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12/06/2020

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LEITURA ESPIRITUAL



ACTOS DOS APÓSTOLOS 1
Prólogo

1 No meu livro anterior, Teófilo, escrevi a respeito de tudo o que Jesus fez ensinou, desde o princípio 2 até ao dia em que foi elevado ao céus; tendo dado as Sua instruções por meio do Espírito Santo aos Apóstolos que tinha escolhido, foi arrebatado ao Céu; aos quais também Se manifestou vivo depois da Sua Paixão, com muitas provas, aparecendo-lhes durante quarenta dias falando do Reino de Deus.

Úlimas instruções de Jesus

4 Estando à mesa  com eles, ordenou-lhes que que não se afastassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, 5 «que ouvistes – disse Ele- da Minha boca; porque João, na verdade, baptizou em água, mas vós sereis baptizados no Espírito Santo daqui a poucos dias». 6 Então, os que estavam reunidos perguntaram-Lhe: «Senhor, é neste tempo que vais restaurar o reino a Israel?». 7 Ele respondeu-lhes: «Não vos compete saber os tempos nem os momentos que o Pai reservou ao Seu poder; 8 Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que descerá sobre vós, e sereis Minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judeia, na Samaria, e até os confins da mundo».

Ascensão de Jesus

9 Tendo dito isso, elevou-Se à vista deles olhavam, e uma nuvem O ocultou aos seus olhos. 10 Como estivessem olhando para o céu enquanto ele ia subindo, eis que surgiram diante deles dois personagens vestidos de branco, 11 que disseram: «Homens da Galileia, porque estais aí parados olhando para o céu? Esse Jesus, que, separando-SE de vós foi elevado aos céus, virá do mesmo modo que O vistes ir para o Céu».

PRIMEIRA PARTE: A IGREJA DE JERUSALÉM

12 Então voltaram para Jerusalém, do monte chamado das Oliveiras, que fica perto da cidade, a jornada de um sábado.[1] 13 Quando chegaram, subiram ao cenáculo onde permaneciam habitualmente Pedro, João, Tiago e André; Filipe, Tomé, Bartolomeu e Mateus; Tiago, filho de Alfeu, Simão, o zelote, e Judas, irmão de Tiago. 14 Todos estes perseveravam na oração, com as mulheres e com Maria, a mãe de Jesus, e com os Seus irmãos.

Escolha de Matias

15 Naqueles dias, Pedro levantou-se entre os irmãos - um grupo de cerca de cento e vinte pessoas -, e disse: 16 "Irmãos, é necessário que se cumpra o que o Espírito Santo predisse na Escritura pela boca de David, a respeito de Judas, que serviu de guia aos que prenderam Jesus. 17 Ele foi era um dos nossos, e tinha recebido a sua parte no nosso  ministério. 18 Este homem, depois de adquirir um campo com o dinheiro da sua iniquidade, tendo caído de cabeça, rebentou pelo meio, e todas as suas entranhas se derramaram. 19 Este facto tornou-se tão notório a todos os habitantes de Jerusalém, que aquele campo se ficou a chamar, na língua deles, Aceldama, isto é, Campo de Sangue. 20 Com efeito, está escrito no Livro de Salmos: "Fique deserta a sua morada, e não haja ninguém que nele habite”'; e: "Que outro o seu ministério”. 21 Portanto, é necessário que escolhamos um dos homens que estiveram connosco durante todo o tempo em que o Senhor Jesus viveu entre nós, 22 desde o baptismo de João até o dia em que Jesus foi elevado dentre nós às alturas. É preciso que um deles seja constituído connosco testemunha de Sua ressurreição». 23 Então foram apresentados dois: José, chamado Barsabás, também conhecido como Justo, e Matias. 24 Depois oraram: »Senhor, tu conheces o coração de todos, mostra-nos qual destes dois escolheste 25 para assumir este ministério apostólico que Judas abandonou, indo para o lugar que lhe era devido». 26 Então tiraram sortes, e a sorte caiu sobre Matias; assim, ele foi associado aos onze apóstolos.

Comentários:

         Depois dos Evangelhos, consideramos o LIVRO DOS ACTOS DOS APÓSTOLOS como o primeiro que devemos ter como a nossa Leitura Espiritual diária. Será, de resto, lógico porque nele se contem a descrição fidedigna dos acontecimentos da Igreja Nascente, logo após a Ascenção de Jesus ao Céu. Da sua leitura – meditada – colheremos inestimáveis conhecimentos e lições para a nossa formação espiritual de cristãos. Sobretudo, aprenderemos como vencer as dificuldades e ultrapassar os obstáculos, as que, a debilidade e fraquezas pessoais e as vicissitudes com que vamos deparando ao longo da vida, bem como, a hostilidade dos ambientes adversos e de oposições – ou mesmo perseguições – que o mundo nos vai colocando. Nos Actos dos Apóstolos encontraremos constantes exemplos de homens simples, iletrados ou pouco cultos, foram vencendo esses obstáculos e, se tornaram COLUNAS DA IGREJA e do REINO DE DEUS, nesta terra onde vivemos. Hão-de surgir, inevitavelmente, no nosso coração, sentimentos de gratidão profunda por esses exemplos e o desejo sincero de aproveitar ao máximo este legado de amor e perseverança.

