Padroeiros do blog: SÃO PAULO; SÃO TOMÁS DE AQUINO; SÃO FILIPE DE NÉRI; SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ
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12/06/2020
LEITURA ESPIRITUAL
ACTOS
DOS APÓSTOLOS 1
Prólogo
1 No
meu livro anterior, Teófilo, escrevi a respeito de tudo o que Jesus fez
ensinou, desde o princípio 2 até ao dia em que foi elevado ao céus; tendo dado as
Sua instruções por meio do Espírito Santo aos Apóstolos que tinha escolhido,
foi arrebatado ao Céu; aos quais também Se manifestou vivo depois da Sua Paixão,
com muitas provas, aparecendo-lhes durante quarenta dias falando do Reino de
Deus.
Úlimas instruções
de Jesus
4
Estando à mesa com eles, ordenou-lhes
que que não se afastassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, 5
«que ouvistes – disse Ele- da Minha boca; porque João, na verdade, baptizou em
água, mas vós sereis baptizados no Espírito Santo daqui a poucos dias». 6 Então,
os que estavam reunidos perguntaram-Lhe: «Senhor, é neste tempo que vais
restaurar o reino a Israel?». 7 Ele respondeu-lhes: «Não vos compete saber os
tempos nem os momentos que o Pai reservou ao Seu poder; 8 Mas recebereis a
virtude do Espírito Santo, que descerá sobre vós, e sereis Minhas testemunhas
em Jerusalém, em toda a Judeia, na Samaria, e até os confins da mundo».
Ascensão de Jesus
9 Tendo
dito isso, elevou-Se à vista deles olhavam, e uma nuvem O ocultou aos seus
olhos. 10 Como estivessem olhando para o céu enquanto ele ia subindo, eis que
surgiram diante deles dois personagens vestidos de branco, 11 que disseram: «Homens
da Galileia, porque estais aí parados olhando para o céu? Esse Jesus, que,
separando-SE de vós foi elevado aos céus, virá do mesmo modo que O vistes ir
para o Céu».
PRIMEIRA
PARTE: A IGREJA DE JERUSALÉM
12 Então
voltaram para Jerusalém, do monte chamado das Oliveiras, que fica perto da
cidade, a jornada de um sábado.[1] 13 Quando
chegaram, subiram ao cenáculo onde permaneciam habitualmente Pedro, João, Tiago
e André; Filipe, Tomé, Bartolomeu e Mateus; Tiago, filho de Alfeu, Simão, o
zelote, e Judas, irmão de Tiago. 14 Todos estes perseveravam na oração, com as
mulheres e com Maria, a mãe de Jesus, e com os Seus irmãos.
Escolha de Matias
15 Naqueles
dias, Pedro levantou-se entre os irmãos - um grupo de cerca de cento e vinte
pessoas -, e disse: 16 "Irmãos, é necessário que se cumpra o que o Espírito
Santo predisse na Escritura pela boca de David, a respeito de Judas, que serviu
de guia aos que prenderam Jesus. 17 Ele foi era um dos nossos, e tinha recebido
a sua parte no nosso ministério. 18 Este
homem, depois de adquirir um campo com o dinheiro da sua iniquidade, tendo
caído de cabeça, rebentou pelo meio, e todas as suas entranhas se derramaram. 19
Este facto tornou-se tão notório a todos os habitantes de Jerusalém, que aquele
campo se ficou a chamar, na língua deles, Aceldama, isto é, Campo de Sangue. 20
Com efeito, está escrito no Livro de Salmos: "Fique deserta a sua morada, e
não haja ninguém que nele habite”'; e: "Que outro o seu ministério”. 21 Portanto,
é necessário que escolhamos um dos homens que estiveram connosco durante todo o
tempo em que o Senhor Jesus viveu entre nós, 22 desde o baptismo de João até o
dia em que Jesus foi elevado dentre nós às alturas. É preciso que um deles seja
constituído connosco testemunha de Sua ressurreição». 23 Então foram
apresentados dois: José, chamado Barsabás, também conhecido como Justo, e
Matias. 24 Depois oraram: »Senhor, tu conheces o coração de todos, mostra-nos
qual destes dois escolheste 25 para assumir este ministério apostólico que
Judas abandonou, indo para o lugar que lhe era devido». 26 Então tiraram
sortes, e a sorte caiu sobre Matias; assim, ele foi associado aos onze
apóstolos.
Comentários:
Depois dos Evangelhos, consideramos o
LIVRO DOS ACTOS DOS APÓSTOLOS como o primeiro que devemos ter como a nossa
Leitura Espiritual diária. Será, de resto, lógico porque nele se contem a
descrição fidedigna dos acontecimentos da Igreja Nascente, logo após a Ascenção
de Jesus ao Céu. Da sua leitura – meditada – colheremos inestimáveis
conhecimentos e lições para a nossa formação espiritual de cristãos. Sobretudo,
aprenderemos como vencer as dificuldades e ultrapassar os obstáculos, as que, a
debilidade e fraquezas pessoais e as vicissitudes com que vamos deparando ao
longo da vida, bem como, a hostilidade dos ambientes adversos e de oposições –
ou mesmo perseguições – que o mundo nos vai colocando. Nos Actos dos Apóstolos encontraremos
constantes exemplos de homens simples, iletrados ou pouco cultos, foram
vencendo esses obstáculos e, se tornaram COLUNAS DA IGREJA e do REINO DE DEUS,
nesta terra onde vivemos. Hão-de surgir, inevitavelmente, no nosso coração,
sentimentos de gratidão profunda por esses exemplos e o desejo sincero de
aproveitar ao máximo este legado de amor e perseverança.
