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12/10/2020

Leitura espiritual Outubro 12

 



Cartas de São Paulo

 

1.ª Tessalonicenses 4

 

II. PRÁTICA CRISTÃ

 

Santidade e caridade –

1 Quanto ao resto, irmãos, pedimo-vos e exortamo-vos no Senhor Jesus Cristo, a fim de que, tendo aprendido de nós o modo como se deve caminhar e agradar a Deus - e já o fazeis - assim progridais sempre mais. 2 Conheceis bem que preceitos vos demos da parte do Senhor Jesus. 3 Esta é, na verdade, a vontade de Deus: a vossa santificação; que vos afasteis da devassidão, 4 que cada um de vós saiba possuir o seu corpo em santidade e honra, 5 sem se deixar levar pelo desejo da paixão como os pagãos que não conhecem Deus. 6 Que ninguém, nesta matéria, defraude e se aproveite do seu irmão, porque o Senhor vinga tudo isto, como já vos dissemos e testemunhámos. 7 Com efeito, Deus não nos chamou à impureza mas à santidade. 8 Pois quem despreza estes preceitos não despreza um homem, mas o próprio Deus, que vos dá o seu Espírito Santo. 9 A respeito do amor fraterno não precisais que se vos escreva, pois vós próprios fostes ensinados por Deus a amar-vos uns aos outros; 10 aliás, vós já o fazeis com todos os irmãos da Macedónia. Exortamo-vos, irmãos, a progredir sempre mais, 11 a ter como ponto de honra viver em paz, a ocupar-vos das próprias actividades, a trabalhar com as vossas mãos, como vos recomendámos, 12 de modo que vos comporteis honestamente perante os de fora e não preciseis de ninguém.

 

Vinda do Senhor e destino dos mortos –

13 Irmãos, não queremos deixar-vos na ignorância a respeito dos que faleceram, para não andardes tristes como os outros, que não têm esperança. 14 De facto, se acreditamos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também Deus reunirá com Jesus os que em Jesus adormeceram. 15 Eis o que vos dizemos, baseando-nos numa palavra do Senhor: nós, os vivos, os que ficarmos para a vinda do Senhor, não precederemos os que faleceram; 16 pois o próprio Senhor, à ordem dada, à voz do arcanjo e ao som da trombeta de Deus, descerá do Céu, e os mortos em Cristo ressurgirão primeiro. 17 Em seguida nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles sobre as nuvens, para irmos ao encontro do Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor. 18 Consolai-vos, pois, uns aos outros com estas palavras.

                                         

Cristo que passa

 

15

          

Como em relação a qualquer outro aspecto da sua vida, nunca deveríamos contemplar esses anos ocultos de Jesus sem nos sentirmos afectados, sem os reconhecermos como aquilo que são: chamamentos que o Senhor nos dirige para sairmos do nosso egoísmo, do nosso comodismo.

O Senhor conhece as nossas limitações, o nosso individualismo e a nossa ambição: a dificuldade em nos conhecermos a nós mesmos e de nos entregarmos aos outros.

Sabe o que é não encontrar amor e verificar que mesmo aqueles que dizem segui-Lo o fazem só a meias.

Recordai as cenas tremendas que os evangelistas nos descrevem e em que vemos os apóstolos ainda cheios de aspirações temporais e de projectos exclusivamente humanos.

Mas Jesus escolheu-os, mantém-nos juntos de Si e confia-lhes a missão que recebeu do Pai.

 

Também a nós nos chama e nos pergunta como a Tiago e João: Potestis bibere calicem quem ego bibiturus sum?; estais dispostos a beber o cálice (este cálice da completa entrega ao cumprimento da vontade do Pai) que eu vou beber?

"Possumus"!

Sim, estamos dispostos! - é a resposta de João e Tiago...

Vós e eu, estamos dispostos seriamente a cumprir, em tudo, a vontade do nosso Pai, Deus?

