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24/09/2020

Leitura espiritual Setembro 24


Cartas de São Paulo

2.ª Tessalonicenses  - 4

Os falsos mestres 
1 O Espírito diz abertamente que, nos últimos tempos, alguns hão-de apostatar da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas diabólicas, 2 seduzidos pela hipocrisia de mentirosos, cuja consciência foi marcada com ferro em brasa. 3 Proibirão o casamento e o uso de alimentos, que Deus criou para serem consumidos em acção de graças, pelos que têm fé e conhecem a verdade. 4 Pois tudo o que Deus criou é bom e nada deve ser rejeitado, quando tomado com acção de graças. 5 Com efeito, tudo é santificado pela palavra de Deus e pela oração.

Modelo dos fiéis –
6 Expondo estas coisas aos irmãos, serás um bom servo de Cristo Jesus, alimentado com as palavras da fé e da boa doutrina que tão diligentemente tens seguido. 7 Mas rejeita as fábulas ímpias, coisa de comadres. Exercita-te na piedade. 8 O exercício físico de pouco serve, mas a piedade é útil para tudo, pois tem a promessa da vida presente e da futura.  9É digna de fé e de toda a aceitação esta palavra. 10 Pois se nós trabalhamos e lutamos, é porque pomos a nossa esperança no Deus vivo, que é o Salvador de todos os homens, sobretudo dos que crêem. 11 Eis o que deves proclamar e ensinar. 12 Ninguém escarneça da tua juventude; antes, sê modelo dos fiéis, na palavra, na conduta, no amor, na fé, na castidade. 13 Enquanto aguardas a minha chegada, aplica-te à leitura, à exortação, ao ensino. 14 Não descures o carisma que está em ti, e que te foi dado através de uma profecia, com a imposição das mãos dos presbíteros. 15 Toma a peito estas coisas e persevera nelas, a fim de que o teu progresso seja manifesto a todos. 16 Cuida de ti mesmo e da doutrina, persevera nestas coisas, porque, agindo assim, salvar-te-ás a ti mesmo e aos que te ouvirem.

Amigos de Deus
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Voltemos os nossos olhos para Jesus Cristo, que É o nosso modelo, o espelho em que nos devemos olhar.
Como se comporta, mesmo exteriormente, nas grandes ocasiões? Que nos diz dEle o Santo Evangelho?
Comove-me essa disposição habitual de Cristo, que recorre ao Pai an­tes dos grandes milagres e o Seu exemplo, ao retirar-Se quarenta dias e quarenta noites para o deserto, antes de iniciar a Sua vida pública, para rezar.

É muito importante - perdoai a minha insistência - observar os passos do Messias, porque Ele veio mostrar-nos o caminho que nos leva ao Pai: Descobriremos, com Ele, como se pode dar relevo sobrenatural às actividades aparentemente mais pequenas; aprenderemos a viver cada instante com vibração de eternidade e compreenderemos com maior profundidade que a criatura precisa desses tempos de conversa íntima com Deus, para privar com Ele na Sua intimidade, para invocá-Lo, para ouvi-Lo ou, simplesmente, para estar com Ele.

Há já muitos anos, considerando este modo de proceder do meu Senhor, cheguei à conclusão de que o apostolado, seja ele de que tipo for, consiste numa superabundância da vida interior.
Por isso me parece tão natural, e tão sobrenatural, essa passagem em que se relata como Cristo decidiu escolher definitivamente os primeiros doze.
Conta São Lucas que, antes, tinha passado toda a noite em oração. Vede-o também em Betânia.
Quando Se dispõe a ressuscitar Lázaro, depois de ter chorado pelo amigo, levanta os olhos ao céu e exclama: «Pai, dou-te graças porque me tens ouvido
Este foi o seu ensinamento preciso: Se queremos ajudar os outros, se pretendemos sinceramente animá-los a descobrir o autêntico sentido do seu destino na terra, é preciso que nos fundamentemos na oração.

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São tantas as cenas em que Jesus Cristo fala com o Seu Pai, que se torna quase impossível determo-nos em todas.
Mas penso que não podemos deixar de considerar as horas, tão inten­sas, que precederam a Sua Paixão e Morte, quando Se prepara para consumar o Sacrifício que nos reconduzirá ao Amor Divino.
Na intimidade do Cenáculo o Seu Coração transborda, dirige-Se suplicante ao Pai, anuncia a vinda do Espírito Santo, anima os Seus a um contínuo fervor de caridade e de fé.

Esse fervoroso recolhimento do Redentor continua em Getsémani, quando Se apercebe de que já está iminente a Paixão, com as humilhações e as dores que se aproximam, essa Cruz dura, onde suspendem os malfeitores e que Ele desejou ardentemente.
«Pai, se é do teu agrado, afasta de mim este cálice
E logo a seguir: «não se faça, contudo, a minha vontade, mas a tua.» Mais tarde, pregado ao madeiro, só, com os braços estendidos num gesto de sacerdote eterno, continua a manter o mesmo diálogo com o Seu Pai: «Nas Tuas mãos encomendo o meu espírito