(AMA,
2020)
[1] «Jornada de um
Sábado»: cerca de um quilómetro, distância que se podia percorrer sem violar a
Lei do repouso.
O trabalho é caminho de santificação
O Opus Dei propõe-se promover, entre pessoas de
todas as classes da sociedade, o desejo da plenitude de vida cristã no meio do
mundo. Isto é, o Opus Dei pretende ajudar as pessoas que vivem no mundo – o
homem vulgar, o homem da rua – a levar uma vida plenamente cristã, sem
modificar o seu modo normal de vida, o seu trabalho habitual, nem os seus
ideais e preocupações.
Por isto se pode dizer, como escrevi há muitos anos,
que o Opus Dei é velho como o Evangelho e, como o Evangelho, novo. Trata-se de
recordar aos cristãos as palavras maravilhosas que se lêem no Génesis: que Deus
criou o homem para trabalhar. Pusemos os olhos no exemplo de Cristo, que passou
quase toda a sua vida terrena trabalhando como artesão numa terra pequena. O
trabalho não é apenas um dos mais altos valores humanos e um meio pelo qual os
homens hão-de contribuir para o progresso da sociedade; é também um caminho de
santificação. (...)
O Opus Dei é uma organização internacional de
leigos, a que pertencem também sacerdotes diocesanos (minoria bem exígua em
comparação com o total de membros). Os seus membros são pessoas que vivem no
mundo e nele exercem uma profissão ou ofício. Não entram no Opus Dei para
abandonar esse trabalho, mas, pelo contrário, para encontrar uma ajuda
espiritual que os leve a santificar o seu trabalho quotidiano, convertendo-o
também em meio de santificação, sua e dos outros. Não mudam de estado:
continuam a ser solteiros, casados, viúvos, ou sacerdotes; procuram, sim,
servir Deus e os outros homens, dentro do seu próprio estado. Ao Opus Dei, não
interessam votos nem promessas; o que pede aos seus sócios é que, no meio das deficiências
e erros, próprios de toda a vida humana, se esforcem por praticar as virtudes
humanas e cristãs, sabendo-se filhos de Deus. (Temas Actuais do Cristianismo, 24)
Virtudes 8
Magnus in
prosperis, in adversis maior - Grande na prosperidade, maior na adversidade.
Estas palavras do
epitáfio do rei inglês Jaime II, na igreja de Saint Germain em Laye, próximo de
Paris, exprimem a harmonia entre os diferentes aspectos da virtude da
fortaleza: por um lado, a paciência e a perseverança, que se relacionam com o acto
de resistir no bem, e que já considerámos; do outro, a magnificência e a
magnanimidade, que fazem referência directa ao acto de atacar, de se lançar a
grandes empreendimentos, e também nos pequenos cometimentos da vida corrente.
De facto, segundo a Teologia moral, “a fortaleza, como virtude do apetite
irascível, não só domina os nossos medos (cohibitiva timorum), mas também
modera as ações temerárias e audazes (moderativa audaciarum). Assim, a
fortaleza ocupa-se do medo e da audácia, impedindo o primeiro e impondo um
equilíbrio à segunda” ] (R. Cessario, As virtudes, Edicep, Valência 1988, p. 206. [38] Cf.
Ángel Rodríguez Luño, Scelti in Cristo per essere santi. III. Morale speciale,
EDUSC, Roma 2008, pp. 294 e 296. A magnanimidade ou longanimidade é
propriamente considerada tradicionalmente como um dos frutos do Espírito Santo:
cf. Catecismo da Igreja Católica, n. 1832).
A magnanimidade ou
grandeza de ânimo é a prontidão para tomar decisões de empreender obras virtuosas,
admiráveis e difíceis, dignas de grande honra. Por seu lado, a magnificência
refere-se à realização efectiva de obras grandes, e em particular a procura e
emprego dos recursos económicos e materiais adequados para levar a cabo obras
grandes ao serviço de Deus e do bem comum [38].
São Josemaria
descrevia a pessoa magnânima com estes termos: ânimo grande, alma dilatada,
onde cabem muitos. É a força que nos move a sair de nós mesmos, a fim de nos
prepararmos para empreender obras valiosas, em benefício de todos. No homem
magnânimo, não se alberga a mesquinhez, não se interpõe a tacanhez, nem o
cálculo egoísta, nem a embuste interesseiro. O magnânimo dedica sem reservas as
suas forças ao que vale a pena. Por isso é capaz de se entregar a si mesmo. Não
se conforma com dar: dá-se. E assim consegue entender qual é a maior prova de
magnanimidade: dar-se a Deus ((São Josemaria, Amigos de Deus, n. 80. O Fundador do Opus Dei considerava
como manifestação de magnanimidade o cuidado das coisas pequenas: “as almas
grandes têm muito em conta as coisas pequenas” ((São Josemaria, Caminho, n.
