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26/10/2020

Leitura espiritual Outubro 26

 


Cartas de São Paulo

 

Carta aos Hebreus 2

 

Exortação –

1 Por isso, é necessário prestarmos maior atenção ao que ouvimos, para que não nos transviemos. 2 Se, de facto, uma palavra pronunciada pelos anjos permaneceu válida e toda a transgressão e desobediência receberam a justa retribuição, 3 como escaparemos nós, se desprezarmos tão grande salvação? Tendo sido primeiro proclamada pelo Senhor, essa salvação foi-nos confirmada pelos que a escutaram 4 e foi testemunhada por Deus, por meio de sinais e prodígios, por diversas manifestações de poder e pelos dons do Espírito Santo, repartidos segundo a sua vontade.

 

Cristo, irmão dos homens –

5 Deus não submeteu aos anjos o mundo futuro de que falamos. 6 Mas alguém, em certo lugar, atesta, dizendo: Que é o homem, para que te recordes dele, ou o filho do homem para que cuides dele? 7 Fizeste-o por um pouco inferior aos anjos, coroaste-o de honra e de glória, 8 submeteste tudo aos seus pés. Ora, ao submeter-lhe tudo, nada deixou que não lhe estivesse sujeito. Contudo, ainda não vemos que tudo lhe esteja sujeito. 9 Vemos, porém, Jesus, que foi feito por um pouco inferior aos anjos, coroado de glória e de honra, por causa da morte que sofreu, a fim de que, pela graça de Deus, experimentasse a morte em favor de todos. 10 Convinha, com efeito, que aquele por quem e para quem existem todas as coisas, querendo levar muitos filhos à glória, levasse à perfeição, por meio dos sofrimentos, o autor da sua salvação. 11 De facto, tanto o que santifica, como os que são santificados, provêm todos de um só; razão pela qual não se envergonha de lhes chamar irmãos, 12 dizendo: Anunciarei o teu nome aos meus irmãos, no meio da assembleia te louvarei; 13 e ainda: Eu porei nele a minha confiança; e de novo: Eis-me, a mim e aos filhos que Deus me deu. 14 Pois, tal como os filhos têm em comum a carne e o sangue, também Ele partilhou a condição deles, a fim de destruir, pela sua morte, aquele que tinha o poder da morte, isto é, o diabo, 15 e libertar aqueles que, por medo da morte, passavam toda a vida dominados pela escravidão. 16 Ele, de facto, não veio em auxílio dos anjos, mas veio em auxílio da descendência de Abraão. 17 Por isso, Ele teve de assemelhar-se em tudo aos seus irmãos, para se tornar um Sumo Sacerdote misericordioso e fiel em relação a Deus, a fim de expiar os pecados do povo. 18 É precisamente porque Ele mesmo sofreu e foi posto à prova, que pode socorrer os que são postos à prova.

 

 


Cristo que passa

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Hoje e ontem

 

A liturgia do Domingo de Ramos põe na boca dos cristãos este cântico: “levantai, portas, os vossos dintéis; levantai-vos, portas antigas, para que entre o Rei da glória”.

Quem fica recluso na cidadela do seu egoísmo não descerá ao campo de batalha.

Contudo, se levantar as portas da fortaleza e permitir que entre o Rei da Paz, sairá com ele a combater contra toda essa miséria que embacia os olhos e insensibiliza a consciência.

 

Levantai as portas antigas.

Esta exigência de combate não é nova no Cristianismo.

É a verdade perene.

Sem luta, não se consegue a vitória; sem vitória não se alcança a paz.

Sem paz, a alegria humana será só uma alegria aparente, falsa, estéril, que não se traduz na ajuda aos homens, nem em obras de caridade e de justiça, de perdão e de misericórdia, nem em serviço de Deus.

 

Agora, dentro e fora da Igreja, em cima e em baixo, dá a impressão de que muitos renunciaram à luta - à guerra pessoal contra as suas próprias claudicações -, para se entregarem com armas e bagagens às servidões que envelhecem a alma.

Esse perigo rondará sempre em tomo de todos os cristãos.

 

Por isso, é preciso pedir incessantemente à Santíssima Trindade que tenha compaixão de todos.

