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                                                   👉  SÃO JOÃO DA CRUZ

Novíssimos

 


INFERNO

 

Contemplar o mistério

 

Não vos esqueçais de que é mais cómodo - mas é um desSão Josemaria, Caminho - evitar o sofrimento a todo o custo, com o pretexto de não magoar o próximo; frequentemente o que se esconde por trás desta omissão é uma vergonhosa fuga ao sofrimento próprio, porque normalmente não é agradável fazer uma advertência séria a alguém. Meus filhos, lembrai-vos de que o inferno está cheio de bocas fechadas. 

 

Um discípulo de Cristo nunca poderá raciocinar assim: "eu procuro ser bom, e os outros, se quiserem..., que vão para o Inferno". Este comportamento não é humano, nem de acordo com o amor de Deus, nem com a caridade que devemos ao próximo. 

 

Só o Inferno é castigo do pecado. A morte e o juízo não passam de consequências, que quem vive na graça de Deus não teme.  

Amor verdadeiro é sair de si mesmo

 


A alegria cristã não é fisiológica: o seu fundamento é sobrenatural, e está por cima da doença e da contradição. Alegria não é alvoroço de guizos ou de baile popular. A verdadeira alegria é algo mais íntimo: algo que nos faz estar serenos, transbordantes de gozo, mesmo que, às vezes, o rosto permaneça grave. (Forja, 520)

 

Há quem viva amargurado todo o dia. Tudo lhe causa desassossego. Dorme com uma obsessão física: a de que essa única evasão possível lhe vai durar pouco. Acorda com a impressão hostil e descorçoada de que já tem outra jornada pela frente...

Muitos esqueceram-se de que o Senhor nos colocou neste mundo de passagem para a felicidade eterna; e não pensam que só podem alcançá-la os que caminharem na Terra com a alegria dos filhos de Deus. (Sulco, 305)

 

Amor verdadeiro é sair de si mesmo, entregar-se. O amor traz consigo a alegria, mas é uma alegria que tem as suas raízes em forma de cruz. Enquanto estivermos na terra e não tivermos chegado à plenitude da vida futura, não pode haver amor verdadeiro sem a experiência do sacrifício, da dor. Uma dor de que se gosta, amável, fonte de íntimo gozo, mas dor real, porque significa vencer o nosso egoísmo e tomar o amor como regra de todas e cada uma das nossas acções (Cristo que passa, 43).

 

Virtudes

         


    Caridade 2

 

Felicidade

 

O nosso amor apoia-se na fé no amor divino. A liberdade está integrada na fidelidade, posto que não há perseverança autêntica sem amor. Só por esse amor se mantém a fidelidade: “enamora-te e não O deixarás(Caminho, 999). E com a fidelidade, a alegria, também quando surge o sofrimento físico ou espiritual: com a fé no amor divino, um filho de Deus, um cristão que viva vida de fé, pode sofrer e chorar: pode ter motivos para se doer; mas, para estar triste, não (São Josemaria, “Las riquezas de la fe”, publicado em ABC, 2-XI-1969).

O nosso amor apoia-se na fé no amor divino. A liberdade está integrada na fidelidade, posto que não há perseverança autêntica sem amor.

A “primeira canonização” foi a do bom ladrão. Umas poucas palavras do Senhor na cruz, a partir de onde amava o mundo inteiro, dando a Sua vida para a salvação de todos aqueles que aceitariam a graça, ensina-nos que fidelidade rima com felicidade. A felicidade é fidelidade ao caminho cristão (Cfr. São Josemaria, Amigos de Deus, 189). Com efeito, a fidelidade é um estar sempre com Jesus e nunca o deixar. No Céu, viveremos esse grande mistério da nossa divinização, seremos mais plenamente filhos no Filho. Dirigindo-se ao bom ladrão, profetiza nosso Senhor: «hodie mecum eris in paradiso» (Lc 23,43): estará nesse mesmo dia com Jesus no paraíso.

