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05/12/2020

Virtudes

 


A alegria cristã 1

 

Alegrai-vos sempre no Senhor; repito: alegrai-vos(Fl 4, 4), exorta São Paulo aos cristãos de Filipos para lhes recordar que são “cidadãos dos céus(Fl 3, 20). e que têm que levar “uma vida digna do Evangelho de Cristo” (Fl 1, 27), “com humildade (…) tendo em vista não os seus próprios interesses, mas sim os dos outros(Fl 2, 3-4). O Apóstolo fala da alegria enquanto se encontra preso, e os destinatários da sua carta têm inimigos, sofrem e mantêm a mesma luta que ele (cf. Fl 1, 28-30), e devem proteger-se dos judaizantes (cf. Fl 3, 2-3). Portanto, para os cristãos a alegria não é o resultado de uma vida fácil e sem dificuldades, ou algo sujeito às mudanças de circunstâncias ou estados de ânimo, mas sim uma profunda e constante atitude que nasce da fé em Cristo: “Nós conhecemos e cremos no amor que Deus tem para connosco(1 Jo 4, 16). A mensagem cristã que nos foi transmitida tem como finalidade entrar em comunhão com Deus “para que a nossa alegria seja completa(1 Jo 1, 4).

Deus deseja que o homem seja feliz, criou-o para a vida eterna, iniciado na terra pela graça que alcançará a sua plenitude no céu, quando o homem estiver unido para sempre a Deus: “Se o homem pode esquecer ou rejeitar Deus, Deus é que nunca deixa de chamar todo o homem a que O procure, para que encontre a vida e a felicidade(Catecismo da Igreja Católica, n. 30). Por isso, o anúncio do Evangelho é um convite aos homens para entrarem na alegria da comunhão com Cristo: «A alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus. Quantos se deixam salvar por Ele são libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento. Com Jesus Cristo, renasce sem cessar a alegria» (Francisco, ex. ap. Evangelii gaudium, n. 1). Efectivamente, os Evangelhos narram-nos muitos encontros com Cristo que são fonte de alegria: o Baptista saltou de alegria no seio de Santa Isabel ao sentir a presença do Verbo Encarnado (cf. Lc 1, 45); aos pastores anuncia-se-lhes «uma grande alegria, que o será para todo o povo: «Hoje, na cidade de David, nasceu-vos um Salvador, que é o Messias Senhor» (Lc 2, 11); os Magos, ao voltarem a ver a estrela que os conduzia ao Rei dos Judeus, «sentiram imensa alegria» (Mt 2, 10); a alegria dos paralíticos, do cego, dos leprosos e de todo o tipo de doentes que foram curados por Jesus; a alegria da viúva de Naim ao ver o seu filho ressuscitado (cf. Lc 7, 14-16); a alegria de Zaqueu transborda num banquete e numa profunda conversão (cf. Lc 19, 8); a alegria do Bom Ladrão, no meio da sua atroz dor física na Cruz, ao saber que nesse mesmo dia estaria com Jesus no seu Reino (cf. Lc 23, 42-43); por fim, a alegria de Maria Madalena, dos discípulos de Emaús e dos Apóstolos perante Jesus Ressuscitado. Só o encontro do jovem rico com Jesus não levou à alegria, pois não soube usar a sua liberdade para seguir o Mestre: «ele entristeceu-se, pois era muito rico» (Lc 18, 23).

 

(Vicente Bosch)

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