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18/09/2020

Leitura espiritual Setembro 18


Cartas de São Paulo

2.ª Tessalonicenses - 1

Endereço e saudação –
1 Paulo, Silvano e Timóteo à Igreja de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo, que está em Tessalónica. 2 Graça e paz a vós da parte de Deus Pai e do Senhor Jesus Cristo.

I. DEUS, CONFORTO NA TRIBULAÇÃO

O justo juízo de Deus –
3 Devemos dar continuamente graças a Deus por vós, irmãos, como é justo, pois que a vossa fé cresce extraordinariamente e a caridade recíproca superabunda em cada um e em todos vós, 4 a ponto de nós próprios nos gloriarmos de vós nas igrejas de Deus, pela vossa constância e fé em todas as perseguições e tribulações que suportais. 5 Elas são o indício do justo juízo de Deus, para que sejais considerados dignos do reino de Deus pelo qual padeceis. 6 Com efeito, é justo da parte de Deus retribuir com tribulações àqueles que vos atribulam 7 e a vós, os atribulados, retribuir com o repouso, juntamente connosco, aquando da manifestação do Senhor Jesus que virá do Céu com os anjos do seu poder, 8 em fogo ardente, e fará justiça aos que não conhecem a Deus e não obedecem ao Evangelho de Nosso Senhor Jesus. 9 O seu castigo será a ruína eterna, longe da face do Senhor e da glória da sua força, 10 quando, naquele dia, vier para ser glorificado nos seus santos e admirado em todos aqueles que acreditaram; ora o nosso testemunho foi por vós considerado digno de fé. 11 Eis por que oramos continuamente por vós: para que o nosso Deus vos torne dignos da vocação e, com o seu poder, a vossa vontade de bem e a actividade da vossa fé atinjam a plenitude, 12 de modo que seja glorificado em vós o nome de Nosso Senhor Jesus e vós nele, segundo a graça do nosso Deus e do Senhor Jesus Cristo.



Amigos de Deus
214
        
A miséria e o perdão

Tanto se aproximou O Senhor das criaturas, que todos guardamos no coração fome de altura, ânsias de subir muito alto, de fazer o bem.
Se agora renovo em ti essas aspirações, é porque quero que te convenças da segurança que Ele pôs na tua alma: se O deixares actuar, servirás - onde estás - como instrumento útil, com uma eficácia insuspeitada.
Para que não te afastes por cobardia da confiança que Deus deposita em ti, evita a presunção de menosprezar ingenuamente as dificuldades que aparecerão no teu caminho de cristão.

Não temos de estranhar.
Trazemos em nós mesmos - consequência da natureza decaída - um princípio de oposição, de resistência à graça: são as feridas do pecado original, agravadas pelos nossos pecados pessoais.
Portanto, temos de empreender as ascensões, as tarefas divinas e humanas - as de cada dia - que sempre desembocam no Amor de Deus, com humildade, com coração contrito, fiados na assistência divina e dedicando os nossos melhores esforços, como se tudo dependesse de nós mesmos.

Enquanto pelejamos - uma peleja que durará até à morte - não excluas a possibilidade de que se levantem, violentos, os inimigos de fora e de dentro.
E, como se fosse pequeno o lastro, às vezes, acumular-se-ão na tua mente os erros cometidos, talvez abundantes.
Em nome de Deus te digo: Não desesperes.
Quando isso suceder - não tem necessariamente que suceder, nem será o habitual - converte essa ocasião num motivo para te unires mais com o Senhor; porque Ele, que te escolheu como filho, não te abandonará.
Permite a prova, para que ames mais e descubras com mais clareza a sua contínua protecção, o Seu Amor.

Insisto, tem ânimo, porque Cristo, que nos perdoou na Cruz, continua a oferecer o Seu perdão no Sacramento da Penitência e sempre temos um advogado junto do Pai, Jesus Cristo, O Justo.
Ele mesmo é a vítima de propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos mas também pelos de todo o mundo, para que alcancemos a Vitória.

Para a frente, aconteça o que acontecer!
Bem agarrado ao braço dO Senhor, considera que Deus não perde batalhas.
Se, por qualquer motivo, te afastas dEle, reage com a humildade de começar e de recomeçar; de fazer de filho pródigo todos os dias, inclusive repetidamente nas vinte e quatro horas do dia; de reconciliar o teu coração contrito na Confissão, verdadeiro milagre do Amor de Deus.
Neste Sacramento maravilhoso, o Senhor limpa a tua alma e inunda-te de alegria e de força para não desanimares na tua luta e para voltares de novo sem cansaço a Deus, mesmo quando tudo te pareça obscuro.
Além disso, a Mãe de Deus, que é também nossa Mãe, protege-te com a sua solicitude maternal e dá-te confiança no teu caminhar.