Ao falar destas coisas fico perturbado se recorro à justiça de Deus. Apelo para a sua misericórdia, para a sua compaixão, a fim de que não olhe para os nossos pecados, mas para os méritos de Cristo e de sua Santa Mãe, e que é também nossa Mãe, para os do Patriarca São José, que Lhe serviu de Pai, para os dos Santos.

 

O cristão pode viver com a segurança de que, se quiser lutar, Deus o acolherá na Sua mão direita, como se lê na Missa desta festa.

Jesus, que entra em Jerusalém montado num pobre burrico, Rei da paz, é quem diz: o, reino dos céus alcança-se com violência, e os violentos arrebatam-no.

Essa força não se manifesta na violência contra os outros; é fortaleza para combater as próprias debilidades e misérias, valentia para não mascarar as nossas infidelidades, audácia para confessar a fé, mesmo quando o ambiente é contrário.

 

Hoje, como ontem, espera-se heroísmo do cristão. Heroísmo em grandes contendas, se é preciso.

Heroísmo - e será o normal - nas pequenas escaramuças de cada dia. Quando se luta continuamente, com Amor e deste modo que parece insignificante, o Senhor está sempre ao lado dos seus filhos, como pastor amoroso:

Diz O Senhor Deus. “Eu mesmo apascentarei as minhas ovelhas e as farei repousar, irei procurar as que se tinham perdido, farei voltar as que andavam desgarradas, porei ligaduras às que tinham algum membro quebrado e fortalecerei as que estavam fracas...

E as minhas ovelhas habitarão no seu país sem temor; e elas saberão que eu sou O Senhor, quando Eu tiver quebrado as cadeias do seu jugo, e as tiver arrancado das mãos daqueles que as dominavam”.

 

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«Antes do dia da festa da Páscoa, sabendo Jesus que era chegada a sua hora de passar deste mundo ao Pai, tendo amado os seus, que estavam no mundo, amou-os até ao fim».

Este versículo de São João anuncia ao leitor que vai acontecer algo de importante nesse dia.

É um preâmbulo terno e afectuoso, que corresponde àquele que São Lucas recolhe no seu relato: afirma o Senhor «Tenho desejado ardentemente - - comer convosco esta Páscoa, antes de sofrer».

 

Devemos começar desde já por pedir ao Espírito Santo que nos prepare de forma a podermos compreender todas as expressões e todos os gestos de Jesus Cristo, porque queremos viver vida sobrenatural, porque O Senhor nos manifestou a Sua vontade de Se nos oferecer como alimento da alma e porque reconhecemos que só Ele tem palavras de vida eterna.

 

A fé leva-nos a confessar com Simão Pedro: «nós acreditamos e conhecemos que tu és Cristo, Filho de Deus».

E é também ela, fundida com a nossa devoção, que nesses momentos transcendentes nos incita a imitar a audácia de João.

Assim, aproximamo-nos de Jesus e reclinamos a cabeça no peito do Mestre que, como acabamos de ouvir, por amar ardentemente os seus, os iria amar até ao fim.

 

Todos os modos de dizer são demasiadamente pobres quando pretendem explicar, mesmo de longe, o mistério da Quinta-Feira Santa. No entanto, não é difícil imaginar os sentimentos do Coração de Jesus Cristo naquela tarde, a última que passava com os seus antes do sacrifício do Calvário.

 

Lembremo-nos da experiência tão humana da despedida de duas pessoas muito amigas.

Desejariam ficar sempre juntas, mas o dever - ou seja o que for - obriga-as a afastar-se uma da outra.

Não podem, portanto, continuar uma junto das outra, como seria do seu gosto.

Nestas ocasiões, o amor humano, que por maior que seja, é sempre limitado, costuma recorrer aos símbolos.

As pessoas que se despedem trocam lembranças entre si, talvez uma fotografia onde se escreve uma dedicatória tão calorosa, que até admira que não arda o papel.

Mas não podem ir além disso, porque o poder das criaturas não vai tão longe como o seu querer.

 

Ora o que não está na nossa mão, consegue-o OSenhor. Jesus Cristo, perfeito Deus e perfeito Homem, não deixa um símbolo, mas uma realidade.

Fica Ele mesmo.

