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05/10/2020

Leitura espiritual Outubro 05


Cartas de São Paulo

Filipenses 4

1 Portanto, meus caríssimos e saudosos irmãos, minha coroa e alegria, permanecei assim firmes no Senhor, caríssimos.

CONCLUSÃO

Viver na alegria do Senhor –
2 Exorto Evódia e exorto Síntique a terem o mesmo pensamento no Senhor. 3 Sim, e a ti, fiel Sízigo, peço-te que as acolhas; são pessoas que, em conjunto, lutaram comigo pelo Evangelho, juntamente com Clemente e os meus restantes colaboradores, cujos nomes estão no livro da Vida. 4 Alegrai-vos sempre no Senhor! De novo o digo: alegrai-vos! 5 Que a vossa bondade seja conhecida por todos. O Senhor está próximo. 6 Por nada vos deixeis inquietar; pelo contrário: em tudo, pela oração e pela prece, apresentai os vossos pedidos a Deus em acções de graças. 7 Então, a paz de Deus, que ultrapassa toda a inteligência, guardará os vossos corações e os vossos pensamentos em Cristo Jesus. 8 De resto, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é nobre, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é respeitável, tudo o que possa ser virtude e mereça louvor, tende isso em mente. 9 E o que aprendestes e recebestes, ouvistes de mim e vistes em mim, ponde isso em prática. Então, o Deus da paz estará convosco.

Agradecimento aos Filipenses –
10 É grande a alegria que sinto no Senhor por, finalmente, terdes feito com que desabrochasse o vosso amor por mim. É que tínheis o interesse, mas faltava a oportunidade. 11 Não falo assim por me sentir carecido. Pois, no meu caso, aprendi a ser autónomo nas situações em que me encontre. 12 Sei passar por privações, sei viver na abundância. Em toda e qualquer situação, estou preparado para me saciar e passar fome, para viver na abundância e sofrer carências. 13 De tudo sou capaz naquele que me dá força. 14 Entretanto, fizestes bem em tomar parte na minha tribulação. 15 Vós bem o sabeis, filipenses: no início da pregação do Evangelho, quando saí da Macedónia, nenhuma outra igreja esteve em comunhão comigo na permuta de dar e receber, a não ser apenas vós: 16 em Tessalónica e por duas vezes me enviastes socorro para as minhas necessidades. 17 Não é que eu esteja à procura de donativos; o que procuro, sim, é que aumente o produto, que está registado na vossa conta. 18 Sim, tudo recebi em abundância. Estou plenamente fornecido, depois de receber de Epafrodito o que veio da vossa parte: um odor perfumado, um sacrifício que Deus aceita e lhe é agradável. 19 E o meu Deus há-de compensar-vos plenamente em todas as necessidades, segundo a sua riqueza, na glória que se tem em Cristo Jesus. 20 A Deus nosso Pai, a glória pelos séculos dos séculos! Ámen!

Saudação final –
21 Saudai cada um dos santos em Cristo Jesus. Saúdam-vos os irmãos que estão comigo. 22 Saúdam-vos todos os santos, mas em especial os da casa de César. 23 A graça do Senhor Jesus Cristo esteja com o vosso espírito!        

Amigos de Deus

304 
       
A Santa Cruz

Afã de adoração, ânsias de desagravo com sossegada suavidade e com sofrimento.
Far-se-á vida na nossa vida a afirmação de Jesus: aquele que não toma a sua cruz para me seguir, não é digno de mim.
E Nosso Senhor manifesta-Se-nos cada vez mais exigente, pede-nos reparação e penitência, até nos fazer experimentar o fervoroso desejo de querer viver para Deus, pregado na Cruz juntamente com Cristo.
Mas guardamos este tesouro em vasos de barro frágil e quebradiço, para que se reconheça que a grandeza do poder que se vê em nós é de Deus e não nossa.

Vemo-nos acossados por toda a espécie de atribulações e nem por isso perdemos o ânimo; encontramo-nos em grandes apuros, mas não de­sesperados, ou sem recursos; somos perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não inteiramente perdidos: trazemos sempre no nosso corpo por toda a parte a mortificação de Jesus.

Parece-nos, além disso, que Nosso Senhor não nos escuta, que andamos enganados, que só se ouve o monólogo da nossa voz. Encontramo-nos como se não tivéssemos apoio na terra e fossemos abandonados pelo Céu.
No entanto, é verdadeiro e prático o nosso horror ao pecado, mesmo ao pecado venial.
Com a obstinação da Cananeia, prostramo-nos rendidamente como ela, que O adorou, implorando: Senhor, socorre-me.
E desaparece a obscuridade, superada pela luz do Amor.

305     
   
É a hora de clamar: lembra-Te das promessas que me fizeste, para me encher de esperança; isto consola-me no meu nada e enche o meu viver de fortaleza.
Nosso Senhor quer que contemos com Ele para tudo: Vemos com evidência que sem Ele nada podemos e que com Ele podemos tudo.
E confirma-se a nossa decisão de andar sempre na Sua presença.