215
        
Deus não se cansa de perdoar

A sagrada Escritura adverte que até o justo cai sete vezes. Sempre que leio estas palavras, a minha alma estremece com um forte abalo de amor e de dor.
Uma vez mais, vem o Senhor ao nosso encontro, com essa advertência divina, para nos falar da Sua misericórdia, da Sua ternura, da Sua clemência, que nunca acabam.
Estai seguros: Deus não quer as nossas misérias, mas não as desconhece e conta precisamente com essas debilidades para que nos façamos santos.

Um abalo de amor, dizia-vos.
Considero a minha vida e, com sinceridade, vejo que não sou nada, que não valho nada, que não tenho nada, que não posso nada; mais: Que sou o nada!
Mas Ele é o tudo e, ao mesmo tempo, é meu, e eu sou d'Ele, porque não me repele, porque Se entregou por mim.
Contemplastes amor maior?

E um abalo de dor, pois examino a minha conduta e assombro-me perante o conjunto das minhas negligências.
Basta-me examinar as poucas horas decorridas desde que me levantei hoje, para descobrir tanta falta de amor, de correspondência fiel. Penaliza-me deveras este meu comportamento, mas não me tira a paz.
Prostro-me diante de Deus e exponho-lhe claramente a minha situação.
Logo tenho a segurança da sua assistência e oiço no fundo do meu coração o que ele me repete devagar: meus es tu!
Sabia - e sei - como és; para a frente!

Não pode ser de outra maneira.
Se acorrermos continuamente a pôr-nos na presença do Senhor, aumentará a nossa confiança, ao comprovarmos que o Seu Amor e o Seu chamamento permanecem actuais: Deus não Se cansa de nos amar.
A esperança demonstra-nos que, sem Ele, não conseguimos realizar nem o mais pequeno dever; e com Ele, com a Sua graça, cicatrizarão as nossas feridas; revestir-nos-emos da Sua fortaleza para resistir aos ataques do inimigo e melhoraremos.
Em resumo: A consciência de que somos feitos de barro ordinário há-de servir-nos, sobretudo, para afirmarmos a nossa esperança em Cristo Jesus.

216
         
Misturai-vos com frequência entre os personagens do Novo Testamento.
Saboreai aquelas cenas comovedoras em que o Mestre actua com gestos divinos e humanos ou relata, com frases humanas e divinas, a história sublime do perdão e do Seu contínuo Amor pelos Seus filhos. Esses reflexos do Céu renovam-se também agora na perenidade actual do Evangelho: Palpa-se, nota-se, pode-se afirmar que se toca com as mãos a protecção divina; um amparo que adquire vigor, quando prosseguimos apesar dos tropeções, quando começamos e recomeçamos, pois isto é a vida interior vivida com a esperança em Deus.

Sem este empenho em superar os obstáculos de dentro e de fora, não nos será concedido o prémio.
Nenhum atleta será premiado, se não lutar verdadeiramente, e não seria autêntico o combate se faltasse o adversário com quem pelejar. Portanto, se não houver adversário, não haverá coroa; pois não pode haver vencedor, onde não há vencido.

Longe de nos desalentarem, as contrariedades hão-de ser um acicate para crescermos como cristãos; nessa luta nos santificamos e o nosso trabalho apostólico adquire maior eficácia.
Ao meditar nos momentos em que Jesus Cristo - no Horto das Oliveiras e, mais tarde, no abandono e ludíbrio da Cruz - aceita e ama a Vontade do Pai, enquanto sente o peso gigantesco da Paixão, temos de nos persuadir de que para imitar Cristo, para ser bons discípulos dEle, é preciso que sigamos o Seu conselho: «se alguém quer vir atrás de mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me».
Por isso, gosto de pedir a Jesus para mim: Senhor, nenhum dia sem cruz!
Assim, com a graça divina, se reforçará o nosso carácter e serviremos de apoio ao nosso Deus, superando as nossas misérias pessoais.

Compreende bem isto: Se ao cravar um prego na parede, não encontrasses resistência, que poderias pendurar dele?
Se não nos robustecermos, com o auxílio divino, por meio do sacrifício, não alcançaremos a condição de instrumentos do Senhor.
Pelo contrário, se nos decidirmos a aproveitar com alegria as contrariedades, por amor de Deus, ao enfrentar o que é difícil e desagradável, o que é duro e incómodo, não nos custará exclamar com os Apóstolos Tiago e João: «Podemos!»





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