Embora vá para O Pai, permanece entre os homens.

Não nos deixará um simples presente que nos faça evocar a Sua memória, alguma imagem que tenda a apagar-se com o tempo, como uma fotografia que a pouco e pouco se vai esvaindo e amarelecendo até perder o sentido para quem não interveio naquele momento amoroso.

Sob as espécies do pão e do vinho está Ele, realmente presente, com o Seu Corpo, o Seu Sangue, a alma e a Sua Divindade.

 

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A alegria da Quinta-Feira Santa

 

Como é fácil de explicar agora o clamor incessante dos cristãos diante da Hóstia Santa, em todos os tempos!

Canta, ó língua, o mistério do Corpo glorioso e do Sangue precioso que o Rei dos povos, filho do ventre fecundo, derramou para resgate do mundo”.

É preciso adorar devotamente este Deus escondido.

Ele é o mesmo Jesus Cristo que nasceu da Virgem Maria; O mesmo, que padeceu e foi imolado na Cruz; O mesmo, enfim, de cujo peito trespassado jorrou água e sangue.

 

Este é o sagrado banquete em que se recebe o próprio Cristo e se renova a memória da Paixão e, com Ele, a alma pode privar na intimidade com o seu Deus e possui um penhor da glória futura”.

Assim, a liturgia da Igreja resumiu, em breve estrofe, os capítulos culminantes da história da ardente caridade que o Senhor tem para connosco.

 

O Deus da nossa fé não é um ser longínquo, que contempla com indiferença a sorte dos homens, os seus afãs, as suas lutas, as suas angústias.

É um pai que ama os seus filhos até ao ponto de enviar o Verbo, Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, a fim, com a Sua encarnação, morrer por nós e nos redimir.

É ele ainda o mesmo Pai amoroso que agora nos atrai suavemente para Si, mediante a acção do Espírito Santo que habita nos nossos corações.

 

A alegria da Quinta-Feira Santa parte, portanto, do facto de nós compreendermos que o Criador Se desfez em carinho pelas suas criaturas.

Nosso Senhor Jesus Cristo, como se já não fossem suficientes todas as outras provas da Sua misericórdia, institui a Eucaristia para que possamos tê-Lo sempre perto de nós e porque - tanto quanto nos é possível entender - movido pelo Seu Amor, Ele, que de nada necessita, não quis prescindir de nós.

A Trindade apaixonou-se pelo homem, elevado à ordem da graça e feito à sua imagem e semelhança, redimiu-o do pecado - do pecado de Adão que se propagou a toda a sua descendência e dos pecados pessoais de cada um - e deseja vivamente morar na nossa alma, como diz o Evangelho: «se alguém Me ama, guardará a minha palavra, e Meu Pai o amará, e nós viremos a ele, e faremos nele morada»

 

 

Um tempo de meditação diária

 


Se és tenaz para assistires diariamente a umas aulas, só porque nelas adquires certos conhecimentos... muito limitados, como é que não tens constância para frequentares O Mestre, sempre desejoso de te ensinar a ciência da vida interior, de sabor e conteúdo eternos? (Sulco, 663)

 

Que vale o homem, ou o maior galardão do mundo, comparados com Jesus Cristo, que está sempre à tua espera? (Sulco, 664)

 

Um tempo de meditação diária (união de amizade com Deus) é próprio de pessoas que sabem aproveitar rectamente a sua vida; de cristãos conscientes, coerentes. (Sulco, 665)

 

Os namorados não sabem dizer adeus; acompanham-se sempre.

 

Tu e eu amamos assim o Senhor? (Sulco, 666)

 

Não vês como muitos dos teus colegas sabem demonstrar grande delicadeza e sensibilidade no trato com as pessoas que amam: a namorada, a mulher, os filhos, a família?...

Diz-lhes (e exige-o a ti mesmo!) que o Senhor não merece menos. Que O tratem assim! E recomenda-lhes, além disso, que continuem com essa delicadeza e sensibilidade, mas vividas com Ele e por Ele; e alcançarão uma felicidade nunca sonhada, mesmo já aqui na Terra. (Sulco, 676).

Reflexão

 



Comunhão Eucarística

 

(Ao comungar) É necessário que todo o nosso porte exterior dê, aos que nos vêm, a sensação de que nos preparamos para algo grande.

