Padroeiros do blog: SÃO PAULO; SÃO TOMÁS DE AQUINO; SÃO FILIPE DE NÉRI; SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ
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19/06/2020
Estou com Ele no tempo da adversidade
Ainda que tudo se vá abaixo e se acabe; ainda que os
acontecimentos se sucedam ao contrário do previsto, com tremenda adversidade;
nada se ganha perturbando-se. Além disso, recorda a oração confiante do
profeta: "O Senhor é o nosso Juiz; o Senhor é o nosso Legislador; o Senhor
é o nosso Rei; Ele é quem nos há-de salvar". Reza-a devotamente, todos os
dias, para acomodar a tua conduta aos desígnios da Providência, que nos governa
para nosso bem. (Forja, 855)
E quando a tentação do desânimo, dos contrastes, da
luta, da tribulação, de uma nova noite da alma nos ataca –violenta –, o
salmista põe-nos nos lábios e na inteligência aquelas palavras: estou com Ele
no tempo da adversidade. Jesus, perante a Tua Cruz, que vale a minha; perante
as Tuas feridas, os meus arranhões? Perante o Teu Amor imenso, puro e infinito,
que vale o minúsculo fardo que Tu colocaste sobre os meus ombros? E os vossos
corações e o meu enchem-se de uma santa avidez, confessando-Lhe – com obras –
que morremos de Amor.
Nasce uma sede de Deus, uma ânsia de compreender as
Suas lágrimas; de ver o Seu sorriso, o Seu rosto... Julgo que o melhor modo de
o exprimir é voltar a repetir, com a Escritura: como o veado deseja a fonte das
águas, assim a minha alma te anela, ó meu Deus! E a alma avança, metida em
Deus, endeusada: o cristão tornou-se um viajante sedento, que abre a boca às
águas da fonte.
Com esta entrega, o zelo apostólico ateia-se,
aumenta dia-a-dia – pegando esta ânsia aos outros – porque o bem é difusivo.
Não é possível que a nossa pobre natureza, tão perto de Deus, não arda em
desejos de semear no mundo inteiro a alegria e a paz, de regar tudo com as
águas redentoras que brotam do lado aberto de Cristo, de começar e acabar todas
as tarefas por Amor.
Falava antes de dores, de sofrimentos, de lágrimas.
E não me contradigo se afirmo que, para um discípulo que procura amorosamente o
Mestre, é muito diferente o sabor das tristezas, das penas, das aflições:
desaparecem imediatamente, quando aceitamos deveras a Vontade de Deus, quando
cumprimos com gosto os Seus desígnios, como filhos fiéis, ainda que os nervos
pareçam rebentar e o suplício pareça insuportável. (Amigos de Deus, nn. 310–311)
Virtudes 9
Humildade 1
Somos filhos e
filhas de Deus.
Na sua segunda
encíclica, o Papa Francisco lembra-nos um dos profundos motivos da humildade.
Trata-se de uma verdade simples e grande que temos o perigo de esquecer muito
facilmente entre a agitação da vida quotidiana: Não somos Deus (Papa
Francisco, Encíclica Laudato si (24-V-2015), 67). A criação é, com
efeito, o ponto de partida firme do nosso ser: recebemos a nossa existência de
Deus. Quando aceitamos esta verdade fundamental, deixamo-nos transformar pela
graça divina. Conhecemos então a realidade, aperfeiçoamo-la e oferecemo-la a
Deus. O amor ao mundo que nos transmite São Josemaria leva-nos a querer
melhorar o que amamos, lá onde nos encontramos, e de acordo com as nossas
possibilidades. E no centro desta imensa tarefa encontra-se a humildade, que
nos ajuda a conhecer simultaneamente a nossa miséria e a nossa grandeza ((São Josemaria,
Amigos de Deus, 94): a miséria, que experimentamos com frequência, e a grandeza de ser, pelo
baptismo, filhas e filhos de Deus em Cristo.