Demos ao Senhor o nosso coração inteiro ou continuamos apegados a nós mesmos, aos nossos interesses, à nossa comodidade, ao nosso amor-próprio?

Há em nós alguma coisa que não corresponda à nossa condição de cristãos e que nos impeça de nos purificarmos?

Hoje apresenta-se-nos a ocasião de rectificar.

 

É necessário que nos convençamos de que Jesus nos dirige pessoalmente estas perguntas.

É Ele que as faz, não eu.

Eu não me atreveria a fazê-las a mim próprio.

Eu vou continuando a minha oração em voz alta e vós, cada um de vós, por dentro, está confessando ao Senhor: Senhor, que pouco valho!

Que cobarde tenho sido tantas vezes!

Quantos erros!

Nesta ocasião e naquela... nisto e naquilo...

E podemos exclamar também: ainda bem, Senhor, que me tens sustentado com a tua mão, porque eu sinto-me capaz de todas as infâmias...

Não me largues, não me deixes; trata-me sempre como um menino. Que eu seja forte, valente, íntegro.

Mas ajuda-me, como a uma criatura inexperiente.

Leva-me pela tua mão, Senhor, e faz com que tua Mãe esteja também a meu lado e me proteja.

E assim, possumus!, poderemos, seremos capazes de ter-Te por modelo!

 

Não é presunção afirmar possumus!

Jesus Cristo ensina-nos este caminho divino e pede-nos que o apreendamos porque Ele o tornou humano e acessível à nossa fraqueza.

Por isso se rebaixou tanto: Este foi o motivo porque se abateu, tomando a forma de servo aquele Senhor que, como Deus, era igual ao Pai; mas abateu-se na majestade e na potência; não na bondade e na misericórdia.

 

A bondade de Deus quer tornar-nos fácil o caminho.

Não rejeitemos o convite de Jesus; não Lhe digamos que não; não nos façamos surdos ao seu chamamento; pois não existem desculpas, não temos nenhum motivo para continuar a pensar que não podemos.

Ele ensinou-nos com o seu exemplo.

Portanto, peço-vos encarecidamente, meus irmãos, que não permitais que se vos tenha mostrado em vão exemplo tão precioso, mas que vos conformeis com Ele e vos renoveis no espírito da vossa alma.

 

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Passou pela terra fazendo o bem

 

Vedes como é necessário conhecer Jesus, observar amorosamente a sua vida?

Muitas vezes fui à procura da definição da biografia de Jesus na Sagrada Escritura.

Encontrei-a lendo aquela que o Espírito Santo faz em duas palavras: pertransiit benefaciendo.

Todos os dias de Jesus Cristo na terra, desde o seu nascimento até à morte, pertransiit benefaciendo, foram preenchidos fazendo o bem. Como, noutro lugar, a Escritura também diz: bene omnia fecit, fez tudo bem, terminou bem todas as coisas, não fez senão o bem.

 

E tu?

E eu?

Lancemos um olhar para ver se temos alguma coisa que emendar. Eu, sim, encontro em mim muito que fazer.

Como me vejo incapaz, só por mim, de fazer o bem e, como o próprio Jesus nos disse que sem Ele nada podemos, vamos tu e eu implorar ao Senhor a sua assistência, por meio de sua Mãe, neste colóquio íntimo, próprio das almas que amam a Deus.

Não acrescento mais nada, porque é cada um de vós que tem de falar, segundo a sua particular necessidade.

Por dentro, e sem ruído de palavras, neste mesmo momento em que vos dou estes conselhos, aplico esta doutrina à minha própria miséria.

 

17

         

Pertransiit benefaciendo...

Que fez Jesus para derramar tanto bem, e só bem, por onde quer que passou?

Os Santos Evangelhos transmitiram-nos outra biografia de Jesus, resumida em três palavras latinas, que nos dá a resposta: erat subditus illis, obedecia.

Hoje, que o ambiente está cheio de desobediência, de murmuração, de desunião, havemos de estimar especialmente a obediência.

 

Sou muito amigo da liberdade e precisamente por isso amo tanto essa virtude cristã.