Paraíso é uma palavra de origem persa que significa jardim ou parque: está carregada de um sentido de felicidade. Daqui que o Génesis fale do jardim do Éden (Cfr. Gn 2,8). Na boca de Jesus, anunciar o paraíso ao bom ladrão é também um modo de lhe dizer que o espera, a Seu lado e de modo imediato, a felicidade. “Com São José, o cristão aprende o que é ser de Deus e estar plenamente entre os homens, santificando o mundo. Tratai José e encontrareis Jesus. Tratai José e encontrareis Maria, que encheu sempre de paz a amável oficina de Nazaré (Cristo que passa, 56).

 

Guillaume Derville

FILOSOFIA, RELIGIÃO, VIDA HUMANA.

 


Emoções

 

Sensibilidade afectiva

 

Muitos perigos reais vêm da má formação ou mutilação da sensibilidade. Se não é alimentada, a fome de afecto vai-se acumulando e recalcando, e a sensibilidade torna-se vulnerável. E assim, pretendendo resguardá-la e defendê-la, estamos a prepará-la para graves desordens.

A afectividade só amadurece convenientemente quando desde a infância  cresce normalmente num ambiente que lhe fornece os objectos de que vai precisando e a rodeia um clima caloroso e pacificante. A pessoa que sobe para a vida, vai ganhando amor à vida ao sentir-se amada, isto é, ao sentir que a sua existência é desejada por  alguém: desejada, útil, necessária, imprescindível mesmo. O amor e o apreço por nós, a consciência do nosso valor – sentimentos-base de toda a personalidade – procedem em primeiro lugar daq uelesque nos rodeiam nos primeiros anos de vida e até certo ponto em todo o decurso da vida.

A afectividade não amadurecida fica atrasada com características infantis ou adolescente, ou, então, bloqueia-se na dureza reduzindo ao mínimo as suas funções. Sente-se então desamparada perante objectos tentadores e a sua inexperiência leva-a a fazer construções fantásticas sobre indícios banais.

 

(E. de Vasconcelos, Pessoa e Circunstância, Brotéria, Julho 1969, pg. 31)

Leitura espiritual 14 Novembro

 Evangelho

 

Jo XI, 21-37

 

 

Ressurreição de Lázaro

21 Marta disse, então, a Jesus: «Senhor, se Tu cá estivesses, o meu irmão não teria morrido. 22 Mas, ainda agora, eu sei que tudo o que pedires a Deus, Ele to concederá.» 23 Disse-lhe Jesus: «Teu irmão ressuscitará.» 24 Marta respondeu-lhe: «Eu sei que ele há-de ressuscitar na ressurreição do último dia.» 25 Disse-lhe Jesus: «Eu sou a Ressurreição e a Vida. Quem crê em mim, mesmo que tenha morrido, viverá. 26 E todo aquele que vive e crê em mim não morrerá para sempre. Crês nisto?» 27 Ela respondeu-lhe: «Sim, ó Senhor; eu creio que Tu és o Cristo, o Filho de Deus que havia de vir ao mundo.» 28 Dito isto, voltou a casa e foi chamar sua irmã, Maria, dizendo-lhe em voz baixa: «Está cá o Mestre e chama por ti.» 29 Assim que ela ouviu isto, levantou-se rapidamente e foi ter com Ele. 30 Jesus ainda não tinha entrado na aldeia, mas permanecia no lugar onde Marta lhe viera ao encontro. 31 Então, os judeus que estavam com Maria, em casa, para lhe darem os pêsames, ao verem-na levantar-se e sair à pressa, seguiram-na, pensando que se dirigia ao túmulo para aí chorar. 32 Quando Maria chegou ao sítio onde estava Jesus, mal o viu caiu-lhe aos pés e disse-lhe: «Senhor, se Tu cá estivesses, o meu irmão não teria morrido.» 33 Ao vê-la a chorar e os judeus que a acompanhavam a chorar também, Jesus suspirou profundamente e comoveu-se. 34 Depois, perguntou: «Onde o pusestes?» Responderam-lhe: «Senhor, vem e verás.» 35 Então Jesus começou a chorar. 36 Diziam os judeus: «Vede como era seu amigo!» 37 Mas alguns deles murmuravam: «Então, este que deu a vista ao cego não podia também ter feito com que Lázaro não morresse?»

