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30/10/2020

Outubro - Mês do Rosário




MISTÉRIOS DO EVANGELHO [i]

Nono Mistério 

Cura de enfermos

Jesus Cristo É o Taumaturgo por excelência!

Dos milagres que operou na Sua vida pública, os Evangelhos relatam com maior frequência as curas de enfermos de toda a ordem e gravidade – desde a cura da lepra a uma simples febre (Cfr. Sogra de Simão Pedro, Mc 1, 30) - porque, para Jesus, a pessoa que sofre move o Seu Coração Amantíssimo e como que O impele a prestar-lhe assistência.

Lembro-me em criança participar na chamada Missa dos Doentes, nos dias treze de cada mês de Maio a Outubro, em Fátima.
Eu era, de facto doente, portador de uma leucemia grave para a qual na época havia poucos ou nenhuns recursos.
Olhava à minha volta e via as dezenas de pessoas de várias idades e padecendo de vários males, desde os paralíticos aos cegos e outros tolhidos por doenças graves e prolongadas.
Todos aguardavam o momento em que, no fim da Santa Missa, o celebrante se aproximava com a Custódia para abençoar todos, enquanto pelos altifalantes ecoavam preces.
Lembro particularmente uma que me ficou gravada para sempre: “Senhor, se quiseres, podes curar-me!”.
Uma “repetição” da súplica que um leproso Lhe dirigiu. (Cfr. Mat 8, 2)
Uma das características principais desta súplica do leproso, é a confiança total e absoluta que deposita no Senhor: «se quiseres…».

A expressão: «se quiseres…», infere mais que confiança, vai mais longe.
É uma afirmação da total dependência do homem em relação a Jesus. Da sua vontade à Vontade do Salvador.
Poderia, talvez, dizer:
‘Senhor, eu quero que me cures, que me devolvas a saúde, que restabeleças o meu corpo doente. Mas, eu sei que Tu sabes muito melhor que eu o que me convém e, portanto, submeto-me completamente à Tua Vontade’.

Mas… então…

Ah! Sim! Então comparo-me a Jesus Cristo em Getsemani: 
Numa angústia indízível, suando sangue:
«Pai, se possível afasta este cálice mas não se faça o que Eu quero, senão o que Tu queres». (Mat 14, 36)

Não se podem estabelecer comparações dos milagres de Jesus que os Evangelhos nos relatam.
Os “espectaculares”, como as multiplicações de pães e peixes, as pescarias assombrosas, as “ordens” ao mar e ao vento, ou, as mais discretas como a cura de uma simples febre como a da sogra de Pedro.
Mas, todos estes milagres - que não são todos quantos Jesus operou, São João confessa que não caberiam no mundo os livros necessários para os relatar - ficarão, porém, sempre muito atrás do número e “importância” de outros:
Os operados no espírito, na alma, como o perdão dos pecados.

De facto, o pecado é o maior mal, a doença mais grave que pode acontecer-nos.
Separa-nos de Deus, afasta-nos de Cristo, impede a nossa salvação eterna.

Haverá maior mal?
E, no entanto, o Senhor perdoa-nos sempre que, arrependidos e contritos, Lhe pedimos perdão.

Haverá maior Perdão?

(AMA, 2019)




[i] Escolhi este título para uma série de reflexões sobre os mistérios contidos no Evangelho. Se por “mistério” consideramos algo que não entendemos inteiramente ou não compreendemos com meridiana clareza, então julgo que o Evangelho contém muitas atitudes, palavras, gestos de Jesus Cristo cujo verdadeiro significado e “alcance” nos escapa.

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