 

(São João Maria Vianey, Sermões sobre a Comunhão)

Pequena agenda do cristão

 

SeGUNDa-Feira

Pequena agenda do cristão

(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:
Sorrir; ser amável; prestar serviço.

Senhor que eu faça "boa cara" que seja alegre e transmita aos outros, principalmente em minha casa, boa disposição.

Senhor que eu sirva sem reserva de intenção de ser recompensado; servir com naturalidade; prestar pequenos ou grandes serviços a todos mesmo àqueles que nada me são. Servir fazendo o que devo sem olhar à minha pretensa “dignidade” ou “importância” “feridas” em serviço discreto ou desprovido de relevo, dando graças pela oportunidade de ser útil.

Lembrar-me:
Papa, Bispos, Sacerdotes.

Que o Senhor assista e vivifique o Papa, santificando-o na terra e não consinta que seja vencido pelos seus inimigos.

Que os Bispos se mantenham firmes na Fé, apascentando a Igreja na fortaleza do Senhor.

Que os Sacerdotes sejam fiéis à sua vocação e guias seguros do Povo de Deus.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?


Outubro - Mês do Rosário




MISTÉRIOS DO EVANGELHO [i]

Quinto Mistério 


Escolha do Colégio apostólico ou dos Doze

Impressiona a simplicidade de algo tão transcendente com é o chamamento dos quatro primeiros Apóstolos. Não há um discurso, uma explicação o traçar de um plano de acção. O Senhor, que sabe tudo, sabia que a resposta seria pronta, imediata, completa total. Há com certeza algum conhecimento prévio da pessoa de Jesus, os quatro irmãos deveriam ter falado disso com detalhe, mas, não obstante, estariam longe de supor que este convite inopinado lhes seria feito.
As pessoas simples, de espírito aberto e coração puro, abraçam sem titubear os convites que reconhecem instantaneamente como sendo algo radical que mudará as suas vidas para sempre porque, também de imediato, reconhecem em Quem os convida, uma autoridade e grandeza a que não podem resistir. Não “jogam, portanto, no escuro”, mas com a certeza e confiança que estão fazendo o que de facto lhes convém.

Depois seguir-se-ão mais “convites”, mais “escolhas”, até completar o que poderíamos chamar: os Doze do Colégio Apostólico.

Doze!

Porquê doze?
Não eram doze as Tribos de Israel?
Pois Jesus Cristo tem uma intenção que revelará mais tarde: "Sentar-vos eis em doze tronos para julgar as Doze Tribos de Israel". (Cfr. Mt 19, 28)

Mas, pergunto: Não deveria ter escolhido gente competente, ilustrada, culta que desse melhores "garantias" de sucesso na missão? Seria, talvez, o nosso critério.

Os "critérios" de Jesus, sendo humanos são, também, divinos e são estes que prevalecem. E, como não podia deixar de ser, a escolha é acertadissima. 


Dos Doze, apenas um se revelou indigno da "escolha", o que O veio a trair.

Não compreendemos este aparente "engano" do Senhor. Nem nos compete julgar ou, sequer, avaliar o aparente "fracasso". Um dia «tudo será revelado». (Cfr. Jo 6, 64)


São gente comum, anónima, sem proeminência.

Não valiam absolutamente nada no seu tempo; não eram ricos, nem cultos, nem heróis do ponto de vista humano. Jesus lança sobre os ombros deste punhado de discípulos uma tarefa imensa, divina”. (Cfr. São Josemaria, Amar a Igreja 12)


A humanidade inteira deve a Pedro e aos outros seus companheiros, saber quem é Jesus e, sabendo-o, ter a oportunidade através dos Evangelhos, de chegar a conhecê-Lo intimamente.
Conhecer Jesus Cristo é conhecer Deus Uno e Trino, Criador e Senhor de toda a criação.
Sem estes homens, simples, um pouco rudes, cheios de defeitos e debilidades ma,s sentindo um amor incomensurável pelo Mestre por Quem a maior parte deu a própria vida, não teríamos essa ventura.
E devemos, todos, estar-lhes muito gratos e, como são pessoas comuns como nós, imitá-los em tudo mas, sobretudo, nesse Amor com A grande por Nosso Senhor Jesus Cristo.

