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05/10/2020

Virtudes


Prudência 4

Os actos próprios da prudência: o conselho, o juízo e a reta decisão. A prudência envolve três atos: o conselho (consilium), o juízo prático (iudicium practicum) e o preceito (praeceptum), império (imperium) ou mandato(Cf. S.Th., II-II, q. 47, a. 8). Os dois primeiros são cognitivos e o terceiro é imperativo. O primeiro passo da prudência é o reconhecimento da própria limitação: a virtude da humildade. Admitir, em determinadas matérias, que não compreendemos tudo, que não podemos abarcar, em tantos casos, circunstâncias que é preciso não perder de vista à hora de ajuizar. Por isso recorremos a um conselheiro, não a um qualquer, mas a um competente. (...) Depois, é necessário julgar, porque a prudência normalmente exige uma determinação rápida e oportuna. Se às vezes é prudente adiar a decisão até ter todos os elementos para o juízo, outras vezes será imprudente não começar a pôr em prática, quanto antes, o que percebemos que se deve fazer, especialmente quando está em jogo o bem dos outros. (Amigos de Deus, 86).
Para ser prudente, não basta resolver aconselhar-se bem e julgar rectamente sobre o que se deve fazer. É preciso pôr em prática o que se julgou conveniente. Não o fazer, omiti-lo seria imprudente. Este acto, que consiste em pôr em prática o que se tem de fazer, é o acto próprio da virtude da prudência (Cf. S.Th., II-II, q. 47, a. 8). Portanto, a prudência pode definir-se como a virtude da função imperativa da razão prática que determina directamente a acção (M. RHONHEIMER, La perspectiva de la moral. Fundamentos de la ética filosófica, Rialp, Madrid 2000, 241. Cf. A. RODRÍGUEZ LUÑO, La scelta etica. Il raporto fra libertà & virtù, Milano 1988, 83ss).
É precisamente aqui que a relação íntima entre a prudência e a liberdade se pode apreciar melhor. Para pôr em prática o que se considerou conveniente, é necessário não nos deixarmos dominar pelo medo, pela preguiça, por nenhum laço que, em última análise, o egoísmo ou o orgulho nos lancem. Embora possa ser aconselhável saber aguardar conselhos e deliberações, logo que se tomou uma decisão, ela deve executar-se com rapidez e diligência. Aqui a palavra diligência (de diligo, amar) diz mais do que pode ser entendido na linguagem comum. Trata-se, neste caso, de actuar com prontidão, impelido pelo amor ao bem.

Josep-Ignasi Saranyana

Bibliografia básica: Catecismo da Igreja Católica, 1762-1770, 1803-1832 e 1987-2005.
Leituras recomendadas:
(São Josemaria, Homilia Virtudes humanas, in Amigos de Deus, 73-92.
KÜCKING, Marlies, Dicionário de (São Josemaria (2013), ILLANES José Luis, Entrada: Prudência.
TRIGO, Tomás, Scripta Theologica 34 (2002/1) 273-307

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