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22/03/2020

ESTADO DE EMERGÊNCIA CRISTÃ - 4

ESTADO DE EMERGÊNCIA CRISTÃ


Meditação para hoje do Pe. Gonçalo Portocarrero de Almada

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A família: santificar o lar dia a dia

“Cada lar cristão,– disse S. Josemaria numa homilia pronunciada em 1970,– deveria ser um remanso de serenidade, em que se notassem, por cima das pequenas contrariedades diárias, um carinho e uma tranquilidade, profundos e sinceros, fruto de uma fé real e vivida". (Cristo que passa, 22)

É verdadeiramente infinita a ternura de Nosso Senhor. Olhai com que delicadeza trata os seus filhos. Fez do matrimónio um vínculo santo, imagem da união de Cristo com a sua Igreja, um grande sacramento em que se fundamenta a família cristã, que há-de ser, com a graça de Deus, um ambiente de paz e de concórdia, escola de santidade. Os pais são cooperadores de Deus. Daí nasce o amável dever de veneração, que corresponde aos filhos. Com razão, o quarto mandamento pode chamar-se – escrevi-o há tantos anos – o dulcíssimo preceito do Decálogo. Se se vive o matrimónio como Deus quer, santamente, o lar será um lugar de paz, luminoso e alegre. (Cristo que passa, 78)

Famílias que viveram de Cristo e que deram a conhecer Cristo. Pequenas comunidades cristãs que foram centros de irradiação da mensagem evangélica. Lares iguais aos outros lares daqueles tempos, mas animados de um espírito novo que contagiava aqueles que os conheciam e com eles conviviam. Assim foram os primeiros cristãos e assim havemos de ser os cristãos de hoje: semeadores de paz e de alegria, da paz e da alegria que Cristo nos trouxe. (Cristo que passa, 30)

Comove-me que o Apóstolo qualifique o matrimónio cristão como «sacramentum magnum», sacramento grande. Também daqui deduzo que o trabalho dos pais de família é importantíssimo.
– Participais do poder criador de Deus e, por isso, o amor humano é santo, nobre e bom: uma alegria do coração, à qual Nosso Senhor, na sua providência amorosa, quer que outros livremente renunciemos.
Cada filho que Deus vos concede é uma grande bênção divina: não tenhais medo aos filhos! (Forja, 691)

Ao pensar nos lares cristãos, gosto de imaginá-los luminosos e alegres, como foi o da Sagrada Família. A mensagem de Natal ressoa com toda a força: Glória a Deus no mais alto dos Céus e paz na terra aos homens de boa vontade. Que a Paz de Cristo triunfe nos vossos corações, escreve o Apóstolo. Paz por nos sabermos amados pelo nosso Pai, Deus, incorporados em Cristo, protegidos pela Virgem Santa Maria, amparados por S. José. Esta é a grande luz que ilumina as nossas vidas e que, perante as dificuldades e misérias pessoais, nos impele a seguir animosamente para diante. Cada lar cristão deveria ser um remanso de serenidade, em que se notassem, por cima das pequenas contrariedades diárias, um carinho e uma tranquilidade, profundos e sinceros, fruto de uma fé real e vivida.(Cristo que passa, 22)

Santificar o lar no dia a dia, criar, com carinho, um autêntico ambiente de família: é disso precisamente que se trata. Para santificar cada um dos dias, é necessário exercitar muitas virtudes cristãs; em primeiro lugar, as teologais e, depois, todas as outras: a prudência, a lealdade, a sinceridade, a humildade, o trabalho, a alegria... (Cristo que passa, 23)