(AMA, 2020)




[1] «Jornada de um Sábado»: cerca de um quilómetro, distância que se podia percorrer sem violar a Lei do repouso.

O trabalho é caminho de santificação


A conversão é coisa de um instante. – A santificação é obra de toda a vida. (Caminho, 285)

O Opus Dei propõe-se promover, entre pessoas de todas as classes da sociedade, o desejo da plenitude de vida cristã no meio do mundo. Isto é, o Opus Dei pretende ajudar as pessoas que vivem no mundo – o homem vulgar, o homem da rua – a levar uma vida plenamente cristã, sem modificar o seu modo normal de vida, o seu trabalho habitual, nem os seus ideais e preocupações.

Por isto se pode dizer, como escrevi há muitos anos, que o Opus Dei é velho como o Evangelho e, como o Evangelho, novo. Trata-se de recordar aos cristãos as palavras maravilhosas que se lêem no Génesis: que Deus criou o homem para trabalhar. Pusemos os olhos no exemplo de Cristo, que passou quase toda a sua vida terrena trabalhando como artesão numa terra pequena. O trabalho não é apenas um dos mais altos valores humanos e um meio pelo qual os homens hão-de contribuir para o progresso da sociedade; é também um caminho de santificação. (...)

O Opus Dei é uma organização internacional de leigos, a que pertencem também sacerdotes diocesanos (minoria bem exígua em comparação com o total de membros). Os seus membros são pessoas que vivem no mundo e nele exercem uma profissão ou ofício. Não entram no Opus Dei para abandonar esse trabalho, mas, pelo contrário, para encontrar uma ajuda espiritual que os leve a santificar o seu trabalho quotidiano, convertendo-o também em meio de santificação, sua e dos outros. Não mudam de estado: continuam a ser solteiros, casados, viúvos, ou sacerdotes; procuram, sim, servir Deus e os outros homens, dentro do seu próprio estado. Ao Opus Dei, não interessam votos nem promessas; o que pede aos seus sócios é que, no meio das deficiências e erros, próprios de toda a vida humana, se esforcem por praticar as virtudes humanas e cristãs, sabendo-se filhos de Deus. (Temas Actuais do Cristianismo, 24)