 

Amar a Igreja

 

 

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Alguns afirmam que ficamos poucos na Igreja.

 

Eu responder-lhes-ia que, se todos defendessem com lealdade a doutrina de Cristo, depressa cresceria consideravelmente o número, porque Deus quer que se encha a sua casa.

 

Na Igreja descobrimos Cristo, que é o Amor dos nossos amores.

 

E temos de desejar para todos esta vocação, este gozo íntimo que nos embriaga a alma, a doçura luminosa do Coração misericordioso de Jesus.

 

Devemos ser ecuménicos, ouve-se repetir.

 

Pois sim.

 

No entanto, temo que, por trás de algumas iniciativas auto-denominadas ecuménicas, se oculte uma fraude, pois são actividades que não conduzem ao amor de Cristo, à verdadeira vide.

 

Por isso não dão fruto.

 

Eu peço todos os dias ao Senhor que torne cada vez maior o meu coração, para que continue a tornar sobrenatural este amor que pôs na minha alma a todos os homens, sem distinção de raça, de povo, de condições culturais ou de fortuna.

 

Estimo sinceramente a todos, católicos e não católicos, aos que crêem em alguma coisa e aos não crentes, que me dão tristeza.

 

Mas Cristo fundou uma única Igreja, tem uma única Esposa.

 

A união dos cristãos?

 

Sim.

 

Mais ainda: a união de todos os que crêem em Deus.

 

Mas só existe uma Igreja verdadeira.

 

Não é preciso reconstruí-la com pedaços disperses por todo o mundo. E não necessita de passar por nenhum tipo de purificação para depois se encontrar finalmente limpa.

 

A Esposa de Cristo não pode ser adúltera, porque é incorruptível e pura. Só uma casa conhece, guarda a inviolabilidade de um único tálamo com pudor casto.

 

Ela conserva-nos para Deus, ela destina para o Reino os filhos que engendrou.

 

Todo aquele que se separa da Igreja une-se a uma adúltera, afasta-se das promessas da Igreja:

 

não conseguirá as recompensas de Cristo quem abandona a Igreja de Cristo.

 

 


 

Amar a Igreja

 

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A Igreja é Santa

 

Agora compreenderemos melhor como a unidade da Igreja leva à santidade, como um dos aspectos capitais da sua santidade é essa unidade centrada no mistério de Deus Uno e Trino:

 

Há um só corpo e um só espírito, como também vós fostes chamados a uma só esperança pela vossa vocação.

 

Há um só Senhor, uma só fé, um só baptismo.

 

Há um só Deus e Pai de todos, que está acima de todos, e governa todas as coisas e habita em todos nós.

 

Santidade rigorosamente não significa senão união com Deus. A uma maior intimidade com o Senhor corresponderá, portanto, maior santidade.

 

A Igreja foi querida e fundada por Cristo, que cumpre assim a vontade do Pai; a Esposa do Filho está assistida pelo Espírito Santo.

 

A Igreja é a obra da Santíssima Trindade; é Santa e Mãe, a Nossa Santa Mãe Igreja.

 

Podemos admirar na Igreja uma perfeição a que chamaríamos original e outra final, escatológica.

 

Às duas se refere São Paulo na Epistola aos Efésios:

 

Cristo amou a sua Igreja, e por ela se entregou a si mesmo, para a santificar, purificando-a no baptismo da água pela palavra da vida, para apresentar a si mesmo esta Igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, ou coisa semelhante, mas santa e imaculada.

 

A santidade original e constitutiva da Igreja pode ficar velada - mas nunca destruída, porque é indefectível: as portas do inferno não prevalecerão contra ela -, pode ficar encoberta aos olhos humanos, dizia, em certos momentos de obscuridade pouco menos que colectiva.

 

Mas São Pedro aplica aos cristãos o título de gens sancta, povo santo.