Evangelho e comentário


TEMPO DE QUARESMA


Evangelho: Jo 9, 1-41

Naquele tempo, Jesus encontrou no seu caminho um cego de nascença. Os discípulos perguntaram-Lhe: «Mestre, quem é que pecou para ele nascer cego? Ele ou os seus pais?». Jesus respondeu-lhes: «Isso não tem nada que ver com os pecados dele ou dos pais; mas aconteceu assim para se manifestarem nele as obras de Deus. É preciso trabalhar, enquanto é dia, nas obras d’Aquele que Me enviou. Vai chegar a noite, em que ninguém pode trabalhar. Enquanto Eu estou no mundo, sou a luz do mundo». Dito isto, cuspiu em terra, fez com a saliva um pouco de lodo e ungiu os olhos do cego. Depois disse-lhe: «Vai lavar-te à piscina de Siloé»; Siloé quer dizer «Enviado». Ele foi, lavou-se e ficou a ver. Entretanto, perguntavam os vizinhos e os que antes o viam a mendigar: «Não é este o que costumava estar sentado a pedir esmola?». Uns diziam: «É ele». Outros afirmavam: «Não é. É parecido com ele». Mas ele próprio dizia: «Sou eu». Perguntaram-lhe então: «Como foi que se abriram os teus olhos?». Ele respondeu: «Esse homem, que se chama Jesus, fez um pouco de lodo, ungiu-me os olhos e disse-me: ‘Vai lavar-te à piscina de Siloé’. Eu fui, lavei-me e comecei a ver». Perguntaram-lhe ainda: «Onde está Ele?». O homem respondeu: «Não sei». Levaram aos fariseus o que tinha sido cego. Era sábado esse dia em que Jesus fizera lodo e lhe tinha aberto os olhos. Por isso, os fariseus perguntaram ao homem como tinha recuperado a vista. Ele declarou-lhes: «Jesus pôs-me lodo nos olhos; depois fui lavar-me e agora vejo». Diziam alguns dos fariseus: «Esse homem não vem de Deus, porque não guarda o sábado». Outros observavam: «Como pode um pecador fazer tais milagres?». E havia desacordo entre eles. Perguntaram então novamente ao cego: «Tu que dizes d’Aquele que te deu a vista?». O homem respondeu: «É um profeta». Os judeus não quiseram acreditar que ele tinha sido cego e começara a ver. Chamaram então os pais dele e perguntaram-lhes: «É este o vosso filho? É verdade que nasceu cego? Como é que ele agora vê?». Os pais responderam: «Sabemos que este é o nosso filho e que nasceu cego; mas não sabemos como é que ele agora vê, nem sabemos quem lhe abriu os olhos. Ele já tem idade para responder; perguntai-lho vós». Foi por medo que eles deram esta resposta, porque os judeus tinham decidido expulsar da sinagoga quem reconhecesse que Jesus era o Messias. Por isso é que disseram: «Ele já tem idade para responder; perguntai-lho vós». Os judeus chamaram outra vez o que tinha sido cego e disseram-lhe: «Dá glória a Deus. Nós sabemos que esse homem é pecador». Ele respondeu: «Se é pecador, não sei. O que sei é que eu era cego e agora vejo». Perguntaram-lhe então: «Que te fez Ele? Como te abriu os olhos?». O homem replicou: «Já vos disse e não destes ouvidos. Porque desejais ouvi-lo novamente? Também quereis fazer-vos seus discípulos?». Então insultaram-no e disseram-lhe: «Tu é que és seu discípulo; nós somos discípulos de Moisés. Nós sabemos que Deus falou a Moisés; mas este, nem sabemos de onde é». O homem respondeu-lhes: «Isto é realmente estranho: não sabeis de onde Ele é, mas a verdade é que Ele me deu a vista. Ora, nós sabemos que Deus não escuta os pecadores, mas escuta aqueles que O adoram e fazem a sua vontade. Nunca se ouviu dizer que alguém tenha aberto os olhos a um cego de nascença. Se Ele não viesse de Deus, nada podia fazer». Replicaram-lhe então eles: «Tu nasceste inteiramente em pecado e pretendes ensinar-nos?». E expulsaram-no. Jesus soube que o tinham expulsado e, encontrando-o, disse-lhe: «Tu acreditas no Filho do homem?». Ele respondeu-Lhe: «Quem é, Senhor, para que eu acredite n'Ele?». Disse-lhe Jesus: «Já O viste: é quem está a falar contigo». O homem prostrou-se diante de Jesus e exclamou: «Eu creio, Senhor». Então Jesus disse: «Eu vim a este mundo para exercer um juízo: os que não vêem ficarão a ver; os que vêem ficarão cegos». Alguns fariseus que estavam com Ele, ouvindo isto, perguntaram-Lhe: «Nós também somos cegos?». Respondeu-lhes Jesus: «Se fôsseis cegos, não teríeis pecado. Mas como agora dizeis: ‘Nós vemos’, o vosso pecado permanece».

