lugar ou o pároco, um sacerdote ou diácono delegado por um deles, para que assistam, e perante testemunhas, de acordo com as regras estabelecidas» pelo Código do Direito Canónico (CDC , 1108 §1).

 

Concorrem várias razões para explicar esta determinação: o casamento sacramental é um acto litúrgico ; introduz numa ordo eclesial, criando direitos e deveres na Igreja entre os esposos e para com os filhos. Devido ao matrimónio ser um estado de vida na Igreja, é preciso que sobre ele existam certezas (daí a obrigação da presença de testemunhas); e o carácter público do consentimento protege o “Sim” uma vez dado e ajuda a permanecer-lhe fiel (cf. Catecismo, 1631).

Reflexão

 



Caridade

 

Não é a dificuldade que há em amar o inimigo o que conta para o merecimento, se não for na medida em que se manifesta nela a perfeição do amor, que triunfa da dita dificuldade.

 

Assim, pois, se a caridade fosse tão completa que suprimisse em absoluto a dificuldade, seria então mais meritória.

 

(São Tomás de Aquino, Questões discutidas sobre a caridade, q. 8, ad 17.)