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31/12/2020

LEITURA ESPIRITUAL Dez 31

 

Evangelho

 

Mt IX 1 - 15

 

Jesus deixa a Galileia

 

1 Quando acabou de dizer estas palavras, Jesus partiu da Galileia e veio para a região da Judeia, na outra margem do Jordão. 2 Era seguido por grandes multidões e curou ali os seus doentes.

 

Matrimónio, divórcio e virgindade

 

3 Alguns fariseus, para o experimentarem, aproximaram-se dele e disseram-lhe: «É permitido a um homem divorciar-se da sua mulher por qualquer motivo?» 4 Ele respondeu: «Não lestes que o Criador, desde o princípio, fê-los homem e mulher, 5 e disse: Por isso, o homem deixará o pai e a mãe e se unirá à sua mulher, e serão os dois um só? 6 Portanto, já não são dois, mas um só. Pois bem, o que Deus uniu não o separe o homem.» 7 Eles, porém, objectaram: «Então, porque é que Moisés preceituou dar-lhe carta de divórcio, ao repudiá-la?» 8 Respondeu Jesus: «Por causa da dureza do vosso coração, Moisés permitiu que repudiásseis as vossas mulheres; mas, ao princípio, não foi assim. 9 Ora Eu digo-vos: Se alguém se divorciar da sua mulher - excepto em caso de união ilegal - e casar com outra, comete adultério.» 10 Os discípulos disseram-lhe: «Se é essa a situação do homem perante a mulher, não é conveniente casar-se!» 11 Respondeu-lhes Jesus: «Nem todos compreendem esta linguagem, mas apenas aqueles a quem isso é dado. 12 Há eunucos que nasceram assim do seio materno, há os que se tornaram eunucos pela interferência dos homens e há aqueles que se fizeram eunucos a si mesmos, por amor do Reino do Céu. Quem puder compreender, compreenda.»

 

Bênção das crianças

 

13 Apresentaram-lhe, então, umas crianças, para que lhes impusesse as mãos e orasse por elas, mas os discípulos repreenderam-nos. 14 Jesus disse-lhes: «Deixai as crianças e não as impeçais de vir ter comigo, pois delas é o Reino do Céu.» 15 E, depois de lhes ter imposto as mãos, prosseguiu o seu caminho.

 



Temperança

 

  Disse-se que, entre outras características, a temperança assegura o domínio da vontade. Por isso mesmo é uma virtude cardeal, isto é, de primeira importância.

  O domínio da vontade não é nem fácil nem rápido.

É algo que depende exclusivamente do próprio e que, por norma, leva muito tempo a adquirir, às vezes, uma vida inteira não chega para se conseguir esta virtude.

  Porque é tão importante para o homem ter controlo sobre a sua vontade?

  Parece óbvio que fazendo o que se quer, como se quer e quando se quer, se chega a um distúrbio grave do comportamento e um péssimo hábito de agir sob estímulos ou impulsos sem considerar se os mesmos são bons, maus, valem ou não a pena levar a cabo.

Se se considerar que a vontade é ”cega”, chegamos à consideração que o que temos a fazer é dar-lhe “olhos” para ver em cada momento o que convém ao próprio e aos outros e, muitas vezes estas duas formas de ver podem estar em conflito: O que quero para mim pode não ser conveniente para o outro e, se assim for, não me convém.

  Quero, por exemplo, afirmar-me como crítico de determinada acção praticada por alguém.

Mas porquê? Devemos questionar.

O que é que eu vejo nesse acto que mereça crítica – não interessa se favorável ou não - e que capacidade tenho para a fazer?

Estou a ver bem, a apreciar devidamente?

  A temperança aconselha-me moderação, isto é, rigoroso exame da matéria em causa, para que a minha vontade seja esclarecida, informada quanto à bondade do que me é sugerido fazer.

  É muito provavelmente a principal característica do ser humano completo, nenhum outro ser possui esta virtude ou tem acesso a ela.

Quando muito, um cão tem um instinto que o conduz a fazer algo e, esse instinto é suficiente e bastante para que o faça a menos que o treino a que tenha sido submetido o impeça de o fazer. Não tem, portanto, capacidade de escolha nem possibilidade de eleição.

Logo, parece lógico que agindo sem controlo da sua vontade, o homem se coloca a mesmo nível do cão e as consequências deste comportamento serão sempre graves porque se demite de uma prerrogativa excelente que lhe foi dada por Deus.

  Como a vontade se vai desenvolvendo com o crescimento do indivíduo, esse desenvolvimento tem de ser acompanhado pela temperança que vai, por assim dizer, formatando a vontade para aquilo que convém.

Aqui exercem um papel predominantemente crucial, os formadores, em primeiro lugar os pais, o ambiente familiar, os educadores e o meio em que se desenvolve a formação da pessoa.

  A formação rabínica recebida por São Paulo, uma vez convertido ao cristianismo estava bem patente quando declarava: “Não faço o bem que quero, mas o mal que não quero”. [1]

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



[1] Rm 7, 15-25

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