Comentário:

Impressiona constatar como há tantos que se recusam a ver.
Fecham-se numa como que cápsula hermética onde reúnem as convicções próprias, os juízos de valor que são o seu único caminho.
E, no entanto, nem sequer consideram que esta é uma atitude absolutamente irrazoável, sem qualquer sentido porque, no fundo, é como se considerassem que já sabem e conhecem tudo e não existe nada mais que interesse saber ou conhecer.
Ora, a irrazoabilidade é imprópria de um ser humano porque, uma das características principais do ser humano é, exactamente, ser dotado de razão, poder pensar, decidir, avaliar.
Uma pessoa irrazoável não é livre porque amarrada a esses preconceitos e axiomas pessoais, está de facto sujeita e subjugada.

(AMA, comentário sobre Jo 9, 1-41, 26.03.2017)

Administração do Sacramento da Penitência

Administração do Sacramento da Penitência

A Santa Sé, por Decreto da Sagrada Penitenciaria de 19-Março-2020, além de várias indicações destinadas sobretudo aos sacerdotes sobre a administração do Sacramento da Penitência, refere-se à situação particular de qualquer fiel que não possa ser atendido por um sacerdote:

«Quando um fiel se encontrar na dolorosa impossibilidade de receber a absolvição sacramental, recorda-se que a contrição perfeita, procedente do amor de Deus, amado sobre todas as coisas, expressa por um sincero pedido de perdão (o pedido que, nesse momento, o penitente é capaz de exprimir) e acompanhado pelo votum confessionis, ou seja, o propósito firme de recorrer, logo que possível, à confissão sacramental, obtém o perdão dos pecados, também dos mortais (cf. Cat. Ig. Cat., n. 1452)».

Como, nas actuais circunstâncias, será frequente o completo isolamento dos afectados pelo Covid-19, convém ter presente esta doutrina de sempre, para evitar angústias escusadas aos próprios e aos seus parentes. Notem-se duas condições de validade: o sincero arrependimento dos pecados e o sincero propósito de recorrer à Confissão pessoal, uma vez ultrapassada a situação.

Além disso, usando do poder conferido por Cristo à Igreja, o Santo Padre, por outro decreto da mesma data (solenidade de S. José), concede «Indulgência Plenária aos fiéis infetados com Coronavírus, submetidos a regime de quarentena por disposição da autoridade sanitária nos hospitais ou nas próprias casas, se, com ânimo desprendido de qualquer pecado, se unirem espiritualmente através dos meios de comunicação à celebração da Santa Missa, à recitação do Santo Rosário, à prática de piedade da Via Sacra ou a outras formas de devoção, ou se, pelo menos, recitarem o Credo, o Pai Nosso e uma piedosa invocação à Bem-Aventurada Virgem Maria, oferecendo esta provação em espírito de fé em Deus e de caridade para com os irmãos, com a vontade de cumprir as usuais condições (confissão sacramental, comunhão eucarística e oração de acordo com as intenções do Santo Padre), mal lhes seja possível.

Os profissionais de saúde, os familiares e todos os que, a exemplo do Bom Samaritano, expostos ao risco de contágio, assistem os doentes de Coronavírus de acordo com as palavras do Divino Redentor: «Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos amigos» (Jo 15,13), obterão o mesmo dom da Indulgência Plenária nas mesmas condições.