Virtudes 8


Fortaleza 8

Magnus in prosperis, in adversis maior - Grande na prosperidade, maior na adversidade.
Estas palavras do epitáfio do rei inglês Jaime II, na igreja de Saint Germain em Laye, próximo de Paris, exprimem a harmonia entre os diferentes aspectos da virtude da fortaleza: por um lado, a paciência e a perseverança, que se relacionam com o acto de resistir no bem, e que já considerámos; do outro, a magnificência e a magnanimidade, que fazem referência directa ao acto de atacar, de se lançar a grandes empreendimentos, e também nos pequenos cometimentos da vida corrente. De facto, segundo a Teologia moral, “a fortaleza, como virtude do apetite irascível, não só domina os nossos medos (cohibitiva timorum), mas também modera as ações temerárias e audazes (moderativa audaciarum). Assim, a fortaleza ocupa-se do medo e da audácia, impedindo o primeiro e impondo um equilíbrio à segunda] (R. Cessario, As virtudes, Edicep, Valência 1988, p. 206. [38] Cf. Ángel Rodríguez Luño, Scelti in Cristo per essere santi. III. Morale speciale, EDUSC, Roma 2008, pp. 294 e 296. A magnanimidade ou longanimidade é propriamente considerada tradicionalmente como um dos frutos do Espírito Santo: cf. Catecismo da Igreja Católica, n. 1832).
A magnanimidade ou grandeza de ânimo é a prontidão para tomar decisões de empreender obras virtuosas, admiráveis e difíceis, dignas de grande honra. Por seu lado, a magnificência refere-se à realização efectiva de obras grandes, e em particular a procura e emprego dos recursos económicos e materiais adequados para levar a cabo obras grandes ao serviço de Deus e do bem comum [38].
São Josemaria descrevia a pessoa magnânima com estes termos: ânimo grande, alma dilatada, onde cabem muitos. É a força que nos move a sair de nós mesmos, a fim de nos prepararmos para empreender obras valiosas, em benefício de todos. No homem magnânimo, não se alberga a mesquinhez, não se interpõe a tacanhez, nem o cálculo egoísta, nem a embuste interesseiro. O magnânimo dedica sem reservas as suas forças ao que vale a pena. Por isso é capaz de se entregar a si mesmo. Não se conforma com dar: dá-se. E assim consegue entender qual é a maior prova de magnanimidade: dar-se a Deus ((São Josemaria, Amigos de Deus, n. 80. O Fundador do Opus Dei considerava como manifestação de magnanimidade o cuidado das coisas pequenas: “as almas grandes têm muito em conta as coisas pequenas” ((São Josemaria, Caminho, n. 818).
Requer-se magnanimidade para empreender, em cada dia, o trabalho da própria santificação e o apostolado no meio do mundo, das dificuldades que sempre haverá, com a convicção de que tudo é possível a quem crê (Cf. Mc 9, 23). Neste sentido, o cristão magnânimo não teme proclamar e defender com firmeza, nos ambientes em que se move, os ensinamentos da Igreja, também nos momentos em que isso possa supor um ir contra a corrente (Cf. (São Josemaria, Via Sacra, XIII estação, ponto 3), aspecto que tem uma profunda raiz evangélica. Assim, o cristão conduzir-se-á com compreensão perante as pessoas, por vezes, com uma santa intransigência na doutrina (Cf. (São Josemaria, Caminho, nn. 393-398), fiel ao lema paulino veritatem facientes in caritate, vivendo a verdade com caridade (Ef 4, 15), que implica defender a totalidade da fé sem violência. Isto implica também que a obediência e docilidade ao Magistério da Igreja não se contrapõe ao respeito da liberdade de opinião; pelo contrário, ajuda a distinguir bem a verdade da fé do que são simples opiniões humanas.
No começo fez-se referência à resistência paciente de Maria ao pé da Cruz. A fortaleza exemplar de Nossa Senhora inclui também a grandeza de alma que a levou a exclamar ante a sua prima Isabel: Magnificat anima mea Dominumquia fecit mihi magna qui potens est, a minha alma glorifica o Senhor… porque fez em mim grandes coisas (Lc 1, 46-49). A exultação de Maria encerra uma importante lição para nós, como recordava Bento XVI: “O homem só é grande, se Deus é grande. Com Maria devemos começar a compreender que é assim. Não devemos distanciar-nos de Deus, mas fazer que Deus esteja presente, fazer que Deus seja grande na nossa vida; assim também nós seremos divinos: teremos todo o esplendor da dignidade divina(Bento XVI, Homilia na Solenidade da Assunção, Castelgandolfo, 15 de Agosto de 2005).

S. Sanz Sánchez

Bibliografia básica:
Catecismo da Igreja Católica, nn. 736, 1299, 1303, 1586, 1805, 1808, 1811, 1831-1832, 2473; São João Paulo II, A virtude da fortaleza, Audiência geral, Roma, 15 de Novembro de 1978; Santo Agostinho, De patientia (PL 40); São Tomás de Aquino, Suma Teológica, II- II, qq. 123-140, (São Josemaria, Amigos de Deus, nn. 77-80.

Temas para reflectir e meditar


Posso amar-Te mais

Na Tua presença no sacrário elevo o meu pensamento e formulo uma pergunta:

Como posso amar-Te mais?

Bem sei a resposta: nas pequenas coisas como nas de escasso valor.

Deixa essa miragem das grandes coisas, dos momentos marcantes das ocasiões soberanas.

Vive a vida simples de todos os dias, agradece e segue em frente para lá onde Ele te espera de braços abertos.

Reclina a cabeça no Seu peito e diz-Lhe simplesmente:

Senhor ajuda-me a amar-Te mais.

(AMA, reflexões, 20.09.2019)

Pequena agenda do cristão

Sexta-Feira

PEQUENA AGENDA DO CRISTÃO

(Coisas muito simples, curtas, objectivas)




Propósito:

Contenção; alguma privação; ser humilde.


Senhor: Ajuda-me a ser contido, a privar-me de algo por pouco que seja, a ser humilde. Sou formado por este barro duro e seco que é o meu carácter, mas não Te importes, Senhor, não Te importes com este barro que não vale nada. Parte-o, esfrangalha-o nas Tuas mãos amorosas e, estou certo, daí sairá algo que se possa - que Tu possas - aproveitar. Não dês importância à minha prosápia, à minha vaidade, ao meu desejo incontido de protagonismo e evidência. Não sei nada, não posso nada, não tenho nada, não valho nada, não sou absolutamente nada.

Lembrar-me:
Filiação divina.

Ser Teu filho Senhor! De tal modo desejo que esta realidade tome posse de mim, que me entrego totalmente nas Tuas mãos amorosas de Pai misericordioso, e embora não saiba bem para que me queres, para que queres como filho a alguém como eu, entrego-me confiante que me conheces profundamente, com todos os meus defeitos e pequenas virtudes e é assim, e não de outro modo, que me queres ao pé de Ti. Não me afastes, Senhor. Eu sei que Tu não me afastarás nunca. Peço-Te que não permitas que alguma vez, nem por breves instantes, seja eu a afastar-me de Ti.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?