Com a claridade de Deus no entendimento, que parece inactivo, torna-se-nos indubitável que, se o Criador cuida de todos - mesmo dos ini­migos -, quanto mais cuidará dos amigos!
Convencemo-nos que não há mal nem contradição que não venham por bem: Assim assentam com mais firmeza, no nosso espírito, a alegria e a paz que nenhum motivo humano poderá arrancar-nos, porque estas visitas deixam sempre em nós algo de Seu, algo divino. Louvaremos o Senhor Nosso Deus que efectuou em nós coisas admiráveis e compreenderemos que fomos criados com capacidade de possuir um tesouro infinito.

306
        
A Santíssima Trindade

Tínhamos começado com orações vocais, simples, encantadoras, que aprendemos na nossa meninice e que gostaríamos de não perder jamais.
A oração, que começou com essa ingenuidade pueril, desenvolve-se agora em caudal largo, manso e seguro, porque acompanha a nossa amizade com Aquele que afirmou: «Eu sou o caminho».
Se amarmos Cristo assim, se com divino atrevimento nos refugiarmos na abertura que a lança deixou no Seu peito, cumprir-se-á a promessa do Mestre: «qualquer que me ame observará a minha doutrina e meu Pai o amará e viremos a ele e nele faremos morada».

O coração sente então a necessidade de distinguir e adorar cada uma das pessoas divinas.
De certo modo, é uma descoberta que a alma faz na vida sobrenatural, como as de uma criancinha que vai abrindo os olhos à existência. E entretém-se amorosamente com o Pai e com o Filho e com o Espírito Santo; e submete-se facilmente à actividade do Paráclito vivificador, que se nos entrega sem o merecermos: Os dons e as virtudes sobrenaturais!

307
        
Corremos como o veado que anseia pelas fontes da água; com sede, a boca gretada pela secura.
Queremos beber nesse manancial de água viva. Sem atitudes extrava­gantes, mergulhamos ao longo do dia nesse caudal abundante e claro de águas frescas que saltam até à vida eterna.
As palavras tornam-se supérfluas, porque a língua não consegue expressar-se; o entendimento aquieta-se.
Não se discorre, olha-se!
E a alma rompe outra vez a cantar um cântico novo, porque se sente e se sabe também olhada amorosamente por Deus a toda a hora.

Não me refiro a situações extraordinárias.
São, podem muito bem ser, fenómenos ordinários da nossa alma: uma loucura de amor que, sem espectáculo, sem extravagâncias, nos ensina a sofrer e a viver, porque Deus nos concede a Sabedoria.
Que serenidade, que paz então, metidos no caminho estreito que conduz à vida.

308
        
Ascética?
Mística?
Não me interessa.
Seja o que for, ascética ou mística, que importa?
É mercê de Deus.
Se procuras meditar, o Senhor não te negará a sua assistência.
Fé e obras de fé!
Obras, porque o Senhor - tu já reparaste nisso desde o princípio e eu já to fiz notar a seu tempo - cada dia é mais exigente.
Isto já é contemplação e união; e assim há-de ser a vida de muitos cristãos, avançando cada um pela sua própria via espiritual - são infinitas - no meio dos afazeres deste mundo, mesmo sem se darem conta disso.

Uma oração e uma conduta que não nos afastam das nossas actividades correntes, que nos conduzem a Nosso Senhor no meio dos nossos nobres empenhos terrenos.
Ao elevar a Deus todas essas ocupações, a criatura diviniza o mundo. Tenho falado tantas vezes do mito do rei Midas que convertia em ouro tudo aquilo em que tocava!
Podemos converter em ouro de méritos sobrenaturais tudo o que tocamos, apesar dos nossos erros pessoais.

309
        
Assim actua o Nosso Deus.
Quando aquele filho regressa, depois de ter gasto o seu dinheiro, vi­vendo mal, depois - sobretudo - de se ter esquecido do pai, o pai diz: «depressa, trazei aqui o vestido mais rico e vesti-lho e colocai-lhe um anel no dedo; calçai-lhe as sandálias. Tomai um vitelo gordo, matai-o e comamos e celebremos um banquete».
O Nosso Pai, Deus, quando recorremos a Ele com arrependimento, tira riqueza da nossa miséria e força da nossa debilidade.
Que preparará para nós, se não O abandonarmos, se O procurarmos todos os dias, se Lhe dirigirmos palavras carinhosas confirmadas pelas nossas acções, se Lhe pedirmos tudo, confiados na Sua omnipotência e na Sua misericórdia?
Só por o filho voltar a Ele, depois de o atraiçoar, prepara um banquete. Que nos concederá, a nós, que procurámos ficar sempre ao Seu lado?

Longe da nossa conduta, portanto, a lembrança das ofensas que nos tenham feito, das humilhações que tenhamos padecido - por mais injustas, grosseiras e rudes que tenham sido - porque é impróprio de um filho de Deus ter um registo preparado para apresentar depois uma lista de ofensas.
Não podemos esquecer o exemplo de Cristo.
Não se muda a nossa fé cristã como quem muda um vestido: pode enfraquecer ou robustecer-se ou perder-se.
Com esta vida sobrenatural revigora-se a fé e a alma aterra-se ao considerar a miserável nudez humana sem o auxílio divino.
E perdoa e agradece: meu Deus, se contemplo a minha pobre vida não encontro nenhum motivo de vaidade e menos ainda de soberba; só encontro abundantes razões para viver sempre humilde e compungido.
Sei bem que a melhor nobreza é servir.




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