Além disso, esta Penitenciaria Apostólica concede de bom grado, nas mesmas condições, a Indulgência Plenária por ocasião da atual epidemia mundial, também àqueles fiéis que oferecerem a visita ao Santíssimo Sacramento, ou a adoração eucarística, ou a leitura das Sagradas Escrituras durante pelo menos meia hora, ou a recitação do Santo Rosário, ou o exercício de piedade da Via Sacra, ou a recitação do Terço da Divina Misericórdia, para implorar da parte de Deus Omnipotente a cessação da epidemia, o conforto para aqueles que ela aflige e a salvação eterna daqueles que o Senhor chamou a Si.

A Igreja reza por quem estiver impossibilitado de receber o sacramento da Unção dos Enfermos e do Viático, confiando à Misericórdia Divina todos e cada um em virtude da comunhão dos santos e concede ao fiel a Indulgência Plenária em ponto de morte, desde que esteja com a disposição devida e que, durante a vida, tenha recitado habitualmente alguma oração (neste caso, a Igreja supre as três condições habitualmente requeridas). Para obter esta indulgência, recomenda-se o uso do crucifixo ou da cruz.

(Copiado da página no Facebook do Mons. Hugo de Azevedo)

Temas para reflectir e meditar

Conversão

Deus opera nos nossos corações, esses impulsos para excitá-lo ao bem, produz-se em nós mas não por nós, porque aparece de improviso sem que nisso tenhamos pensado, nem podido pensar. “Não somos capazes por nós mesmos de ter algum pensamento” (II Cor., II, 5) que diga respeito à nossa salvação; mas “toda a nossa capacidade vem de Deus" (Ef. I, 4), que nos amou para que “fôssemos santos” (Sl. XX, 4) e, por isso, nos previne com as enunciações da sua doçura fraternal e excita-nos ao arrependimento e à conversão.

(São Francisco de Sales, Tratado do Amor de Deus, Livro VI, Cap. IX)

Estado de Emergência Cristã - 2


Estado de Emergência Cristã




Nova meditação do Pe. Gonçalo Portocarrero de Almada


Orações: Filhos


Oh meu Deus, que concedes-te a São João Paulo II graças extraordinárias para levar a cabo a sua missão como Teu Vigário na terra, deixando em todo o mundo uma marca indelével, nomeadamente: Pelo seu zelo pelas almas, defesa da vida e dignidade humana, clareza e rigor da Doutrina e exemplo de amor e cumprimento do dever, mesmo à custa do sofrimento e da dor pessoais, concedei por seu intermédio a protecção dos meus filhos e as suas famílias para que sejam sempre homens e mulheres e Pais exemplares, educando, ensinando e dando exemplo de estabilidade, equilíbrio e sobretudo de Fé e da prática da Fé.

(AMA, orações Pessoais)

Leitura espiritual



JESUS CRISTO NOSSO SALVADOR 22

Iniciação à Cristologia

5. A Ascensão de Jesus aos céus

    A ascensão constitui o termo dos mistérios de Jesus na terra e que tiveram início na Encarnação:

o que «saiu do Pai» agora «volta» ao Pai (Cf. Jo 16,28); 3,13).

Com a Ascensão conclui-se o mistério pascal da sua Morte e Ressurreição, conclui a «passagem» deste mundo ao Pai.

a) A Ascensão do Senhor à direita de Deus Pai, acontecimento ao mesmo tempo histórico e transcendente.

    Segundo São Lucas, Jesus enquanto lhes dava a bênção «elevou-se na presença deles, e uma nuvem ocultou-o aos seus olhos» (Act 1,9).
E segundo São Marcos, «o Senhor Jesus, depois de lhes ter falado, foi elevado ao céu e sentou-se à direita de Deus» (Mc 16,19).

    Nestes textos há que considerar dois aspectos:

Em primeiro lugar, «a elevação» que corresponde à experiencia sensível dos apóstolos com a qual Cristo desaparece dos seus olhos.

