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23/09/2020

Leitura espiritual Setembro 23


Cartas de São Paulo

2.ª Tessalonicenses - 3

Qualidades do bispo –
1 É digna de fé esta palavra: se alguém aspira ao episcopado, deseja um excelente ofício. 2 Mas é necessário que o bispo seja irrepreensível, marido de uma só mulher, sóbrio, ponderado, de bons costumes, hospitaleiro, capaz de ensinar; 3 que não seja dado ao vinho, nem violento, mas condescendente, pacífico, desinteressado; 4 que governe bem a própria casa, mantendo os filhos submissos, com toda a dignidade. 5 Pois, se alguém não sabe governar a própria casa, como cuidará ele da igreja de Deus? 6 Que não seja neófito, para que não se ensoberbeça e caia na mesma condenação do diabo. 7 Mas é necessário também que ele goze de boa reputação entre os de fora, para não cair no descrédito e nas ciladas do diabo.

Qualidades do diácono –
8 Do mesmo modo, os diáconos sejam pessoas dignas, sem duplicidade, não inclinados ao excesso de vinho, nem ávidos de lucros desonestos. 9 Guardem o mistério da fé numa consciência pura. 10 Sejam também eles, primeiro, postos à prova e só depois, se forem irrepreensíveis, exerçam o diaconado. 11 Do mesmo modo, as mulheres sejam dignas, não maldizentes, sóbrias, fiéis em tudo. 12 Os diáconos sejam maridos de uma só mulher, capazes de dirigir bem os filhos e a própria casa. 13 Pois aqueles que cumprirem bem o diaconado adquirem para si uma posição honrosa e autoridade em questões de fé, em Cristo Jesus.

O mistério da piedade –
14 Escrevo-te estas coisas, na esperança de ir ter contigo em breve. 15 Porém, eu quero que saibas como deves proceder na casa de Deus, esta Igreja do Deus vivo, coluna e sustentáculo da verdade. 16 Grande é todos o confessam o mistério da piedade: Aquele que foi manifestado na carne, foi justificado no Espírito, apresentado aos anjos, anunciado às nações, acreditado no mundo, exaltado na glória.

Amigos de Deus

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O exercício da caridade

Pecaria por ingenuidade quem imaginasse que as exigências da cari­dade cristã se cumprem facilmente.
É bem diferente o que nos diz a experiência, quer no âmbito das ocupações habituais dos homens, quer, por desgraça, no âmbito da Igreja.
Se o amor não nos obrigasse a calar, cada um de nós teria muito que contar de divisões, de ataques, de injustiças, de murmurações e de insídias.
Temos de o admitir com simplicidade, para tratar de aplicar, pela parte que nos corresponde, o remédio oportuno, que se há-de traduzir num esforço pessoal por não ferir, por não maltratar, por corrigir sem deixar ninguém esmagado.

Não são problemas de hoje.
Poucos anos depois da Ascensão de Cristo aos céus, quando ainda andavam de um lugar para outro todos os Apóstolos e era geral um admirável fervor de fé e de esperança, já muitos, no entanto, começavam a desencaminhar-se e a não viver a caridade do Mestre.

Havendo entre vós rivalidades e discórdias” - escreve São Paulo aos de Corinto – “não é notório que sois carnais e procedeis como homens? Porque, quando um diz: eu sou de Paulo, e outro: eu sou de Apolo, não estais a mostrar que ainda sois homens carnais que não compreendem que Cristo veio para superar todas essas divisões? Quem é Apolo? Quem é Paulo? Ministros daquele em quem vós crestes e isso segundo a medida que o Senhor concedeu a cada um”.

O Apóstolo não rejeita a diversidade: “Cada um tem de Deus o seu próprio dom; um de um modo e outro de outro. Mas essas diferenças têm de estar ao serviço do bem da Igreja”.
Sinto-me inclinado agora a pedir ao Senhor - se quiserdes unir-vos a esta minha oração - que não permita que na Sua Igreja a falta de amor semeie joio nas almas.
A caridade é o sal do apostolado dos cristãos; se perde o sabor, como poderemos apresentar-nos ao mundo e explicar, de cabeça erguida, que aqui está Cristo?

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Portanto, repito-vos com São Paulo: “Ainda que eu falasse as línguas dos homens e a linguagem dos anjos, se não tiver caridade, sou como o bronze que ressoa ou como o címbalo que tine. E ainda que eu tivesse o dom da profecia e conhecesse todos os mis­térios e possuísse toda a ciência, e tivesse toda a fé, de modo a mover montanhas, se não tiver caridade, não sou nada. E ainda que distribuísse todos os meus bens para sustento dos pobres e entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tiver caridade, nada me aproveita” .