 

E, sendo membros dum povo santo, todos os fiéis receberam essa vocação para a santidade e hão-de esforçar-se por corresponder à graça e ser pessoalmente santos.

 

Ao longo de toda a história, e também na actualidade, tem havido tantos católicos que se santificaram efectivamente:

 

jovens e velhos, solteiros e casados, sacerdotes e leigos, homens e mulheres.

 

Mas acontece que a santidade pessoal de tantos fiéis - dantes e de agora - não é uma coisa aparatosa.

 

É frequente que não a descubramos nas pessoas normais, correntes e santas, que trabalham e convivem no meio de nós.

 

Para um olhar terreno o pecado e as faltas de fidelidade ressaltam mais; chamam mais a atenção.

 

 

Amar a Igreja

 

 

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Gens Sancta, povo santo, composto por criaturas com misérias.

 

Esta aparente contradição marca um aspecto do mistério da Igreja.

 

A Igreja, que é divina, é também humana, porque está formada por homens e os homens têm defeitos: omnes homines terra et Cinis, todos somos pó e cinza.

 

Nosso Senhor Jesus Cristo, que funda a Santa Igreja, espera que os membros deste povo se empenhem continuamente em adquirir a santidade.

 

Nem todos respondem com lealdade à Sua chamada.

 

Por isso, na Esposa de Cristo pode encontrar-se, ao mesmo tempo, a maravilha do caminho de salvação e as misérias daqueles que o percorrem.

 

O Divino Redentor dispôs que a comunidade por Ele fundada, fosse uma sociedade perfeita no seu género e dotada de todos os elementos jurídicos e sociais, para perpetuar neste mundo a obra da Redenção...

 

Se na Igreja se descobre alguma coisa que manifeste a debilidade da nossa condição humana, não deve atribuir-se à sua constituição jurídica, mas antes à deplorável inclinação dos indivíduos para o mal; inclinação que o seu Divino Fundador permite mesmo nos mais altos membros do Corpo Místico, para que seja provada a virtude das ovelhas e dos pastores, e para que em todos aumentem os méritos da fé cristã.

 

Essa é a realidade da Igreja, agora e aqui.

 

Por isso, é compatível a santidade da Esposa de Cristo com a existência de pessoas com defeitos no seu seio.

 

Cristo não excluiu os pecadores da sociedade por Ele fundada.

 

Se, portanto, alguns membros se encontram achacados com doenças espirituais, nem por isso deve diminuir o nosso amor à Igreja.

 

Pelo contrário, há-de até aumentar a nossa compaixão pelos seus membros.

 

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Demonstraria pouca maturidade aquele que, na presença de defeitos e misérias que encontrasse em alguma pessoa pertencente à Igreja - por mais alto que estivesse colocada em virtude da sua função -, sentisse diminuir a sua fé na Igreja e em Cristo.

 

A Igreja não é governada por Pedro, João ou Paulo; é governada pelo Espírito Santo e o Senhor prometeu que permanecerá a seu lado todos os dias, até à consumação dos séculos.

 

Escutai o que diz São Tomás, que tanto se debruçou sobre este ponto, a respeito da recepção dos Sacramentos, que são causa e sinal da graça santificante: “o que se abeira dos Sacramentos, recebe-os certamente do ministro da Igreja, não enquanto é tal pessoa, mas enquanto ministro da Igreja”.

 

Por isso, enquanto a Igreja lhe permitir exercer o seu ministério, o que receber das suas mãos o Sacramento, não participa do pecado do ministro indigno, mas comunica com a Igreja, que o tem por ministro.

 

Quando o Senhor permitir que a fraqueza humana apareça, a nossa reacção há-de ser a mesma que teríamos se víssemos a nossa mãe doente ou tratada com frieza.

 

Amá-la mais, ter para com ela mais manifestações externas e internas de carinho.

 

Se amamos a Igreja, nunca aparecerá em nós o interesse mórbido de pôr à mostra, como culpa da Mãe, as misérias de alguns dos seus filhos.

 

A Igreja, Esposa de Cristo, não tem por que entoar nenhum mea culpa.