Em segundo aspecto, mais importante, é o significado por essa elevação: Cristo homem entra na glória de Deus invisível[1] e è exaltado acima de toda a criação.

    O termo da Ascensão de Cristo, como nos diz a Escritura, é a direita de Deus Pai no céu, o qual é um modo metafórico de dizer.

Por «direita do Pai» entendemos a glória e a honra da divindade[2]; e por «estar sentado» entendemos que essa glória e poder – a posse do seu Reino – correspondem-lhe como algo próprio. Em resumo, expressamos deste modo que Cristo também enquanto homem – o Filho do homem – participa da glória e do poder soberano de Deus acima d todas as criaturas, como algo que lhe corresponde propriamente (cf. Ef 1,20-22; Dn 7,14).

    A Ascensão de Jesus Cristo, que é um acontecimento ao mesmo tempo histórico (o facto que os apóstolos contemplaram) e também transcendente (pelo seu significado e conteúdo), é um artigo de fé proposto e confessado desde os símbolos mais antigos[3].

b) A Ascensão de Cristo manifesta aos discípulos a glória do Senhor

    Durante a sua vida terrena Jesus não quis que o seu corpo participasse da glória da sua divindade para assim poder padecer e levar a cabo a nossa redenção.
Nalguma ocasião quis demonstrar no seu corpo a glória que lhe correspondia, como foi o caso da transfiguração no Tabor; mas então só se tratou de um processo passageiro.
O corpo de Cristo foi glorificado de modo definitivo e próprio desde o instante da sua Ressurreição.

    Mas durante os quarenta dias seguintes, nos quais tratava familiarmente com os seus e os instruía sobre o Reino de Deus, a sua glória ainda ficava velada sob os traços de uma humanidade normal.

Com a Ascensão, completa-se a manifestação da glória da glória de Cristo que tinha começado com a sua Ressurreição: então mostra aos seus que vive e reina sobre toda a criatura «exaltado à direita de Deus» (Act 2,33).
Por isso os discípulos viram então a sua glória e se encheram de alegria (cf. Lc 24,52).

c) Sentido salvífico da Ascensão e exaltação celeste de Cristo

    Jesus Cristo, Cabeça da Igreja, precede-nos no reino glorioso do Pai.

Cristo com a sua Ascensão abriu-nos o acesso à vida e à felicidade de Deus no céu: «quis preceder-nos como nossa Cabeça para que nós, membros do seu Corpo, vivamos com a ardente esperança de segui-lo no seu reino»[4].

Já o anunciou Jesus:

«Vou preparar-vos um lugar (...) para que onde eu estiver, estejais também vós» (Jo 14,2-3).

    Jesus Cristo, Sacerdote da nova e eterna Aliança, no céu intercede sem cessar por nós.

Jesus Cristo, Sacerdote da Aliança nova e eterna, «entrou no céu para se apresentar agora ante o acatamento de Deus em nosso favor» (Heb 9,24).
A sua mediação e o seu sacerdócio não terminaram na cruz, antes no céu «vive para sempre possui um sacerdócio eterno (Heb 7,24) que exerce perenemente apresentando continuamente a seu Pai o sacrifício que um dia consumou no Calvário.

«Por isso pode salvar perfeitamente os que por Ele se chegam a Deus, já que vive sempre para interceder por nós (Heb 7,25; cf. Rom 8,34).

    Jesus Cristo, constituído Senhor com poder à direita do Pai, comunica-nos os dons divinos pela acção do Espírito Santo.

Cristo, ressuscitado e exaltado à direita do Pai, é o sacerdote e o Mediador da Aliança que nos comunica os frutos que nos ganhou com a sua Paixão:

«A cada um de nós se nos dá a graça na medida em que Cristo quer outorgar os seus dons (...) Subindo ao alto levou cativo o cativeiro e concedeu dons aos homens (…) Subiu aos céus para levar tudo à plenitude» (Ef 4,7-10).

