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14/11/2020

Leitura espiritual 14 Novembro

 Evangelho

 

Jo XI, 21-37

 

 

Ressurreição de Lázaro

21 Marta disse, então, a Jesus: «Senhor, se Tu cá estivesses, o meu irmão não teria morrido. 22 Mas, ainda agora, eu sei que tudo o que pedires a Deus, Ele to concederá.» 23 Disse-lhe Jesus: «Teu irmão ressuscitará.» 24 Marta respondeu-lhe: «Eu sei que ele há-de ressuscitar na ressurreição do último dia.» 25 Disse-lhe Jesus: «Eu sou a Ressurreição e a Vida. Quem crê em mim, mesmo que tenha morrido, viverá. 26 E todo aquele que vive e crê em mim não morrerá para sempre. Crês nisto?» 27 Ela respondeu-lhe: «Sim, ó Senhor; eu creio que Tu és o Cristo, o Filho de Deus que havia de vir ao mundo.» 28 Dito isto, voltou a casa e foi chamar sua irmã, Maria, dizendo-lhe em voz baixa: «Está cá o Mestre e chama por ti.» 29 Assim que ela ouviu isto, levantou-se rapidamente e foi ter com Ele. 30 Jesus ainda não tinha entrado na aldeia, mas permanecia no lugar onde Marta lhe viera ao encontro. 31 Então, os judeus que estavam com Maria, em casa, para lhe darem os pêsames, ao verem-na levantar-se e sair à pressa, seguiram-na, pensando que se dirigia ao túmulo para aí chorar. 32 Quando Maria chegou ao sítio onde estava Jesus, mal o viu caiu-lhe aos pés e disse-lhe: «Senhor, se Tu cá estivesses, o meu irmão não teria morrido.» 33 Ao vê-la a chorar e os judeus que a acompanhavam a chorar também, Jesus suspirou profundamente e comoveu-se. 34 Depois, perguntou: «Onde o pusestes?» Responderam-lhe: «Senhor, vem e verás.» 35 Então Jesus começou a chorar. 36 Diziam os judeus: «Vede como era seu amigo!» 37 Mas alguns deles murmuravam: «Então, este que deu a vista ao cego não podia também ter feito com que Lázaro não morresse?»

 

Amar a Igreja

 

 

4

               

Alguns afirmam que ficamos poucos na Igreja.

 

Eu responder-lhes-ia que, se todos defendessem com lealdade a doutrina de Cristo, depressa cresceria consideravelmente o número, porque Deus quer que se encha a sua casa.

 

Na Igreja descobrimos Cristo, que é o Amor dos nossos amores.

 

E temos de desejar para todos esta vocação, este gozo íntimo que nos embriaga a alma, a doçura luminosa do Coração misericordioso de Jesus.

 

Devemos ser ecuménicos, ouve-se repetir.

 

Pois sim.

 

No entanto, temo que, por trás de algumas iniciativas auto-denominadas ecuménicas, se oculte uma fraude, pois são actividades que não conduzem ao amor de Cristo, à verdadeira vide.

 

Por isso não dão fruto.

 

Eu peço todos os dias ao Senhor que torne cada vez maior o meu coração, para que continue a tornar sobrenatural este amor que pôs na minha alma a todos os homens, sem distinção de raça, de povo, de condições culturais ou de fortuna.

 

Estimo sinceramente a todos, católicos e não católicos, aos que crêem em alguma coisa e aos não crentes, que me dão tristeza.

 

Mas Cristo fundou uma única Igreja, tem uma única Esposa.

 

A união dos cristãos?

 

Sim.

 

Mais ainda: a união de todos os que crêem em Deus.

 

Mas só existe uma Igreja verdadeira.

 

Não é preciso reconstruí-la com pedaços disperses por todo o mundo. E não necessita de passar por nenhum tipo de purificação para depois se encontrar finalmente limpa.

 

A Esposa de Cristo não pode ser adúltera, porque é incorruptível e pura. Só uma casa conhece, guarda a inviolabilidade de um único tálamo com pudor casto.

 

Ela conserva-nos para Deus, ela destina para o Reino os filhos que engendrou.

 

Todo aquele que se separa da Igreja une-se a uma adúltera, afasta-se das promessas da Igreja:

 

não conseguirá as recompensas de Cristo quem abandona a Igreja de Cristo.

 

 


 

Amar a Igreja

 

5

               

A Igreja é Santa

 

Agora compreenderemos melhor como a unidade da Igreja leva à santidade, como um dos aspectos capitais da sua santidade é essa unidade centrada no mistério de Deus Uno e Trino:

 

Há um só corpo e um só espírito, como também vós fostes chamados a uma só esperança pela vossa vocação.

 

Há um só Senhor, uma só fé, um só baptismo.

 

Há um só Deus e Pai de todos, que está acima de todos, e governa todas as coisas e habita em todos nós.

 

Santidade rigorosamente não significa senão união com Deus. A uma maior intimidade com o Senhor corresponderá, portanto, maior santidade.

 

A Igreja foi querida e fundada por Cristo, que cumpre assim a vontade do Pai; a Esposa do Filho está assistida pelo Espírito Santo.

 

A Igreja é a obra da Santíssima Trindade; é Santa e Mãe, a Nossa Santa Mãe Igreja.

 

Podemos admirar na Igreja uma perfeição a que chamaríamos original e outra final, escatológica.