818).
Requer-se
magnanimidade para empreender, em cada dia, o trabalho da própria santificação
e o apostolado no meio do mundo, das dificuldades que sempre haverá, com a
convicção de que tudo é possível a quem crê (Cf. Mc 9, 23). Neste sentido, o cristão magnânimo não teme
proclamar e defender com firmeza, nos ambientes em que se move, os ensinamentos
da Igreja, também nos momentos em que isso possa supor um ir contra a corrente (Cf. (São Josemaria,
Via Sacra, XIII estação, ponto 3), aspecto que tem uma profunda raiz evangélica. Assim, o cristão
conduzir-se-á com compreensão perante as pessoas, por vezes, com uma santa
intransigência na doutrina (Cf. (São Josemaria, Caminho, nn. 393-398), fiel ao lema
paulino veritatem facientes in caritate, vivendo a verdade com caridade (Ef 4, 15), que implica
defender a totalidade da fé sem violência. Isto implica também que a obediência
e docilidade ao Magistério da Igreja não se contrapõe ao respeito da liberdade
de opinião; pelo contrário, ajuda a distinguir bem a verdade da fé do que são
simples opiniões humanas.
No começo fez-se
referência à resistência paciente de Maria ao pé da Cruz. A fortaleza exemplar
de Nossa Senhora inclui também a grandeza de alma que a levou a exclamar ante a
sua prima Isabel: Magnificat anima mea Dominum… quia fecit mihi magna
qui potens est, a minha alma glorifica o Senhor… porque fez em mim grandes
coisas (Lc 1, 46-49). A exultação de
Maria encerra uma importante lição para nós, como recordava Bento XVI: “O
homem só é grande, se Deus é grande. Com Maria devemos começar a compreender
que é assim. Não devemos distanciar-nos de Deus, mas fazer que Deus esteja
presente, fazer que Deus seja grande na nossa vida; assim também nós seremos
divinos: teremos todo o esplendor da dignidade divina” (Bento XVI, Homilia
na Solenidade da Assunção, Castelgandolfo, 15 de Agosto de 2005).
S. Sanz Sánchez
Bibliografia básica:
Catecismo da Igreja
Católica, nn. 736, 1299, 1303, 1586, 1805, 1808, 1811, 1831-1832, 2473; São João
Paulo II, A virtude da fortaleza, Audiência geral, Roma, 15 de Novembro de
1978; Santo Agostinho, De patientia (PL 40); São Tomás de Aquino, Suma
Teológica, II- II, qq. 123-140, (São Josemaria, Amigos de Deus, nn. 77-80.
Temas para reflectir e meditar
Na
Tua presença no sacrário elevo o meu pensamento e formulo uma pergunta:
Como
posso amar-Te mais?
Bem
sei a resposta: nas pequenas coisas como nas de escasso valor.
Deixa
essa miragem das grandes coisas, dos momentos marcantes das ocasiões soberanas.
Vive
a vida simples de todos os dias, agradece e segue em frente para lá onde Ele te
espera de braços abertos.
Reclina
a cabeça no Seu peito e diz-Lhe simplesmente:
Senhor
ajuda-me a amar-Te mais.
(AMA,
reflexões, 20.09.2019)
Pequena agenda do cristão
PEQUENA AGENDA DO CRISTÃO
(Coisas muito simples, curtas, objectivas)
Propósito:
Contenção; alguma privação; ser humilde.
Senhor: Ajuda-me a ser contido, a privar-me de algo por pouco que seja, a ser humilde. Sou formado por este barro duro e seco que é o meu carácter, mas não Te importes, Senhor, não Te importes com este barro que não vale nada. Parte-o, esfrangalha-o nas Tuas mãos amorosas e, estou certo, daí sairá algo que se possa - que Tu possas - aproveitar. Não dês importância à minha prosápia, à minha vaidade, ao meu desejo incontido de protagonismo e evidência. Não sei nada, não posso nada, não tenho nada, não valho nada, não sou absolutamente nada.
Lembrar-me:
Filiação divina.
Ser Teu filho Senhor! De tal modo desejo que esta realidade tome posse de mim, que me entrego totalmente nas Tuas mãos amorosas de Pai misericordioso, e embora não saiba bem para que me queres, para que queres como filho a alguém como eu, entrego-me confiante que me conheces profundamente, com todos os meus defeitos e pequenas virtudes e é assim, e não de outro modo, que me queres ao pé de Ti. Não me afastes, Senhor. Eu sei que Tu não me afastarás nunca. Peço-Te que não permitas que alguma vez, nem por breves instantes, seja eu a afastar-me de Ti.
Pequeno exame:
Cumpri o propósito que me propus ontem?