Perante estas palavras do Apóstolo dos gentios, não faltam os que se assemelham àqueles discípulos de Cristo, que, ao anunciar-lhes Nosso Senhor o Sacramento da Sua Carne e do Seu Sangue, comentaram: « É dura esta doutrina; quem a pode escutar?»
É dura, sim. Porque a caridade que o Apóstolo descreve não se limita à filantropia, ao humanitarismo ou à natural comiseração pelo sofrimento alheio; exige a prática da virtude teologal do amor a Deus e do amor, por Deus, aos outros.
Por isso, a caridade nunca deixará de existir, ao passo que as profecias terminarão, as línguas cessarão e a ciência acabará...
Agora permanecem estas três virtudes: A fé, a esperança e a caridade; mas, das três, a caridade é a mais excelente.

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O único caminho

Já nos convencemos de que a caridade nada tem a ver com essa caricatura que às vezes se tem pretendido traçar da virtude central da vida cristã.
Mas perguntamos agora: Porque se exige pregá-la constantemente? Será uma espécie de tema obrigatório, mas com poucas possibilidades de se manifestar em factos concretos?

Olhando à nossa volta, talvez descobríssemos razões para pensar que a caridade é realmente uma virtude ilusória.
Mas considerando as coisas com sentido sobrenatural, descobrirás também a raiz dessa esterilidade, que se cifra numa ausência de convívio intenso e contínuo, de tu a tu, com Nosso Senhor Jesus Cristo, e no desconhecimento da acção do Espírito Santo na alma, cujo pri­meiro fruto é precisamente a caridade.

Recolhendo um conselho do Apóstolo: “levai uns as cargas dos outros e assim cumprireis a lei de Cristo”, acrescenta um Padre da Igreja: “Amando a Cristo, suportaremos facilmente a fraqueza dos outros, mesmo a daquele a quem ainda não amamos, porque não tem boas obras”.

Por aí se eleva o caminho que nos faz crescer na caridade.
Enganar-nos-íamos se imaginássemos que primeiro temos de nos exercitar em actividades humanitárias, em trabalhos de assistência, excluindo o amor do Senhor.
Não descuidemos Cristo por causa do próximo que está enfermo, uma vez que devemos amar o enfermo por causa de Cristo.

Olhai constantemente para Jesus, que, sem deixar de ser Deus, Se humilhou tomando a forma de servo para nos poder servir, porque só nessa mesma direcção se abrem os afãs por que vale a pena lutar.
O amor procura a união, a identificação com a pessoa amada; e, ao unirmo-nos com Cristo, atrair-nos-á a ânsia de secundar a Sua vida de entrega, de amor sem medida, de sacrifício até à morte.
Cristo coloca-nos perante o dilema definitivo: Ou consumirmos a existência de uma forma egoísta e solitária ou dedicarmo-nos com todas as forças a uma tarefa de serviço.

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Vamos pedir agora ao Senhor, para terminar este tempo de conversa com Ele, que nos conceda poder repetir com São Paulo que triunfamos por virtude daquele que nos amou.
Pelo qual estou certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as virtudes, nem o presente, nem o futuro, nem a força, nem o que há de mais alto, nem de mais profundo, nem qualquer outra criatura poderá jamais separar-nos do amor de Deus que está em Jesus Cristo Nosso Senhor”.

Este amor também a Escritura o canta com palavras inflamadas: “As águas copiosas não puderam extinguir a caridade, nem os rios afogá-la”.
Este amor encheu sempre o Coração de Santa Maria, ao ponto de en­riquecê-la com entranhas de Mãe para toda a humanidade.
Em Nossa Senhora o amor a Deus confunde-se com a solicitude por todos os seus filhos.
O seu Coração dulcíssimo teve de sofrer muito, atento aos mínimos pormenores - não têm vinho - ao presenciar aquela crueldade colectiva, aquele encarniçamento dos verdugos, que foi a Paixão e Morte de Jesus.
Mas Maria não fala.
Como o seu Filho, ama, cala e perdoa. Essa é a força do amor.

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Sempre que sentimos no nosso coração desejos de melhorar, de responder mais generosamente ao Senhor, e procuramos um guia, um norte claro para a nossa existência cristã, o Espírito Santo traz à nossa memória as palavras do Evangelho: Importa orar sempre e não cessar de o fazer.

A oração é o fundamento de todo o trabalho sobrenatural; com a oração somos omnipotentes; se prescindíssemos deste recurso, nada conseguiríamos.

Eu gostaria que hoje, na nossa meditação, nos persuadíssemos definitivamente da necessidade de nos dispormos a ser almas contemplativas no meio do mundo e do trabalho, com uma conversa contínua com o nosso Deus, a qual não deve esmorecer ao longo do dia. Se pretendemos seguir lealmente os passos do Mestre, este é o único caminho.




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