QUEM É HUMILDE,
DESENVOLVE UMA SENSIBILIDADE PARA OS DONS DE DEUS, TANTO NA SUA PRÓPRIA VIDA
COMO NA DOS OUTROS. COMPREENDE QUE CADA PESSOA É UM DOM DE DEUS, E ASSIM ACOLHE
TODAS AS PESSOAS SEM COMPARAÇÕES NEM RIVALIDADES.
A humildade é a
virtude dos santos e das pessoas cheias de Deus (...): quanto mais sobem de
importância, tanto mais cresce nelas a consciência de nada serem e de nada
poderem fazer sem a graça de Deus (Papa Francisco, Discurso à Cúria Romana, 21-XII-2015). (cf. Jo 15, 8). Assim são as
crianças, e assim somos diante de Deus. Por isso é bom voltar ao essencial:
Deus ama-me. Quando uma pessoa se sabe amada por Deus – um Amor que descobre no
amor que os outros lhe mostram – pode amar a todos.
Temas para reflectir e meditar
Não
tem sido fácil para mim esta espécie de catarse a que me tenho dedicado.
O
tentador tem-me “atormentado” com insinuações e troças que – senão me tiram a
paz – pelo menos me incomodam: ´Quem pensas que és? Um santinho de pau
carunchoso? Vais resolver tudo como se nada tivesses que dar contas?’. Tento
não dialogar nem sequer responder, só me atenho a: “Por mim nada posso mas
n’Ele tudo posso”. Mas, ao mesmo tempo, uma estranha alegria – ou melhor
satisfação – me invade: está incomodado, o tentador está incomodado com as
minhas reflexões, a tarefa a que pus ombros. Melhor sinal não pode haver que
estou a proceder correctamente.
Isto
tudo é tão real que senão fosse a minha fé sólida e à “prova de bala” – que,
constantemente, peço ao Senhor me
mantenha -, daria para pensar pelo menos duas vezes se não seria melhor deixar
para mais tarde a minha decisão, o meu propósito. (Como, aliás, tantas vezes
fiz ao longo da minha vida!) Mas, finco bem os pés na minha estrutura moral e
cristã e recuso ceder. Não por mim, que não consigo nada nem posso nada, mas
por quem está comigo e não me larga da sua mão: O meu Anjo da Guarda a quem digo,
com absoluta certeza e convicção de ser ouvido: livra-me, ajuda-me, assiste-me,
guia-me.
(AMA,
reflexão, 10.07.2019)
Pequena agenda do cristão
PEQUENA AGENDA DO CRISTÃO
(Coisas muito simples, curtas, objectivas)
Propósito:
Contenção; alguma privação; ser humilde.
Senhor: Ajuda-me a ser contido, a privar-me de algo por pouco que seja, a ser humilde. Sou formado por este barro duro e seco que é o meu carácter, mas não Te importes, Senhor, não Te importes com este barro que não vale nada. Parte-o, esfrangalha-o nas Tuas mãos amorosas e, estou certo, daí sairá algo que se possa - que Tu possas - aproveitar. Não dês importância à minha prosápia, à minha vaidade, ao meu desejo incontido de protagonismo e evidência. Não sei nada, não posso nada, não tenho nada, não valho nada, não sou absolutamente nada.
Lembrar-me:
Filiação divina.
Ser Teu filho Senhor! De tal modo desejo que esta realidade tome posse de mim, que me entrego totalmente nas Tuas mãos amorosas de Pai misericordioso, e embora não saiba bem para que me queres, para que queres como filho a alguém como eu, entrego-me confiante que me conheces profundamente, com todos os meus defeitos e pequenas virtudes e é assim, e não de outro modo, que me queres ao pé de Ti. Não me afastes, Senhor. Eu sei que Tu não me afastarás nunca. Peço-Te que não permitas que alguma vez, nem por breves instantes, seja eu a afastar-me de Ti.
Pequeno exame:
Cumpri o propósito que me propus ontem?