Nós sim: mea culpa, mea culpa, mea maxima culpa!

 

Este é o verdadeiro meaculpismo, o pessoal, e não o que ataca a Igreja, apontando e exagerando os defeitos humanos, que, na Mãe Santa, são uma consequência da acção n'Ela exercida pelos homens.

 

Acção que, aliás, só vai até onde os homens podem, porque nunca chegarão a destruir - nem sequer a tocar - aquilo a que chamávamos a santidade original e constitutiva da Igreja.

 

Por isso, Deus Nosso Senhor comparou, com toda a propriedade, a Igreja à eira onde se amontoa a palha e o trigo, de que sairá o pão para a mesa e para o altar; comparou-a também a uma rede varredeira ex omni genere piscium congreganti, capaz de apanhar peixes bons e maus que depois serão separados.

 

 

 

Vida de Maria

 


Os anos de Nazaré

 

Jesus entre os doutores

 

Que angústia a da Virgem quando se apercebeu de que se tinha perdido o Menino! Encontrou-O em Jerusalém, como se contempla neste novo artigo sobre a vida de Nossa Senhora.

A Lei de Moisés obrigava os varões israelitas a apresentarem-se diante do Senhor três vezes por ano: na Páscoa, no Pentecostes e na festa dos Tabernáculos. Esse dever não afectava as mulheres nem os meninos antes de completarem 13 anos, idade em que ficavam sujeitos em tudo aos ditames da Lei. No entanto, entre os israelitas piedosos, era frequente que também as mulheres subissem a Jerusalém para adorar a Deus, por vezes na companhia dos filhos.

 

No tempo de Jesus, era costume que apenas os que residiam a menos de um dia de viagem fizessem essa peregrinação, que além disso se costumava limitar à festa da Páscoa. Como Nazaré distava de Jerusalém vários dias de caminho, também José não estava estritamente obrigado pelo preceito. No entanto, tanto ele como Maria «iam todos os anos a Jerusalém pela festa da Páscoa» (Lc 2, 41). O evangelista não diz se Jesus os acompanhava nessas ocasiões, como era frequente nas famílias piedosas. Só agora fala expressamente desta viagem, talvez para fixar cronologicamente o episódio que se dispõe a relatar, talvez porque o Menino, entrado já no décimo terceiro ano de vida, podia considerar-se obrigado ao preceito. E assim, quando chegou aos doze anos, «foram a Jerusalém segundo o costume daquela festa» (Lc 2, 42).

 

Jerusalém era  uma massa fervilhante de peregrinos e comerciantes. Tinham chegado caravanas das regiões mais remotas: dos desertos da Arábia, das margens do Nilo, das montanhas da Síria, das cultas cidades da Grécia... Reinava a confusão por todo o lado: burros, camelos e bagagem enchiam as ruas e os arredores da cidade. E no Templo, os fiéis aglomeravam-se para oferecer os seus sacrifícios e fazer as suas orações.

 

Com não menos confusão se preparavam para o regresso para o lugar da procedência, homens e mulheres em separado; as crianças, de acordo com a idade, podiam juntar-se a um ou a outro grupo. Não havia uma organização férrea; bastava saber o lugar e a hora aproximada da partida. Não é estranho que, acabados os dias que ela (a festa) durava, «quando voltaram, o Menino ficou em Jerusalém, sem que os Seus pais o advertissem» (Lc 2, 43).

 

Maria e José não se aperceberam até que, ao cair a tarde do primeiro dia de viagem, as caravanas da Galileia fizeram uma paragem no caminho para passar a noite. Que angústia a sua, quando notaram a falta de Jesus! Gastaram as horas que restavam do dia «procurando-O entre os parentes e conhecidos» (Lc 2, 44). A toda a pressa, talvez nessa mesma noite, regressaram a Jerusalém à Sua procura. Encaminharam-se para o local onde tinham comido o cordeiro pascal, foram ao Templo, perguntaram aos amigos e conhecidos que encontravam pelas ruas. Tudo em vão, ninguém tinha visto Jesus. Podemos imaginar os pensamentos de Nossa Senhora: seria esta a espada de dor, predita por Simeão, que lhe ia atravessar o coração?