    Para isto foi enviado o Espírito Santo no dia de Pentecostes aos que crêem para que, com a plenitude dos seus dons, os unisse a Jesus Cristo e os fizesse partícipes da vida da graça que procede d’Ele que é Cabeça de todos.

«No dia de Pentecostes (...) a Páscoa de Cristo consuma-se com a efusão do Espírito Santo»[5].

6. Jesus Cristo, glorioso à direita do Pai, é «o Senhor». E Rei do universo

a) Os títulos de Senhor e Rei

    O título de «Senhor».

A versão grega do Antigo Testamento (LXX) traduziu o nome de Yahwé com o qual Deus se revelou a Moisés (cf. Ex 3,14) por «Kyrios» (Senhor).
Desde então «Senhor» foi o nome mais habitual para designar o Deus de Israel.

    O Novo Testamento utiliza o título de «Senhor» para Deus Pai, mas também o emprega, e esta é a novidade, para Jesus.
Com este título expressa-se a divindade de Cristo, «Senhor da glória» (1 Cor 2,8), e da mesma forma se afirma a glória e o poder que Ele, enquanto homem exaltado à direita do Pai, tem sobre todas as criaturas.
    Certamente, Jesus é o Senhor desde a sua Encarnação (cf. Lc 1,43), mas também como título ganho por nos ter resgatado com o preço do seu sangue (cf. Flp 2,9-11; Heb 2,9). E é a partir da sua glorificação quando se manifesta claramente como Senhor.

    Já desde o princípio os cristãos atribuíram a Jesus ressuscitado este nome como resumo da sua fé n’Ele.
Também a oração cristã está marcada pelo título de «Senhor», e habitualmente conclui com a fórmula «por Jesus Cristo Nosso Senhor».

    O título de «Rei».

O nome de «Rei» equivale ao de «Senhor»; e de modo semelhante a acção de sentar-se à direita do Pai significa a sua entronização como rei e a inauguração do seu reinado.
A partir da Ascensão, Cristo manifesta-se soberano «acima de todo o principado, potestade, virtude e dominação», tendo «tudo submetido debaixo dos seus pés» (Ef 1,20-22).

    Como dissemos acerca do título de «Senhor», Jesus é igualmente Rei desde a sua Encarnação (cf. Lc 1,33; Jo 18,33-37), mas também o é por nos ter resgatado com o preço do seu sangue (cf. Ap 5,9-10), e manifesta-se como «Rei de reis e Senhor de senhores» a partir da sua glorificação (Ap 19,16), e a sua soberania será claramente manifestada a todos na sua segunda vinda (cf. Mt 25,31-46).

b) Natureza do seu senhorio e do seu reinado

    O seu reino é sobrenatural.

O seu reinado «não é deste mundo» (Jo 18,37), e consiste na comunicação da ida divina aos homens.
Como diz São Paulo, o reino de Deus não consiste em coisas materiais, «antes é justiça, paz e alegria no Espírito Santo» (Rom 14,17).
A liturgia da Igreja explica que o seu reino é «reino de verdade e de vida, reino de santidade e de graça, reino de justiça, d amor e de paz»[6].

    O seu reinado é universal.

Por ser sobrenatural, o seu reino não está vinculado a nenhuma raça ou povo, nem a nenhuma forma política, nem a uma determinada condição social.
Cristo é Senhor de todos (Act 10,36). Ele morreu para salvação do género humano inteiro e a todos oferece a sua graça que salva.

    O seu reinado também é universal no sentido em que Ele reina no céu e na terra. Ele domina sobre vivos e mortos; todos lhe pertencemos (cf. Rom 14,8-9; Act 10-42).

    O seu reino é eterno, não terá fim (cf. Lc 1,33).

«Já chegou o reinado neste mundo de nosso Senhor e do seu Cristo» (Ap 11,15).

Neste mundo Cristo reina e agora nos seus fieis pela graça, que é uma participação da vida divina, e que constitui o gérmen e o começo do que será perfeito e para sempre na glória.