Os Apóstolos, homens correntes.

A mim, anima-me muito considerar um precedente, narrado passo a passo, nas páginas do Evangelho: a vocação dos primeiros doze. Vamos meditá-la devagar, pedindo a essas santas testemunhas do Senhor que saibamos seguir Cristo como eles o fizeram. Aqueles primeiros doze apóstolos - a quem tenho grande devoção e carinho - eram, segundo os critérios humanos, bem pouca coisa. Quanto à posição social, com excepção de Mateus - que com certeza ganhava bem a vida e deixou tudo quando Jesus lhe pediu - eram pescadores; viviam do dia-a-dia, trabalhando até de noite para poderem alcançar o seu sustento. Mas a posição social é o de menos. Não eram cultos, nem sequer muito inteligentes, pelo menos no que diz respeito às realidades sobrenaturais. Até os exemplos e as comparações mais simples lhes eram incompreensíveis e pediam ao Mestre: «Domine, edissere nobis parabolam», Senhor, explica-nos a parábola. Quando Jesus, com uma imagem, alude ao fermento dos fariseus, supõem que os está a recriminar por não terem comprado pão. Pobres, ignorantes. E nem sequer eram simples, humildes. Dentro das suas limitações, eram ambiciosos. Muitas vezes discutem sobre quem seria o maior, quando - segundo a sua mentalidade - Cristo instaurasse na terra o reino definitivo de Israel. Discutem e excitam-se até naquela hora sublime em que Jesus está prestes a imolar-se pela humanidade, na intimidade do Cenáculo. Fé? Pouca. O próprio Jesus Cristo o diz. Viram ressuscitar mortos, curar todo o tipo de doenças, multiplicar o pão e os peixes, acalmar tempestades, expulsar demónios. Pois São Pedro, escolhido como cabeça, é o único que sabe responder com prontidão: «Tu és o Cristo, Filho de Deus vivo». Mas é uma fé que ele interpreta à sua maneira; por isso atreve-se a enfrentar Jesus Cristo, a fim de que Ele não Se entregue pela redenção dos homens. E Jesus tem de responder-lhe: Retira-te de mim, Satanás; tu serves-me de escândalo, porque não tens a sabedoria das coisas de Deus mas das coisas dos homens. Pedro raciocinava humanamente, comenta São João Crisóstomo, e concluía que tudo aquilo (a Paixão e a Morte) era indigno de Cristo, reprovável. Por isso Jesus repreende-o e diz-lhe: Não, sofrer não é coisa indigna de Mim; tu pensas assim porque raciocinas com ideias carnais, humanas. Em que sobressaem então aqueles homens de pouca fé? Talvez no amor a Cristo? Sem dúvida que O amavam, pelo menos de palavra. Chegam até a deixar-se arrebatar pelo entusiasmo: «Vamos nós também e morramos com Ele». Mas à hora da verdade, todos hão-de fugir, excepto João, que O amava com obras e de verdade. Só este adolescente, o mais jovem dos Apóstolos, permanece junto da cruz. Os outros não sentiam esse amor tão forte como a morte. Eram estes os discípulos escolhidos pelo Senhor; assim os escolhe Cristo; assim se comportavam antes de, cheios do Espírito Santo, se tornassem colunas da Igreja. São homens correntes, com defeitos, com debilidades, com palavras maiores do que as suas obras. E, contudo, Jesus chama-os para fazer deles pescadores de homens, corredentores, administradores da graça de Deus”. (Cfr. São Josemaria, Cristo que Passa, 2)


Os Apóstolos homens simples, correntes… “normais”!

Ou seja: Como somos a grande maioria dos homens!

Quer dizer: Temos - todos – capacidades para ser verdadeiros apóstolos.

(AMA, 2019)


[i] Escolhi este título para uma série de reflexões sobre os mistérios contidos no Evangelho. Se por “mistério” consideramos algo que não entendemos inteiramente ou não compreendemos com meridiana clareza, então julgo que o Evangelho contém muitas atitudes, palavras, gestos de Jesus Cristo cujo verdadeiro significado e “alcance” nos escapa.