 

Às duas se refere São Paulo na Epistola aos Efésios:

 

Cristo amou a sua Igreja, e por ela se entregou a si mesmo, para a santificar, purificando-a no baptismo da água pela palavra da vida, para apresentar a si mesmo esta Igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, ou coisa semelhante, mas santa e imaculada.

 

A santidade original e constitutiva da Igreja pode ficar velada - mas nunca destruída, porque é indefectível: as portas do inferno não prevalecerão contra ela -, pode ficar encoberta aos olhos humanos, dizia, em certos momentos de obscuridade pouco menos que colectiva.

 

Mas São Pedro aplica aos cristãos o título de gens sancta, povo santo.

 

E, sendo membros dum povo santo, todos os fiéis receberam essa vocação para a santidade e hão-de esforçar-se por corresponder à graça e ser pessoalmente santos.

 

Ao longo de toda a história, e também na actualidade, tem havido tantos católicos que se santificaram efectivamente:

 

jovens e velhos, solteiros e casados, sacerdotes e leigos, homens e mulheres.

 

Mas acontece que a santidade pessoal de tantos fiéis - dantes e de agora - não é uma coisa aparatosa.

 

É frequente que não a descubramos nas pessoas normais, correntes e santas, que trabalham e convivem no meio de nós.

 

Para um olhar terreno o pecado e as faltas de fidelidade ressaltam mais; chamam mais a atenção.

 

 

Amar a Igreja

 

 

6

               

Gens Sancta, povo santo, composto por criaturas com misérias.

 

Esta aparente contradição marca um aspecto do mistério da Igreja.

 

A Igreja, que é divina, é também humana, porque está formada por homens e os homens têm defeitos: omnes homines terra et Cinis, todos somos pó e cinza.

 

Nosso Senhor Jesus Cristo, que funda a Santa Igreja, espera que os membros deste povo se empenhem continuamente em adquirir a santidade.

 

Nem todos respondem com lealdade à Sua chamada.

 

Por isso, na Esposa de Cristo pode encontrar-se, ao mesmo tempo, a maravilha do caminho de salvação e as misérias daqueles que o percorrem.

 

O Divino Redentor dispôs que a comunidade por Ele fundada, fosse uma sociedade perfeita no seu género e dotada de todos os elementos jurídicos e sociais, para perpetuar neste mundo a obra da Redenção...

 

Se na Igreja se descobre alguma coisa que manifeste a debilidade da nossa condição humana, não deve atribuir-se à sua constituição jurídica, mas antes à deplorável inclinação dos indivíduos para o mal; inclinação que o seu Divino Fundador permite mesmo nos mais altos membros do Corpo Místico, para que seja provada a virtude das ovelhas e dos pastores, e para que em todos aumentem os méritos da fé cristã.

 

Essa é a realidade da Igreja, agora e aqui.

 

Por isso, é compatível a santidade da Esposa de Cristo com a existência de pessoas com defeitos no seu seio.

 

Cristo não excluiu os pecadores da sociedade por Ele fundada.

 

Se, portanto, alguns membros se encontram achacados com doenças espirituais, nem por isso deve diminuir o nosso amor à Igreja.

 

Pelo contrário, há-de até aumentar a nossa compaixão pelos seus membros.

 

7

               

Demonstraria pouca maturidade aquele que, na presença de defeitos e misérias que encontrasse em alguma pessoa pertencente à Igreja - por mais alto que estivesse colocada em virtude da sua função -, sentisse diminuir a sua fé na Igreja e em Cristo.

 

A Igreja não é governada por Pedro, João ou Paulo; é governada pelo Espírito Santo e o Senhor prometeu que permanecerá a seu lado todos os dias, até à consumação dos séculos.

 

Escutai o que diz São Tomás, que tanto se debruçou sobre este ponto, a respeito da recepção dos Sacramentos, que são causa e sinal da graça santificante: “o que se abeira dos Sacramentos, recebe-os certamente do ministro da Igreja, não enquanto é tal pessoa, mas enquanto ministro da Igreja”.

 

Por isso, enquanto a Igreja lhe permitir exercer o seu ministério, o que receber das suas mãos o Sacramento, não participa do pecado do ministro indigno, mas comunica com a Igreja, que o tem por ministro.

 

Quando o Senhor permitir que a fraqueza humana apareça, a nossa reacção há-de ser a mesma que teríamos se víssemos a nossa mãe doente ou tratada com frieza.

 

Amá-la mais, ter para com ela mais manifestações externas e internas de carinho.

 

Se amamos a Igreja, nunca aparecerá em nós o interesse mórbido de pôr à mostra, como culpa da Mãe, as misérias de alguns dos seus filhos.

 

A Igreja, Esposa de Cristo, não tem por que entoar nenhum mea culpa.

Nós sim: mea culpa, mea culpa, mea maxima culpa!

 

Este é o verdadeiro meaculpismo, o pessoal, e não o que ataca a Igreja, apontando e exagerando os defeitos humanos, que, na Mãe Santa, são uma consequência da acção n'Ela exercida pelos homens.

 

Acção que, aliás, só vai até onde os homens podem, porque nunca chegarão a destruir - nem sequer a tocar - aquilo a que chamávamos a santidade original e constitutiva da Igreja.

 

Por isso, Deus Nosso Senhor comparou, com toda a propriedade, a Igreja à eira onde se amontoa a palha e o trigo, de que sairá o pão para a mesa e para o altar; comparou-a também a uma rede varredeira ex omni genere piscium congreganti, capaz de apanhar peixes bons e maus que depois serão separados.

 

 

 

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