 

Assim decorreu o segundo dia, com ansiedade e dor. Voltaram uma e outra vez a percorrer os locais onde tinham estado, até que ao terceiro dia de buscas O encontraram no Templo, seguramente num dos salões, situados junto aos átrios, que os escribas utilizavam para dar as suas lições. Era uma cena frequente nos dias de festa: o mestre, num assento de cerimónia em local elevado, para ser bem visto e ouvido, com um rolo do livro sagrado nas mãos, explicava alguma passagem da Escritura aos ouvintes, que escutavam sentados no chão. De vez em quando, o escriba fazia alguma pergunta ao auditório, à qual respondiam os alunos mais adiantados. Foi assim que José e Maria encontraram Jesus: «sentado no meio dos doutores, ouvindo-os e interrogando-os. E todos os O ouviam estavam maravilhados da Sua sabedoria e das Suas respostas» (Lc 2, 46-47).

 

Também a Nossa Senhora e o seu Esposo, quando O viram, «admiraram-se» (Lc 2, 48). Mas o seu assombro não se devia à sabedoria das respostas, mas ao facto de ser a primeira vez que sucedia algo semelhante: Jesus, o filho obedientíssimo, tinha ficado em Jerusalém sem os avisar. Não se tinha perdido; tinha-os abandonado voluntariamente.

 

«- Filho, porque procedeste assim connosco? Eis que teu pai e eu Te procurávamos cheios de aflição. Ele disse-lhes: Por que me procuráveis? Não sabíeis que devo ocupar-Me nas coisas de Meu Pai? Eles, porém, não entenderam o que lhes disse» (Lc 2, 48-50).

 

Ao receber essa resposta, sem a compreender, Maria e José acataram os planos de Deus, com uma humildade e uma docilidade plenas. É uma lição para todos os cristãos, que nos convida a aceitar com amor as manifestações da Providência divina, ainda que por vezes não as entendamos.

 

J. A. Loarte

 

Pequena agenda do cristão

  

SÁBADO

Pequena agenda do cristão

(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:
Honrar a Santíssima Virgem.

A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador, porque pôs os olhos na humildade da Sua serva, de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações. O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas, santo é o Seu nome. O Seu Amor se estende de geração em geração sobre os que O temem. Manifestou o poder do Seu braço, derrubou os poderosos do seu trono e exaltou os humildes, aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias. Acolheu a Israel Seu servo, lembrado da Sua misericórdia, como tinha prometido a Abraão e à sua descendência para sempre.

Lembrar-me:

Santíssima Virgem Mãe de Deus e minha Mãe.

Minha querida Mãe: Hoje queria oferecer-te um presente que te fosse agradável e que, de algum modo, significasse o amor e o carinho que sinto pela tua excelsa pessoa.
Não encontro, pobre de mim, nada mais que isto: O desejo profundo e sincero de me entregar nas tuas mãos de Mãe para que me leves a Teu Divino Filho Jesus. Sim, protegido pelo teu manto protector, guiado pela tua mão providencial, não me desviarei no caminho da salvação.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?




Orações sugeridas:

FILOSOFIA, RELIGIÃO, VIDA HUMANA.

 


Sabedoria

 

A natureza espiritual da pessoa humana encontra e deve encontrar a sua perfeição na sabedoria, que suavemente atrai o espírito do homem à busca e amor da verdade e do bem, e graças à qual é levado por meio das coisas visíveis até às invisíveis.

Mais que os séculos passados, o nosso tempo precisa de uma tal sabedoria, para que se humanizem as novas descobertas dos homens.

 

(Enc Gaudium et Spes, 15)

Reflexão

 


Humor

 

O distanciamento em relação aos outros e a nós próprios, obtido graças ao sentido de humor, permite-nos assim viver mais segundo o Evangelho.

 

(Tadeus Dajczer, Meditações sobre a Fé, Paulus, 4ª Ed., pg. 110)