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Contemplemos agora a Sua Mãe bendita, também nossa Mãe.
No Calvário, junto ao patíbulo, reza.
Não é uma atitude nova em Maria.
Assim se conduziu sempre, cumprindo os seus deveres, ocupando-se do seu lar.
Enquanto estava nas coisas da terra, permanecia pendente de Deus. Cristo, perfectus Deus, perfectus homo, quis que também a Sua Mãe, a criatura mais excelsa, a cheia de graça, nos confirmasse nesse afã de elevar sempre o olhar para o amor divino.
Recordai a cena da Anunciação: Desce o arcanjo para comunicar a divina embaixada - a mensagem de que seria Mãe de Deus - e encontra-a retirada em oração.
Maria está totalmente recolhida no Senhor, quando São Gabriel a saúda: «Deus te salve, oh cheia de graça! O Senhor é contigo».
Dias depois, irrompe na alegria do Magnificat - esse cântico mariano que nos transmitiu o Espírito Santo pela delicada fidelidade de São Lucas - fruto da intimidade habitual da Virgem Santíssima com Deus.

A nossa Mãe meditou longamente as palavras das mulheres e dos homens santos do Antigo Testamento, que esperavam o Salvador, e os acontecimentos de que foram protagonistas.
Admirou o cúmulo de prodígios e o excesso da misericórdia de Deus com o seu povo, tantas vezes ingrato.
Ao considerar esta ternura do Céu, incessantemente renovada, brota o afecto do seu Coração imaculado: “a minha alma glorifica o Senhor; e o meu espírito exulta em Deus, meu Salvador. Porque lançou os olhos para a baixeza da sua escrava.”
Os filhos desta boa Mãe, os primeiros cristãos, aprenderam com Ela, e nós também podemos e devemos aprender.

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Nos Actos dos Apóstolos narra-se uma cena que me encanta, porque apresenta um exemplo claro e sempre actual: perseveravam todos na doutrina dos Apóstolos, na comum fracção do pão e na oração.
É uma nota insistente no relato da vida dos primeiros seguidores de Cristo: “Todos, animados por um mesmo espírito, perseveravam juntos em oração.”
E quando Pedro é preso por pregar audazmente a verdade, decidem rezar: «Entretanto a Igreja fazia sem cessar oração a Deus por ele

A oração era então, como hoje, a única arma, o meio mais poderoso para vencer nas batalhas da luta interior.
Há entre vós alguém que esteja triste?  Que se recolha em oração.”
E São Paulo resume: “orai sem cessar, nunca vos canseis de implorar.”

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Como fazer oração

Como fazer oração?
Atrevo-me a assegurar, sem temor de me enganar, que há muitas, infinitas maneiras de orar.
Mas eu preferia para todos nós a autêntica oração dos filhos de Deus, não o palavreado dos hipócritas que hão-de ouvir de Jesus: «nem todo o que me diz, Senhor, Senhor, entrará no reino dos céus.»

Os que são movidos pela hipocrisia podem talvez conseguir o ruído da oração - escrevia Santo Agostinho – “mas não a sua voz, porque aí falta vida e há ausência de afã por cumprir a Vontade do Pai.”
Que o nosso clamor - Senhor! - vá unido ao desejo eficaz de converter em realidade essas moções interiores, que o Espírito Santo desperta na nossa alma.

Temos de nos esforçar para que da nossa parte não fique nem sombra de hipocrisia.
O primeiro requisito para desterrar esse mal que o Senhor condena duramente, é procurar comportar-se com a disposição clara, habitual e actual de aversão ao pecado.
Com fortaleza, com sinceridade, temos de sentir - no coração e na cabeça - horror ao pecado grave.
E também há-de ser nossa a atitude, profundamente arreigada, de abominar o pecado venial deliberado, essas claudicações que não nos privam da graça divina, mas que debilitam as vias através das quais ela nos chega.

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Nunca me cansei e, com a graça de Deus, nunca me cansarei de falar de oração.
Por volta de 1930, quando se aproximavam de mim, sacerdote jovem, pessoas de todas as condições - universitários, operários, sãos e do­entes, ricos e pobres, sacerdotes e leigos - que procuravam acompanhar mais de perto o Senhor, aconselhava-os sempre: Rezai. E se algum me respondia: "não sei sequer como começar", recomendava-lhe que se pusesse na presença do Senhor e Lhe manifestasse a sua inquietação, a sua dificuldade, com essa mesma queixa: "Senhor, não sei!"
E muitas vezes, naquelas humildes confidências, concretizava-se a intimidade com Cristo, um convívio assíduo com Ele.

Passaram muitos anos e não conheço outra receita.
Se não te consideras preparado, recorre a Jesus como faziam os Seus discípulos: «ensina-nos a rezar».
Comprovarás como o Espírito Santo ajuda a nossa fraqueza, pois que, não sabendo sequer o que havemos de pedir nas nossas orações, nem como é conveniente expressarmo-nos, o mesmo Espírito Santo facilita as nossas súplicas com gemidos inexplicáveis, que não podem contar-se porque não existem modos apropriados para descrever a sua profundidade.

Que firmeza deve produzir em nós a Palavra divina!
Não inventei nada, quando - ao longo do meu ministério sacerdotal - repeti e repito incansavelmente esse conselho.
Foi recolhido da Escritura Santa, daí o aprendi: Senhor, não sei dirigir-me a Ti! Senhor, ensina-nos a orar!
E vem toda a assistência amorosa - luz, fogo, vento impetuoso - do Espírito Santo, que ateia a chama e a torna capaz de provocar incên­dios de amor.





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