Devemos sentir-nos filhos de Deus e viver com o empenho de cumprir a vontade do nosso Pai, de realizar tudo segundo o querer de Deus, porque nos dá na gana, que é a razão mais sobrenatural.

 

O espírito do Opus Dei, que tenho procurado praticar e ensinar desde há mais de trinta e cinco anos, fez-me compreender e amar a liberdade pessoal.

Quando Deus Nosso Senhor concede a sua graça aos homens, quando os chama com uma vocação específica, é como se lhes estendesse a mão, uma mão paternal, cheia de fortaleza, repleta sobretudo de amor, porque nos busca um a um, como filhas e filhos seus, e porque conhece a nossa debilidade.

O Senhor espera que façamos o esforço de agarrar a sua mão, essa mão que Ele nos estende. Deus pede-nos um esforço, prova da nossa liberdade.

E para conseguirmos isso, temos de ser humildes, temos de sentir-nos filhos pequenos e amar a bendita obediência com que respondemos à bendita paternidade de Deus.

 

Convém deixar o Senhor meter-se nas nossas vidas e entrar confiadamente sem encontrar obstáculos nem recantos obscuros. Nós, os homens, tendemos a defender-nos, a apegar-nos ao nosso egoísmo.

Sempre tentamos ser reis, ainda que seja do reino da nossa miséria. Entendei através desta consideração por que motivo temos necessidade de recorrer a Jesus: para que Ele nos torne verdadeiramente livres e, dessa forma, possamos servir a Deus e a todos os homens.

Só assim perceberemos a verdade daquelas palavras de S. Paulo: Agora, porém, livres do pecado e feitos servos de Deus, tendes por fruto a santificação e por fim a vida eterna.

Porque o salário do pecado é a morte, ao passo que o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Nosso Senhor Jesus Cristo.

 

Estejamos precavidos, portanto, visto que a nossa tendência para o egoísmo não morre e a tentação pode insinuar-se de muitas maneiras.

Deus exige que, ao obedecer, ponhamos em exercício a fé, porque a sua vontade não se manifesta com aparato ruidoso; às vezes o Senhor sugere o seu querer como que em voz baixa, lá no fundo da consciência; e é necessário escutar atentamente para distinguir essa voz e ser-Lhe fiel.

 

Muitas vezes fala-nos através doutros homens e pode acontecer que, à vista dos defeitos dessas pessoas ou pensando que não estão bem informadas ou que talvez não tenham entendido todos os dados do problema, surja uma espécie de convite a não obedecermos.

 

Tudo isso pode ter um significado divino, porque Deus não nos impõe uma obediência cega, mas uma obediência inteligente, e temos de sentir a responsabilidade de ajudar os outros com a luz do nosso entendimento.

Mas sejamos sinceros connosco próprios: examinemos em cada caso se o que nos move é o amor à verdade ou o egoísmo e o apego ao nosso próprio juízo.

Quando as nossas ideias nos separam dos outros, quando nos levam a quebrar a comunhão, a unidade com os nossos irmãos, é sinal certo que não estamos a actuar segundo o espírito de Deus.

 

Não o esqueçamos: para obedecer, repito, é preciso humildade. Vejamos de novo o exemplo de Cristo.

Jesus obedece, e obedece a José e a Maria. Deus veio à Terra para obedecer, e para obedecer às criaturas.

São duas criaturas perfeitíssimas - Santa Maria, Nossa Mãe; mais do que Ela só Deus; e aquele varão castíssimo, José.

Mas criaturas.

E Jesus, que é Deus, obedecia-lhes!

Temos de amar a Deus, para amar assim a sua vontade, e ter desejos de responder aos chamamentos que nos dirige através das obrigações da nossa vida corrente: nos deveres de estado, na profissão, no trabalho, na família, no convívio social, no nosso próprio sofrimento e no sofrimento dos outros homens, na amizade, no empenho de realizar o que é bom e justo...

 

 

 

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