    E Cristo «Sacerdote dos bens futuros» (Heb 9,11) e «autor da salvação eterna» (Heb 5,9; cf. 9,12), e também reina nos bem-aventurados do céu pela glória e felicidade que lhes comunica perenemente, que consiste na perfeita e plena participação da vida divina, da vida eterna pelos séculos sem fim.
Este é o reino consumado de Cristo e de Deus Pai que se nos promete em herança (cf. Ef 5,5).

Capítulo XII

OS FRUTOS DA REDENÇÃO

1. Unicidade e universalidade do mistério salvífico de Jesus

    Há uma só economia divina da salvação de todos os homens cuja fonte e centro é Cristo[7].

Com efeito, a vontade salvífica universal de Deus centra-se em Cristo: Deus quer que todos os homens se salvem participando da redenção do seu Filho feito homem.

O Pai «elegeu-nos n’Ele (em Cristo) antes da fundação do mundo» (Ef 1,4), e «chamou-nos à união com o seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor» (1 Cor 1,9).

    Cristo é o único Salvador do género humano, é o único Mediador e Salvador de todos, de modo que não tinha sido dado na terra outro nome aos homens pelo qual possam ser salvos (cf. Act 4,12).

    Segundo o eterno desígnio divino a obra de Cristo é universal, está destinada à salvação de todos os homens. Jesus Cristo, identificado com a vontade de seu Pai, levou a cabo a sua obra redentora em favor de todo o género humano:

Como cabeça da nossa linhagem, feito solidário com todos, representava-nos e advogava por todos.

Assim, Ele entregou-se como redenção por todos os homens que foram, são e serão:

«por todos morreu Cristo» (2 Cor 5,15).

Jesus «é a vítima de propiciação pelos nossos pecados; não só pelos nossos, mas pelos do mundo inteiro» (1 Jo 2,2).

    Esta é uma verdade de fé que, seguindo o ensinamento da Sagrada Escritura, a Igreja sempre ensinou:

«não há, houve ou haverá homem algum por quem não tenha padecido Cristo Senhor nosso»[8].




Vicente Ferrer Barriendos

(Tradução do castelhano por AMA)


[1][1] «A nuvem» e «o céu» são sinais bíblicos habituais da glória divina.
[2] Cf. CCE, 663.
[3] Cf. DS10; 13; 14; 40; 41; 42; 44; 46-47; etc
[4] Missal Romano. Prefácio da solenidade da Ascnsão; cf. CCE, 661; S. Th.III, 57,6.
[5] CCE, 731.
[6] Prefácio da Missa da solenidade de Cristo Rei do universo.
[7] Cf. CONGR. PARA A DOUTRINA DA FÉ, Decl. Dominus Iesus, n. 10; cf. nn. 13 e 14.
[8] CONC. DE QUIERCY, DS, 624; cf, CONC. VATICANO II, Ad gentes, 3.

PEQUENA AGENDA DO CRISTÃO

DOMINGO

PEQUENA AGENDA DO CRISTÃO

(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:
Viver a família.

Senhor, que a minha família seja um espelho da Tua Família em Nazareth, que cada um, absolutamente, contribua para a união de todos pondo de lado diferenças, azedumes, queixas que afastam e escurecem o ambiente. Que os lares de cada um sejam luminosos e alegres.

Lembrar-me:
Cultivar a Fé

São Tomé, prostrado a Teus pés, disse-te: Meu Senhor e meu Deus!
Não tenho pena nem inveja de não ter estado presente. Tu mesmo disseste: Bem-aventurados os que crêem sem terem visto.
E eu creio, Senhor.
Creio firmemente que Tu és o Cristo Redentor que me salvou para a vida eterna, o meu Deus e Senhor a quem quero amar com todas as minhas forças e, a quem ofereço a minha vida. Sou bem pouca coisa, não sei sequer para que me queres mas, se me crias-te é porque tens planos para mim. Quero cumpri-los com todo o meu coração.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?